Sexualidade na Psicanálise.
- Dan Mena Psicanálise
- 3 de mar. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de ago. de 2024
Para a psicanálise, a sexualidade é uma condição que nos estrutura subjetivamente e, por esta mesma razão, vai além do mero exercício da função reprodutiva e da zona genital.

Sexualidade na Psicanálise.
Para a psicanálise, a sexualidade é uma condição que nos estrutura subjetivamente e, por esta mesma razão, vai além do mero exercício da função reprodutiva e da zona genital. A sexualidade é, para a psicanálise, algo que designa o modo como as pessoas estão sujeitas ao campo do outro. Da vida infantil, e da forma com que temos sido cuidados por nossos pais e tutores, nos é dado, além da satisfação de nossas necessidades de autopreservação, acesso ao mundo social.
Em nossos primeiros laços, são estabelecidos os modos de satisfação libidinal que durarão até a idade adulta, simultaneamente, em que se configura uma identidade sexual, uma forma de amar e de se unir ao outro. A sexualidade, é um conceito complexo ligado ao desejo, ao amor, aos afetos e narcisismo, à proibição do incesto e à diferença entre os sexos. Considerar sexualidade, significa investigar como o ser humano é determinado pelas funções educativas dos pais, pela cultura, pelas contingências do desenvolvimento histórico das suas experiências, e como isso foi internalizado. Tudo isso ocorre, no campo do significante, caracterizando a sexualidade humana.
O impulso sexual é uma constante, uma força interna ativa cujo objetivo é obter prazer, onde o motor psíquico nos move em torno de um objeto, e sua satisfação está na viagem em direção ao encontro com ele. É a partir daí, que a libido, na forma de impulsos sexuais, se articulam para modos específicos de gozo: pontos de fixação da sexualidade pré-genital definidos por metas e objetos antes da descoberta de um específico, ao qual a libido tenderá a retornar na vida adulta. Estes pontos de fixação libidinal, bem como a tendência repetitiva de buscar satisfação voltando a eles, são fatores que compõem a lógica de funcionamento do sintoma neurótico. Entretanto, ainda há um elemento chave a ser adicionado, que permitirá o retorno do reprimido na formação do sintoma: este elemento é a fantasia, que dança entre o princípio do prazer e o da realidade, onde o neurótico nega a castração, resistindo à renúncia pulsional exigida pelo desenvolvimento.
A repressão, é um mecanismo ineficaz para domar o impulso, e o drama neurótico é prova disso.
A diferença fundamental entre instinto e impulso, é que o instinto já tem um conhecimento pré-formado, ligado a um objeto, é por isso que você nunca verá um gato fetichista, ou um coelho travesti, enquanto no impulso, o objeto é o mais variável e depende da história subjetiva de cada indivíduo. Desta forma, a sexualidade está relacionada ao determinismo psíquico e à forma como voltamos aos modos primitivos de satisfação ocorridos na infância, que muitas vezes nos recusamos a abandonar. À medida que crescemos, vamos perdendo os objetos que antes eram uma fonte de satisfação. Em qualquer caso, o vestígio deles, permanecerá inscrito no nível da fantasia, que servirão como motores para nos conectarmos na vida adulta por aqueles que iremos substituir.
Conectamos entre nós, com respeito às condições de amor que estão estruturadas em nossas constituições primeiras. A fusão fantasma entre um homem e uma mulher, ocorre no encontro do inconsciente, porque há algo em mim que está em você. Quando as pessoas escolhem umas às outras para formar um vínculo, o fazem em relação ao que negamos, ao que não sabemos sobre nós mesmos. Não escolhemos o outro devido às condições explicitadas em nossa racionalidade ou em nossos ideais, embora presentes, o modo da escolha é absolutamente irracional e inconsciente. O outro, e o fantasma daquele que tem históricos discursivos semelhantes aos meus, ou seja, que a história em relação a certos significantes; como abandono, solidão, maus tratos, violência, rejeição, frustração, indiferença, nos vinculam e colocam na encruzilhada comum.
Por Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130
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