Cinema, Sonhos & Psicanálise.
- Dan Mena Psicanálise
- 16 de nov. de 2023
- 22 min de leitura
Atualizado: 22 de set. de 2024
Descubra como os filmes revelam os segredos da sua mente.
“Sonhos são a linguagem da mente, e o cinema, uma poesia visual que dialoga entre a realidade imaginária e o inconsciente.” Dan Mena. Por Dan Mena.

Eu, cinema e psicanálise.
É sábado e, independentemente do clima lá fora, seja com chuva ou sol, calor ou frio, eu vou ao cinema. Desde cedo, aguardo ansiosamente por quatro longas-metragens, com início por volta dá uma e meia da tarde, que se prolongam até tarde da noite. Entre elas, teremos um do gênero western, com “Trinity é o Meu Nome” com Terence Hill e Bud Spencer, ou talvez; “O Voo do Dragão” com Bruce Lee, além de um romance e um filme de terror, que não provoca o medo de ninguém. Desde os meus oito anos, lembro de esperar por esse dia como o melhor da semana. Além dos filmes, apreciava cada detalhe: o ambiente da sala, a luz do lanterninha que nos guiava até a poltrona, os uniformes dos funcionários, o aroma das pipocas, cheiro dos estofados de couro e os doces que comprava da moça que passava com uma bandeja agarrada com cintas nos seus ombros. O Uruguai, na década de 70, se destacava como um dos cinco países com maior número de cinemas, contabilizando até duzentas, apenas na capital Montevideo em 1976. Essa quantidade de salas, era considerável para a população da época. Assim, a paixão pelo cinema se tornou uma parte peculiar da minha vida, algo que nunca abandonei ao longo dos anos. As salas eram clássicas, espaçosas, com galerias superiores, e era comum aguardar na fila do lado de fora para garantir um lugar, frequentemente, era um dos primeiros a entrar, e geralmente, ia sozinho. Era um desafio juntar os 7 pesos necessários durante a semana, mas, de alguma maneira, ajudando na oficina mecânica do meu pai, sempre conseguia. Os cinemas de bairro da época ofereciam pacotes de matinês, uma opção de adquirir um único bilhete para assistir a todos os filmes do dia, desde que não se saísse do recinto, (com exceção do último, que poderia ter restrição etária). Essa experiência me proporcionava uma imersão única, uma sequência envolvente de histórias que me fascinavam. Os acomodadores, com seus lindos chapéus e suas lanternas, (lanterninhas), buscavam os menores para retirá-los da sala durante a exibição de filmes (impróprios), como; “Malícia” com Laura Antonelli, que mais tarde viria ser conhecida por muitos como “A Deusa do Sexo”. Nesses momentos, eu me escondia no banheiro, determinado a burlar a fiscalização e não perder nenhum detalhe. Quando os rolos dos filmes se cortavam, a plateia sapateava batendo os pés no chão, principalmente, se o corte acontecia nas cenas mais provocativas de Antonelli, onde suas pernas eram sugestivamente exibidas. Neste breve retrospecto da minha ligação com o cinema, mal eu poderia imaginar o quanto ele estava conectado a minha infância e desenvolvimento. Certamente desempenhou um papel precípuo na construção da minha personalidade. Essa intensa exposição a diversas narrativas cinematográficas, não apenas enriqueceu precocemente minha introdução a uma compreensão de mundo, mas também, proporcionou um terreno fértil para o progresso da minha identidade. Ao me aproximar instintiva e fantasmagoricamente da psicanálise, percebo o quanto essa nossa longa relação era preexistente, sugestionando direta e positivamente minha jornada num inevitável cruzamento. Tal convergência entre eu, arte, cine e psicanálise foram uma ponte, que estava apenas na espreita da minha chegada, para em algum momento ser atravessada. Boa leitura.
Como sonhos e cinema transformaram minha clínica.
