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Análise Psicanalítica de Rivais (Challengers): Triângulo Amoroso e Poder

Atualizado: há 6 horas

Análise Psicanalítica de Rivais (Challengers): Triângulo Amoroso e Poder
Análise Psicanalítica de Rivais (Challengers): Triângulo Amoroso e Poder

Filme (Challengers, 2024)

O Drama Oculto de “Rivais” (Challengers) : Relacionamentos Tóxicos, Trauma e o Jogo Psicológico por Trás da Quadra

Rivais é menos um filme sobre tênis e mais um ‘’experimento psíquico’’ onde o corpo fala, o desejo organiza a cena e a competição funciona como idioma secreto das pulsões. Guadagnino veste o triângulo amoroso com a aparência de um drama esportivo, mas o que realmente coloca em jogo é a sua visão e atualização contemporânea do ‘’triângulo edípico’’, agora, traduzido em rivalidade.


Apresenta o homoerotismo latente e as feridas narcísicas que vibram como cordas tensionadas. A quadra deixa de ser cenário para se tornar o aparelho simbólico, a superfície onde o inconsciente rebate aquilo que os personagens silenciam. No eixo dessa engrenagem afetiva, Tashi, Art e Patrick, no fundo não competem por amor, senão por competência e sobrevivência psíquica. Art precisa ser amado para existir; Patrick, ser desejado para se validar; Tashi quer controlar o jogo para não ruir internamente. O que se apresenta, então, não é um romance, mas uma bela coreografia de dependências, um sistema de caleidoscópios quebrados, onde cada sujeito tenta recuperar uma parte perdida de si. A partida decisiva nunca é a final do torneio: é a luta simbólica pela legitimação no olhar do outro.


O filme mostra como ‘’Eros’’ e a agressividade se imbricam, como a culpa e o prazer se retroalimentam, como afeto, inveja e posse, deslizam de um lado a outro com a naturalidade de um saque muito bem executado. O homoerotismo não é insinuado, é simplesmente estrutural. É o vetor primário que conecta Art e Patrick antes mesmo de Tashi se tornar o fulcro desse campo pulsional. Ela apenas nomeia a tensão que já existia.


Assim, “Rivais” nos mostra que o verdadeiro jogo não acontece na quadra, mas nas zonas onde desejo, inveja, admiração e ódio se entrelaçam. Guadagnino transforma o tênis em metáfora de algo que nos constitui desde sempre: a necessidade primária e vital de um ‘’outro’’ que nos confirme, desequilibre, nos deseje e, ao mesmo tempo, nos destrua.

Como alguém que penetra na mente através das telas, vejo o filme "Rivais" não apenas como uma narrativa sobre tênis, esporte que adoro e pratico.

Análise psicanalítica do triângulo amoroso em Rivais: desejo e rivalidade em Freud.
Análise psicanalítica do triângulo amoroso em Rivais: desejo e rivalidade em Freud.

Olhando como uma vidraça do inconsciente coletivo, aparecem desejos reprimidos e feridas emocionais que se entrelaçam em um jogo de sombras inconscientes. Esta obra magnífica, lançada em 2024 pela Amazon MGM Studios sob direção de Luca Guadagnino, captura a essência de relacionamentos tóxicos com uma intensidade que evocam Freud e Lacan a uma presença cinematográfica. Os protagonistas – Tashi Duncan (Zendaya), Art Donaldson (Mike Faist) e Patrick Zweig (Josh O'Connor), formam um triângulo onde a rivalidade competitiva se mistura a tensões eróticas, trazendo a tona a manipulação psicológica e ciúmes como conexão. Minha abordagem aqui, é traçar o perfil psicológico desses personagens, e o fundo analítico de uma contra-imagem de como o esporte serve de metáfora para pulsões de paixão e poder, enquanto questiono o impacto social dessa dinâmica na nossa era.

