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Tristeza e Depressão: A Alma Silencia e o Mundo se Desfaz.

"Às vezes, sinto como se estivesse me afogando em silêncio."

''A crise existencial da depressão moderna.''
''A crise existencial da depressão moderna.''


Essa confissão, dita por uma paciente em um dos encontros que permeiam o ''setting'' analítico, reverberou em minha escuta por um tempo considerável. Talvez, sua força reside na capacidade de encapsular, com precisão notável, a vivência subjetiva que define o quadro depressivo. Não se trata, portanto, de um mero lamento - um singelo "estou triste" -mas de um colapso de proporções internas monumentais, uma virtual suspensão do desejo, uma espécie de retirada estratégica do ''Eu'' do campo simbólico que estrutura a existência, como uma implosão que devasta o mundo interior do sujeito.

A tessitura da sociedade atual se mostra, de maneira cada vez mais evidente, refratária à experiência da dor. Existe uma expectativa tácita de que os desafios sejam superados com uma adesão ridícula, restrita à positividade, com a busca incessante pela facilidade e, sobretudo, com a valorização da produtividade, por vezes acompanhada do consumo de soluções farmacológicas e recreativas rápidas, aparentemente eficazes. "Você tem tudo, por que está assim?", questionam aqueles que, imersos nessa lógica, não conseguem vislumbrar o lugar da experiência depressiva.

"A tristeza não é fraqueza, mas uma linguagem do inconsciente que pede simbolização."

- Dan Mena.

Contudo, a depressão não se manifesta como uma simples falta de gratidão; ela é, em sua essência, uma ausência de sentido, uma lacuna abissal que se instala no âmago da existência. É a falência do discurso interno, um monólogo sufocado pela desesperança, uma tristeza que se cristaliza e se manifesta no corpo, molda o pensamento e distorce a linguagem aprisionando o indivíduo em um ciclo vicioso de sofrimento.

A imposição de uma positividade tóxica, onde até mesmo o sofrimento é compelido a se apresentar de forma performática, adornado com filtros e impregnado de uma estética superficial nas redes sociais, agrava ainda mais a situação. Nessa perspectiva distorcida, o indivíduo acometido pela depressão, aquele(a) que se vê incapaz de esboçar um sorriso, que não consegue sustentar uma participação ativa e engajada no teatro social, se torna progressivamente invisível. E é precisamente nessa invisibilidade, essa exclusão silenciosa, que se cava ainda mais na ferida da alma, aumentando exponencialmente a angústia e perpetuando o ciclo sintomático.

"Um olhar que reflete um mundo interior em ruínas."
"Um olhar que reflete um mundo interior em ruínas."

A distinção crucial entre dois estados psíquicos, enquanto um, o luto, representa o reconhecimento da perda e, por conseguinte possibilita a elaboração psíquica necessária para a superação do evento traumático, a melancolia, que se caracteriza pela fixação do Eu, na forma da ausência do objeto perdido, culminando em um processo de auto-aniquilação. Sob esse ângulo, a depressão pode ser compreendida como um luto que não se permite ser vivido em sua plenitude, um espaço congelado no tempo e aprisionado no psiquismo, impedindo o indivíduo de seguir adiante em sua jornada.

"A vergonha na depressão é o eco de um mundo que pune a vulnerabilidade do ser." - Dan Mena

Esse território sombrio e, paradoxalmente necessário, provoca uma reflexão instigante. Para tanto, o rigor conceitual da psicanálise, com sua sensibilidade inerente à filosofia e à escuta poética daqueles que se recusam a se conformar com as explicações superficiais e simplistas, mantêm viva a chama da curiosidade e da busca por compreensão. A pergunta que nos guia: o que se esconde por trás do silêncio daqueles que sofrem? Quais são as camadas que subjazem à aparente falta de sentido que assola a alma deprimida?