Como Freud apontou em sua obra; “A Interpretação dos Sonhos”, eles são a “estrada real para o inconsciente”, na prática da análise psicanalítica, sempre foi um terreno fértil para nossa investigação. Antes de adotar uma técnica mais específica em minha abordagem, costumava submergir em centenas de livros, buscando ampliar e compreender essa complexidade imersa nos sonhos dos pacientes. No entanto, minha jornada tomou um novo rumo quando percebi o poder transformador de interpretar mediante filmes e o cinema. Antes de introduzir esse aperfeiçoamento, eles se apresentavam muito enigmaticamente para serem decifrados. Cada paciente trazia narrativas oníricas difusas, muitas vezes envoltas em nebulosidades simbólicas que retardavam a compreensão e demandavam extensas pesquisas e leituras que, por vezes, se perdiam na complexidade das teorias. Entretanto, ao usar dessa metodologia no processo, percebi uma mudança positiva notável em minha prática. A utilização de metáforas visuais antagônicas, proporcionou uma clareza que transcendeu as barreiras do verbal, permitindo uma comunicação mais clara e objetiva com pacientes. A magia do cinema, reside em sua capacidade única de criar narrativas visuais que ecoam nos recantos profundos da psique, assim, filmes se tornaram espelhos que refletiam as sombras e as luzes dos sonhos dos clientes. Não apenas simplificou o processo interpretativo, mas também revisitou nuances que anteriormente me tomavam horas imerso em leituras. Assim, pude direcionar minha energia para explorar o vasto repertório cinematográfico. Os filmes se tornaram minha biblioteca visual, repleta de imagens potentes, onde algumas frases de autores foram me conduzindo com atenção ao tema. Sendo um domínio cultural, o cinema transporta o sujeito contemporâneo, assim como Fernandes cita; “o homem atual, esmagado pelo concretismo da máquina, do sistema e da técnica, busca o poder que a sala escura tem para invocar seus fantasmas interiores”. A transição para essa técnica foi uma verdadeira revolução em minha prática, ao encurtar o caminho para a compreensão, consegui guiar outros de maneira mais eficaz, em direção à resolução de conflitos. A clareza proporcionada por eles, permitiu uma conexão mais imediata com as emoções e os significados implícitos, acelerando o processo terapêutico. Na arte cinematográfica, se entrelaçam dispositivos teóricos e técnicos; “mas nem por isso se deixa de tirar proveito acerca dos fenômenos com os quais seus objetos particulares de estudo se confundem”; (Fernandes, 2005). Na sua forma mais primitiva e autêntica, a arte nada mais é do que uma proeminência projetada dos nossos sonhos. Quando compreendemos que desde os primórdios das primeiras eras da sociedade, somos arrojados pelo desejo de encontrar refúgio, um lugar seguro, silencioso, penumbroso, onde o mundo possa dar uma pausa, é sermos, transitoriamente, suspensos da dinâmica da vida. Buscamos, nesse átimo, nos reencontrar com a experiência imaginária das emoções distantes das culpas, perigos e ameaças, medos e afetos que nos constituem e cercam. Agora conscientes de que, após mergulhar nessas sensações, censuras e interdições, podemos nos permitir renascer como a fênix como se despertássemos de um pesadelo.
Vejamos alguns filmes que formam minha biblioteca analítica;
“Persona” (1966) — Ingmar Bergman:
Um filme complexo que aborda a identidade, a interpretação da realidade e a fusão entre o eu e o outro. As dinâmicas psicológicas são exploradas de maneira acentuada e cavada.
“O Sétimo Selo” (1957) — Ingmar Bergman:
Outra obra-prima de Bergman que toca em questões existenciais, morte, fé e a busca por significado, com elementos simbólicos que podem ser interpretados psicanaliticamente.
“Birdman” (2014) — Alejandro González Iñárritu:
Este filme, conhecido por sua cinematografia única, aborda a busca por validação, a identidade do artista e a linha tênue entre a realidade e a fantasia.
“Janela Indiscreta” (1954) — Alfred Hitchcock:
Um clássico de Hitchcock que envolve a observação e interpretação de vizinhos, explorando a curiosidade humana e os limites entre a realidade e a fantasia.
“Cisne Negro” (2010) — Darren Aronofsky:
Um mergulho psicológico intenso na busca pela perfeição artística, explorando a dualidade da identidade e os desafios emocionais associados à busca da excelência.
“O Terceiro Homem” (1949) — Carol Reed:
Este clássico noir aborda temas de traição, paranoia e interpretação da verdade, proporcionando uma experiência rica em complexidade psíquica.
“O Espelho” (1975) — Andrei Tarkovsky:
Tarkovsky explora a memória, a identidade e a reflexão sobre o eu neste filme poético e introspectivo, que pode ser interpretado à luz dos princípios psicanalíticos.
“A Noite Americana” (1973) — François Truffaut:
Uma obra que oferece uma visão dos bastidores da produção cinematográfica, abordando questões de ilusão, realidade e a complexidade das relações sociais e intrapessoais.
“Synecdoche, New York” (2008) — Charlie Kaufman:
Uma obra que mergulha nas camadas da realidade e da representação, explorando a mente e os desafios da interpretação da vida.
“O Método” (2005) — Marcelo Piñeyro:
Baseado em uma peça teatral, este filme aborda o processo de seleção de emprego, inclui a dinâmica e os aspectos psicológicos dos personagens.
Esses filmes oferecem narrativas ricas que dialogam com os temas da interpretação e psicanálise, proporcionando uma experiência cinematográfica enriquecedora e reflexiva.
A subversão que chegou pela “A Interpretação dos Sonhos”.