O Contexto Psíquico de Guadagnino: Ambição, Dor e Desejo em Movimento


Começo pelo contexto da obra: Guadagnino, e um mestre em retratar desejos carnais como em "Me Chame Pelo Seu Nome", (recomendo o filme), aqui, ele transforma a quadra em arena psíquica. Zendaya encarna Tashi como uma ex-atleta cuja ambição vira veneno, moldando maridos e amantes em peças de seu xadrez emocional. Faist traz Art como o campeão fragilizado, decadente e dependente de aprovação externa, enquanto O'Connor, infunde Patrick com um charme rebelde que mascara suas inseguranças densas. O ano de produção, marcado por debates sobre saúde mental no esporte, vem para amplificar esse olhar que vou dar sobre trauma e resiliência.


Nesta análise vou fatiar tecnicamente o desejo libidinal que impulsiona o enredo. O triângulo amoroso não é mero clichê, é um campo de batalha degradante onde o ‘’id’’ confronta o ‘’superego’’, e a mecânica da culpa surge como mecanismo de sobrevivência. Tashi, por exemplo, carrega o peso de uma lesão que rouba sua carreira, redefinindo a dor ‘’em controle’’ sobre os homens ao seu redor. ‘’No vórtice do desejo, o triângulo amoroso expõe culpas ancestrais que moldam destinos invisíveis.’’ - Dan Mena

Homoerotismo latente em Challengers 2024: tensões eróticas e manipulação psicológica.

Podemos ver aqui uma reparação simbólica que Lacan chamaria de busca pelo "objeto a" perdido. Art, o marido obediente, personifica o narcisismo ferido, vivendo vicariamente através de vitórias que mascaram sua total passividade. Patrick, o ex-amante, representa o caos do ‘’Eros’’ não contido, com traços de homoerotismo latente que aparecem em cenas de intimidade filtrada entre ele e Art.


Do ponto de vista psicológico, o filme ilustra relacionamentos tóxicos como ciclos viciosos de co-dependência. A neurociência nos lega o saber, que o ciúmes ativa regiões cerebrais ligadas ao medo e à recompensa, explicando por que esses personagens se atraem pelo conflito. Socialmente, é uma crítica a sociedade performativa, onde sucesso atlético encobre os vazios afetivos, firmando claramente debates atuais sobre masculinidade tóxica e o empoderamento feminino. Guadagnino usa a metáfora do tênis para simbolizar o vaivém da paixão, onde cada rebatida é uma negociação de poder, cada set uma etapa de sedução e traição. ‘’O amor possessivo surge como escudo contra o vazio, mas corrói laços com sua mecânica implacável.’’ - Dan Mena 


Vejo na teia de acontecimentos o homoerotismo não como subtrama, mas como pulsão sexual que subverte normas hétero-normativas, nos convidando como espectadores a questionar identidades fluidas. Em um mundo pós-pandemia, onde o isolamento da época ampliou as ansiedades relacionais, este filme oferece uma catarse, se transformando em dor e ao mesmo tempo insight. Ao longo dos tópicos a seguir, vou desdobrar e filtrar esses elementos, integrando temas sexuais sob uma compreensão mais ampla. Quero lhes oferecer uma leitura que não só informa, mas desperta ponderações, afinal; quem nunca jogou um ‘’game emocional’’ em busca de vitória? ‘’O desejo libidinal impulsiona ações, abrindo feridas que a sociedade prefere ignorar.’’ - Dan Mena Essa aliança heurística é uma descrição imagética da quadra como “zona” e do enredo como “coreografia de dependências”, tal, encontra, na máxima lacaniana “Le désir de l'homme, c'est le désir de l'Autre” - (“O desejo do homem é o desejo do ''Outro''.”) - Uma teoria que transforma metáfora em diagnóstico. O que Guadagnino põe em cena é o humano que se constitui por mediação. Não há desejo que exista fora do campo do ''Outro''. O campo de jogo, então, é uma superfície simbólica onde cada bola rebatida é uma tentativa de reinstalar um lugar no espelho do outro; e cada falha coloca a mostra a ausência constitutiva que torna o sujeito continuamente mendicante de reconhecimento. Em termos estéticos e clínicos, essa interseção estaria entre minha leitura e Lacan como citação-âncora.

