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A Arte Psíquica de Fantasiar.

Atualizado: 15 de abr.

Dan Mena Psicanalise
"A arte de fantasiar não é uma fuga da realidade, mas um retorno criativo a ela, transformando o ordinário em extraordinário."- Dan Mena.

A fantasia não é apenas um mero devaneio; ela é uma construção psíquica rica que desempenha um papel extremamente importante na nossa sexualidade. Desde os primórdios da psicanálise, Freud destacou sua relevância como uma forma de satisfação dos desejos que não podem ser realizados na prática. Ela permite ao indivíduo experimentar prazeres que, de outra forma, seriam impossíveis devido às restrições sociais e morais. Através da sua articulação criamos cenários que adaptados psiquicamente se desenrolam sem o medo do julgamento ou da rejeição. Isso é especialmente importante em um mundo onde as normas sociais limitam a expressão sexual.

Por exemplo, pensemos em como podem servir como um refúgio seguro para aqueles que se sentem constrangidos por suas preferências ou orientações sexuais consideradas tabus, ou inaceitáveis pela sociedade. Uma dualidade tanto libertadora quanto aterrorizante, afinal, ao confrontar nossa lascívia também peitamos o medo de sermos mal interpretados ou rejeitados.

A psicanálise contemporânea amplia essa discussão ao considerar não apenas a função da fantasia como uma forma de escapismo, em um contexto terapêutico, podemos começar a entender as dinâmicas subjacentes que moldam nossa sexualidade. O que elas revelam sobre nós? Quais são os desejos ocultos que estão sendo expressos?

Um aspecto fascinante da imaginação sexual é sua capacidade de espelhar esses enfoques individuais, mas também as influências culturais e sociais que nos cercam. Arranjados sempre em narrativas sociais por meio das quais aprendemos o que é considerado desejável ou inaceitável. Em sua utilidade podem se colocar a serviço como uma ponte entre o inconsciente e o consciente, pois aquilo que reprimimos em nosso cotidiano pode emergir no seu mecanismo.

Dan Mena Psicanalise
''Ao transformar desejos inconscientes em narrativas, a fantasia atua como uma bússola para o desconhecido de nós mesmos.'' - Dan Mena.

Assim acessamos conteúdos refreados que transparecem aspectos de nossa psique que precisam ser integrados. É importante ressaltar que não deve ser vista como uma solução para a insatisfação sexual; fato que podem ter consequências complicadas. Em alguns casos, a dependência excessiva delas pode levar à desconexão da realidade, dificultando a formação de relacionamentos saudáveis e autênticos. Portanto, é ponderado sempre encontrar o ponto de equilíbrio entre o exercício e a vivência efetiva.

Sua existência vai além de simples enunciados, possui relevante participação na construção da identidade sexual, o que leva consequentemente à aceitação de aspectos de nós mesmos que antes eram negados ou ocultos. Assim, vão surgindo os questionamentos: Como as nossas fantasias configuram as relações interpessoais? Quais são os limites entre fantasia e realidade na experiência sexual? E como podemos utilizar essa compreensão para promover uma sexualidade satisfatória?

É muito frequente acharmos que nossos pensamentos estejam na direção de objetivos povoados por uma série delas sobre as coisas que gostaríamos de realizar, ou mesmo, aquelas que não alcançamos. No entanto, quando levadas ao extremo encontramos uma extensão, uma característica comum, a ''personalidade narcísica''. Por outro ângulo, pesquisadores entendem que possuem elementos positivos, ao proporcionar retornos compensadores emocionalmente. Barrett, se refere assim; ''que as pessoas diferem radicalmente na sua intensidade quanto na frequência que dão mão dela''.  Aqueles que têm uma vida de excitamentos mais elaborados, são reiteradamente as(os) que fazem uso mais produtivamente. Dita realização conjunta com a imaginação, onde mutos aplicam sua energia para ser utilizada em tarefas como a produção literária, artística, cinema, teatro, esportes, sendo atividades muito criativas. Jean Laplanche e Jean-Bertrand Pontalis, definem a fantasia como; ''um percurso imaginário no qual o sujeito está presente e representa, mais ou menos deformado por processos defensivos, a realização de um desejo e, em última análise, de um desejo inconsciente''.


"A arte de fantasiar não é uma fuga da realidade, mas um retorno criativo a ela, transformando o ordinário em extraordinário."- Dan Mena.

