‘’A Psicanálise dos Contos de Fadas: Histórias que Encantam e Curam Nossa Mente’’
- Dan Mena Psicanálise
- 29 de jul.
- 24 min de leitura

Hoje vamos viajar pelo universo dos contos de fadas. Não, não se preocupe, não vou aqui contar as historinhas de ninar que você ouviu na infância. É algo muito maior, são narrativas atemporais, recheadas de simbolismo e emoção. Elas podem tanto revelar as charadas da nossa psique, curar feridas emocionais e nos guiar rumo à maturidade. Antes de começarmos, quero dividir com vocês uma história real da clínica que ilustra o poder dessas resenhas.
Há algum tempo, atendi uma paciente chamada Sônia, uma jovem de 28 anos que chegou num estado de alta apatia. Ela se sentia perdida, como se estivesse "dormindo" em sua própria vida, incapaz de avançar após uma série de perdas pessoais. Durante nossas sessões, introduzimos a narrativa de "A Bela Adormecida". Isso não foi por acaso, já que a ideia era levantar o simbolismo do sono prolongado da princesa e seu despertar pelo amor.

"Em cada final feliz de um conto, existe uma travessia simbólica onde o sujeito aprende que a dor é parte do caminho, e não o fim dele." - Dan Mena.
Como assim Dan? Histórias infantis em sessão de análise? Pois é, e a partir desta mediação, que ela começou a enxergar vias paralelas traçadas em relação a sua própria estagnação. Sônia percebeu que, assim como a personagem que introduzimos, ela estava esperando um "príncipe", no seu caso: podemos interpretar isso como uma mudança externa capaz de realizar um resgate emocional. Foi muito poderoso, aos poucos, captou a mensagem icônica e assumiu as rédeas, "acordando" para novas possibilidades. Essa hipótese estrutural reforçou minha convicção de que os contos de fadas são mais do que fantasias, senão verdadeiros auxiliares terapêuticos de articulação.
"Todo sofrimento não narrado se fecha como uma floresta escura, os contos de fadas abrem trilhas onde antes só havia medo." - Dan Mena.
A Magia dos Contos de Fadas na Psicanálise
Quando penso neles, a primeira imagem que me vem à mente é a de uma criança de olhos esbugalhados, ouvindo sobre príncipes valentes, princesas, caçadores, animais assustadores, bruxas malvadas, entre outros. Quem não se lembra da relevância que tais anedotas tinham em nossa infância? Hoje, como psicanalista, vejo muito mais do que isso, esses relatos antagônicos atravessaram gerações, são verdadeiros alicerces e tesouros psicológicos, repletos de significados que falam diretamente ao nosso inconsciente. Não são apenas entretenimento, operam como espelhos da alma, mapas identitários que ajudam a rotear construções psíquicas internas.
Por que isso é importante? Porque, em um mundo onde a saúde mental é tão desafiada diariamente, precisamos de acessórios que nos conectem ao universo do que há de mais essencial em nós. Os contos fazem isso com muita maestria. Eles nos mostram que o caos, a expectativa, o medo e a esperança não são exclusivos da vida contemporânea, são parte da nossa experiência memorial, desde tempos atemporais, onde líderes tribais passavam suas histórias aos mais jovens em volta de fogueiras improvisadas ao relento.
"Quando uma criança ouve contos de fadas, seu inconsciente recebe códigos que só décadas depois ela será capaz de decifrar." - Dan Mena.
Quando leio "João e Maria", não penso só em migalhas de pão, mas em como essas crianças enfrentam o abandono e encontram resiliência como um eco personalizável. É uma lição que aplico recorrentemente com meus pacientes, o que inclui trilhas cinematográficas.
Como mencionei antes, quando Sônia começou a se identificar com "A Bela Adormecida", algo de mágico aconteceu: ela parou de se ver como a vítima do seu estado afetivo e começou a visualizar sua história como um percurso possível de superação. Isso é o que os contos fazem conosco, eles nos dão um espaço seguro para adentrar em nossas dores angústias e sonhos.
Então, por que esses recursos são tão vigorosos e importantes na psicanálise? Porque falam a linguagem do inconsciente, tal, carregado de metáforas. Um castelo nesta perspectiva, pode ser nossa mente protegida, um lobo, para nossos instintos mais selvagens. Essas narrativas contribuem significativamente para decifrar nossos enigmas emocionais. Agora que você já compreendeu minimamente o contexto, se prepare para ver essas histórias com outros olhos!
"Quando vejo João e Maria vencendo a fome e o abandono, enxergo pacientes reconstruindo lares internos a partir do afeto e da autonomia." - Dan Mena.

