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Elle: Uma Análise Psicanalítica do Poder, do Desejo e do Controle

Atualizado: há 7 horas

Elle: Uma Análise Psicanalítica do Poder, do Desejo e do Controle
Elle: Uma Análise Psicanalítica do Poder, do Desejo e do Controle

Em um cenário cinematográfico por vezes polarizado entre o explícito e o sutil, surge uma obra que desafia categorizações e mergulha na psique com uma audácia rara: "Elle" (2016), dirigido pelo mestre provocador Paul Verhoeven. Lançado em 2016, é um thriller psicológico franco-alemão, produzido pelas casas SBS Productions e France 2 Cinéma, que fala sobre trauma, desejo e poder de maneira inescrutável. Verhoeven, conhecido por sua habilidade em desmantelar convenções e adentrar nos recantos da moralidade, entrega aqui uma narrativa que se recusa a oferecer respostas fáceis, preferindo, em vez disso, instigar o questionamento e a nossa introspecção. ‘’Na transgressão, o desejo se aventa não como falha moral, mas como a busca da alma por um reconhecimento que transcende a superfície do consentimento.’’ - Dan Mena.

No coração desta teia narrativa está Michèle Leblanc, interpretada com uma maestria arrebatadora por Isabelle Huppert. Michèle não é uma vítima passiva; ela é a CEO de uma bem-sucedida empresa de videogames, uma mulher de inteligência afiada e uma postura que beira a indiferença.

A complexidade da psique feminina em "Elle": uma imagem que fala mais que mil palavras.
A complexidade da psique feminina em "Elle": uma imagem que fala mais que mil palavras.

Seu perfil psicológico é um mosaico entrelaçado de força, controle e uma perturbadora familiaridade com o caos. Após ser brutalmente atacada em sua própria casa por um agressor mascarado, sua reação nada convencional desafia todas as expectativas sociais e narrativas. Ela não busca a polícia, não se desfaz em lágrimas de desespero imediato; em vez disso, ela limpa a cena, retoma sua vida com uma aparente normalidade e, gradualmente, embarca em um jogo perigoso de gato e rato com seu algoz.Sua psique é um campo minado de repressões e sublimações, onde o trauma se mescla com uma sexualidade complicada e masoquista, revelando uma personalidade forjada por um passado igualmente turbulento, incluindo ser filha de um notório assassino.

Ao lado de Michèle, encontramos Patrick, vivido por Laurent Lafitte, o vizinho casado e respeitável que se revela o agressor. O perfil psicológico de Patrick é o do tipo predador que se esconde sob a fachada da normalidade burguesa. Sua relação com Michèle é uma simbiose distorcida de poder e submissão, onde os papéis se invertem e se confundem, desafiando as noções tradicionais de vítima e verdugo. Ele é a personificação do desejo proibido e da violência latente que permeia grande número das relações atuais, funcionando como um espelho das próprias problemáticas de Michèle. A dinâmica entre eles é o eixo central desta análise psicanalítica que realizei do filme, onde vamos verificar com clareza como o trauma pode distorcer e redefinir os laços íntimos. ‘’A resiliência, quando tecida no inconsciente, transforma a ferida em um portal para uma descoberta brutal e autêntica, onde a vítima se torna artífice de seu labirinto.’’ - Dan Mena.


Paul Verhoeven e a arte de provocar: cenas icônicas de "Elle" que você precisa ver.

Completando o trio de protagonistas que orbitam o universo de Michèle, temos Anna, interpretada por Anne Consigny, amiga e parceira de negócios. Anna representa a normalidade e a moralidade convencional que Michèle parece querer desafiar. Sua relação de confiança e cumplicidade profissional é testada pelas transgressões pessoais de Michèle, incluindo um caso com o marido de Anna, Robert. O perfil psicológico de Anna serve como um contraponto na história, um ponto de referência para a suposta sanidade em um mundo onde Michèle opera de forma incompreensível para os outros. Ela é a amiga que tenta entender, mas que é constantemente confrontada com a natureza enigmática da protagonista. "Elle" não é um filme sobre estupro no sentido convencional de uma narrativa de vingança ou superação. É uma análise especial, única e singular, onde coloco um novo olhar crítico, usando a visão psicanalítica.O impacto social, de fundo psicológico e um prisma contemporâneo da psique. Verhoeven nos força a debater o desconforto, a ambiguidade e a moralidade fluida, questionando nossas preconcepções sobre o que significa ‘’ser’’ em face do trauma e do desejo. Quero trazer aquilo que vai além da crítica do óbvio, mirando nas ressonâncias psicanalíticas e sociais que tornam "Elle" uma obra tão impactante e inesquecível. ’’A moralidade, em sua rigidez, falha em compreender a fluidez do desejo que, como um rio subterrâneo, encontra caminhos tortuosos para emergir.’’ - Dan Mena.