O conceito é regularmente utilizado na clínica psicanalítica, sua compreensão se dá pela amplitude do espectro que ela engloba, nos permitindo uma abordagem muito atual. Por ser um tema tão importante, é amplamente estudado, existem várias interpretações, considerando que seus sentidos foram sendo modificados pelas contribuições de diferentes estudiosos e autores. Quando Freud ainda estudava sobre ''histeria'' com Breuer, presumia ela ser uma atividade mental muito presente em dito sintoma, tanto no estado de vigília quanto na condição hipnótica.

Dan Mena Psicanalise
"A fantasia é a linguagem do desejo disfarçado, mas sua verdade é tão real quanto os alicerces da existência material." - Dan Mena.

Após essas aquisições concluídas, sua designação ganhou força e se tornou ampla, sendo necessária sua definição para o trabalho clínico. Na sua intervenção inicial com neuróticos, Freud verifica que a maioria delas (pacientes), relatam ter sofrido agressões sexuais na infância. Passado o tempo, descobre e conclui, que tais relatos e cenas libidinosas de sedução e agressão que eram narradas, não se baseavam em fatos e acontecimentos verdadeiros, mas, na composição de alegorias que escondiam manifestações espontâneas sob a forma de um mascaramento de atribuições sexuais infantis. Então diz; ''já não me apareciam como derivações diretas de memórias reprimidas, de experiências sexuais infantis, pois entre elas e as impressões se sobrepõem às fantasias, que, por um lado, pareciam ser construídas com base e com os materiais das memórias infantis e — por outro — se tornavam sintomas''.


''Ao transformar desejos inconscientes em narrativas, a fantasia atua como uma bússola para o desconhecido de nós mesmos.'' - Dan Mena.


As influências de acidentes sexuais deram lugar ao conceito de repressão, o que é reprimido é a sexualidade, como infantil e traumática, cujas características ele destaca: ''uma primeira vez em que a sexualidade irrompe ''muito cedo'' no sujeito ''inocente''. Uma manifestação sexual ocorre, num momento em que a sua elaboração simbólica é impossível, e permanecerá, portanto, não processada, devido à imaturidade sexual do sujeito, até um segundo tempo, após a puberdade, onde o(a) mesmo(a) sexualmente maduro(a), irá acrescentar uma nova estrutura de significação. Nesta nova fase e suas primeiras experiências, haverá de reinterpretar o tempo e espaço dessa conexão associativa, dando a reformulação de novas representações.

Até aqui, a fantasia se articula segundo a sua própria lógica inconsciente sob um ciclo, tempo e espaço, onde a mesma seleciona e elabora uma história de vida para o próprio sujeito. O que diz Freud sobre a fantasia? Ele pensava naqueles anos que era uma expressão disfarçada, uma satisfação parcial de um desejo inconsciente. Ou seja; embora elas existam no sistema inconsciente, a unidade básica do sistema psíquico não é a fantasia, mas o desejo ou a pulsão, segundo (Spillius, 2015). Já, se Freud pensava tal como uma certa estratégia para alcançar um prazer possível com um objeto ''impossível'', vem Winnicott, que acrescenta uma perspectiva tópica envolvendo o ''self'': ''uma estratégia para conduzir um contato sempre impossível com um objeto possível''.


O self é descrito como instância psíquica fundamental que contém os elementos que compõem a personalidade, mas não carrega o núcleo da existência genuína do indivíduo. Assim, o protagonista da existência é o ''ser interior'', e o ''self'' que atua como coadjuvante principal na formação da personalidade. Fantasia e realidade na origem e razão da neurose, enquanto argumenta a respeito que; ''elas possuem realidade mental, em oposição a uma conjuntura material, e aprenderemos gradualmente a compreender, que no mundo da neurose a realidade psíquica é decisiva''. (Freud, 1917).


"A fantasia é a linguagem do desejo disfarçado, mas sua verdade é tão real quanto os alicerces da existência material." - Dan Mena.

Dan Mena Psicanalise
"A arquitetura do instinto seria o lugar onde cada desejo encontra um espaço idealizado para ser ensaiado sem ser realizado." - Dan Mena.

''A imaginação criativa ocupa um lugar imprescindível, não como fuga, mas como uma energia que nos permite recalcular insatisfações, realizando desejos através da imaginação e a ficção''. - Dan Mena. 


Em ''Construções em Análise'', Freud (1937), argumenta que os sintomas e inibições apresentados pelos clientes são o efeito da repressão. Por isso, entendo que o objetivo do trabalho analítico é reconduzir as repressões no seu andamento e desdobramento, para serem convertidas em ações que correspondam a um estado de maturidade psíquica para serem realinhadas. Para isso, é necessário que certas experiências do sujeito sejam lembradas e rememoradas, bem como aqueles afetos que estavam conectados por conta do recalque, as quais são (naturalmente) esquecidos.