Como mencionei, no início do século XX, Freud apresentou sua obra; “A Interpretação dos Sonhos”, assim revolucionou as concepções sobre sua natureza e origem. Contrapondo a visão predominante desse estágio, que eram meros produtos psíquicos descartáveis, ele postula, que sua representação no trabalho psíquico é dotada de grande significância. Este mister, persiste como a principal referência psicanalítica há mais de 120 anos, e continua a ser um compêndio fundamental para a compreensão abrangente do mundo onírico. Os sonhos, emergem do nosso subconsciente como expressões dos instintos e desejos individuais, constituindo tentativas do inconsciente para realizar o que, como sujeitos conscientes, não realizamos ou concretizamos. A interpretabilidade, uma característica intrínseca dessas manifestações, demanda compreensão para poderem adquirir significado. Consideradas mensagens do inconsciente, a análise dos elementos presentes em um sonho revelam sua natureza, que requer uma análise cuidadosa do peso envolvido nos elementos e, a implicação contextual na vida do indivíduo. Para atingir seu âmago e elucidá-los, e preciso fragmentá-los, quebrar e decompor na sua narrativa fantasiosa. Assim, os segmentamos em partes distintas, incluindo perguntas, que nos permitem desvelar e adentrar na sua natureza como uma realização deformada de desejos, conhecida como “deformação onírica”. O cinema, por sua vez, mantém uma forte ligação com a psicanálise, compartilhando uma linguagem visual e narrativa. Cineastas habilidosos, reconhecem o potencial do cinema como uma forma de expressão devaneadora dirigida, exploram profundamente o drama humano em suas obras. O epíteto “fábrica dos sonhos”, não é por acaso, ao ser atribuído ao cinema no sentido que enfatiza a afinidade peculiar entre a linguagem e seus elementos. Esta inter-relação entre, arte, cinema e psicanálise, se desvela nas mais diversas formas, essa tríade fantástica, que utiliza o dialeto das imagens para explorar os reinos emocionais, imaginários e interpessoais. A observação que a psicanálise faz do material inconsciente, presente em diferentes trilhas, personagens, criaturas, arquétipos, conflitos, elementos, locais e temas de diversos gêneros e situações, que não apenas enriquecem a prática clínica, más, a tornam objeto de interesse para profissionais da psicologia e suas terapêuticas, quanto também para os cineastas. A íntima e variada relação entre eles, incorpora conteúdos que contribuem para uma abordagem criativa dos problemas humanos, constituindo uma fusão singular entre disciplinas aparentemente distintas, mas que, em seu diálogo, oferecem perspectivas ricas e inovadoras. “No entanto, para analisá-los em sua singularidade, tem de se considerar as especificidades da linguagem cinematográfica” (Weinmann, 2017; “É a partir do simbólico que há compreensão, pois no campo do imaginário reside uma opacidade quase intransponível” (Pereira, 2015).
“Sonhos e cinema entrelaçam suas narrativas íntimas, revelando os fios que ligam nossa psique à realidade da tela.” Dan Mena.
Sonhos que se entrelaçam.
Uma analogia perspicaz entre o cinema e os sonhos reside na concepção de que os sonhos são exibidos, assim como os filmes, sendo que, no caso dos sonhos, sua amostra ocorre na esfera privada da mente. A distinção crucial entre eles consiste em que, durante uma sessão de cinema, o indivíduo não está em estado de sono, mas sim em atenção dedicada a estímulos visuais e auditivos de importância absolutamente relativa. Nesse contexto, surge o desafio cognitivo de atribuir sentido aos personagens e ao enredo apresentado. É imperativo notar que, apesar de conservarmos plenamente nossas habilidades motoras durante a experiência cinematográfica, nos encontramos em um estado de atenção peculiar, caracterizado pela imobilidade e pelo silêncio, focados nos referidos estímulos. No domínio onírico, se desvela aquilo que está sujeito ao desconhecimento consciente, ou seja, que permanece reprimido na esfera da nossa consciência, embora se apresentem de forma dissimulada e mascarada. Esse mecanismo, possibilita que o conteúdo latente do sonho escape à censura, fuja da consciência por meio de um processo de transformação. Freud foi minucioso, acurado e detalhista, assim identificou quatro etapas fundamentais nesse processo: a distorção, condensação, deslocação e representabilidade. Cada uma dessas fases, desempenha um papel importante na moldagem da manifestação final deles, permitindo que os elementos inconscientes inclusos se expressem de maneira simbólica e camuflada. A experiência cinematográfica, e a natureza dos sonhos se ostentam como esferas dimensionais melindrosas do processamento mental, onde a mente tenta lidar com a hermética enigmática dos estímulos sensoriais e os desafios da sua perspectiva esclarecedora. Essa intersecção não apenas reflete a riqueza da psique humana, mas também nos oferecem um ângulo único para a captação e absorção dos sistemas mentais alocados à nossa percepção de mundo e do seu entorno.
O “conteúdo latente” se refere aos pensamentos e desejos inconscientes presentes nos sonhos, que estão mascarados por uma camada superficial chamada “conteúdo manifesto”. Os sonhos fornecem uma janela para o inconsciente, permitindo que desejos reprimidos se manifestem de maneira disfarçada. Essa dicotomia entre o manifesto e o acaçapado, descortinam as embaraçadas camadas da mente.