Busca pelo Sentido que nos Ajudam a Encontrar Significado
Quem nunca se fez esta pergunta: "Qual é o sentido da minha vida?" Eu já me fiz muitas vezes, e aposto que muitos de vocês também. Buscamos por significado como o motor vital de nossa existência, mesmo que de formas absolutamente inconscientes. E sabe onde encontro essas respostas surpreendentes? Neles, nos contos de fadas, histórias aparentemente simples, destarte, são articulações guias para dar sentido ao caos da vida.
Vamos convocar primeiro a "Cinderela", uma jovem oprimida, que foi relegada às cinzas, que, contra todas as expectativas possíveis, encontra seu lugar no contexto do seu mundo. Essa elaboração não é só sobre um final feliz com um príncipe encantado. Trata sobre a luta interior para encontrar valor próprio em meio ao embate e à adversidade. Quantas vezes você já se sentiu como Cinderela? esperando um momento de mudança e transformação? Pacientes que, ao se conectarem com essa história, descobrem que o "sapatinho de cristal" está dentro delas, logo encontram a energia e força indispensável para a metamorfose das suas vidas.
"Quando a alma toca o fundo do poço, é a lembrança de um conto que nos devolve a escada, porque a psique reconhece o símbolo antes mesmo de entender a dor."
- Dan Mena.
Outro exemplo pode ser visto pela ótica de"O Patinho Feio". Quantos já nos sentimos deslocados em algum momento? Essa história particular me toca sensivelmente, porque mostra que o significado da vida vem e surge apenas com o decorrer do tempo. Um paciente homem, de meia-idade em crise profissional, se viu refletido nesse patinho. Em algum momento, constatou que sua caminhada não era sobre ser aceito pelos outros, mas sobre reconhecer sua própria capacidade e beleza interior. Foi algo muito transformador.
Essas fábulas nos dizem que a vida tem altos e baixos, mas que cada desafio é uma peça do quebra-cabeça do nosso propósito. Nos ensinam a perseverar, criar objetivos, teimar e acreditar que, mesmo nas horas mais sombrias, há um sentido a ser verificado, descoberto e alcançado. Você já parou para pensar em qual delas se espelha e pode conter sua origem e busca por interpretação? Talvez ela esteja aí, esperando para te levar adiante.
"O Patinho Feio nos mostra que identidade não é um ponto fixo, mas um processo que exige tempo, silêncio e coragem para abandonar a expectativa do outro." - Dan Mena.
O Papel Crucial no Desenvolvimento Infantil
Crianças são seres em construção, e eu, tanto como pai, profissional e guri que fui, fico fascinado com o modo como absorvemos o mundo. Os contos de fadas têm um papel especialíssimo nesse processo, seriam um tipo de professores invisíveis que ensinam lições elementares sobre a vida. Não é exagero dizer que, certamente moldam a mente infantil de maneiras que nem sempre percebemos.
Vamos considerar analisar outro conto como "Os Três Porquinhos". À primeira vista, é uma aventura graciosa e divertida sobre casinhas e um lobo faminto. Mas, olhando mais de perto, vejo uma lição sobre esforço, construção da segurança e planejamento. Assim, mediados pela narrativa, crianças aprendem que atalhos podem levar ao colapso e insegurança, enquanto a paciência constrói algo sólido, seguro e verdadeiro. Já usei bastante essa história com pais, os ajudando a ensinar resiliência aos seus filhos. "O que você acha que o porquinho que era mais preguiçoso sentiu quando o lobo soprou em sua casa e ela desabou?", pergunto. A resposta sempre abre portas para infinitas conversas e perspectivas.
"A paciência ensinada pelos porquinhos é a arquitetura primária da resiliência, onde o esforço cuidadoso constrói um abrigo psicológico contra as tempestades existenciais."
- Dan Mena.

E o que podemos dizer desse clássico: "Chapeuzinho Vermelho"? Aqui, vemos que o tom fica mais sério. É um alerta sobre os perigos que vamos enfrentar no mundo, mas também um chamado à aplicação da inteligência e a astúcia. Uma linda e franzina menininha enfrentando um lobo, é uma metáfora dominante para as crianças aprenderem a confiar em si mesmas. Me lembro que certa vez, uma paciente de 10 anos, lidando com bullying, encontrou força incrível nessa história. Nem falar que essa metodologia é para mim uns dos canais mais incisivos para lidar com crianças em análise. Yana se viu como Chapeuzinho, foi assimilando e aprendendo a não se deixar enganar pelas "aparências gentis" dos colegas de classe. Sua imaginação foi estimulada a pensar no assunto sob este ângulo. Foi claramente um divisor de águas ter usado esta metáfora. Neste ponto de inserção ela virou uma chave que a preparou para lidar com o problema dentro da realidade. Eles mostram que o mundo pode ser assustador, sim, mas que, também possuem o poder do enfrentamento. Injetam pequenas doses de desafios que fortalecem a psique infantil.