ENTRE A VERGONHA E O EXÍLIO: A IDENTIDADE FERIDA PELO JULGAMENTO SOCIAL

Ela não se abate sobre seus alvos de forma aleatória. Embora seus mecanismos causais sejam múltiplos, a sociedade, por meio de seus valores e expectativas, desempenha um papel importante na seleção daqueles que serão considerados "aptos" a sofrer. A permissão para expressar a dor, para vivenciar a vulnerabilidade, é geralmente negada e negligenciada para aqueles que não se enquadram nos modelos preestabelecidos de sofrimento "aceitável", ou seja, os que não correspondem aos padrões normativos impostos pela cultura. Homens são ensinados desde a infância a reprimir suas emoções, a engolir o choro e a esconder qualquer sinal de fragilidade. Mulheres, por sua vez, são condicionadas a disfarçar o cansaço, a mascarar a exaustão e a manter um semblante de força e resiliência, mesmo diante das maiores adversidades. Crianças são silenciadas e desencorajadas a expressar suas angústias, a questionar o mundo com perguntas tristes e a manifestar suas necessidades emocionais, sob a justificativa de que precisam ser "fortes" e "não incomodar". Logo, uma legião de identidades é paulatinamente obliterada, esmagada sob o peso de um mundo que exige uma resiliência sobre-humana, sem oferecer, em contrapartida, um espaço seguro para a escuta e o acolhimento.

A vergonha que envolve esse estado é, sem dúvida, um de seus sintomas mais perversos e insidiosos. O indivíduo deprimido(a) não apenas carrega um sofrimento lancinante, mas também se culpa por sentir essa dor, internalizando a crença de que sua condição é uma falha moral, uma fraqueza de caráter ou um sinal de incompetência. E quando a dor se associa à culpa, o indivíduo tende a se retrair, a se isolar e a evitar de buscar ajuda, aumentando ainda mais o ciclo de pressão. A vergonha se torna, assim, uma barreira intransponível que impede o acesso ao tratamento e à recuperação.

"O vazio da depressão é um convite à reinvenção, um chamado à autenticidade." - Dan Mena.

As instituições sociais - a família, a escola, o ambiente de trabalho -- operam como dispositivos de controle, exercendo uma coerção constante sobre os indivíduos para que se conformem. Nesse contexto, a depressão surge como uma falha, uma disfunção, algo a ser corrigido ou medicado, mas raramente entendido. A ênfase recai sobre a necessidade de "consertar" o indivíduo deprimido(a), de fazê-lo retornar a ser produtivo(a) e funcional em vez de oferecer algo que lhe permita expressar suas angústias.

"Entre sombras e luz: a batalha diária contra os demônios da depressão."
"Entre sombras e luz: a batalha diária contra os demônios da depressão."

Tomemos como exemplo o caso de um jovem de 27 anos, Alex é homossexual, sofre com crises de ansiedade e episódios depressivos cíclicos. Criado em um ambiente familiar de base religiosa e repressiva, ele internalizou a crença de que o amor e a aceitação eram condicionados à obediência irrestrita aos dogmas e preceitos da sua fé. No processo, emerge de forma contundente a relação alinhada entre sua dor e a vergonha interior por ser quem é. Nesse caso, sua queixa não se manifesta como um "mal-estar genético" ou uma predisposição biológica, mas como uma forma de exílio emocional - um grito abafado pela impossibilidade de existir dentro e fora de si, de expressar sua identidade de forma autêntica e sem receios.

Diante desse cenário, questiono: se a resolução da depressão começasse pela coragem de existir sem pedir desculpas por sentir? E se, em vez de tentar os adaptar a um mundo que os oprime e silencia permitissem que exponham suas emoções?

QUANDO O CORPO GRITA O QUE A BOCA NÃO DIZ

"Existe, no silêncio da tristeza, uma eloquência que a alegria jamais alcança." - Dan Mena.

A tristeza não se configura como um sinal de fragilidade, mas sim como uma forma de linguagem, um meio de expressão do inconsciente. O choro aparentemente imotivado, o cansaço persistente e inexplicável, o desejo súbito e avassalador de desaparecer - todos esses são enunciados de um inconsciente que clama por atenção, que busca desesperadamente se fazer ouvir. A tristeza, em sua raiz, representa uma tentativa de reelaborar o mundo interno, de processar as vivências traumáticas e de reelaborar as relações interpessoais. No entanto, quando essa tentativa de construção é frustrada, quando não se encontra um espaço seguro para ser simbolizada, ela se degenera aprisionando o indivíduo em um ciclo vicioso de desesperança.