A Complexidade da Vítima: Michèle e a Subversão do Arquétipo

Michèle é, sem dúvida, o epicentro do filme "Elle", uma figura que desafia e desmantela as narrativas naturais sobre o que significa ser uma vítima de violência de estupro. Longe de se encaixar no molde da fragilidade e do desamparo, ela aparece como uma mulher de uma resiliência subversiva, cuja reação à agressão inicial é de uma frieza calculada e chocante. Sua decisão de não reportar o crime às autoridades não é um ato de negação, mas uma manifestação de um controle férreo sobre sua própria dimensão e destino. Essa escolha, que pode parecer contra-intuitiva ou até mesmo patológica, tem sua base enraizada em seu passado traumático: ser filha de um assassino que a ensinou a desconfiar das instituições e a forjar uma armadura psíquica impenetrável.

"Elle": A Complexidade Psicológica e Social do Filme de Paul Verhoeven.
"Elle": A Complexidade Psicológica e Social do Filme de Paul Verhoeven.

A psicanálise vê essa aparente indiferença não como ausência de dor, mas como um mecanismo de defesa sofisticado, uma forma de sublimação onde o trauma é internalizado e reprocessado através de uma lente de poder. ‘’O controle, em sua essência, é a ilusão que a psique constrói para navegar no caos, transformando a vulnerabilidade em uma arma de autoafirmação.’’ - Dan Mena.

A conduta de Michèle após o ataque pode ser fascinante para masoquistas e fãs do sadismo, na psique, não no sentido simplista de prazer na dor, mas como uma combinação de controle e submissão. Ela não apenas se recusa a ser definida pelo ato da violência recebida, mas ativamente busca enfrentar e cooptar a experiência traumática. Ao se envolver com seu agressor, Patrick, Michèle inverte a dinâmica de poder, o transformando de objeto passivo para ativo, dentro da sua própria história. Essa busca articulada por controle, mesmo em situações de vulnerabilidade, expõe uma personalidade que se recusa a ser quebrada, e que encontra na confrontação uma forma distorcida de autoafirmação. A vacilação e a ambivalência moral de suas ações, oscilam entre a provocação e a busca por uma estranha forma de catarse, o que torna Michèle uma das personagens mais complicadas e discutidas do cinema atual. Ela nos força a repensar os limites da moralidade e da psicologia, onde  a resposta ao trauma pode ser tão diversificada quanto o próprio indivíduo.

‘’A busca por sentido, em um mundo fragmentado pelo trauma, é a bússola que nos guia através das tempestades, mesmo quando o porto seguro é uma miragem.’’ - Dan Mena.

Sua vida profissional como CEO de uma empresa de videogames, um ambiente predominantemente masculino, reforça sua imagem de mulher dominante. Michèle transita por esse universo com uma autoridade e facilidade inquestionável, lidando com a misoginia velada e explícita com uma mistura de desdém e manipulação sutil. Essa faceta de sua personalidade é intrínseca à sua capacidade de lidar com o trauma; ela aplica a mesma lógica de controle estratégico que usa nos negócios à sua vida pessoal. A sexualidade de Michèle também é apresentada de forma crua e sem pudores, desvinculada de romantismo ou idealização, serve como uma ferramenta de auto-expressão. Ela mantém um caso com o marido de sua amiga, flerta abertamente com Patrick antes de descobrir sua identidade, e até mesmo encena um play sexual com ele que mimetiza o estupro, destarte, sob suas próprias condições. Essa sexualidade, inventada num campo de batalha caótico moralmente, e da afirmação de si apesar dele, é um dos pontos mais determinantes do filme, batendo de frente com as noções puritanas sobre o desejo feminino. ‘’A arquitetura do feminino, em sua recusa em ser categorizada, é a maior provocação à sociedade, que insiste em moldar o indomável em arquétipos previsíveis.’’ - Dan Mena. Essa minha frase pode responder aquela tradicional pergunta…O que quer uma mulher?

Trauma e superação: como "Elle" redefine a narrativa da vítima.
Trauma e superação: como "Elle" redefine a narrativa da vítima.

Michèle Leblanc é, portanto, um estudo de caso sobre a perseverança psíquica e a capacidade que pode ter uma mulher de reconfigurar o significado do seu trauma. Ela não é uma heroína no sentido tradicional. É uma força da natureza, uma mulher que se recusa a ser definida por um único acontecimento, por mais devastador que seja. Sua trilha cinematográfica é um lembrete de que a psique é um território vasto e contraditório, onde a dor e o desejo, o controle e a vulnerabilidade, podem coexistir. O filme, através dela, nos convida a olhar no horizonte das superfícies sobre o trauma e a recuperação, propondo uma visão mais nuançada e nada confortável. ‘’O jogo de gato e rato entre agressor e vítima, quando invertido, exibe que o poder não reside na força bruta, mas na capacidade de redefinir as regras do sofrimento.’’ - Dan Mena. Na sua opinião;

Como a sociedade reage a uma vítima que se recusa a desempenhar o papel esperado, e o que isso tem a dizer sobre as próprias expectativas de sofrimento?