A “distorção” ocorre quando o conteúdo latente é transformado durante o processo de sonhar, resultando em uma narrativa onírica que pode parecer desconexa ou surreal. Essa distorção serve como um mecanismo de defesa, permitindo que o inconsciente expresse desejos reprimidos sem despertar a censura do consciente. Assim, a análise dos elementos distorcidos de um sonho nos oferece insights valiosos sobre os conflitos psíquicos subjacentes.
A “condensação” e à inclusão de múltiplos significados em um único elemento ou imagem no sonho. O inconsciente busca economizar energia, combinando múltiplos desejos em uma única representação simbólica. Essa condensação torna a interpretação dos deles uma tarefa complexa, exigindo uma análise aprofundada para desvendar os significados pressupostos.
O “deslocamento” ocorre quando a energia emocional associada a um desejo é transferida de um elemento para outro no conteúdo manifesto do sonho. Isso muitas vezes resulta em imagens que não têm relação aparente com o verdadeiro objeto do desejo. O deslocamento serve como outra estratégia do inconsciente para evitar a censura, canalizando a energia emocional de maneira menos ameaçadora.
A “representabilidade” seria à capacidade do inconsciente de traduzir desejos reprimidos em símbolos e imagens compreensíveis. O inconsciente trabalha e possui sua própria linguagem simbólica, e a análise dos símbolos em sonhos é fundamental para desvendar os conteúdos potenciais. A representabilidade permite que os desejos se manifestem de maneira disfarçada, escapando da vigilância rígida do consciente.
Um cenário único e excepcional.
O cinema se configura como um quadro panorâmico singular, onde sonhos ganham contornos de excepcionalismo. Por meio de sua mise-en-scène, emerge uma elaboração de imagens que estabelece um ''continuum'' de substâncias fragmentadas, habilmente costuradas para criar uma montagem de significados coesos. É imperativo, no entanto, reconhecer que não se manifestam como uma imagem pura, mas como uma construção composta por pedaços. Na teoria freudiana, não se envolvem em processos de pensamento, matematicamente em cálculos ou julgamentos; ao contrário, se dedicam exclusivamente à remodelação. A sua dinâmica não se configura pela criação de fantasias ou pela formulação de desfechos, mas sim, no deslocamento, remodelação, reforma, concreção e condensação de elementos psíquicos. Entre cinema e sonhos, há um processo de costura e sutura, uma montagem que envolve a união e justaposição emblemática da associação de elementos diversos, que culminam em fusões de significantes para originar novos sentidos. Esse processo, incorpora movimentações, efeitos de transmigração, metonímicos e metafóricos, desafiando as fronteiras convencionais da representatividade. Nesse arcabouço, sobrenadam domínios inter-relacionados que partilham a necessidade de manipular imagens de maneiras criativas e simbólicas. Portanto, encontramos a existência de um cinema propício ao estado do sono e outro, que se denota mais apropriado ao estado da vigília. O cinema destinado ao sono se dedica à produção de sentido, ideais e desejos, criando a ilusão de uma correspondência harmoniosa entre os sexos e o espectador adormecido. Conforme Freud, que elucidou o papel do sonho como um trabalho de remodelação e impulsos, forneceu um alicerce teórico que enriquece a compreensão dessa interseção complexa entre cinema e sonho, que nas palavras de Caretti ressoam como um eco, destacando o papel singular do sonho na reconstrução simbólica e na busca por significância. Esta perspectiva conjunta enaltece a natureza complicada dessas formas de expressão artística e mental, convidando a uma análise mais aprofundada dos mecanismos subjacentes à criação de sinônimos em ambientes oníricos e cinematográficos.
Sempre Lacan é a linguagem, não podem faltar.
No panorama psicanalítico, Lacan contribui enunciando que “o inconsciente é estruturado como uma linguagem”, e, nesse sentido, tanto o cinema quanto os sonhos operam como sistemas dialéticos que transcendem a simples representação visual. Da mesma forma, Melanie Klein, ao explorar os processos de formação de símbolos na infância, amplifica a compreensão do trabalho simbólico presente tanto nos sonhos quanto no vocabulário do cinema. Os sonhos oferecem um terreno fértil para a manifestação de desejos reprimidos e a expressão simbólica do inconsciente, conforme as teorias de Freud, Lacan e Klein, eles orbitam essa interação entre o psíquico e o cinematografo. Essa convergência de perspectivas enriquece a compreensão do rol do cinema como um espaço onde as fronteiras entre a realidade e a fantasia se encanastram, ricocheteando os processos inconscientes revelados nos recantos dos sonhos.
Exemplos lúdicos.
Contarei dois cenários de sonhos dos meus pacientes e, em seguida, estabelecer analogias com dois filmes distintos, utilizados para sua interpretação.
