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Desvendando o Cyberbullying na Era Digital.

Estratégias de Enfrentamento das Conexões Virtuais.

O fenômeno do cyberbullying na era digital.

Nos últimos anos, o fenômeno do cyberbullying emergiu como um dos desafios sociais mais perturbadores da era digital. Embora essa hostilidade já conhecida entre pares não seja uma novidade, sua transição para o ambiente virtual trouxe uma série de novas dinâmicas que têm impactado crianças, jovens e adultos sem distinção. O termo foi introduzido por Bill Belsey em 2003, que aditava: “O bullying na internet não é diferente do tradicional; a única diferença é que agora ele pode ocorrer em qualquer lugar e a qualquer hora.” Essa frase transmite uma realidade cruel: pois a agressão, não apenas se tornou mais acessível, mas também constante na vida de milhões de pessoas pelo mundo. A escolha do tema me foi motivada por sua relevância contemporânea, onde a tecnologia se tornou uma extensão das nossas interações sociais. Como psicanalista, sinto uma responsabilidade ética e profissional de abordar o assunto. É uma questão muito próxima, que toca nas vulnerabilidades psíquicas de todos. Espero contribuir para esse diálogo mais amplo sobre a importância do suporte emocional, suas estratégias de intervenção e prevenção, e a necessidade de uma compreensão mais empática quanto a suas vítimas. Boa leitura.


“As cicatrizes do cyberbullying são invisíveis, mas a dor reverbera nas almas feridas.” —

Dan Mena.


Telas que não se apagam.


A rápida ascensão das redes sociais e da comunicação instantânea fez com que o cyberbullying se tornasse um problema omnipresente. Telas oferecem um palco perfeito, onde a maldade de alguns pode se manifestar a qualquer hora, em qualquer lugar. Suas vítimas, enfrentam um ciclo de estigmatização e isolamento que pode ser devastador. Belsey também anotou que: “a internet não esquece,” enfatizando como tais agressões eletrônicas deixam marcas duradouras, tanto nas memórias quanto nos estados emocionais dos sofrentes, inclusive, muito depois que os dispositivos se apagam. À medida que essa manifestação se expande, cresce a necessidade de perceber sua agudeza. A pesquisa sobre sua implicância evoluiu, incorporando prismas analíticos, psicológicos, sociais e culturais. O reconhecimento do seu impacto, resultou em uma série de novas abordagens terapêuticas e educativas. Profissionais de saúde, terapeutas, educadores e legisladores estão agora se unindo para formular alianças estratégicas eficazes de prevenção e intervenção, para tratar suas consequências.


“O anonimato na internet alimenta a truculência, mas a empatia deve ser nossa armadura.” — Dan Mena.


Reflexões e Questões.


Diante desse contexto alarmante, é imperativo que nos perguntemos: como as experiências passadas e presentes de um indivíduo moldam sua fragilidade diante do cyberbullying? Quais são as implicações emocionais desse tipo de agressão, e como podemos, enquanto sociedade, oferecer suporte eficaz às vítimas? Qual é o papel que devemos assumir na identificação e na prevenção?


Isso nos leva a uma condição investigativa ''sine qua non'' das narrativas emocionais das vítimas, e à necessidade de avanços e interpelações, que considerem não apenas os sintomas apresentados, mas também a história de vida e as condições psicológicas que podem estar em jogo. Por essa razão, ofereço aqui estratégias simples para abordar e prevenir esse problema eficazmente, utilizando a visão psicanalítica como guia.


“O suporte emocional é tão vital quanto a proteção legal; ambos são essenciais.” —

Dan Mena.


À medida que adentramos nessa discussão, espero não apenas aumentar a conscientização sobre o tema, mas também inspirar um movimento coletivo para a criação de ambientes mais seguros e acolhedores, tanto no mundo digital quanto no real. Afinal, esse lugar imponderável, onde as vozes podem ser silenciadas com um clique ou um cancelamento, é nossa responsabilidade garantir que cada grito de ajuda seja ouvido e atendido.


Na clínica psicanalítica, consideramos experiências passadas e presentes como grandes parâmetros influenciadores da vulnerabilidade de um indivíduo. Muitos dos pacientes presentes nesse tipo de situação carregam marcas emocionais que amplificam o efeito é a implicação dessa agressão.