"Quando uma criança se identifica com um conto, ela ativa circuitos neurais de esperança e defesa emocional, que moldam sua capacidade de integrar o trauma e reconstruir a confiança no mundo."- Dan Mena.
Simbolismo e Magia, que Decifram os Códigos dos Contos de Fadas
Vamos falar de magia, não dos famosos truques de palco, mas os que se vivem nos contos mediáticos da mente. Particularmente me encanto com o simbolismo dessas histórias, cada elemento, uma varinha mágica, um sapo, uma maçã, um espelho. Esses elementos são verdadeiros códigos que desbloqueiam as inquisições misteriosas do inconsciente. E acredite, entender essas cifras pode mudar a forma como nos vemos.
A varinha da fada madrinha em "Cinderela", não é apenas um objeto mágico. Ela representa o poder de conversão que todos portamos. Quantas vezes você já desejou ter uma "varinha" para resolver seus problemas? Eu já vi pacientes descobrirem que essa magia está na coragem de agir e afrontar. Um deles, preso em um ciclo de procrastinação, percebeu que o "toque encantador" vinha de dentro de si, o que o motivou a dar o primeiro passo.
"O lobo em 'Chapeuzinho Vermelho' não é o inimigo, mas a sombra ancestral que exige nossa inteligência e vigilância para que o instinto selvagem se transforme em sabedoria."
- Dan Mena.
E os animais? O lobo de "Chapeuzinho Vermelho" é mais do que um vilão assustador; é o instinto bruto que habita em cada um. Já o sapo de "O Rei Sapo" representa o potencial escondido, algo que só o amor e a aceitação podem expor. Lembro de um paciente que sonhava com dragões repetidamente, este, por sua vez, era o guardião de um tesouro. Juntos, analisando diversas vezes seus sonhos, deciframos finalmente que o dragão era seu medo, e o tesouro, seus talentos reprimidos.
Podemos interpretar nesta técnica, que são na realidade sonhos coletivos, cheios de simbologia que nos conectam à nossa ancestralidade. Tudo isso está além da superfície, enfrentando o que tememos, aquilo que nos assusta, e nos invita a abraçar o que nos transmuta. Então, me diga: qual símbolo dos contos de fadas ressoa com você?
"Sonhar com dragões é confrontar o território do medo e, ao mesmo tempo, alavancar o tesouro oculto da potência criativa que espera ser reconhecida e libertada." - Dan Mena.
Espelhos da Alma e Nossas Lutas Internas
Ditas fábulas atuam como espelhos. Não daqueles que mostram apenas o rosto, mas os que dizem quanto o que há de mais cavado em nós: lutas, medos e desejos. São como um palco onde encenamos o teatro real dos conflitos que nem sempre conseguimos nomear.
"Branca de Neve" é um exemplo perfeito dessa dinâmica. A rainha má, com sua inveja insondável, e a jovem, com sua pureza imaculada, são dois lados de uma mesma concepção. Você já sentiu esse embate dentro de si? Já atendi uma paciente que não conseguia enxergar que sua "rainha má" era o fator autocrítico implacável da sua personalidade, isso a impedia de avançar. Ao reconhecer isso, começou a dar espaço à sua "Branca de Neve" interior, e tudo chegou facilmente a sua resolução.
"A rainha má em ‘Branca de Neve’ é a voz implacável da autocrítica, um inimigo interno que só se dissolve quando permitimos que a pureza do nosso ‘eu’ floresça com compaixão."
- Dan Mena.

E o que dizer de "João e Maria"? Abandonados na floresta que foram, eles enfrentam a bruxa malvada, uma figura que nos remete aos perigos internos tanto quanto os externos. Podemos observar aqui a introdução a processos ansiolíticos ou um reflexo da luta contra pensamentos autodestrutivos. A bruxa nesta leitura pode ser você mesma.
O mais bacana quanto a essas questões é que não estamos sozinhos em nossas batalhas. Elas nos dão permissão para sentir medo, ira, raiva ou tristeza, mas também nos apontam saídas. "Enfrente a bruxa, mas não se esqueça de marcar o caminho de volta", pois elas parecem sussurrar. Já encontrou um conto que espelhe suas lutas?
"Encontrar no espelho da alma um conto que ressoe é aceitar que nossas lutas são universais e, nesse reconhecimento, nasce a esperança da transformação." - Dan Mena.
Transformação e Crescimento na Jornada do Herói
Vamos falar de um elemento muito utilizado nos filmes da atualidade, ‘’A jornada do Heroi ". Consideremos ele como uma das estruturas narrativas mais emblemáticas e poderosas da literatura universal. Nos contos de fadas, essa trilha se desdobra de maneira simbólica, emocional e muitas vezes espiritual. Aventuras incríveis e mágicas, obstáculos quase intransponíveis e intervenções sobrenaturais, os protagonistas desses contos enfrentam seus temores, descobrem verdades sobre si e retornam transformados. Esse paradoxo inconsciente do coletivo, constrói estruturalmente processos de amadurecimento, dor e autodescoberta.