1 - Sonho resumido: Sandra x “Cisne Negro”.
Sandra me conta um sonho no qual se vê perdida e sozinha num labirinto em trevas, tentando encontrar desesperadamente a saída. Ela se sente absolutamente extraviada, ansiosa e incapaz de discernir a direção certa para poder escapar da situação. Em um determinado momento, encontra uma sala de espelhos que refletem uma versão distorcida de si mesma, algo que a impacta e paralisa.
Analogia cinematográfica:
Posso fazer uma analogia com o filme “Cisne Negro” de (2010), dirigido por Darren Aronofsky. No filme, a protagonista. Nina, enfrenta uma jornada angustiante enquanto dança no balé “O Lago dos Cisnes”. Ela se sente constantemente desafiada, enfrenta suas próprias inseguranças e encara uma versão deturpada de si, enquanto deflagra uma luta particular ao ter que se debater com seu lado sombrio.
Interpretação Psicanalítica possível:
Analisando a narrativa de Sandra quanto ao sonho, e o conectando a uma situação cinematográfica, o labirinto escuro, a falta de luz, pode representar a complexidade dos desafios emocionais que ela está enfrentando na sua vida cotidiana, onde se sente sem rumo e angustiada, (falta de luz para encontrar a saída-resolução. O espelho distorcido reflete o desvio da imagem confusa, sugerindo os conflitos provocadores internos que enfrenta. Eles estabelecem uma luta intrapessoal para aceitar certos aspectos da sua identidade. Utilizando o filme “Cisne Negro” como ferramenta nessa clínica, exploro esses elementos simbólicos presentes e interconectados entre Sandra e a cena específica. A protagonista do filme enfrenta reptos análogos aos da sonhadora, como a busca por identificação e individualidade, uma luta com a sua escuridão interior e a aceitação de diferentes aspectos da personalidade. A análise comparativa pode fornecer um guia valioso sobre esses embates, permitindo uma compreensão mais profunda e uma abordagem eficaz, enriquecendo a experiência terapêutica ao fornecer metáforas visuais e narrativas que ajudam a elucidar questões psíquicas prevalecentes na situação apresentada por Sandra.
2 - Sonho resumido: Pedro x “O Show de Truman”.
Exemplo de sonho:
Pedro é um homem de 47 anos, sonha repetidamente que está em um elevador que não para de subir. Ele sente uma mistura de excitação e ansiedade à medida que o ascensor alcança alturas vertiginosas. Ao chegar a algum lugar que pode ser considerado o topo dessa elevação, se depara com um pássaro colorido que voa livremente.
Ampliação da narrativa:
No seu sonho, a sensação de subir no elevador representa seu desejo de ascensão profissional e progresso na vida. A mistura de excitação e inquietação reflete as emoções conflitantes associadas a suas ambições. O encontro com a ave colorida no topo, simboliza a busca pela liberdade e expressão autêntica, talvez indicando um desejo de autodescoberta e realização pessoal inconclusa.
Analogia Cinematográfica:
Para ilustrar essa dinâmica, fiz uma aproximação análoga ao filme “O Show de Truman” (1998), dirigido por Peter Weir. O seu protagonista, Truman, vive em um mundo artificial, em uma gigantesca cúpula televisiva. Sua busca por respostas e a decisão de explorar além dos limites impostos pela abóboda do domo, espelham o desejo de Pedro por autenticidade, liberdade e êxito, tentando escapulir dessa barreira.
Interpretação Psicanalítica possível:
Na análise, a subida constante do elevador sugere uma busca contínua por progresso e crescimento na vida de Pedro como sonhador. As emoções conflitantes experimentadas refletem os desafios inerentes às metas dessa jornada, onde o medo do desconhecido pode coexistir com a excitação da superação. O pássaro colorido representa a busca pela genuinidade e liberdade, indicando que ele pode estar pronto para adentrar em aspectos mais cavados de si. Ao utilizar “O Show de Truman” como referência, e dentro da leitura terapêutica, posso identificar a ideia de limitações autoimpostas ou não, e lhe encorajar a questionar suas expectativas externas e internas, que podem estar influenciando significativamente suas escolhas. A seleção do filme me serviu como uma ponte para discussões sobre autenticidade, indagação pessoal e a coragem implícita necessária para elaborar desafios e convenções estabelecidos. Essa chegada integrativa, permite que ele desafie simbolicamente suas aspirações, utilizando elementos do sonho e do cinema para facilitar o processo terapêutico.
Sonho, cinema e significado.