Caso Clínico: A História de Geórgia.


Geórgia, uma jovem de 19 anos, buscou meu atendimento terapêutico por conta de sintomas de ansiedade intensa, acompanhada de episódios depressivos e retraimento social. Me conta, que sempre foi considerada uma aluna dedicada, mas tinha dificuldades em se integrar socialmente devido a questões relacionadas à sua aparência física. Quando entrou no ensino médio, essas inseguranças se agravaram com o surgimento de ataques nas redes realizados por colegas, eles(as) criaram perfis falsos para ridicularizá-la publicamente.


Esse relato sobre sua dinâmica de rejeição que viveu nos anos escolares não eram novidade. Desde a infância sofreu uma pressão intensa por parte da família para corresponder a supostos padrões estéticos e de desempenho. Sua mãe frequentemente a comparava com outras meninas, o que gerou nela uma sensação de inadequação, na busca por validação externa. Essas experiências infantis de desacolhimento ou não pertencimento, criaram uma base emocional frágil, o que a tornou mais vulnerável nesse sentido. 


Sua situação me remete ao que Freud chamou de “ferida narcísica”. Em sua obra sobre o narcisismo, ele descreve como o ego busca constantemente manter uma imagem positiva de si, e como ataques a essa figura podem desestruturar a identidade do sujeito. No seu caso, o cyberbullying, representa uma investida ofensiva e direta ao seu “eu”, agravando essas feridas emocionais pré-existentes.


Experiências Passadas e Presentes - Raízes da Desproteção.


Estamos diante de um exemplo claro de como o traquejo da infância pode moldar a fragilidade de um indivíduo ao cyberbullying. Nossa matéria nos ensina, que o inconsciente armazena traumas e mágoas emocionais que tem gatilhos, eles podem ser reativados em situações semelhantes na vida adulta. A relação conflituosa da cliente com sua imagem corporal, somada às expectativas irreais da família, criou um “self” frágil e constantemente em busca de aprovação. Quando o bullying virtual se manifestou, ela não só revisitou suas inseguranças atuais, mas também reabriu seu baú de pústulas antigas.


Em sua teoria das posições esquizoparanoides, Melanie Klein explica, que como indivíduos internalizamos objetos (ou figuras significativas das nossas vidas), eles podem ser percebidos como bons ou maus. No caso de Geórgia, seus colegas que praticaram o cyberbullying foram internalizados como objetos persecutórios, o que a deixou em constante sensação de estar sendo observada e atacada, não apenas no ambiente virtual, mas em qualquer lugar e deslocamento.


Além disso, segundo Winnicott, o conceito de “falso self” surge em indivíduos que não receberam um esfera suficientemente positiva para desenvolver sua identidade verdadeira. Ela, que nunca se sentiu plenamente aceita em casa, alargou um falso self que busca conformidade ciclicamente. Quando esse self é ferido, o impacto é aniquilador, pois a construção de sua identidade depende excessivamente da opinião e aceitação externa.


Impacto Psicológico e Emocional.


Ditas implicações para Geórgia é sua saúde mental foram severas, exemplificam as consequências mais amplas que podem resultar desse portento nas vítimas. A psicanálise tem uma estrutura clinica muito fundamentada para entender como a agressão digital pode desestruturar o psiquismo de um indivíduo. Freud, em seu trabalho sobre o princípio do prazer, nos sugere que o ego tenta evitar a dor e buscar o prazer, mas em situações de hostilidade constante, como neste caso, o ego é forçado a lidar com uma sobrecarga de estímulos dolorosos que resultam muitas vezes em desregulação emocional.


Do ponto de vista clínico, os(as) demandados frequentemente desenvolvem quadros de ansiedade, depressão e, em casos mais graves, ideação suicida. Muitos estudos indicam que suas vítimas apresentam um risco maior de desenvolver transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), o que por sinal agravam e aceleram ainda mais a situação psicológica do paciente. Segundo a American Psychological Association, esse tema é amplificado pelo fato de que o ambiente eletrônico é sempre acessível, impossibilitando para a o acometido se afastar completamente da fonte de angústia.