Joseph Campbell fala desse composto constituído por etapas arquetípicas, uma chamada à aventura, recusa do chamado, encontro com o mentor, provações, crise, tramas, revelações, transformação e retorno. Cada um desses momentos está presente em histórias como “João e o Pé de Feijão”, onde o herói da peça começa como um menino ingênuo, aceita um desafio impossível, encontra criaturas mágicas e retorna para casa renovado, como um novo sujeito, mais consciente, maduro e fortalecido.
Essa simbiose pode ser compreendida como o processo de individuação descrito perfeitamente por Jung. O herói representa o ego que precisa integrar aspectos do inconsciente (sombras, arquétipos, traumas, desejos) para se tornar inteiro. Em "A Bela e a Fera", Bela é a heroína que abandona a segurança de sua casa para salvar seu pai, entra no castelo que seria o símbolo do inconsciente, enfrenta a característica da alteridade representada pela Fera, e através do amor, como metáfora da integração dos opostos, transforma a si mesma e ao outro. A Fera, representa aqui o lado sombrio, desintegrado, que apenas pelo vínculo afetivo pode se tornar humano.
"A jornada do herói é o espelho onde nosso ego enfrenta as sombras do inconsciente, e somente ao integrar esses opostos nos tornamos inteiros, como ensina Jung em seu caminho de individuação." - Dan Mena.
Compreender que a transformação dos contos de fadas não é apenas estética, cultural ou social, mas existencial. Cinderela não é unicamente "recompensada" por sua bondade e amor, ela resiste à afronta, vexame e humilhação, mantém sua integridade e encontra uma nova forma de ser e se expressar. Essa via de transpassagem das sombras para a luz é o bojo central dessa jornada do herói, um movimento inverso, de dentro para fora.
Tanto crianças quanto adultos que leem ou ouvem esses contos, inconscientemente, se projetam dialeticamente nesses personagens. Vivem também suas provações, batalhas e vitórias como se fossem realmente suas. O mecanismo simbólico impresso permite à psique fazer os ensaios necessários ao crescimento, amadurecimento e superação. É por essa razão explícita, que os contos de fadas atravessam gerações, porque falam das dores verdadeiras e factíveis que nos habitam.
"O herói dos contos não é um ser extraordinário, mas a representação de todos nós, comuns e frágeis, que carregamos a coragem oculta de recriar nossa própria história." - Dan Mena.

Outros contos importantes como “Chapeuzinho Vermelho” mostram que o herói nem sempre vence no primeiro combate. Às vezes, o anti heroi, como o lobo vence, por este motivo é preciso recomeçar e reaprender, refazendo esse caminho. Isso também faz parte da cruzada, a repetição de padrões emblemáticos, os tropeços, os retornos ao ponto inicial, são etapas legítimas da trajetória de um caleidoscópio do ser.
Um aspecto importante é que dita travessia heroica nos contos, não exige qualidades extraordinárias do sujeito personagem. Os protagonistas geralmente são pessoas comuns, são pessoas abandonadas, órfãos, camponeses ou jovens solitários. Esse encanto reside justamente na ideia de que qualquer um pode se tornar herói, reforçando a dimensão democrática da narrativa mítica.
Destaco o papel da alteridade e da ajuda, dificilmente veremos o super herói vencer sozinho. Há sempre uma fada madrinha, os amigos poderosos, a bondade representada por um sujeito, um animal falante, um ancião sábio, um objeto encantado, todos, compõem os símbolos do inconsciente coletivo que fornecem ao ego os recursos necessários para tocar em frente. São esses ingredientes que, na clínica psicanalítica, podem ser comparados à função do analista, alguém que oferece escuta, interpretação, acolhimento e presença para que o indivíduo enfrente suas mazelas e encontre seu próprio caminho ao andar.
Mais do que histórias de aventura, são metáforas potentes para o desenvolvimento. Ao narrar essas miscelâneas de coragem e transformação, os contos nos lembram que todo sofrimento pode ter sentido amplo, toda perda pode ser ponto de partida, e todo indivíduo carrega dentro de si o atributo da destreza para se tornar líder e escritor de sua própria história.
"Os contos atuam como alquimias da psique, transformando a dor em sentido e a perda em ponto de partida para que possamos reescrever nossos destinos." - Dan Mena.
O Confronto com as Visões Internas
Todo conto de fadas é, essencialmente, uma narrativa sobre conflitos internos travestidos em metáforas internas. Seja o mal representado por bruxas, madrastas cruéis, monstros, lobos, anti-heroes, raramente são uma entidade externa. Simbolizam partes escuras do próprio herói ou heroína, aspectos negados, recalcados e reprimidos do psiquismo. Enfrentar o mal, nos contos, é quase sempre enfrentar a si mesmo(a).