  Amor possessivo e ciúmes como conexão na narrativa de Luca Guadagnino. 
Amor possessivo e ciúmes como conexão na narrativa de Luca Guadagnino.

A Ferida Latente no Triângulo Amoroso


No centro de "Rivais", a dor simbólica surge como um chamado irresistível, propondo nos seus personagens a confrontação de desejos não articulados. Tashi, cuja carreira é abruptamente ceifada por uma contusão, encarna a ferida original que Freud associaria ao luto não resolvido. Sua transição para treinadora não é mera adaptação; é uma tentativa de reparação simbólica, onde ela projeta suas ambições frustradas em Art e Patrick. O triângulo amoroso, agora configurado assim, se torna um palco para essa angústia, com a rivalidade competitiva mascarando vulnerabilidades de vários ângulos.


Psicologicamente Tashi exibe traços de narcisismo adaptativo, usando manipulação psicológica para manter controle. Art, por sua vez, tem um perfil de dependência afetiva, vivendo à sombra da esposa como forma de evitar seus confrontos internos. Patrick, com seu ar de desprendimento, esconde inseguranças que o levam a sabotar conexões, ilustrando como o desejo libidinal pode virar uma arma auto-destrutiva. Guadagnino filma isso com ''close-ups'' intensos, tornando o homoerotismo palpável nas trocas de olhares entre os homens, sugerindo tensões eróticas que vão além do esporte e das quadras. ‘’A manipulação psicológica orquestra jogos emocionais e põe à mostra nossas vulnerabilidades.’’ - Dan Mena  


Socialmente, essa dinâmica mostra claramente a pressão contemporânea por performance, onde relacionamentos tóxicos aparecem em ambientes competitivos. A mecânica da culpa opera aqui livremente como cola, unindo os três em um ciclo de ciúmes, onde cada traição reforça laços paradoxais. Filosoficamente em Nietzsche, encontramos aqui uma resposta, como a vontade de poder disfarçado de amor.


O que acontece quando o desejo se torna prisioneiro de uma ferida não curada? Como o triângulo amoroso expõe nossas silhuetas relacionais? Será que a rivalidade é sempre destrutiva ou pode ser catalisadora de crescimento?


‘’A ferida que não sangra visivelmente é a que mais corrói a alma, transformando o amor em arena de batalhas internas.’’ - Dan Mena


Desejo Libidinal e Performance no Mundo Esportivo

Por trás das quadras impecáveis, "Rivais" desvela disfarces sociais que ocultam pulsões sexuais e ambições vorazes. Tashi se veste no papel de mentora implacável, mas sua fachada esconde um desejo que Lacan veria como ‘’falta inerente’’, a impulsionando a dominar Art e Patrick. A metáfora do tênis aqui brilha, onde cada saque é uma exibição performática, cada ponto uma negociação de poder, maturando como a sociedade contemporânea exige encenações constantes para validação.


Art se destaca como o perfeccionista ansioso, cuja obediência à esposa mascara medos de inadequação. Patrick, contrastando, adota uma persona de rebelde charmoso, mas sua rivalidade competitiva com Art evidência invejas e recalques, com toques de homoerotismo que surgem em cenas da sauna ou dos churros compartilhados, momentos em que Guadagnino usa para sublinhar tensões eróticas não verbalizadas. Zendaya, em sua atuação magistral, infunde Tashi com camadas de vulnerabilidade, se tornando a não vilã, mas vítima de um sistema que pune ambições femininas. ‘’Challengers’’ ou Rivais é uma metáfora esportiva do amor que ilustra vaivéns da existência, entre vitórias e derrotas internalizadas.’’ - Dan Mena


Olhando do lado social, o filme faz crítica a cultura do espetáculo, onde paixão e poder se entrelaçam em relações possessivas. Neuro-cientificamente, isso ativa circuitos de recompensa semelhantes ao vício, explicando a atração por dinâmicas tóxicas. Aqui enxergo o tênis que tanto gosto de praticar como esporte, como uma alegoria para o jogo amoroso moderno, onde vitórias externas parecem querer compensar grandes vazios internos.