Isso me lembra Sherry Turkle, em seu livro “Alone Together”, que em sua obra homônima, descreve o paradoxo das relações sociais na era digital. Ele se refere à vivência de estarmos conectados virtualmente a muitas pessoas por meio de dispositivos como celulares, chats e redes de todo tipo, más, ao mesmo tempo, experimentamos uma sensação de solidão e desconexão emocional do mundo real. Se por um lado, a tecnologia nos permite estar “juntos” virtualmente, ela também nos distância de conexões autênticas, criando uma falsa proximidade. As interações superficiais, substituem por vezes o contato pessoal, levando a um sentimento de isolamento, mesmo quando estamos cercados por outros amigos online. Desta forma e paradoxalmente, isso aproxima e afasta as pessoas, nós deixando “sozinhos, juntos”.

Traumas, ansiedade, fobias e depressão.

Ansiedade, Depressão e Traumas Pré-existentes.

Casos como o relatado, podem interagir com outras condições psicológicas, como traumas, ansiedade, fobias e depressão. Pacientes que já têm predisposição a esses transtornos são particularmente vulneráveis ao impacto afetivo do cyberbullying, uma vez que o estresse adicional pode desencadear ou intensificar crises. O indivíduo que se sente incapaz de lidar com o ambiente externo recorre assiduamente ao uso de defesas psíquicas, como a retração emocional. Por este motivo, ela começou a evitar a interação social como uma forma de se proteger dos ataques virtuais, o que, ironicamente, aumentou sua sensação de solidão e agravou sua provável depressão.


“As palavras têm poder, sejamos então poetas da cura, e não arquitetos da dor.” — Dan Mena.


Freud em sua obra sobre o trauma, sugere que abalos e perturbações não resolvidos na infância ressurgem em tribulações, como o que interpelamos agora, e causam uma regressão emotiva. A impugnação que Geórgia passou na sua puerícia, foi agravado na maturidade pelos ataques digitais, desencadeando uma resposta emocional desproporcional, e fazendo com que ela se sentisse totalmente isolada e desamparada.


Estratégias de Abordagem e Prevenção.

Na prática clínica, o tratamento desta ocorrência deve ser personalizada, considerando não apenas às repercussões do presente, mas também as ocorrências passadas que singularmente contribuiram para essa indefensabilidade. A psicanálise oferece uma série de ferramentas terapêuticas que podem ajudar a reconstruir a autoestima do paciente e promover uma maior resiliência, sendo novamente elaboradas.


Exploração do Inconsciente: O trabalho psicanalítico com Geórgia começou com a investigação das raízes inconscientes de sua debilidade. Esse processo analítico é como uma forma de escavação, onde o analista guia o paciente a trazer à superfície psíquica, lembranças e sentimentos reprimidos. O objetivo auxiliou a ressignificar seu passado de rejeição infantil, permitindo que ela re-construa uma narrativa mais fortalecedora da sua própria identidade.


Restauração da Autoimagem: O processo de formação do ego é como uma constante “construção do espelho”, na qual o sujeito busca se ver através dos olhos dos outros. No caso de Geórgia, o ataque ao seu “eu” virtual, fragilizou ainda mais sua autoimagem. A terapia focou na reforma dessa imagem, a ajudando a perceber que sua identidade não depende da aprovação de terceiros.


Criação de Espaços de Validação: Um ambiente suficientemente bom é essencial para o paciente poder se sentir seguro(a) e validado(a). Neste caso específico, o que não foi aplicado, o uso de grupos terapêuticos, onde ela fosse capaz de compartilhar seus momentos sem medo de julgamentos, seria uma estratégia eficaz para permitir a remonta da sua confiança social.


“A tecnologia consegue conectar e ferir; é como uma espada de dois gumes.” — Dan Mena.


Intervenção Psicoeducacional: A conscientização sobre o impacto psicológico das redes sociais é outra estratégia importante. A hiperconexão exacerba a pressão sobre o indivíduo, criando nele uma cultura de exaustão e comparação constante. A psicoeducação pode ajudar pacientes como Geórgia a entender esse ambiente, que afeta suas emoções, a capacitando para se distanciar emocionalmente dos ataques online.


“Cada mensagem agressiva é um grito silencioso de dor; cada vítima merece ser ouvida e acolhida.” — Dan Mena


Fortalecimento da Resiliência: Trabalhar o fortalecimento da perseverança é importante para que a vítima de cyberbullying possa lidar com futuras afrontas de forma mais eficiente. Isso inclui estratégias como a terapia cognitivo-comportamental para modificar padrões de pensamento negativos, bem como técnicas psicanalíticas de ressignificação emocional.