"A inventividade não é um escape da realidade, mas uma trama psíquica onde o desejo e a defesa costuram a existência." - Dan Mena. 


Pela técnica, se faz necessário levar o paciente a lembrar de algo vivido, embora reprimido por si. Ele tem de deduzir os vestígios que ficaram para trás, tem de reconstruir, reciclar. Onde Freud (1937), argumenta que “nas exposições da técnica analítica se ouve tão pouco sobre construções, a razão para isso é que, em vez de tal, se escuta quanto interpretações e do seu efeito”. Por isso, ele considera que ''elaboração'', é a designação mais adequada, pois o termo ''interpretação'' incita ao que é empreendido, enquanto construção, implica a articulação desses entendimentos. Nem sempre é possível ao cliente viajar até a lembrança perfeita do recalcado, embora seja possível uma aproximação adequada da veracidade dessa lembrança, o que em termos terapêuticos produz também uma recuperação positiva e utilizável para a análise.


"A arquitetura do instinto seria o lugar onde cada desejo encontra um espaço idealizado para ser ensaiado sem ser realizado." - Dan Mena.


Destarte se faz necessário investigar detalhadamente a mecânica dessa produção, e nas posições tanto do analista quanto do analisado. Será então, por estas linhas e amplas pontuações que não plenamente esclarecidas, tanto da teoria quanto da clínica que se abrem novas linhas de pesquisa e esquadrinhamento. Quem ampliou consideravelmente o conceito freudiano de fantasias inconscientes foi Melanie Klein, que diz; ''que as mesmas estão sempre manifestas e ativas em cada indivíduo''.


Sua presença não é um sinal de doença ou da falta de sentido da realidade, nem que elas vão determinar o estado psíquico do sujeito, nem a natureza delas e a relação com a realidade exterior. A ficção inconsciente, é a expressão mental dos instintos, por conseguinte, existem desde o início da vida. Instintos e intuições, procuram objetos, que estão correlacionados e associados à metáfora de um, ou vários desejos, que lhe sejam adequados. Assim, atribuímos para cada impulso instintivo uma inventividade que lhe corresponde psiquicamente. Exemplo: ao desejo de limpeza, corresponde a fantasia de um banho, o que daria supostamente satisfação a esse querer, mesmo que provisoriamente.


"A fantasia se revela uma ponte entre o estudo e suas pulsões primordiais, o conduzindo à construção de um equilíbrio psíquico." - Dan Mena. A Viagem do Ego

A elaboração da sua travessia pelos instintos através do ego implica mais organização dele, para o qual se vê interpretado incisivamente desde o nascimento. O ego, consegue criar o laço, e ser guiado até a ansiedade e suas ''relações objetais primitivas'', tanto da fantasia quanto da realidade. Desde que surgimos, nos defrontamos e digladiamos com o entorno real, num confronto de forças conectadas a inúmeras experiências de recompensas, retribuições, naufrágios emocionais, desilusões, insatisfação e frustração dos desejos primários. Ditas vivências, são arremessadas para a ficção inconsciente, que por sua vez as sugestiona e manipula. Não atuam mentalmente como uma válvula de escape da realidade, senão que interagem com nossas competências verdadeiras de forma assíncrona. Klein afirma, que; ''é uma atividade mental básica presente desde o nascimento, de forma rudimentar, essencial para o crescimento mental, embora possa ser usada defensivamente''.

Portanto, se entendermos que tal quimera inconsciente influencia a percepção e interpretação da realidade, o inverso também é verdadeiro; a realidade submete a fantasia inconsciente, enquanto a incorpora simultaneamente. Não podemos eliminar absolutamente seu caráter de defesa, por estar claro que sua meta insiste em satisfazer nossas pulsões primitivas e originais. Sua gratificação, pode ser vista como uma salvaguarda contra a realidade externa, no sentido da privação daquilo que pode ser ''impossível'' de executar, e mesmo, usada como ''amparo e auxílio'' contra outras quimeras, aquelas às quais eu mesmo não me permito imaginar.

Dan Mena Psicanalise
"Desvendar a fantasia é abrir uma janela para o inconsciente, permitindo que o sujeito veja além de suas ilusões protetoras." - Dan Mena.

"A gratificação ficcional é a válvula que alivia a pressão do impossível, permitindo ao sujeito persistir diante das privações reais." - Dan Mena.