Até que ponto a busca por controle em situações traumáticas pode se manifestar em comportamentos que desafiam a moralidade convencional?

A familiaridade com o caos, forjada na infância, pode ser uma forma de resiliência ou uma condenação a reviver padrões destrutivos?

‘’A alma, em sua busca por sentido, tece sua própria redenção nas tramas sombrias do destino, redefinindo a dor não como um fim, mas como um catalisador para uma liberdade brutalmente autêntica.’’ - Dan Mena.

Patrick: O Predador Doméstico e o Desejo

Patrick, o vizinho aparentemente inofensivo, encarna a figura do predador doméstico, um lobo em pele de cordeiro que se esconde sob a fachada da respeitabilidade. Sua revelação como o agressor de Michèle é um choque para o público, mas, para a protagonista, parece ser mais uma peça em um quebra-cabeça das relações disfuncionais. O perfil psicológico de Patrick é o de um indivíduo que busca controle e gratificação através da violência e da dominação, mas que, paradoxalmente, se vê enredado em uma dinâmica onde Michèle inverte suas expectativas. Ele não é propriamente um monstro unidimensional, sua vulnerabilidade e sua aparente confusão nos momentos finais do filme sugerem uma psique igualmente perturbada, talvez, buscando em Michèle uma figura que pudesse corresponder à sua própria escuridão interior. Na psicanálise sabemos, que o desejo em suas formas mais perversas se manifesta como uma busca por reconhecimento e conexão, ainda que distorcido.

Essa dinâmica entre Patrick e Michèle é um dos pontos fascinantes do filme. Após a descoberta de sua identidade, a relação entre eles não cessa, mas se transforma em um ‘’game’’ real de sedução e repulsa, onde os limites entre o consentimento e a coerção se tornam totalmente fluidos. Michèle, em vez de se afastar, parece ser atraída pela perversidade de Patrick, utilizando essa atração como uma química para exercer seu próprio controle. A arquitetura sexual que eles encenam, onde Patrick é instruído a estuprá-la sob as condições de Michèle, é uma representação chocante de como o trauma pode ser reencenado e encaixado em um contexto de desejo e dominação. ‘’A sombra do passado não é uma condenação, mas uma introspecção, onde a herança familiar se torna o solo de uma identidade singular e desafiadora.’’ - Dan Mena.

A dança proibida do desejo: explorando a sexualidade em "Elle".
A dança proibida do desejo: explorando a sexualidade em "Elle".

Essa conversão macabra de papéis, onde a vítima dita as regras do jogo, afronta as noções tradicionais de moralidade e levanta manifestações sombrias. Patrick, nesse cenário, se torna menos um agressor e mais um cúmplice em um drama psicológico onde Michèle rege a orquestra.

O filme elabora essa ideia de que a violência não é apenas um ato físico, mas também uma manifestação de confusas interações psicológicas e sociais. Patrick, com sua vida familiar aparentemente perfeita e sua posição social, representa a hipocrisia de uma sociedade que esconde suas perversões sob uma máscara de normalidade. Sua incapacidade de satisfazer os desejos de sua esposa, Rebecca, que implicitamente reconhece a necessidade de Patrick de uma dinâmica sexual mais transgressora, sugere uma falha na comunicação e na intimidade que o leva a buscar gratificação em atos violentos. A figura de Patrick, portanto, não é apenas a do vilão, mas a de um indivíduo preso em suas compulsões e desejos reprimidos, que encontra em Michèle uma parceria inesperada em sua caminhada rumo ao abismo. ‘’O existencialismo é um grito silencioso de autonomia, uma declaração de que, mesmo diante do absurdo, a escolha de ser você mesmo(a) e a mais poderosa das revoluções.’’ - Dan Mena. A normativa desse personagem reside na forma como ele é simultaneamente um perpetrador e, em certo sentido, uma vítima de suas próprias pulsões, incapaz de escapar do ciclo de violência e desejo que ele mesmo iniciou.

Ao final, a morte de Patrick que vem pelas mãos do filho de Michèle, Vincent, é um desfecho ambíguo que não oferece o desenvolvimento esperado. Michèle permanece composta, enquanto Patrick morre em aparente confusão, sublinhando a natureza inescrutável de suas motivações e a falta de uma resolução moral clara. Sua figura serve para lembrarmos de que o mal nem sempre se manifesta de forma óbvia, mas pode residir nas entranhas da vida cotidiana, escondido na normalidade. Isso nos revela a fraqueza das interações humanas, quanto a fragilidade das convenções sociais e a moral. O que podemos perguntar quanto a isso?

Como a aparente normalidade de um indivíduo pode mascarar seus verdadeiros desejos e perversões, e o que isso diz sobre a sociedade atual?

Qual o papel da inversão de poder em uma dinâmica de violência, e como isso pode redefinir as noções de vítima e agressor?

A busca por gratificação através da dominação é uma manifestação de fraqueza ou uma forma distorcida de força?