No caso da madrasta de "Branca de Neve", não é apenas o agente do ciúmes e a vaidade que está em evidência: ela é a projeção da sombra narcísica da própria Branca. Enquanto a jovem representa a inocência e a beleza, a madrasta é o reflexo espelhado do narcisismo feminino ferido, da inveja e do medo de ser substituída. O espelho mágico, atua aqui como um símbolo psicanalítico do superego, um juiz julgador interno que diz quem é a mais bela, quem, de fato, tem valor.
"A magia dos contos está em nos permitir brincar com nossos temores internos em um espaço seguro, onde o mal é reconhecido não para ser aniquilado, mas para ser compreendido e integrado à psique." - Dan Mena.
Visto pela escola Junguiana, a sombra é tudo aquilo que não queremos ser, mas que somos. Os contos de fadas, permitem que crianças e adultos entremos em contato com essas nuvens escuras de maneira segura. Assim, como em uma tirinha de caricaturas, projetamos os personagens "do mal" que deveríamos enfrentar e, serem integrados à mente. É o que acontece no conto da Fera em “A Bela e a Fera”, se verifica que o monstro não é destruído, mas transformado pelo amor. Isso provoca um ensinamento fundamental: não se vence a penumbra com negação ou violência, mas com reconhecimento e aceitação. No conto de "João e Maria", a bruxa da casa de doces representa o desejo voraz, o apetite desregrado e descontrolado, tanto literal quanto metafórico. É o perigo da gratificação imediata e da infantilidade. Por este motivo, as crianças precisam dessa superação para se tornarem adultos capazes de prover seu próprio sustento afetivo e emocional. Matar a bruxa, seria nessa linha, romper com a dependência regressiva e com a ilusão de um prazer sem consequências.
"Matar a bruxa é transcender a infantilidade afetiva, é escolher o alimento da autonomia emocional em vez do veneno da gratificação imediata e fugaz." - Dan Mena.

Outra análise seria o personagem do lobo de "Chapeuzinho Vermelho", que representa tanto o desejo sexual reprimido quanto os perigos dos desvios de trajetória. Quando a menina se afasta do caminho, ela se perde, na fantasia do ego que se distancia de seu ‘’Self’’, ignorando sua intuição ou própria ética interior. O lobo mau, espreme o instinto predatório, que pode ser tanto externo, seja um molestador, abusador ou predador, que enquanto interno gera impulsos autodestrutivos, desejo de rompimento da ordem social e transgressão.
A beleza está aí, claramente os contos de fadas possuem sua ambiguidade, eles não ditam regras, mas abrem símbolos estratosféricos. Cada um de nós, em sua singularidade, pode interpretar o mal como ressonância de seus próprios conflitos. Na clínica, é super comum que pacientes projetem seus medos e bloqueios nessas figuras mitológicas. Não à toa que gosto muito de fazer ditas analogias, pois ao trabalhar com contos na análise, posso guiar o paciente a identificar seus lobos interiorizados, suas madrastas críticas e julgadoras, quanto também às bruxas sedutoras.
Enfrentar o mal, seria portanto não tentar destruir um inimigo externo, mas aceitar que ele é parte agregada de nós. Ao tempo que isso implica um reconhecimento, podemos transcender seu domínio. O conto nunca termina quando o vilão morre, ele finaliza quando o herói compreende quem é, o que teme, o que deseja e o que será necessário sacrificar para obter esse crescimento e vitória pessoal. Isso faz sentido para você?
"Quando o herói aprende a amar sua fera interna, se transparece que o poder da mudança está menos na destruição do mal do que no abraço compassivo da própria escuridão."
- Dan Mena.
Quem Sou Eu nas Histórias que Conto
Isso nos remete a busca pela identidade como uma das mais relevantes experiências contínuas da existência. Desde a infância, nos perguntamos quem somos, o que nos diferencia dos outros, qual é o nosso valor e onde está fincado o nosso lugar universal. Os contos de fadas tratam dessas questões através de símbolos, arquétipos e narrativas simples, oferecem uma via de acesso poderosa para esse processo de autodescoberta.
"O Patinho Feio", um conto extraordinário de Hans Christian Andersen, é talvez o mais claro exemplo de forja de identidade. Quem não conhece? Um filhote rejeitado por sua diferença, marginalizado pelo grupo e ridicularizado por sua aparência, imerso num percurso de sofrimento e solidão até descobrir que, na verdade, é um cisne, belo, forte, altivo e pertencente a um outro tipo de comunidade. Essa história evoca o que há de mais alegórico sobre aparência ou pertencimento. Ou seja, fala sobre a diferença essencial entre a identidade imposta socialmente e a verdadeira identidade descoberta.