A busca incessante por definição, inerente ao ser, se estende não apenas aos domínios do inconsciente, mas também a essa experiência com a tela. Na medida que nos aprofundamos nesse universo, compreendemos que o ato de assistir a um filme é mais do que uma simples observação; é um percurso psíquico da qual nos tornamos cativos, tanto como sonhadores quanto intérpretes deles. Associações e significados, revezados na procura de sentido e acepção, vão além da mera sequência de imagens e eventos recebidos. Como espectadores, empreendemos um processo cognitivo, buscando criar significância, pertinência e peso, ao estabelecer ligações entre os elementos veiculados. Da mesma forma como interpretamos um sonho, tentamos entender as relações e associações das elocuções dos filmes. Ao assistirmos a um filme, nossa mente procura ativamente por significados, criando associações que conectam o mundo ficcional à nossa realidade psíquica.
''Analogamente às fases do trabalho onírico, a condensação e deslocação que rodam durante a recordação de cenas ou a formação de entendimentos alternativos em relação ao filme, o espectador, nesse contexto, se envolve no processo de transferência, se conectando à ficção de maneira efêmera, como se estivesse vivendo a narrativa; “como se” fosse real. “O cinema, assim como os sonhos, desencadeiam processos de condensação e deslocamento, nos convidando a reinterpretar cenas e a formar compreensões alternativas, sendo afrontados a uma experiência que transcende a realidade imediata.” Dan Mena.
Dita representabilidade e expectativas encontradas nas projeções das imagens e sons, onde espectador se relaciona com elas “como se” fossem produzidos a partir de considerações de representabilidade encontradas em sonhos. Além disso, dispositivos estéticos, como metáforas, são empregados nos filmes, estimulando a interpretação organizada com base em expectativas preconcebidas sobre a narrativa e os acontecimentos presentes. “O cinema utiliza estratégias estéticas, como tropos e translações, para nos convidar a interpretar os filmes, estimulando um processo analítico organizado com base em nossas expectativas sobre a história e os elementos visuais e sonoros agregados às cenas.” Dan Mena. Desta forma, no cinema transcendemos a posição de meros espectadores; nos tornamos sonhadores e intérpretes deles. A experiência vem para refletir e ampliar os processos psíquicos presentes na análise, proporcionando uma arena na qual a imaginação e a interpretação desembocam. Ao entender o cinema sob uma ótica psicanalítica, expandimos nossa compreensão não apenas da sétima arte, mas também da elaboração dos meandros da mente.
“Sonhos e cinema, tecidos pela psicanálise, são portais para entender o inconsciente coletivo e individual.” Dan Mena.
“Os sonhos são a estrada real para o inconsciente, e o cinema, sua versão coletiva, uma tela onde as complexidades psíquicas se desdobram.” Freud.
“Assim como os sonhos, o cinema revela as camadas mais profundas do inconsciente coletivo, fornecendo símbolos que transcendem as experiências individuais.” Jung.
“No mundo dos sonhos e na tela do cinema, as fantasias inconscientes dançam juntas, oferecendo um espetáculo que ilumina os recantos mais sombrios da psique.” Anna Freud.
“O cinema, como o sonho, é uma tela onde o sujeito se confronta com suas próprias projeções, revelando as complexidades da relação entre o eu e o outro.” Lacan.
“Assim como nas fantasias inconscientes, o cinema oferece uma arena para a expressão e resolução de conflitos psíquicos, revelando os dramas internos da mente.” Melanie Klein.
“O cinema, como os sonhos, é uma narrativa que espelha as lutas e triunfos do desenvolvimento psicológico, oferecendo um espelho para a jornada humana.” Erikson.
“Nos sonhos e no cinema, encontramos a expressão simbólica dos desejos mais profundos, revelando as estratégias criativas e defensivas da mente.” Horney.
“No espaço entre a tela do cinema e o sonho, descobrimos um terreno fértil para a exploração da imaginação e da capacidade de criar significado.” Winnicott.
“O cinema, como os sonhos, oferece uma porta de entrada para as questões existenciais mais profundas, proporcionando um meio para confrontar a busca de sentido.” Yalom.
“Assim como nos sonhos, o cinema é um espaço onde os relacionamentos e as dinâmicas interpessoais são representados, refletindo as complexidades das relações humanas.” Chodorow.
“Na tela do cinema, a psique projeta anseios e temores; nos sonhos, cada um encena seu próprio drama psicológico.” Dan Mena.
A Influência da Psicanálise na narrativa cinematográfica contemporânea pelos diretores.
