Relacionamentos e Ansiedade.
- Dan Mena Psicanálise
- 2 de mar. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 28 de ago. de 2024
A ansiedade afeta a qualidade dos laços emocionais?
Liberte sua habilidade de comunicação. De forma invisível e inconsciente, sua atuação psíquica age encarcerando, aprisionando nossa habilidade plena de comunicação.

Liberte sua habilidade de comunicação.
De forma invisível e inconsciente, sua atuação psíquica age encarcerando, aprisionando nossa habilidade plena de comunicação. A dominância do modo alerta no indivíduo ansioso, conduz ao temor, insegurança, desconforto, desconfiança e sentimentos de ameaça, provocando descompassos de conduta, raiva, intranquilidade, nervosismo, angústia, tristeza, entre outras emoções e sintomas que se revelam. Neste contexto, perdemos muitas das capacidades mentais e energéticas de lidar com as relações. Afetadas profundamente diante do esgotamento. As principais consequências a enfrentar são: sensação de culpabilidade, dores emocionais, irritação, mudanças de humor, discussões por motivos banais, necessidade de extrema aproximação, em outros momentos, frieza e distanciamento. Assim, tememos a rejeição e podemos exigir uma imposição extra de atenção do par. Uma impressão de incompletude e dependência emocional interminável, desgastando a relação, frustrando expectativas e podendo naufragar os mais sinceros desejos de amar.
Sexta-feira, dezenove horas, você quase pronta para o seu grande encontro.
O vestido preto que comprou para uma ocasião especial naquela loja chique, permanência pendurado no seu armário. Vai chegando aquele friozinho na barriga, veste ele (pela décima vez), fecha o zíper, troca de salto e se olha novamente. Perfeito. Talvez não. Confere sua maquiagem na bolsa, aproveita para uma retocada e a borrifada final obrigatória de perfume. Agora que se percebe preparada, sua perspectiva muda para o seu par. Onde ele está?
Se questiona?... um milhão de outras suposições passam na cabeça.
Não consegue deixar de pensar se ele vai se atrasar, ou pior, se mudou de ideia sobre o compromisso. Sentindo a ansiedade escalando sua mente, liga para o celular. Ele atende e diz com uma voz meio envergonhada que se encontra estacionando o carro em frente à sua casa. Minutos depois, toca a campainha. Ele chegou... você grita silenciosamente enquanto abre a porta.
Claro, nunca iria direto sem parar e dar aquela última olhada no espelho, verificar seus dentes, mexer no cabelo e ajustar a roupa, antes daquela respirada funda. Por fim abre, e oferece seu sorriso lindo e doce.
Este cenário descreve, com alguma relativa precisão, como uma mulher pode se sentir ansiosa quando se trata de namoro e encontros. A montanha-russa de se preparar e esperar por aquele momento, coloca em pânico até a mais estável e equilibrada das mulheres. Afinal, todo mundo tem sua agenda emocional, na maioria das oportunidades precedidas por numerosos meses de contato por redes sociais e aplicativos de conversação.
Chegada a hora, onde a realidade física se faz necessária para avançar, olho no olho, pele com pele, passar um tempo juntos, avaliar, questionar, perguntar, beijar, curtir, verificar suas atitudes, crenças, interesses, jeito de ser, compatibilidades e afinidades. Óbvio, que nem todas as expectativas estarão a postos. Sem falar, que serão necessárias algumas repetições para se conhecer alguém (se isso é realmente possível), com sorte, depois de muitos insights, poderá acontecer e desabrochar um relacionamento.
Tenha uma agenda emocional.
É verdade, nem todos estamos prontos para uma agenda emocional. O namoro, é considerado um evento social, onde duas pessoas ou mais, de qualquer sexo ou gênero, se vestem adequadamente, preparam, conforme o local e situação para seus encontros. Nestes tempos, isso pode acontecer de várias maneiras, não apenas no tradicional jantar à luz de velas, baladas, barzinhos, duplas, triplas, grupos, às cegas e mesmo aqueles em que você vai a um determinado lugar, cercada de outras mulheres e vinte homens desconhecidos.
Ainda assim, mesmo com todas as inovações e ferramentas para conhecer e namorar pessoas, experimentamos grande dificuldade nessas aproximações. Tal iminência, tem potencial de provocar estresse ou pânico, é uma apreensão tão séria que existe uma definição patológica que a define como Ansiedade Social. Esta, refere-se ao medo e à preocupação gerada de estar perto de outros ou grupos, para estabelecer contato. Tais indivíduos costumam ser vistos sendo solitários e antissociais. Em uma cena comum, alguém lidando com um quadro típico deste conflito, simplesmente inventaria uma desculpa para fugir do espaço, se recolher em silêncio pelo resto da noite ou até sofrer um estranho desmaio repentino. Quem transita por esse problema, pode experimentar um suor excessivo, pensamentos incômodos e vir a se questionar sobre não ser bom o suficiente para gozar desse compartilhamento, por não se considerar à altura do/s outro/s.
Nem é preciso dizer, que qualquer sentimento nesta direção poderia ser considerado normal, desde que não interrompesse os afazeres cotidianos ou permitisse participar normalmente de um encontro.
Cada um de nós quer o melhor para si, o que significa que aspiramos ter uma boa aparência, sentir-nos bem e capazes de dividir, ser aceites socialmente e partilhar ambientes com outros. Isso deve passar por determinadas afirmações e condutas de segurança afetiva individual, que podem se mostrar ausentes ou deficientes.
Por Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130
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