Por que adotamos peles emprestadas que nos aprisionam em relacionamentos tóxicos? O que o desejo libidinal assoma sobre nossas performances diárias? Como o homoerotismo desafia as normas sociais rígidas?


‘’Nas máscaras que usamos contemporaneamente, o desejo se disfarça de estratégia, mas a verdade sempre rebate como uma bola imprevisível.’’ - Dan Mena

Pulsão sexual no cinema: explorando paixão e poder em Rivais.
Pulsão sexual no cinema: explorando paixão e poder em Rivais.
Manipulação Psicológica e o Colapso das Ilusões

A narrativa não linear de "Rivais" culmina em quedas emocionais, e a nossa fragilidade se apresenta visivelmente. Tashi's, e sua articulação psicológica orquestram o torneio para confrontar Art e Patrick, isso marca o ponto de ruptura, onde ilusões de controle desmoronam. Olha ae o ‘’id’’ irrompendo contra o ‘’ego’’, com a mecânica da culpa amplificando o caos.


Patrick com seu histórico de privilégios, cai ao confrontar suas falhas pessoais, o seu amor possessivo por Tashi que se misturam ao ciúmes como ligação com Art. Assim, desaba sob o peso da dependência, escancarando sua baixa autoestima, agravada por pressões atléticas. Guadagnino captura isso magistralmente em sequências eletrizantes, com a trilha de Reznor e Ross pulsando como batimentos cardíacos acelerados. ‘’A reparação simbólica surge do caos, curando feridas através de confrontos inevitáveis.’’ - Dan Mena  


Socialmente, o filme questiona como competições exacerbam desigualdades de gênero, com Tashi representando o feminino insurgente em um mundo masculino. Filosoficamente fala sobre o poder que circula em redes relacionais, tornando a queda inevitável.


Qual o custo emocional de manipulações que visam reparação simbólica? Como as quedas pessoais se copiam para colapsos sociais maiores? O que acontece quando ilusões se quebram em meio a rivalidades?


‘’A queda não é o fim, mas o instante em que o ‘’ego’’ confronta o fosso de suas próprias ilusões. - Dan Mena


O Arquétipo Ferido e a Pulsão Sexual em Temas Sexuais no Cinema

Nesta obra cinematográfica, "Rivais" (Challengers, 2024) nos assombra com os arquétipos feridos através da pulsão sexual que permeia cada interação. Tashi encarna a mulher escoriada, cuja lesão física simboliza a castração simbólica, isso a impulsiona a uma sexualidade assertiva que desafia os padrões. O homoerotismo entre Art e Patrick, carregados de miradas e toques secretos são como manchas integradas através do conflito.


Patrick exibe finalmente seus traços impulsivos, aventando desejo libidinal e guiando suas sabotagens. Art, fica mais reprimido, luta com inibições que a neurociência liga ao estresse crônico. Guadagnino é um grande diretor, ele eleva temas sexuais no cinema, destarte, tornando o erótico não tão explícito, sutil, mas insinuado, excelente, sou seu admirador de carteirinha. ‘’Em Guadagnino vemos a mecânica da culpa meio que operando silenciosamente, guiando trajetórias rumo a autodescobertas.’’ - Dan Mena  


Socialmente, o filme aborda a fluidez sexual em contextos competitivos, questionando binários de gênero. Minha perspectiva vê o arquétipo como um portal para o auto-conhecimento.


Por que pulsões sexuais mascaram feridas emocionais? Como o cinema usa esse erotismo para adentrar nas estruturas simbólicas do ser? O que o ‘’Eros’’ homo-social levanta sobre repressões coletivas?


‘’No mito estruturante do ferido, a pulsão sexual se junta ao limiar entre cura e destruição, pondo à mostra verdades ocultas.’’ - Dan Mena


A Confrontação com o Real e os Ciúmes como Conexão nos Relacionamentos Tóxicos

O clímax força confrontos com o ‘’real’’, onde suspeitas como interligações, unem os três em um vórtice radioativo. Tashi's, na orquestração do jogo final expõe suas verdades dolorosas: Art's dependência, Patrick's rebeldia e sua própria ambição como defesa. Toda essa tensão erótica culmina em um abraço que transcende a vitória, sugerindo uma reparação iconica.