Na interseção entre cinema e psicanálise, diretores contemporâneos e empresas de produção reconhecem e valorizam a importância dessa interpelação na construção de briefings, roteiros e produções cinematográficas. Trago como exemplo; Christopher Nolan, que utiliza efetivamente a psicanálise em sua prática criativa, destacando a profunda influência dessa atuação na indústria atual. Parece que ambos conceitos estão de mãos dadas desde os primórdios do cinema, e continuam a evoluir, florescendo na contemporaneidade. Portanto, não apenas grandes diretores incorporam elementos psicanalíticos, mas também as empresas de produção reconhecem a relevância dessa abordagem para a construção das películas. Nolan, renomado por suas narrativas emaranhadas, enfatiza a contribuição da matéria: “A psicanálise proporciona um arsenal de conceitos que nos permite penetrar na entrançada psique. Isso é crucial para dar vida a personagens multifacetados e autênticos.” Em sua obra “A Origem”, trabalha com o inconsciente, utilizando conceitos freudianos para criar personagens envoltos em enigmas psicológicos, desvendando suas motivações e quereres. Falando de simbologia e interpretação, um expoente seria Denis Villeneuve, diretor de “A Chegada”, ele compartilha sua perspectiva sobre a psicanálise: “A simbologia é uma linguagem universal do inconsciente. Ao incorporá-la em nossos filmes, convidamos o espectador a uma jornada interpretativa que ressoa em níveis superabundantes.” Villeneuve, destaca a importância de criar símbolos pictóricos que transcendam a superfície da trama, convidando o público a uma reflexão sobre assuntos de interesse universal, que estão presentes em suas obras. Já, vindo a tona os conflitos e relações Interpessoais, Darren Aronofsky, diretor do “Cisne Negro”, sublima sua aplicação na compreensão dos relacionamentos: “A teoria lacaniana nos permite angular as nuances das relações pessoais e sociais, trabalhar com os confrontos, duelos, emoções e desejos que dão vida a personagens complexos.” Em sua biografia artística, Aronofsky utiliza a teoria de Lacan para mergulhar na mente, construindo personalidades e figuras, cujas conflagrações internas reverberam, de maneira poderosa, nos espectadores. Outro que utiliza magistralmente o inconsciente coletivo: Guillermo del Toro, cujos trabalhos frequentemente adentram nos aspectos mais sombrios, comenta: “Os mitos e arquétipos são veículos volumosos para a expressão pública e comunitária. Ao incorporá-los, construímos pontes entre as experiências individuais e universais.” Del Toro destaca como a psicanálise, em especial as ideias junguianas, enriquecem suas histórias e os elementos arquetípicos no nível coletivo.
Christopher Nolan, conhecido por suas obras como “A Origem” e o fantástico “Interestelar”, revela em depoimento exclusivo: “A psicanálise não apenas me fornece um arcabouço teórico entranhável para a construção de figuras e protagonistas, mas também, me desafia a averiguar os recessos mais umbrosos da nossa mente. Cada filme é uma jornada psicológica, uma viagem aos mistérios do inconsciente que repercutem com o público de maneiras inesperadas.”
O lado psíquico dos grandes estúdios de produção.
Warner Bros: “Reconhecemos a riqueza que a psicanálise oferece à narrativa cinematográfica. Colaboramos com diretores que aplicam essas abordagens para criar filmes que não apenas entretêm, mas também tocam emocionalmente o público.” A Warner, destaca como a colaboração com diretores que incorporam aspectos dos estudos psicanalíticos, locupletam não apenas as narrativas individuais, mas também valorizam a marca e o branding da empresa.
Disney Studios: “A compreensão das dinâmicas psicológicas é fundamental para criar personagens que sobrexcedem as telas. A psicanálise nos proporciona insights e referências sobre a construção de narrativas que cativam públicos de todas as idades.” A Disney, enfatiza sua importância na criação de narrativas que impactam positiva e emocionalmente diversas audiências, tornando-se atemporais e globalmente significativas.
Os depoimentos dos diretores e empresas de grandes estúdios, aliados ao testemunho específico de Christopher Nolan, destacam a crescente aceitação e valorização da psicanálise na indústria cinematográfica dos dias atuais. A integração dessas aproximações não apenas enriquecem as narrativas do trabalho, mas também elevam a experiência do espectador ao oferecer ponderações e interações, longe de serem uma temática isolada. Tecnicamente se capitalizam como uma caixa de ferramentas dos criadores de filmes, expandindo os horizontes, possibilidades e criatividade da arte.
A vida imita a arte em muitas direções.
A expressão “A vida imita a arte” atribuída ao escritor irlandês Oscar Wilde, nos sugere que os eventos da vivência refletem ou imitam as criações artísticas, como obras literárias, peças teatrais, filmes, pinturas, entre outras formas de expressão. Wilde investigou essa ideia em sua obra; “The Decay of Lying” (“A Decadência da Mentira”), onde um dos personagens argumenta que a arte influencia como percebemos e vivemos, uma inspiração para moldar a própria experiência. Na Grécia Antiga, em suas diversas formas, era considerada um reflexo da harmonia universal. Como afirmou Platão em sua obra; “A República”, a música e a poesia eram essenciais na educação da alma, configurando diretamente a moralidade e a ética da época. Em Aristóteles, por sua vez, encontramos a catarse emocional proporcionada pela tragédia, evidenciando a capacidade da arte em evocar respostas no espectador. Destarte, devemos remontar a história primitiva, percebendo que na forma mais inaugural, pinturas rupestres e expressões simbólicas, não apenas documentavam a vida dos antepassados, mas também, representavam um meio crucial de comunicação. Portanto, é assim que podemos comprovar que o ato de criar imagens e narrativas visuais superou as barreiras linguísticas primárias do sapiens, se tornando um precursor medular para a forma de enunciação cinematográfica que emergiria milênios depois. O primitivismo, com suas manifestações rudimentares, destapa nossa busca ancestral por capturar a essência da vida e a necessidade impreterível de publicitar e transmitir emoções primordiais. No entanto, a arte não permaneceu estagnada no passado; ao contrário, evoluiu ao longo dos séculos, incorporando influências filosóficas, psicológicas e estéticas. Em uma visão mais abrangente, diversas disciplinas afluem e concorrem para a interconexão entre vida e arte. Filosoficamente, grandes pensadores como Nietzsche proclamavam a importância do “dionisíaco” uma força vital amplamente presente nas manifestações cinematográficas, e, que despertam nossos instintos.