‘’O desejo, em sua face escura, não busca a aniquilação do outro, mas a projeção de si mesmo em um desvio comportamental, onde a dominação pode ser confundida com a busca desesperada por reconhecimento.’’ - Dan Mena.

"Elle" (2016): Impacto Social, Psicologia e a Audácia de uma Narrativa Inesperada.
"Elle" (2016): Impacto Social, Psicologia e a Audácia de uma Narrativa Inesperada.
A Normalidade e a Frágil Fachada Social

Anna, a amiga e parceira de Michèle, representa o lado oposto da anormalidade e da moralidade pervertida em um universo onde Michèle opera fora de todas as regras estabelecidas. Seu perfil psicológico é o de uma mulher que busca a estabilidade, a lealdade e a conformidade com as regras impostas socialmente. Ela é a figura que tenta manter a coesão em seu círculo social e profissional, servindo como uma referência para o público sobre como uma pessoa comum reagiria aos eventos extraordinários que cercam Michèle. A amizade entre as duas, embora forte, é constantemente testada pelas transgressões de Michèle, especialmente seu caso com Robert, marido de Anna. Essa mecânica nos apresenta estruturas das lealdades, onde a confiança pode ser facilmente abalada por segredos e traições. O papel de Anna no filme é a base para sublinhar a singularidade da protagonista. Enquanto Michèle se recusa a ser uma vítima e manipula as circunstâncias a seu favor, Anna personifica a reação mais esperada e aceitável ao trauma e à infidelidade. Sua dor e confusão diante da revelação do caso de Michèle com Robert são palpáveis, contrastando com a aparente frieza e desapego de Michèle.Tal diferença de temperamento e de dispositivos de defesa aludem a forma de como se processam o sofrimento e a desilusão. Anna, que busca compreensão e justiça dentro dos limites sociais, serve como um exemplo claro quanto às escolhas não convencionais de Michèle, destacando o quão radicalmente a protagonista se desvia das normas. ‘’A psicanálise ensina que a verdade da alma não reside nas respostas prontas, mas nas perguntas que ousamos fazer sobre nós mesmos.’’ - Dan Mena.

Poder e controle: a dinâmica entre Michèle e Patrick em "Elle".
Poder e controle: a dinâmica entre Michèle e Patrick em "Elle".

A relação de Anna com Michèle também aventa a arquétipos de conduta que rolam de fato em certas amizades femininas diante de adversidades e segredos. Apesar das traições e dos choques, há uma corrente subjacente de afeto e compreensão mútua que persiste. No final do filme, quando Anna decide se mudar para a casa de Michèle após ambas terem rompido com Robert, isso sugere uma forma de reconciliação e solidariedade entre elas que transcende as falhas individuais anotadas. É um reconhecimento de que, apesar das diferenças e dos erros, há um laço que as une, talvez pela experiência compartilhada de lidar com homens falhos e com as curvas da vida adulta. Anna, nesse sentido, evolui de uma figura meramente contrastante para uma aliada, encontrando em Michèle uma forma de força e autonomia que ela talvez não possuísse sozinha. Assim, Anna nos lembra que, mesmo em meio a desordem e à violação de comportamentos, a busca por conexão e apoio permanece uma constante inalterada. Sua personagem, embora menos central e importante que Michèle, é uma âncora de sustentação narrativa dentro de uma realidade social reconhecível, permitindo que o público teça suas compreensões da psique de Michèle sem perder completamente o contato com as convenções. Ela é a voz da razão, a amiga leal, e a mulher que, apesar de suas próprias dores, oferece um porto seguro em um mundo turbulento. Sua presença ressalta a ideia de que a mente é um campo de batalha onde a individualidade se choca com as expectativas sociais, e onde a busca por autenticidade pode levar a caminhos inesperados e, por vezes, angustiantes e dolorosos.


O que então podemos espremer…

Como a lealdade e a amizade são testadas quando confrontadas com segredos e transgressões pessoais, e qual o limite delas?

O que a reação de Anna à infidelidade e ao trauma de Michèle mostram sobre as expectativas sociais do comportamento feminino?

A busca por normalidade em um mundo caótico é uma forma de resiliência ou uma negação da dificuldade da compreensão da vida?

‘’A normalidade é a mais frágil das fachadas, sob a qual a alma, em sua busca por equilíbrio, esconde as fissuras das nossas desilusões e a força silenciosa da resiliência.’’ - Dan Mena.

Trauma, Resiliência e a Busca por Controle: A Estratégia de Sobrevivência de Michèle

O filme "Elle" é um estudo psicanalítico notável para mim, ele fala muito sobre as múltiplas caras do trauma e as estratégias intrincadas que a psique desenvolve para lidar com ele. Michèle Leblanc, não é apenas uma vítima de estupro, ela é um produto de um passado marcado por uma tragédia familiar que a colocou sob os holofotes da mídia e a estigmatizou desde sua infância. Ser filha de um assassino moldou sua percepção universal, incutindo nela uma arraigada desconfiança nas instituições e uma necessidade imperiosa de controle sobre sua própria vida. Essa ânsia por controle se manifesta de maneiras ‘’n’’, transformando o trauma de um evento paralisante em um catalisador para uma redefinição radical de sua existência. Sua postura não é passiva, mas ativa e, por vezes, agressiva, uma forma de autodefesa que a impede de ser subjugada pela dor.