Muitas pessoas, em sua busca incessante por aceitação e pertencimento, desenham uma persona adaptada, avatares moldados às exigências externas, ou seja, um falso self que lhes permite navegar pelas ondas do mundo social. No entanto, essa estratégia de sobrevivência, embora possa ser eficaz a curto prazo, acarreta um preço elevado ao seu longo. No decorrer do tempo, o indivíduo se torna cada vez mais distante de sua verdadeira personalidade, perdendo o contato com seus desejos, suas necessidades e valores autênticos. A tristeza, nesse meio, pode ser interpretada como um sinal de alerta, um chamado do verdadeiro self que clama por uma queda da máscara, essa que suplica por reconhecimento.

Nietzsche, em sua sabedoria perspicaz, afirmava que "aquele que tem um porquê pode suportar quase qualquer como". A depressão, em muitos casos, representa a perda desse "porquê", a ausência de um propósito, de um sentido que dê significado à sua existência. Se sente perdido(a), desorientado(a), como se estivesse em uma enorme ilha, sozinho(a) andando sempre em círculos.

Vamos abrir o caso de Anselmo, (nome fictício), um homem de 42 anos, executivo de sucesso em uma grande empresa, que chega ao consultório relatando que não sente nada -- nem alegria, nem dor. Ele descreve sua vida como uma espécie de anestesia existencial, uma ausência total de emoções que o impede de se conectar consigo mesmo e com o mundo ao seu redor. Após meses de escuta atenta e paciente, emerge um luto nunca elaborado pela morte prematura do pai, ocorrida quando ele ainda era criança. O corpo, então, assume a tarefa de expressar o luto que a mente se recusou a reconhecer por muitos anos, se manifestando por meio de sintomas físicos e emocionais que denunciam essa dor que foi silenciada.

"O abraço sufocante da solidão: quando o mundo se torna um lugar estranho e hostil."
"O abraço sufocante da solidão: quando o mundo se torna um lugar estranho e hostil."

Por essa razão, é crucial questionar: e se a tristeza fosse uma carta do inconsciente, um pedido urgente por um novo pacto com a vida? E se, em vez de tentar apagar ou reprimir nossas emoções, nos permitíssemos acolhe-las plenamente, buscando entender as mensagens que elas nos transmitem?

DEPRESSÃO: ENTRE A CLÍNICA E O ABISMO FILOSÓFICO

"Não é que a vida tenha perdido o brilho, é que o sujeito perdeu o espelho interno que refletia seu sentido." - Dan Mena.

Essas leituras depressivas não se restringem a um simples transtorno psicológico ou psiquiátrico. Representam uma crise ontológica, uma queda do ser, um colapso do desejo que abala os fundamentos existenciais. O indivíduo deprimido(a) se vê confrontado com questões sobre a vida que são muito perturbadoras, e o levam a questionar o seu sentido e valor, assim como a viabilidade do seus projetos.

Em suas análises sobre a "modernidade líquida", Bauman fala claramente sobre a efemeridade dos laços sociais contemporâneos. Nesse contexto, o(a) deprimido(a), inserido em um mundo caracterizado pela superficialidade e pela falta de vínculos genuínos, se sente cada vez mais só, mesmo cercado por uma multidão de pessoas. Ele(a) perde a capacidade de se conectar com os outros, de compartilhar suas emoções e de encontrar um laço de pertencimento. Ele(a) não sabe mais onde termina o outro e onde começa o seu próprio vazio.

Na clínica analítica, escutamos a depressão como um sintoma de um sujeito em ruínas, um indivíduo que perdeu o contato com seus quereres, anseios, ambições e paixões reais. Jacques Lacan, em suas elaborações teóricas sobre a psicanálise, nos ensina que o desejo desempenha um papel estruturante na nossa constituição. Quando o querer se apaga, a chama da paixão se extingue, somos desmontados, desarticulados, perdemos a capacidade de se reconhecer a si mesmo e de se orientar no mundo.