Como Nietzsche afirmou: “A vida sem música seria um erro.”
Na Psicologia, a teoria Gestalt ressalta como percebemos padrões e significados em narrativas visuais, uma faceta essencial na apreciação do cinema. A mente, conforme explorada por filósofos como John Locke, é uma “tabula rasa”, que se molda sendo talhada pela bagagem que adquirimos, sendo o cinema um meio dominante de influenciar essa formação. No campo artístico, movimentos como o surrealismo exploraram o inconsciente e o irracional, prenunciando a rica tapeçaria psicológica que o cinema incorporaria posteriormente. Aqui posso invocar o surrealista Salvador Dalí que muito admiro sua obra, que disse: “Quero ser um mestre do caos dentro de mim.” É no encontro entre as diversas disciplinas que o cinema surge, tecido a partir dos fios da filosofia, psicanálise, psicologia e arte. A visão psicanalítica, como ângulo mestre desta estrutura, conforme dito por diretores e estúdios de cinema, doa uma lente única para compreender essa harmoniosa relação. Freud, em sua “Interpretação dos Sonhos”, sugere que eles compartilham semelhanças com sua estrutura narrativa, ambos, manifestando desejos inconscientes e simbolismos complexos, atuando como um espelho coletivo, traduzindo os anseios, medos e desejos inerentes à nossa condição. O cinema, portanto, transcende as eras, se desdobra como uma fina obra de arte em constante evolução, sendo projetado para o grande palco da vida. Como disse Carl Sagan; “somos feitos de poeira de estrelas”, e o cinema, como arte e espelho, nos ajudam a depreender e interpretar nossa própria poesia cósmica.
Então, eu quero acrescentar a parte que Sagan esqueceu quando toca na ''poesia cósmica''.
“Então, o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente.”
Esta passagem, descreve o momento da criação do ser. Deus forma o corpo do homem do pó, e o ato de soprar seu fôlego criador de vida, simboliza a própria infusão dela, dando espírito a nossa humanidade. Essa transição não sugere apenas a nossa criação física, mas também a dádiva da alma e do grande espírito divino que anima o corpo, lugar de todas nossas aptidões e capacidades possíveis.
Ao poema;
Poesia Cósmica em Cenas, por Dan Mena.
Eu, cinema e psicanálise, um trio entrelaçado,
Em sábados repletos de fragmentos projetados,
Cada semana vivo um mundo encantado,
Em salas clássicas alojadas no meu passado.
A luz do lanterninha nos guiava no caminho,
Entre estofados de couro, não me sentia sozinho,
Filmes de cowboys, kung fu, romance e terror,
Cada um uma jornada, um universo de emoção.
No Uruguai dos anos 70, os cinemas eram muitos,
Duas centenas na capital, um espetáculo de tantos.
Ter 7 pesos na mão, era um desafio semanal,
Mas na oficina do meu pai, encontrava meu capital.
Matinês, pacotes de filmes em sequência,
Uma imersão única, uma viva experiência,
Deusa do Sexo na tela e censuras no banheiro,
A plateia sapateando, um verdadeiro terreiro.
Ao me aproximar da psicanálise, a ponte se formou,
Na interpretação dos sonhos novo cenário ganhou,
No cinema, vemos os símbolos que a linguagem criou,
Queremos encontrar o impossível sentido vão.
Entre imagens, ícones, sonhos e telas,
Um diálogo íntimo, uma conexão singela,
Cinema e psicanálise, dançam na mente,
Como uma jornada de contos envolventes.
Como disse Sagan; “somos feitos de poeira de estrelas”,
Cinema e arte são espelhos, que ajudam a compreender,
Nossa própria poesia cósmica, como uma jornada do ser,
Assim Deus soprou em nossas narinas o fôlego para viver.
Nessa poesia o cinema é uma estrela, uma constelação,
Refletindo a essência humana, em cada projeção,
Na mente, na concepção, somos ferramentas da criação,
Poeira de estrelas, nas mãos de Deus.
Até breve, Dan Mena.
Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199
Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130.
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