A negação de Michèle em se conformar com o papel de vítima tradicional é uma das características mais marcantes dessa afirmação. Em vez de buscar consolo ou justiça através dos canais esperados, ela opta por uma abordagem que a coloca no topo do comando da situação, mesmo que isso signifique se expor a riscos ainda maiores. Essa estratégia de sobrevivência pode ser interpretada como uma forma de ‘’acting out’’, onde o trauma é reencenado e confrontado diretamente, em vez de ser reprimido. Ao se engajar com Patrick, seu agressor, Michèle não apenas busca entender suas motivações, mas também amotinar a dinâmica de poder, transformando o ato de violência em um terreno para sua própria afirmação. Ela se recusa a ser um objeto inanimado da situação, insistindo em ser o sujeito ativo de seu próprio infortúnio, (embora entendemos que não é essa sua visão) mesmo que essa ação seja exercida em um descortinar moralmente ambíguo.

Os bastidores de "Elle": a genialidade por trás da obra de Verhoeven.
Os bastidores de "Elle": a genialidade por trás da obra de Verhoeven.

‘’A resiliência não é a ausência de cicatrizes, mas a coragem de poder exibi-las como mapas de uma jornada interiorizada, onde cada ferida é um testemunho de força e transformação.’’ - Dan Mena. Seu comportamento pode ser visto como uma manifestação de uma estrutura psíquica que, tendo sido exposta a traumas precoces infantis, desenvolveu mecanismos de defesa altamente sofisticados. A frieza, o distanciamento emocional e a capacidade de compartimentalizar suas vivências são ferramentas que ela utiliza para manter sua integridade psíquica. O filme sugere que a adaptabilidade não é sinônimo de ausência de dor, mas sim da capacidade de processar e integrar o sofrimento de maneiras que permitam ao indivíduo continuar funcionando e, em alguns casos, até prosperar. Michèle não se cura do trauma no sentido convencional, para mim, ela o incorpora, o transforma e o integra, o utilizando como uma fonte de força motora e autoconhecimento, ainda que de forma aborrecida. Essa busca por controle se estende a todas as áreas de sua vida, desde sua bem-sucedida carreira, até suas relações pessoais e sexuais. Michèle manipula as pessoas e as situações ao seu redor com uma destreza notável, sempre mantendo a rédea curta de sua própria existência. No entanto, é inegável que essa tática permite a Michèle navegar por um mundo hostil, emergindo como uma figura poderosa e inesquecível. Sua história assume formas inesperadas e caminhos tortuosos para a sobrevivência e a afirmação. Perguntas?

De que forma o trauma precoce pode moldar a necessidade de controle de um indivíduo, e como essa necessidade se manifesta em suas relações e escolhas futuras?

A resiliência, quando expressa através de comportamentos moralmente ambíguos, pode ser considerada uma força positiva?

Qual o limite dessa auto-sabotagem na busca por redefinir a própria narrativa após um evento traumático?

‘’O trauma em si nunca é o fim da história, mas o prólogo de uma articulação psíquica que se veste de audácia e controle, reescrevendo o destino em uma caligrafia que só a própria alma é capaz de fazer leitura.’’ - Dan Mena.

Sexualidade, Desejo e Perversão: A Dança em ''Elle''

"Elle" embrenha sem pudor a sexualidade, trata o desejo e a perversão de maneira provocante. O espectador(a) se vê confrontado com seus preconceitos. O filme se recusa a moralizar, preferindo apresentar a sexualidade em suas facetas múltiplas e possíveis, desde o desejo romântico e a infidelidade até o masoquismo, o sadismo e a releitura do trauma. Michèle Leblanc, é a personificação desse hermetismo. Sua vida sexual é um emaranhado de relações que desafiam a monogamia e a heteronormatividade, e sua reação ao estupro inicial não é de repulsa, mas de evidente curiosidade, que a leva a se engajar com seu agressor. Essa abordagem da sexualidade, que se desvia drasticamente das narrativas tradicionais de vitimização, é um dos pilares da análise psicanalítica do filme.

O ato de estupro, que deveria ser um ponto final para qualquer interação, se torna o início de uma dinâmica sexual mutuamente construída, onde os limites entre o consentimento e a coerção são constantemente borrados. O papel que eles encenam, é uma representação chocante de como o desejo pode se manifestar em formas distorcidas e como o poder pode ser exercido através da sexualidade. A perversão não é meramente um desvio moral, mas uma organização psíquica que busca lidar com ansiedades e traumas, através de fantasias e desejos recalcados. Ela usa sua sexualidade para manipular, seduzir e manter o controle sobre os homens em sua vida, seja seu amante, seu ex-marido ou seu agressor. Essa representação da sexualidade feminina como algo ativo, transgressor, é uma virada para às visões mais passivas e idealizadas da mulher. "Elle" sugere que o desejo não é linear nem simples, senão, onde as pulsões mais primitivas se encontram com as construções sociais. A ambiguidade moral do filme reside precisamente nessa recusa em julgar os desejos e as ações de Michèle.