Foucault, também nos lembra disso em sua análise das relações de poder, ele diz: "onde há poder, há resistência". Sob essa visão, podemos interpretar isso como um agente de resistência à lógica implacável da performance que impera e reina absoluta na sociedade. Acometido(a) ele(a) para, se recusa a seguir o fluxo imposto, se rebela contra a exigência de ser constantemente eficiente, produtivo(a). Seu corpo, em sua sabedoria, se recusa a continuar funcionando em um sistema que o(a) oprime e explora.

"Um grito mudo: a dor lancinante que não pode ser expressa."
"Um grito mudo: a dor lancinante que não pode ser expressa."

"A cura da depressão começa quando a dor encontra palavras e o vazio, sentido." - Dan Mena. Tomemos como exemplo o caso de uma adolescente, Tina, que repentinamente para de frequentar a escola, abandona o curso que havia escolhido com tanto entusiasmo e rompe todas as suas relações sociais. A mãe, desesperada, relata: "Ela não quer nada da vida". No entanto, a análise expõe uma jovem que, contraditoriamente, queria tudo - mas não sabia mais como querer. Ela se sentia sobrecarregada pelas expectativas dos pais, pela pressão dos amigos e pela exigência de se conformar aos padrões de beleza e sucesso impostos pela mídia. Diante de tanta coerção, ela se sentiu esmagada, perdendo o contato com seus próprios desejos e necessidades. Será que a depressão representa, em última instância, a recusa radical de continuar vivendo uma vida sem verdade, uma existência pautada pela falsidade e pela alienação? É que o indivíduo deprimido(a), em sua aparente passividade, está, na verdade, revelando uma forma de resistência ao despotismo e à manipulação?

A DOR QUE NÃO SE POSTA: O SILÊNCIO DO DEPRESSIVO

"A depressão não dá boas fotos. Por isso, ela some dos feeds." - Dan Mena.

Marcados pela cultura da exibição, onde tudo - desde os momentos mais banais do cotidiano até as práticas mais íntimas e dolorosas são compulsivamente compartilhadas nas redes. No entanto, a depressão, com sua feiúra e opacidade, não se encaixa nesse modelo de exteriorização. Ela não tem glamour, não vende, não gera curtidas nem comentários. O indivíduo deprimido, em meio à avalanche de notificações e posts "inspiradores", se sente ainda mais ausente, mais desconectado(a) e desconfortável com a realidade. Não se reconhece naquela euforia plástica, um modelo incessante por aprovação virtual.

Essa manifestação é refletida como um sentimento de inadequação, uma crença arraigada de que o indivíduo é incapaz de se integrar ao mundo. "Sou um erro", "sou um peso", "ninguém me vê"- essas frases não são apenas sintomas isolados, mas sim marcas conectadas a uma subjetividade em fratura, de um eu que se sente abandonado(a).

Nietzsche, afirmava: "o homem que não pode suportar a solidão tampouco suporta a liberdade". A depressão nos coloca face a face com essa ausência radical do outro, com a constatação de que, em última fase, estamos isolados do mundo. No entanto, esse confronto com a solitude, embate paradoxalmente, pois pode se tornar um portal para a reinvenção do eu, uma descoberta incrível de nossa própria força, potência e capacidade de superação.

"A vergonha que aprisiona: o estigma cruel da depressão na sociedade."
"A vergonha que aprisiona: o estigma cruel da depressão na sociedade."

Diante disso, quero indagar: e se o silêncio depressivo fosse uma forma de escapar do ruído ensurdecedor da falsidade, da superficialidade e da competição desenfreada que caracterizam a sociedade atual? Se em vez de tentar nos conformar com as caixinhas impostas pelas redes sociais, abrissemos o caminho para cultivar um espaço de introspecção, onde pudéssemos nos conectar com nossa verdadeira face e encontrar um sentido próprio e singular?

DEPRESSÃO COMO FENÔMENO EXISTENCIAL

"A dor do outro é a dor que nos revela." - Dan Mena.