Isso ilustra ciclos tóxicos, com ciúmes ativando respostas de luta ou fuga. Socialmente, tem muito a dizer quanto aos relacionamentos modernos, fragmentados por ambições. Guadagnino usa o esporte como lupa para esses confrontos.


Como o ciúmes pode se conectar ao invés de separar? Por que os embates com a realidade são transformadores? O que os relacionamentos danosos nos ensinam quanto a si mesmos?


‘’No confronto com o real, os ciúmes tecem laços invisíveis, reconfigurando toxicidade em revelações.’’ - Dan Mena A ferida inicial instaurada pela perda do objeto amado funda uma economia psíquica marcada no sujeito pela ambivalência, onde amor e ódio coexistem, deste conflito nasce a necessidade de reparar. A culpa, longe de ser um juízo moral abstrato, funciona como força motivadora que impele o sujeito a realizar gestos de reparação. Sejam eles fantasiosos ou reais, são destinados a recompor o objeto interno que se acredita danificado. Em triângulos passionais como o que vemos em ''Rivais, as manipulações, ciúmes e performances podem ser entendidas como tentativas de remendar essa perda primária. Cada disputa, cada submissão ou boicote é uma tentativa de encenação reparadora, ora possa ser bem-sucedida, ora falha, uma forçada maneira de reafirmar um laço quanto o seu risco de aprofundar a fratura original.


Metáfora Esportiva do Amor e a Pulsão de Paixão e Poder

Finalmente, essa ressignificação reparadora surge no ‘’set’’ final, onde a correspondência poética no âmbito esportivo do amor resolve as tensões. Tashi encontra paz substitutiva, Art ganha autonomia, Patrick redescobre a paixão. Psicanaliticamente isso pode ser lido como a pura integração do ‘’id’’ e o ‘’superego’’ em ação, pulsões de paixão e poder, agora equilibradas.


O filme propõe que ditas competições podem curar, questionando as dinâmicas de poder.


Por que essas paisagens psíquicas demandam confronto? Como o esporte metaforiza o amor? O que a paixão ensina sobre potência e poder?

Metáfora esportiva do amor: tênis como símbolo de relacionamentos tóxicos.
Metáfora esportiva do amor: tênis como símbolo de relacionamentos tóxicos.
Édipo Rei

O Rei Édipo (ou Édipo Rei) é uma das mais famosas tragédias gregas antigas, escrita pelo dramaturgo Sófocles por volta de 427 a.C. Ela levanta temas como destino, culpa e auto-descoberta através da história de um rei que, sem saber, cumpre uma profecia. Não é uma narrativa de infortúnio, mas, uma meditação sobre nossa subjetividade e a interseccionalidade entre mito, psique e sociedade. Sua relevância atesta a genialidade de Sófocles em capturar as tensões existencialistas.


A peça nos mostra a realização de nossos desejos infantis. No entanto, mais afortunados do que ele, nós conseguimos, na medida em que não nos tornamos psico-neuróticos, separar nossos impulsos sexuais de nossas mães e esquecer nosso ciúme de nossos pais. Há então uma indicação inconfundível no texto da própria tragédia de Sófocles que a lenda de Édipo surgiu de algum material de sonho primitivo que tinha como conteúdo a perturbadora relação da criança com seus pais através das primeiras agitações da sexualidade. Em um ponto onde Édipo, ainda não iluminado, começa a se sentir incômodo por sua recordação do oráculo, Jocasta o conforta se referindo a um sonho que muitas pessoas têm, embora na opinião dela não tenha significado: ‘’Muitos homens em sonhos de tempos antigos jazem com aquela que os gerou... Menos se perturba, quem não toma nota de tais presságios’’... Hoje, como em tempos passados, muitos homens sonham em ter relações sexuais com suas mães, e mencionam esse fato com indignação e espanto na clínica. Isso é claramente a chave para a tragédia e o complemento do sonho do pai do sonhador já estar morto. A história de Édipo é a reação da imaginação a esses dois sonhos típicos...Sigmund Freud, A Interpretação dos Sonhos, 1900.