‘’Elle" nos força a questionar o que consideramos"normal " ou"anormal " na sexualidade, e como nossos quereres e traumas moldam nossos desejos mais íntimos.’’ - Dan Mena.

Reflexões sobre a moralidade: "Elle" e o desafio às convenções sociais.
Reflexões sobre a moralidade: "Elle" e o desafio às convenções sociais.

Como a reencenação do trauma através da sexualidade pode ser uma forma de busca por controle e ressignificação para a vítima?

Quais são os limites éticos do masoquismo e do sadismo em uma narrativa cinematográfica?

O que a recusa do filme em moralizar a sexualidade de Michèle traz sobre as expectativas sociais do desejo feminino?

‘’O desejo, em sua coreografia de muitas cenas, não se contenta com o palco, mas busca na perversão o controle e a submissão, que se entrelaçam para encontrar um significado que transcende a moralidade.’’ - Dan Mena.

Impacto Social e o Olhar Contemporâneo: Desafiando Narrativas de Gênero

"Elle" não é simplesmente um thriller psicológico, é um filme que adentra nas discussões contemporâneas sobre gênero, violência e a representação feminina no cinema. A obra de Paul Verhoeven, através da figura de Michèle Leblanc, decola abertamente quanto as narrativas tradicionais de vitimização e empoderamento feminino, provocando um debate intenso sobre o que significa ser uma mulher em um mundo pós-feminista. O filme se recusa a oferecer uma heroína moralmente impecável, optando por uma protagonista contraditória que subverte as expectativas do público. Audacioso, força o espectador(a) quanto a preconcepções sobre como uma mulher deveria reagir ao trauma, e o que constitui uma resposta apropriada à violência sexual. O impacto social do filme reside precisamente em sua capacidade de desestabilizar as certezas, abrindo espaço para uma ponderação.

Em um contexto social onde a violência contra a mulher é um tema urgente, "Elle" se posiciona de forma controversa. Como de certa forma, se engaja em uma dinâmica perversa com seu agressor, o filme foi acusado por alguns de ser misógino ou de glamourizar a violência. Destarte, numa leitura mais cavada, vejo que a intenção de Verhoeven é, na verdade, trabalhar na psique feminina e a multiplicidade de respostas ao trauma, em vez de prescrever uma única forma de ser ou reagir. Michèle, com sua autonomia radical pode ser vista como uma figura que, à sua maneira, reivindica o controle sobre seu próprio corpo, mesmo que essa reivindicação seja moralmente julgada negativamente.


A maneira como Michèle lida com seu trauma, sem buscar a validação externa ou a punição do agressor, pode ser vista como uma crítica à ineficácia das instituições sociais em lidar com a violência sexual e suas consequências psicológicas. Uma obra de arte relevante que continua a gerar debates e a desafiar as narrativas dominantes sobre gênero, violência e sexualidade na era moderna.

Como o filme "Elle" desafia as representações tradicionais de vítimas de violência sexual no cinema, e quais as implicações dessa subversão?

De que forma a obra de Verhoeven contribui para o debate sobre a cultura do consentimento e as relações de poder na sexualidade?

Qual o papel da ambiguidade moral na arte para provocar questionamento social e debater as normas estabelecidas?

‘’A sociedade, em sua ânsia por narrativas lineares, se choca com camadas complicadas da alma feminina, que tecem sua própria costura em fios de autonomia e desafio, redefinindo o empoderamento para além das expectativas.’’ - Dan Mena.

O impacto social de "Elle": debates sobre gênero e violência.
O impacto social de "Elle": debates sobre gênero e violência.
A Dimensão Filosófica e Acadêmica: Entre o Existencialismo e a Crítica à Moralidade

"Elle" transcende através de Michèle a capacidade de escolher uma resposta própria e personalizada ao trauma, de forjar seu próprio caminho, o que vai ao encontro de ideias de pensadores como Jean-Paul Sartre e Albert Camus, que defendiam a primazia da liberdade e da responsabilidade individual na construção do sentido da vida. O filme, nesse sentido, não oferece um julgamento moral, mas uma abertura não clássica das escolhas e suas consequências, por mais desconfortáveis que sejam ao público.

Academicamente, "Elle" tem sido objeto de diversas análises que abordam desde a teoria feminista até a psicanálise lacaniana. A forma como Verhoeven subverte os tropos do thriller de vingança e do drama de estupro provoca discussões sobre a autoria, a intenção do diretor e a recepção dos espectadores(as). O filme se torna assim um caso de estudo sobre a forma como a arte pode desestabilizar as normas sociais. A ausência de uma mensagem moral clara ou de uma resolução catártica é, em si, uma declaração filosófica sobre a natureza da experiência que carregamos, que raramente se encaixa em narrativas simplistas de bem e mal.