"A busca pela identidade é um confronto contínuo entre o olhar alheio e o espelho interno, apenas quando rompemos com as projeções podemos reconhecer o cisne que habita em nós." - Dan Mena.

Esse conto, pode ser lido como uma translação da construção do ego diante da alteridade. O patinho é aquilo que Lacan chamaria de "sujeito em formação", constantemente confrontado com o olhar do Outro, aquele que define, julga, bloqueia, inclui ou exclui. No início da história, o patinho internaliza dita rejeição, desenvolvendo uma autoimagem negativa de si. A mudança só acontece quando ele encontra um espelho simbólico mais verdadeiro, seus pares, os cisnes. É nesse momento que ele defronta sua verdade, não o que os outros projetaram sobre ele.
Essa narrativa é especialmente transparente neste momento da nossa história contemporânea, onde tantas identidades são máscaras, forjadas em distorções espelhadas. Podemos transitar pelas redes sociais, padrões de beleza, expectativas familiares, ideologias, polarizações. Crianças e adultos vivemos sob o peso limitador das imagens idealizadas que dificultam o contato com o "eu real". Esse lugar particular é ofertado pelos contos, que formam uma muralha de resistência poética. Eles nos dizem: você pode não pertencer ao grupo onde está agora, está deslocado, isso não significa que não haja um lugar adequado ao qual você pertence realmente.
"A máscara social esconde a alma fragmentada, mas os contos de fadas oferecem a resistência poética necessária para que o 'eu real' se reintegre à psique." - Dan Mena.
Podemos consultar outros contos sob a mesma temática, destarte de formas diferentes. Em "A Pequena Sereia", também do mesmo escritor, vemos o drama de uma jovem que deseja se tornar humana para viver um amor. Ela renuncia à própria voz, símbolo máximo de sua identidade para caber no mundo do outro que supostamente vai amá-la. Mas, ao fazer isso, ela perde sua identidade e acaba, tragicamente, sem um lugar, em nenhum dos dois mundos. Logo, aqui a crítica se torna pungente, pois o apagamento de si mesma(o) em nome do desejo do outro é uma armadilha que conduz à dor e à dissolução subjetiva do sujeito.
A identidade nos contos, nunca é dada. Ela é conquistada. É uma vitória dolorosa, cheia de suspense, provações, solidão, enigmas e rupturas. No entanto, ao final, há uma promessa de reencontro com o próprio nome, sua história e verdade. Em “A Gata Borralheira”, a identidade da protagonista está escondida sob as mágoas da humilhação, embora ela persista, silenciosa, íntegra, até que o sapatinho, símbolo do reconhecimento da singularidade, lhe revela quem ela realmente é.
"Renunciar à própria voz em nome do outro é a derrota da identidade. A verdadeira bravura está em reivindicar o próprio nome, mesmo que isso implique conviver com a solidão." - Dan Mena.
Na clínica vejo muitos "patinhos feios", sujeitos que internalizaram rejeições, que se julgam inadequados(as), feios(as), insuficientes e incapazes. Através da escuta e da simbolização, certamente norteamos reconstruindo o fio de histórias, autenticando o cisne que são ou que sempre foram. Isso exige tempo, coragem e uma ponderação afastada da exigência social.
Amor e Desejo nos Contos de Fadas
O amor e o desejo nos contos de fadas são abordados por meio de imagens e tropos que ainda hoje nos tocam agudamente. Longe de serem simples histórias infantis com finais felizes, eles acenam para a tensão psíquica entre os legítimos quereres, o medo, a idealização e a frustração. Em “A Bela Adormecida” e “Cinderela”, essa pressão é representada por atos de espera, transformação e reconhecimento, dimensões essenciais do amor.
Em "A Bela Adormecida", o sono fundo é a comparação da suspensão do desejo, da estagnação do tempo e da espera pelo outro que desperta. A princesa adormecida é aquela parte do sujeito que permanece em latência até que algo, ou alguém, lhe traga vida, sentido e erotismo. O beijo do príncipe, não é vagamente romântico, senão o encontro com o desejo do outro que legitima o próprio desejo. Uma emergência da alteridade que nos desperta da alienação narcísica.
"O amor nos contos de fadas não é mera lenda, é a luta psíquica entre a espera pelo outro e o despertar da própria pulsão vital, um convite para emergir do sono narcísico."
- Dan Mena.
Existem entrelinhas nessa versão, uma crítica velada à passividade feminina. O despertar amoroso está condicionado ao desejo alheio, ao movimento do outro. Na clínica, esse tema surge com muita frequência: sujeitos que só se sentem vivos ou desejáveis quando amados(as) ou reconhecidos(as) por alguém. A psicanálise, oferece outro caminho: o de despertar a pulsão de vida a partir do próprio sujeito, sem depender de um redentor.