Carregando consigo um antagonismo fundamental: ela aprisiona você em um mundo de esperança e desesperança, ao mesmo tempo em que convoca a gritar por dentro, a elucidar angústias. Não se manifesta apenas como fenômeno químico ou neurológico, mas sim como uma vivência relacional, atravessada por ausências, desencontros e pela falta de testemunhas da aflição. Em um mundo que mede o valor performático, a capacidade de produzir e consumir, a depressão é um escândalo, uma transgressão que desafia os valores dominantes. Ninguém sabe o que fazer com aquele que não consegue desejar, ele(a) se torna um pária, um(a) excluído(a) que não encontra lugar disponível.

Não existe depressão sem contexto, esse espaço está sempre enraizado na história pessoal e nas múltiplas relações. A história familiar, os traumas infantis, as frustrações repetidas e o olhar do outro que nunca validou o sujeito - tudo isso compõe o solo onde germina e floresce.

O CAMINHO ENTRE A ESCUTA, A PALAVRA E O REENCONTRO

"A cura não é apagar a dor, mas criar sentido para ela." - Dan Mena.

A travessia desse labirinto não se assemelha a uma escada reta que conduz ao topo, mas sim a uma espiral tortuosa, um movimento lento e imperceptível. Requer tempo, dedicação à reflexão e à introspecção, e, acima de tudo, uma presença genuína.

A estrutura do inconsciente, organizada como uma linguagem, possibilita que o indivíduo atribua palavras à sua dor, que expresse suas angústias e que compartilhe sua caminhada, inclusive com silêncios, pausas e distorções. Esse processo, por si só, já representa uma grande amenização do sofrimento. Não se trata de racionalizar a dor, de encontrar explicações lógicas para o que se sente, mas sim de simbolizá-la, transformá-la em algo que possa ser integrado emocional e psiquicamente.

Rituais, arte, espiritualidade, vínculos afetivos - tudo isso se entrelaça e pode fazer parte da jornada. Toda essa avalanche confusa, auxilia a se reconectar consigo mesmo e com o mundo. Mas, acima de tudo, o que verdadeiramente abre possibilidades é poder se reencontrar com o desejo, com seu propósito, essa paixão que nos move em tantas direções possíveis.

A integração psíquica da depressão deve ser menos sobre "voltar ao normal", sobre ''retornar a um estado anterior de suposta felicidade e equilíbrio'', e mais sobre inventar um novo modo de viver, sobre construir uma existência significativa, pautada pela liberdade, criatividade e amor.

O SILÊNCIO QUE PRECISA SER ESCUTADO

Não representa um fim ou um destino, mas sim, um convite radical à escuta, um chamado urgente para dar voz àquilo que não foi dito, que foi negado e permaneceu sufocado. É o corpo que se abre, dizendo: "Não posso mais continuar assim".

Precisamos romper com os discursos fáceis, com os clichês motivacionais que banalizam o sofrimento, e com a patologização rasa da dor, que busca reduzir a experiência do ser a desequilíbrios químicos simplistas ou disfunções cerebrais. Cada depressão é uma narrativa única, um livro interrompido que clama por continuação, que anseia por novos capítulos que produzam renovação.

O sintoma fala, expressa algo que precisa ser reescrito. A dor psíquica é um enigma, um desafio que nos convida a ir além da alma. Escutar a depressão é, portanto, um ato de coragem e de amor, uma demonstração de respeito e de empatia.

Que possamos ser mais ouvintes do que conselheiros, mais empáticos do que julgadores. Porque, no fundo, todos nós, em algum grau, carregamos silêncios que esperam por palavras, dores que anseiam por admissão e feridas que imploram por cicatrização. Até breve. Dan Mena.

"A busca por sentido: reconstruindo a vida, tijolo por tijolo, após a tempestade da depressão."
"A busca por sentido: reconstruindo a vida, tijolo por tijolo, após a tempestade da depressão."

F.A.Q - Perguntas Frequentes para o Tema

O que é depressão na perspectiva psicanalítica?