A crítica à moralidade burguesa é outro pilar filosófico do filme. O universo de Michèle é povoado por personagens que, sob uma superfície de respeitabilidade e sucesso, escondem uma miríade de segredos e maldades. A família de Michèle, com seu pai assassino e sua mãe narcisista, é um microcosmo da hipocrisia e da disfunção que permeiam nossa sociedade. Essa crítica se alinha com pensadores como Michel Foucault, que analisou as relações entre poder, conhecimento e moralidade, mostrando como as normas sociais são construções que podem ser usadas para controlar e oprimir. Além disso, o filme pode ser analisado sob o caleidoscópio da teoria do trauma. A história de Michèle, marcada pelo trauma de seu pai e pelo estupro, é uma demonstração de como o passado nunca é realmente passado, mas continua a reverberar no presente, influenciando escolhas e reações. A forma como ela encena seu problema, é um tema rico para a pesquisa acadêmica em psicologia e psicanálise. "Elle" é, portanto, uma obra que oferece um vasto campo de estudos. Como a liberdade de Michèle se manifesta em suas escolhas não convencionais após o trauma, e quais as implicações éticas dessa liberdade?

De que forma o filme "Elle" atua como um catalisador para a crítica à moralidade burguesa e à hipocrisia social?


‘’A filosofia, em sua busca pela verdade, encontra na ambiguidade da existência do ser a mais fértil das pradarias, onde a liberdade se entrelaça com a responsabilidade, pastagem imensa de questionamento e auto-descoberta.’’ - Dan Mena.

Verhoeven e a psique: desvendando os mistérios de "Elle".
Verhoeven e a psique: desvendando os mistérios de "Elle".
Psicanálise e Cinema: 'Elle' como Estudo de Caso da Mente

A relação entre psicanálise e cinema é antiga e frutífera, com a sétima arte servindo como um teatro, dos desejos, medos e traumas. "Elle" se destaca como caso exemplar dessa intersecção. Os personagens são veículos perfeitos para olhar detenidamente pulsões inconscientes, mecanismos de defesa e a dinâmica entre o ego, o id e o superego. A psicanálise encontra em Michèle uma posição no registro do simbólico, quando desafia as normas sociais e as expectativas de gênero, e como ela lida com a falta e o desejo que a impulsionam.

Aqui verificamos o trânsito das relações objetais e das dinâmicas de poder. A relação de Michèle com Patrick, que se transforma de um ato de violência em um jogo sexual consensual, é o campo das fantasias inconscientes de dominação e submissão. A forma como Michèle manipula é uma manifestação transparente de sua necessidade de afirmar sua autonomia e de compensar a afetividade. Motivações ocultas por trás desses comportamentos, o que parece ser prazer ou vingança é, na verdade, uma articulada negociação com o inconsciente.


De que forma os conceitos psicanalíticos, como a compulsão à repetição e as pulsões de vida e morte, podem iluminar o personagem de Michèle?

Como o cinema, através de obras como "Elle", pode servir como um laboratório para o conhecimento das dinâmicas inconscientes e das relações objetais?

Qual a importância de uma abordagem psicanalítica para desvendar as camadas ocultas de uma narrativa cinematográfica e suas implicações sociais?

‘’O cinema, em sua tela, projeta os sonhos e os pesadelos da alma, sob o spot da psicanálise, as verdades mais íntimas são refletidas e as pulsões mais luminosas aparecem elucidadas.’’ - Dan Mena.

O thriller psicológico que chocou o mundo: "Elle" em análise.
O thriller psicológico que chocou o mundo: "Elle" em análise.
Encerramento: O Eco Silencioso de uma Liberdade Inesperada

Chegamos ao fim, "Elle", nos legou muito além dos créditos finais. O que verdadeiramente o filme nos propõe é uma desconstrução radical da figura da vítima, a transformando em líder de sua própria história. A obra de Verhoeven dá redenção às trevas dos desejos inconfessáveis que operam em lógicas próprias. Michèle não busca vingança; ela quer dominar uma forma distorcida de conexão. Suas respostas ao sofrimento são tão diversas quanto os indivíduos que a vivenciam. Escancara o embate entre "certo" ou "errado", "normal" ou "perverso", mostrando a realidade inerente à nossa condição. "Elle" é um espelho da sociedade, com suas hipocrisias e suas violências latentes, mas também a nós mesmos, com nossos quereres reprimidos. A ausência de um julgamento moral explícito por parte do filme não é uma falha, mas uma força, que nos impele a formar nossas próprias conclusões. Uma obra que se instala em nossa mente e continua a provocar. A sensibilidade com que o filme aborda temas tão delicados, sem cair no sensacionalismo, sem se esquivar da crueza, é o que o torna uma peça tão vital no panorama cinematográfico contemporâneo.