O amor não é fusão, mas reconhecimento, é o ver e ser visto sem a exigência de completude.
No setting terapêutico, histórias como essas são evocadas quando analisamos a posição do sujeito no laço. Há aqueles(as) que se sentem presos em torres internas, que aguardam silenciosamente o despertar de uma paixão salvadora que nunca vira. Outros vivem à margem, como Cinderela, desejando ser vistos mas temendo não serem reconhecidos. Trabalhar essas imagens permite que o sujeito nomeie seus roteiros inconscientes e possa reescrever novos enredos.
Interessante notar como, nas versões mais antigas desses contos, o erotismo era muito mais explícito que nas releituras atuais. Em edições italianas da Bela Adormecida, ela não é acordada com um beijo, mas violada durante o sono, o que levanta questões éticas e simbólicas sobre o poder, o consentimento e o avistamento traumático do desejo. O conto de fadas, então, se revela aqui como translação da cultura e de seus valores, ora reforçando papéis tradicionais, ora permitindo que se questionem.
Por fim, vale lembrar que o amor é também metáfora da integração psíquica. O encontro com o outro é, quase sempre, a expressão alusiva do encontro com o próprio self. O príncipe e a princesa representam os opostos dentro de aspectos que precisam se reconciliar: razão e emoção, força e fragilidade, sombra e luz. Quando esse casamento interno se realiza, o sujeito encontra sua potência, abrindo caminho para amar de verdade.
"Na dor e na espera dos contos, também se aventam as feridas culturais que moldam nosso erotismo. A psicanálise oferece a ousadia de reescrever esses roteiros com autonomia e consciência." - Dan Mena.

A Redenção e o Final Feliz como Promessa de Integração
O final feliz nos contos de fadas, geralmente considerado apenas um recurso moralizante ou otimista, pode ser compreendido de forma muito mais dilatada. Como ícone da incorporação mental, da cura da ferida arquetípica e da possibilidade de um reencontro com o self. O desfecho da história do "Patinho Feio" é mais que um alívio narrativo, é a própria redenção de uma alma que foi exilada de si mesma e, ao fim, encontra sua forma, seu lugar e sua voz.
Não posso deixar de chamar o meu mestre: Freud, ao falar da repetição e da compulsão à repetição, já apontava para o desejo inconsciente de reencontrar o prazer perdido e um retorno à completude. O final feliz seria, então, a representação fantasiosa desse retorno impossível, mas ainda assim, imprescindivelmente necessário como estrutura do desejo. O cisne que voa com outros iguais não está apenas alegre, ele está integrado.
"O desejo inconsciente de completude, que Freud tão sabiamente delineou, se expressa na promessa do final feliz, um farol que nos guia mesmo na escuridão mais densa."
- Dan Mena.
Jung, que também tenho muita admiração, contribui para essa leitura ao afirmar que os mitos e contos são validações expressivas do inconsciente coletivo. Entenda, o final jubiloso não significa uma vida sem sofrimento nem angústias, mas o momento em que as partes pulverizadas e fragmentadas da nossa psique se reencontram e fazem sentido. Há um sentimento de completude, mesmo que representativo, que nos alimenta emocionalmente.
Essa redenção não é um milagre repentino, mas o resultado de uma passagem libertadora. O patinho sofreu, foi humilhado, fugiu, se escondeu, correu, em outras palavras, cruzou pelos intrínsecos labirintos da dor, do não-pertencimento e da dúvida existencial. Só então pode se reconhecer como cisne em sua tribo.
Hoje, o sofrimento é patologizado, se busca a suposta felicidade como um produto de consumo, o final feliz dos contos de fadas parece uma emblemática ingenuidade. No entanto, ele é uma promessa alusiva de que o suplício não é o fim. Em tempos de desesperança, histórias assim nos lembram de que é possível encontrar sentido após a dor, e que a bem-aventurança é fruto da aceitação e da incorporação de quem realmente somos.
"Jung nos lembra que o mito não promete ausência de dor, mas a possibilidade de harmonizar as contradições internas, um processo contínuo de integração e renovação."
- Dan Mena.
Na nossa clínica essa noção é fundamental. Pacientes não chegam buscando apenas alívio sintomático, rastreiam, ainda que inconscientemente, narrativas que possam fazer sentido. Desejam, como o patinho feio, um lugar onde possam ser vistos naquilo que são. O analista sustenta esse espaço da típica transformação. Assim, o final feliz não é a linha de chegada, mas o início de uma vida vivida em autenticidade. Não há promessas de que tudo será perfeito, mas há a possibilidade de que a verdade de si mesmo(a) seja acolhida, e isso, é a maior forma de felicidade que podemos vivenciar.