Narcísica ou Relacional? Concebida como uma encenação ou um romance criado especificamente por um indivíduo, Freud as classificou as dividindo em duas;

1 - Fantasia narcísica

2 - Fantasia relacional

Em ambos os casos, uma pessoa assume o papel central, no entanto, além das conscientes, existem aquelas que operam de maneira inconsciente. Podemos pensá-las como um sistema que influencia nosso comportamento. Imagine um recém-nascido submetido a uma cirurgia em que são implantadas lentes coloridas em seus olhos. Crescendo com essa percepção alterada, ele aprenderia a nomear os núcleos de acordo com sua visão, sem perceber que sua experiência difere da dos outros. Da mesma forma, elas esculpem nossa percepção da realidade sem que tenhamos plena consciência disso. No senso comum, sua aplicação poderia funcionar assim: ''o tímido sonha com conquistas amorosas incríveis'', ''o marginalizado pode se imaginar desfilando em carros caros e famosos''. Outro cruzamento interessante da vida com o imaginário e o cinema que desempenha um rol ''concretizador de desejos'' que a realidade não lhe permite. Filmes do gênero ''fantasia'' ilustram bem essa ideia, vejamos alguns; 1. A Forma da Água (2017) – Guillermo del Toro

O filme acompanha Elisa, uma mulher muda que trabalha em um laboratório secreto do governo nos anos 1960. Ela descobre uma criatura aquática com a qual desenvolve um vínculo como metáfora para o amor.

2. O Labirinto do Fauno (2006) – Guillermo del Toro

Ambientado na Espanha franquista de 1944, o filme acompanha a jovem Ofélia, que encontra um labirinto mágico e um fauno que se envolve em um conto de fadas sombrias. A fantasia serve como um refúgio da crueldade da realidade, abordando temas como escapismo, resistência e os horrores da guerra.

3. A Origem (2010) – Christopher Nolan

Este thriller psicológico mistura ficção científica e fantasia ao explorar os sonhos como uma realidade manipulável. O protagonista, Dom Cobb, invade o subconsciente das pessoas para plantar ideias. A fantasia se entrelaça com a mente humana, questionando a percepção da realidade e a influência das memórias e emoções.

4. Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (2022) – Daniel Kwant

Misturando multiversos, ação e comédia, o filme acompanha Evelyn, uma mulher comum que descobre diferentes versões de si mesma. A fantasia aqui reflete as possibilidades infinitas da vida, explorando temas como identidade, escolhas e busca por significado no caos da existência.

5. O Senhor dos Anéis (2001-2003) – Peter Jackson

Baseado nos livros de JRR Tolkien, transporta o espectador para a Terra Média, onde coexistem hobbits, elfos, magos e criaturas mágicas. Apesar do ambiente fantástico, a saga trata de questões humanas como coragem, amizade, destino e o poder corruptor do desejo. A jornada de Frodo simboliza o peso da responsabilidade e a luta contra as trevas.

Esses filmes mostram como a fantasia não é somente uma fuga, mas um meio poderoso de explorar nossa experiência de vida. Embora a psicanálise dialogue com essa visão popular, seu significado na teoria freudiana é mais embaixo. Na psicanálise entendemos que ela não somente se contrapõe à realidade, mas participa ativamente da construção do que chamamos de ''realidade''. Neste entendimento, os objetos da concretude estão investidos de alegorias, a maioria delas inconscientes. Dessa forma, realidade e fantasia não são conceitos opostos, mas elementos que se ''entrelaçam''. Fantasiar é tecer ilusões que, paradoxalmente, revelam verdades íntimas sobre nossos desejos e medos. - Dan Mena.

Freud estabelece um marco importante ao diferenciar a ''realidade exterior'' da "realidade psíquica", que se refere a um intricado conjunto de devaneios e representações que moldam a experiência individual. Essa visão introduz a ideia de que nossos pensamentos e sonhos, embora possam parecer distantes da realidade objetiva, desempenham um papel vital na formação da nossa identidade e das nossas interações. Os ''lacanianos'', em uma expansão dessa abordagem, introduzem a noção de "O Real", um conceito que transcende tanto a realidade exterior quanto a psíquica, representando uma dimensão da experiência, muitas vezes inarticulada e elusiva. Essa tríade de realidades não apenas enriquece o entendimento psicanalítico, mas também provoca reflexões sobre como percebemos o mundo e a nós mesmos, revelando a estrutura das relações entre o que é tangível e os labirintos da mente.

Dan Mena Psicanalise
"O fantasma, é o eco do desejo que nunca foi saciado, um laço entre o corpo pulsional e a falta no ''Outro." - Dan Mena.