Além do óbvio: as camadas ocultas de "Elle" reveladas.
Além do óbvio: as camadas ocultas de "Elle" reveladas.

‘’A verdadeira liberdade não reside na ausência de correntes, mas na audácia da alma em criar elos dos próprios grilhões, reescrevendo o roteiro do destino em uma força que só o coração compreende.’’ - Dan Mena.

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FAQ (Frequently Asked Questions) filme "Elle" (2016)

O que é o filme "Elle" (2016)?

É um thriller psicológico franco-alemão dirigido por Paul Verhoeven, que explora temas de trauma, desejo e poder através da história de Michèle Leblanc.

Quem é Michèle Leblanc no filme?

Michèle Leblanc é a protagonista, interpretada por Isabelle Huppert. Uma empresária bem-sucedida que, após ser estuprada, reage de forma não convencional, buscando controle sobre a situação.

Qual o perfil psicológico de Michèle Leblanc?

Michèle é uma mulher de resiliência perturbadora, com uma postura de controle e autonomia, moldada por um passado traumático e uma desconfiança nas instituições.

Quem é Patrick no filme "Elle"?

Patrick é o vizinho casado de Michèle, que se revela ser seu agressor. Ele representa o predador doméstico que se esconde sob a fachada da respeitabilidade.

Como a relação entre Michèle e Patrick se desenvolve?

Após a revelação da identidade de Patrick, a relação se transforma em um jogo de sedução e repulsa, onde Michèle busca exercer controle sobre seu agressor através de uma dinâmica sexual complexa.

Qual o papel de Anna no filme?

Anna é a amiga e parceira de negócios de Michèle, representando a normalidade e a moralidade convencional, servindo como contraponto às escolhas e comportamentos de Michèle.

Quais são os principais temas abordados em "Elle"?

Trauma, resiliência, sexualidade, desejo, perversão, controle, poder, vingança, justiça, complexidade da psique feminina, relações familiares disfuncionais e crítica social.

Como o filme aborda o trauma?

"Elle" explora o trauma não como um evento paralisante, mas como um catalisador para uma redefinição radical da existência de Michèle, que busca controle e agência sobre sua experiência.

O que o filme revela sobre a sexualidade humana?

O filme mergulha nas águas turvas da sexualidade, explorando o desejo e a perversão em suas múltiplas facetas, desafiando as convenções e provocando reflexão sobre a natureza do desejo.

"Elle" é um filme feminista?

É um filme que provoca intensos debates sobre gênero e representação feminina. Embora não seja um filme feminista no sentido tradicional, ele desafia narrativas de vitimização e empoderamento de forma complexa.

Qual o impacto social de "Elle"?

O filme desestabiliza as certezas sobre como uma mulher "deveria" reagir ao trauma, abrindo espaço para uma reflexão nuançada sobre a agência feminina e a crítica social implícita na obra.

Como "Elle" se relaciona com a psicanálise?

O filme é um estudo de caso exemplar da intersecção entre psicanálise e cinema, explorando pulsões inconscientes, mecanismos de defesa e a dinâmica entre ego, id e superego através dos personagens.

O que é a "compulsão à repetição" em "Elle"?

Pode ser vista na forma como Michèle reencena seu trauma com Patrick, buscando dominá-lo e integrá-lo à psique, transformando a passividade em agência.

O filme oferece uma mensagem moral clara?

Não, "Elle" se recusa a moralizar, preferindo apresentar a complexidade da experiência humana e as escolhas dos personagens sem julgamento explícito, convidando o espectador à reflexão.

Por que "Elle" é considerado um filme importante?

Por sua audácia em desafiar convenções, sua profundidade psicológica, a atuação magistral de Isabelle Huppert e sua capacidade de provocar debates sobre temas complexos como trauma, sexualidade e poder.

Links sobre o tema "Elle''
Referências Bibliográficas

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Green, André – A Mãe Morta: O Complexo de Édipo e a Questão do Masoquismo (1983, Imago)

Kristeva, Julia – Poderes da Horror: Ensaio sobre a Abjeção (1980, Editora 34)

Soler, Colette – De um Trauma ao Outro (2021, Escuta)

Birman, Joel – Trauma e Psicanálise: Uma Perspectiva Contemporânea (2012, Civilização Brasileira)

Ogden, Thomas H. – Reverie e Interpretação: Explorando a Psicanálise Contemporânea (1999, Escuta)

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Roudinesco, Élisabeth – Lacan: Esboço de uma Vida, História de um Sistema de Pensamento (1993, Companhia das Letras)

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Van der Kolk, Bessel A. – O Corpo Guarda as Marcas: Cérebro, Mente e Corpo na Superação do Trauma (2014, Alta Books)

Levine, Peter A. – Curando o Trauma: Um Guia Essencial para Superar os Efeitos da Experiência Traumática (2010, Summus Editorial)

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Dweck, Carol S. – Mindset: A Nova Psicologia do Sucesso (2006, Objetiva)

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Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199. Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130. Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Departament of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192.



 
 
 

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