→ É uma crise existencial onde o desejo se apaga, levando a uma perda de sentido e conexão com a vida.

Como a tristeza difere da depressão?

→ Tristeza é uma emoção passageira; depressão é um estado crônico de desesperança e vazio.

O que é positividade tóxica?

→ É a pressão social para manter uma fachada de felicidade, ignorando a dor autêntica.

Por que a depressão é associada à vergonha?

→ A sociedade julga o sofrimento como fraqueza, levando o indivíduo a se culpar por sentir dor.

O que é luto na psicanálise?

→ É o reconhecimento e elaboração de uma perda, permitindo a superação do trauma.

O que caracteriza a melancolia?

→ É a fixação na ausência de um objeto perdido, resultando em auto-aniquilação psíquica.

Como o corpo expressa a depressão?

→ Por sintomas como cansaço, choro imotivado ou desejo de desaparecer, refletindo a dor interna.

Por que a depressão é uma crise ontológica?

→ Porque questiona o sentido da existência, abalando os fundamentos do ser.

Como a sociedade contribui para a depressão?

→ Impõe padrões irreais de produtividade e felicidade, silenciando a vulnerabilidade.

O que é o falso self na depressão?

→ Uma persona criada para atender expectativas externas, afastando o indivíduo de sua autenticidade.

Como a psicanálise ajuda na depressão?

→ Por meio da escuta, permite simbolizar a dor e resgatar o desejo e o sentido da vida.

O que é o silêncio depressivo?

→ Uma resistência ao ruído social, um refúgio que clama por introspecção e autenticidade.

Por que a depressão não "vende" nas redes sociais?

→ Sua opacidade não se encaixa na cultura da exibição e do glamour virtual.

Como encontrar sentido na depressão?

→ Através da simbolização da dor e da reconexão com desejos e propósitos autênticos.

Qual o papel da escuta na recuperação?

→ A escuta empática transforma o silêncio em palavras, promovendo integração psíquica.

Bibliografia

Freud, Sigmund – Luto e Melancolia (1917, Imago)

Lacan, Jacques – Os Escritos (1966, Zahar)

Klein, Melanie – Contribuições à Psicanálise (1948, Imago)

Winnicott, Donald W. – O Ambiente e os Processos de Maturação (1965, Artmed)

Green, André – Narcisismo de Vida, Narcisismo de Morte (1983, Zahar)

Kristeva, Julia – Sol Negro: Depressão e Melancolia (1987, Rocco)

Bollas, Christopher – A Sombra do Objeto (1987, Imago)

Ogden, Thomas H. – O Borda do Sonhar (2005, Artmed)

Anzieu, Didier – O Eu-Pele (1985, Casa do Psicólogo)

Laplanche, Jean – Novos Fundamentos para a Psicanálise (1987, Zahar)

Bion, Wilfred R. – Atenção e Interpretação (1970, Imago)

Nasio, Juan-David – O Silêncio na Psicanálise (2001, Zahar)

Roudinesco, Elisabeth – A Parte Obscura de Nós Mesmos (2007, Zahar)

Žižek, Slavoj – Como Ler Lacan (2006, Zahar)

Phillips, Adam – Sobre o Equilíbrio (1998, Companhia das Letras)

Seligman, Martin E. P. – Felicidade Autêntica (2002, Objetiva)

Beck, Aaron T. – Terapia Cognitiva da Depressão (1979, Artmed)

Linehan, Marsha M. – Manual de Treinamento de Habilidades da DBT (1993, Guilford Press)

Yalom, Irvin D. – Quando Nietzsche Chorou (1994, Ediouro)

Bauman, Zygmunt – Modernidade Líquida (2000, Zahar)

Palavras Chaves

tristeza, depressão, saúde mental, sintomas de depressão, tratamento da depressão, melancolia, luto, ansiedade, crise existencial, solidão, positividade tóxica, apoio psicológico, terapia psicanalítica, sofrimento psíquico, isolamento social, identidade ferida, vergonha emocional, escuta analítica, desejo e depressão, sentido da vida, dan mena, psicanalista


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Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199.

Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130.

Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Department of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192.

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