A fantasia na obra de Freud é anterior ao conceito dele em Lacan

O prisma de Lacan sobre a fantasia assume importância como mecanismo de defesa para barrar a contingência de uma memória traumática, estando associada ao que ele chamou de ''parada da imagem'' - Roudinesco, 1998. Para ele, não se restringe ao imaginário. Lacan utilizou o termo ''lógica da fantasia'', após a razão do desejo. Desde quando um indivíduo teria criado uma noção de objeto em função do ''desejo de outro'', como a mãe, onde agrega uma falta, lugar singular de cada sujeito com suas concupiscências diversas. Haveria logo uma lógica fundamental, a ''fantasia fundamental''. Abordar isso significaria alterar as defesas, modificar a relação entre fantasia e gozo, prazer e desprazer.

Conceito de ''fantasma'' de Lacan

O ''fantasma'' é o mecanismo de captura do corpo pulsional (objeto perdido) no laço com o ''Outro'', portador de uma falta. No seu segundo ensino, Lacan formaliza o papel do ''Outro'' na constituição psíquica através das operações de alienação e separação.

Prosseguindo para Susan Isaacs, que em 1948 retoma as noções dos autores citados, acrescenta; ''que todo indivíduo tem um fluxo contínuo de fantasias inconscientes, que a normalidade ou anormalidade não dependem da presença, ou ausência destas, mas da forma como são expressas, modificadas e relacionadas com a realidade externa''. Estas ideias são muito valiosas, ao acrescentarem ao debate, de uma forma mais específica, a possibilidade de pensar a relação entre o mundo interno e o real. A fantasia será uma espécie de caleidoscópio, com os quais enxergamos com maior ou menor clareza dependendo da posição, o que se passa no exterior, a partir do que intercorre em nosso interior.

"Desvendar a fantasia é abrir uma janela para o inconsciente, permitindo que o sujeito veja além de suas ilusões protetoras." - Dan Mena.

Abordadas diversas teorizações para a compreensão do tema, poderíamos pensar nela como uma capacidade da mente, por ser precisamente ela que permitirá a mobilidade ou estagnação interna das movimentações, com a respectiva manifestação exterior, via comportamentos, ações, sintomas, emoções, criações e reações diversas e personalizadas. Juntamente com as formações de compromisso e responsabilidade são palavras da linguagem da vida psíquica. Seria a expressão mental do que se passa via nosso inconsciente, dos impulsos libidinais e agressivos, e dos mecanismos de defesa postos em atividade quando se trata da hostilização. É justamente esse campo de visibilidade, aquele que construímos e geramos para nos protegermos do real. Dita concepção não seria um problema se a sua aplicação fosse consciente, visto que fingimos que ela não existe, e assim, somos dominados por suas forças.

"O fantasma, é o eco do desejo que nunca foi saciado, um laço entre o corpo pulsional e a falta no ''Outro." - Dan Mena.

Dan Mena Psicanalise
O querer renasce sempre, deseja-se a si, é o ''desejo de desejo'', se fosse possível sua consumação completa, seria a sua morte, ou seja, o fim da vida.

Nossa concepção do desejo vai sempre além da psicologia popular. Normalmente podemos dizer que pensamos o desejo como possível de ser satisfeito, quando ele possui e consome o seu objeto. Este é, no entanto, o modelo da necessidade animal que está diretamente conectado com objetos de fato. Para o ser humano não, porque somos

sujeitos simbólicos, vivemos pela intermediação da linguagem, logo, temos uma relação mediada com o mundo. Portanto, o nosso desejo não encontra nunca o seu objeto, sendo todas as satisfações e encontros parciais e provisórias. O querer renasce sempre, deseja-se a si, é o ''desejo de desejo'', se fosse possível sua consumação completa, seria a sua morte, ou seja, o fim da vida.

Como terapeutas, não introduzimos gambiarras na psique do paciente, senão o(a) guiamos a realizar essa cruzada particular. Nosso trabalho, é fazer que o(a) mesmo(a) se responsabilize(m) de fato pelos seus desejos, se retirando do lugar de objeto, assumindo sua posição de sujeito compositor(a) da sua realidade, implicando, sim, a criatividade bem-vinda da sua fantasia, sem que se tornem reféns) dela(s). Tomo aqui, portanto, as palavras de Freud na sua conferência ''Dissecção da Personalidade Psíquica'', que nos esclarece; ''que o objetivo da psicanálise, é que nos tornemos o que já éramos''. Palavras Chaves; #FantasiaSexual #Psicanálise #Freud #Inconsciente #Desejo #Imaginação #Psicologia #Sexualidade #Neurose #RealidadePsíquica #Winnicott #MelanieKlein #Narcisismo #Lacan #IdentidadeSexual #Escapismo #Terapia #Pulsões #ConflitosInconscientes #Devaneios Até breve, Dan Mena.

Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199. Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130. Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Departament of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192.

 
 
 

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