  Ciúmes controle psicológico: impactos em triângulos (trisal) amorosos fílmicos.
Ciúmes controle psicológico: impactos em triângulos (trisal) amorosos fílmicos.

Usando esta referência, vou interpretar;


Essa passagem freudiana, que retirei da exploração dos sonhos típicos, acena para o triângulo amoroso no filme "Rivais" ao desencobrir a estrutura edípica como uma constelação primordial de desejos incestuosos e rivalidades assassinas, onde o desejo pela mãe e o ódio pelo pai se entrelaçam como pulsões básicas da subjetividade. 


O simbolismo dos conflitos edípicos vibra precisamente nessa dialética. O desejo e a disputa não são meros acidentes narrativos da obra, mas manifestações da economia libidinal que Freud nos descreve, em que o poder surge da tensão entre amor e ódio como vulnerabilidades da repressão das potências infantis. Se tensiona a cena ao ancorar o mito em material onírico primitivo, ampliando o texto e sugerindo que a quadra de tênis é um palco onírico moderno, onde os saques e jogadas se transmutam em ícones do vaivém contemporâneo das pulsões sexuais agressivas, reprimidas, mas persistentes no inconsciente. 


O contraste reside na prosa analítica e mitológica de Freud, muito densa, quase arqueológica, que desenterra impulsos universais com a precisão de um oráculo, contra a fluidez cinematográfica de Guadagnino, criando um diálogo onde a teoria psicanalítica irrompe como uma clareira trágica de intersubjetividade e sexualidade reprimida no simbolismo corporal.


A rixa no filme "Rivais" é um balé edipiano de posse e perda. 


Nesse entrecruzamento, emerge o mito, onde desejos e vulnerabilidades, equilibrados ou não, impulsionam a busca por um trabalho de restituição do ''eu''. Assim fica notadamente marcado esse eterno conflito entre Eros e agressão, uma completude ilusória ao inevitável embate envolvendo o ''Outro'' paterno.


A Verdade que Permanece em Reflexões sobre o Filme "Rivais"

Ao final em "Rivais", fica a verdade indelével dos nossos desejos, quereres, culpas e duelos que tecem a existência palpável. O diretor nos entrega não só entretenimento de qualidade, mas, à introspecção, onde o ‘’trisal’’ se engrandece sob nossas próprias batalhas internas. Zendaya, Faist e O'Connor, personificam perfis que nos tocam de forma muito próxima. Ambições, pretensões, anseios e propósitos, o dependente resiliente, o rebelde vulnerável. Coletivamente, o filme indaga quanto equilíbrios e preponderância de poderes em uma era de manifestações performáticas constantes. Por outra perspectiva, enquanto psicanaliticamente olhado, vemos os caminhos da reparação em plena ação."Rivais", um triângulo amoroso como o fator edípico moderno que desafia estruturas sociais, convidando diferentes pontos de ponderação.  


Que esta análise desperte em você questionamentos duradouros. Se indague; e se nossas paixões fossem quadras de tênis onde jogamos pelo auto-conhecimento? Compartilhe seus pontos de vista no meu site; www.danmena.com.br – talvez ali, possamos encontrar mais verdades coletivas, juntos.

Temas sexuais do cinema moderno: homoerotismo e desejo libidinal em ação. 
Temas sexuais do cinema moderno: homoerotismo e desejo libidinal em ação.
FAQ - Filme "Rivais" (Challengers)

O que representa o triângulo amoroso em "Rivais"?  

O triângulo amoroso simboliza conflitos edípicos, onde desejo e rivalidade entrelaçam poder e vulnerabilidade.


Qual o papel do homoerotismo latente no filme?  

O homoerotismo explora tensões sexuais reprimidas, enriquecendo a dinâmica entre Art e Patrick.


Como a análise psicanalítica freudiana se aplica a Tashi?  

Tashi personifica o id em busca de reparação, transformando trauma em controle sobre amantes.