“A redenção simbólica do final feliz não está no riso fácil ou no amor romântico triunfante, mas na possibilidade de dizer: eu atravessei a dor, e mesmo assim continuo inteiro.”
- Dan Mena.
FAQ - Perguntas Frequentes sobre a Psicanálise dos Contos de Fadas
O que são contos de fadas na perspectiva psicanalítica?
São narrativas simbólicas que refletem o inconsciente, ajudando a revelar conflitos internos, desejos e processos de autodescoberta, funcionando como ferramentas terapêuticas.
Como os contos de fadas ajudam na saúde mental?
Eles oferecem um espaço seguro para explorar emoções, medos e desejos, permitindo que o inconsciente processe traumas e encontre significado através de metáforas.
Por que os contos de fadas são importantes na psicanálise?
Porque falam diretamente ao inconsciente com símbolos e arquétipos, ajudando a decifrar conflitos emocionais e promover a integração psíquica.
O que a Bela Adormecida representa na psicanálise?
Simboliza a estagnação do desejo e a espera por um despertar emocional, muitas vezes ligado ao reconhecimento do próprio potencial ou do amor.
Como Cinderela reflete a busca por identidade?
Cinderela representa a luta por encontrar valor próprio em meio à opressão, com o sapatinho de cristal simbolizando o reconhecimento da singularidade.
O que o Patinho Feio ensina sobre autodescoberta?
Mostra que a identidade é um processo de aceitação interna, superando rejeições externas para descobrir a verdadeira essência, como o patinho que se torna cisne.
Qual é o papel dos contos de fadas no desenvolvimento infantil?
Atuam como professores invisíveis, ensinando resiliência, planejamento e enfrentamento de desafios por meio de narrativas simbólicas que moldam a psique infantil.
Como Chapeuzinho Vermelho ajuda crianças a enfrentar perigos?
A história ensina a confiar na própria intuição e astúcia, representando os perigos do mundo e a necessidade de enfrentar desafios com coragem.
O que simboliza o lobo nos contos de fadas?
O lobo representa instintos selvagens ou impulsos reprimidos, como desejo ou autodestruição, que precisam ser reconhecidos e integrados.
Como os Três Porquinhos ensinam resiliência?
A narrativa destaca a importância do esforço e planejamento, mostrando que a paciência constrói segurança emocional contra adversidades.
O que a jornada do herói significa nos contos de fadas?
É uma metáfora do processo de individuação, onde o ego enfrenta desafios, integra a sombra e retorna transformado, mais consciente e maduro.
Como a psicanálise usa contos de fadas na terapia?
Os contos são usados como espelhos para refletir conflitos internos, permitindo que pacientes nomeiem suas dores e encontrem caminhos de superação.
O que a rainha má de Branca de Neve representa?
Simboliza a sombra narcísica, como a autocrítica ou inveja, que precisa ser reconhecida e integrada para permitir o florescimento do eu autêntico.
Por que os contos de fadas atravessam gerações?
Porque abordam temas universais como dor, medo, esperança e transformação, conectando-se ao inconsciente coletivo e às experiências humanas atemporais.
Como a Bela e a Fera reflete a integração psíquica?
A Fera simboliza a sombra ou aspectos reprimidos, que, pelo amor e aceitação, são transformados, representando a reconciliação interna.
O que a varinha da fada madrinha em Cinderela significa?
Representa o poder interno de transformação, a coragem de agir e superar desafios, mostrando que a "magia" está dentro de cada um.
Como João e Maria lidam com o abandono?
Enfrentam a bruxa, que simboliza desejos infantis e perigos internos, aprendendo a superar dependências e construir autonomia emocional.
Qual é o simbolismo do espelho em Branca de Neve?
O espelho mágico atua como o superego, um juiz interno que reflete autocrítica e a luta por validação, desafiando o ego a encontrar equilíbrio.
Como os contos de fadas abordam o amor e o desejo?
Representam a tensão entre espera, reconhecimento e integração, como o beijo em A Bela Adormecida, que simboliza o despertar do desejo próprio.
O que o final feliz dos contos de fadas significa na psicanálise?
É a promessa de integração psíquica, onde o sujeito encontra sentido após enfrentar conflitos, simbolizando a redenção e a aceitação do self.
Bibliografia
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Psicanálise dos Contos de Fadas (Bettelheim, 1976)
Análise seminal sobre funções terapêuticas de narrativas infantis
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Arquétipos Junguianos em Contos (Jung, 1947)
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Contos de Fadas na Terapia Infantil (PubMed, 2023)
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Simbolismo em Cinderela e Branca de Neve (Zipes, 2020)
Interpretações psicanalíticas de personagens e estruturas narrativas
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Contos como Ferramenta de Autoconhecimento (BBC Culture, 2023)
Reportagem sobre resgate de narrativas para saúde mental contemporânea
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Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199.
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Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Department of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192.
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