O que é a mecânica da culpa em "Rivais"?  

A mecânica da culpa impulsiona manipulações, servindo como mecanismo de sobrevivência emocional.


Por que a metáfora do tênis é central?  

O tênis metaforiza relacionamentos, com cada rebatida representando negociações de paixão e poder.


Qual o impacto social de relacionamentos tóxicos no filme?  

Reflete pressões contemporâneas por performance, criticando desigualdades de gênero e ambições destrutivas.


Como Zendaya's em sua atuação contribui para temas sexuais?  

Sua interpretação infunde Tashi com assertividade erótica, desafiando normas femininas.


O que é desejo libidinal na narrativa?  

O desejo libidinal impulsiona ações, misturando eros e Thanatos em ciclos viciosos.


Por que ciúmes atua como conexão?  

Ciúmes conecta personagens paradoxalmente, reforçando laços através de conflitos.


Qual a reparação simbólica no final?  

A reparação ocorre no abraço, integrando sombras e oferecendo catarse.


Luca Guadagnino explora o erotismo como?  

Através de insinuações visuais, tornando o sensual subtexto para dinâmicas psicológicas.


O que é pulsão sexual nos protagonistas?  

Pulsão sexual guia rivalidades, revelando repressões e atrações fluidas.


Como o filme aborda amor possessivo?  

Amor possessivo surge como defesa contra perdas, levando a manipulações.


Qual o perfil psicológico de Art?  

Art exibe dependência afetiva, buscando validação em vitórias externas.


Por que rivalidade competitiva é chave?  

Rivalidade impulsiona crescimento, mas expõe vulnerabilidades profundas.


O que temas sexuais no cinema revelam em "Rivais"?  

Revelam fluidez identitária, questionando binários sociais.


Como a tensão erótica constrói o suspense?  

Tensão erótica amplifica conflitos, tornando cada cena carregada de expectativa.


Qual o legado de "Challengers 2024"?  

Seu legado está em mesclar esporte e psique, inspirando debates sobre desejo.


Por que análise cinematográfica é essencial?  

A análise cinematográfica revela camadas inconscientes, enriquecendo compreensões humanas.


O que paixão e poder ensinam?  

Paixão e poder entrelaçados mostram equilíbrios frágeis em relações.


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Promising Young Woman: Reparação Simbólica e Mecânica da Culpa - Exploração psicanalítica de culpa e reparação em narrativas cinematográficas, dinâmicas de poder e rivalidade.

Exibicionismo em Euphoria: Análise Psicanalítica - Discussão sobre exposição e dependência emocional em séries, conectando com homoerotismo latente e relacionamentos tóxicos.

A Criada: Desejo, Fetichismo e Feminilidade - Análise do desejo e fetichismo em cinema, alinhada a triângulos amorosos e pulsões sexuais.

A Substância: Tirania da Perfeição e Narcisismo - Estudo psicanalítico de narcisismo e ideal do ego, temas da paixão, poder e manipulação psicológica em obras visuais.












Referências Bibliográficas Althusser, Louis. Ideologia e aparelhos ideológicos de Estado. Rio de Janeiro: Graal, 1985.

Baudrillard, Jean. Simulacros e simulação. Lisboa: Relógio d’Água, 1991.

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Freud, Sigmund. O mal-estar na civilização. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

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Kristeva, Julia. Poderes do horror: ensaio sobre a abjeção. Rio de Janeiro: Rocco, 1989.

Lacan, Jacques. O seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

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Žižek, Slavoj. Olhando Awry: Uma introdução a Jacques Lacan através da cultura popular. São Paulo: Boitempo, 2015.


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Dan Mena – Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise (CNP 1199, desde 2018);  

Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise (CBP 2022130, desde 2020);  

Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University – Florida Department of Education, EUA (Enrollment H715 / Register H0192);  

Pesquisador em Neurociência do Desenvolvimento – PUCRS (ORCID™;  

Especialista em Sexologia e Sexualidade – Therapist University, Miami, EUA (RQH W-19222 Registro Internacional).


 
 
 

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