O ataque é sempre uma realidade silenciosa.

Para Além da Tela.


Embora o problema tenha suas raízes no digital, produz efeitos no mundo real. O tratamento é um processo de redescoberta, no qual a tecnologia, antes vista como um campo de batalha emocional, pode ser re-elaborada como um espaço de crescimento e superação.


“Na psique, o ataque é sempre uma realidade silenciosa. A vitória está na ressignificação e no despertar de um 'eu' fortalecido, capaz de se proteger da crueldade externa e interna.” — Dan Mena.


O Paradoxo da Tecnologia e a Condição do Ser.


No entanto ao longo da história, a nossa desumanidade encontrou formas múltiplas de se manifestar da maneira mais perturbadoramente inovadora. Desde as arenas romanas até as cruzadas modernas da opinião pública nas redes, a perversidade nunca esteve apenas na tecnologia, mas naquilo que realmente projetamos sobre ela. Quando Hannah Arendt, pondera sobre a banalidade do mal, indica que ele não é nada incompreensível, mas sim algo ordinário e cotidiano. O eletrônico, com sua capacidade de potencializar o anonimato, oferece o palco perfeito para essa normalização, no mínimo maligna. Traçando um paradoxo seria o digital, um dos personagens o cyberbullying como a nova arena do Coliseu Romano: onde a truculência se perpetua, sem a necessidade da proximidade física, sem a angústia das plateias.


“Somos gladiadores modernos, mas ao invés de espadas, empunhamos teclados.” —

Dan Mena.


Mas o que podemos dizer da responsabilidade individual e coletiva diante dessa era de hiperconexão? Se a improbidade encontra na tecnologia um novo meio de expansão, será que não somos todos, de alguma maneira, cúmplices quando assistimos passivamente a esses atos de violência virtual? É também a sociedade do espetáculo e da vigilância, onde o sofrimento do outro pode se transformar em entretenimento?. Ou será que estamos nos tornando sombras do que um dia fomos, perdidos em perfis digitais que refletem apenas o vazio existencial que atravessamos?


“O desafio da era digital não é tecnológico, mas existencial: reconectar o ser à sua essência perdida.” — Dan Mena


O Desafio de Reconectar.


Diante dessas perguntas incômodas, (sei) é preciso reconhecer que o desafio contemporâneo não é apenas tecnológico, mas existencial. Se a crueldade prospera na distância eletrônica e na alienação emocional, o trabalho analítico é uma tentativa de retorno ao genuíno com o outro e com nós mesmos. Lacan, ao falar do “desejo do Outro”, nos invita a repensar como a demanda por reconhecimento se transforma em uma busca desesperada por aprovação, onde o “eu virtual” se torna um eco distante de quem somos de fato.


E é aqui que a mensagem de esperança emerge, não como um consolo vazio, mas como um convite a essa transformação. Dize Nietzsche, “aquele que luta com monstros deve tomar cuidado para ele próprio não se tornar um”, talvez o primeiro passo seja o reconhecimento desse lado cruento. Mas o segundo, mais importante, é a coragem de enfrentar ditas sombras, de olhar para o espelho da tecnologia e perguntar: “Quem eu sou além dessa tela?”


“Cada ato de bondade no mundo online é uma revolução contra a desumanização crescente da nossa era.” — Dan Mena.


Esperança em Tempos de Hiperconexão.


A tecnologia, por mais que tenha amplificado um lado impiedoso, também carrega em si o potencial de cura. Assim como ela pode ferir, pode conectar. Como pode isolar, também reúne em torno de causas justas, criando redes de apoio e empatia. O desafio, então, não é destruir a tecnologia ou retornar a um passado bárbaro, mas ressignificar o seu uso. Precisamos nos lembrar de que cada mensagem agressiva, cada comentário áspero, também é uma oportunidade perdida de ligar o ser coletivo. Se a crueldade é alimentada pela distância emocional, então a empatia deve ser nossa resposta mais revolucionária.


O Futuro Está em Nossas Mãos.


É importante lembrar que, mesmo nas piores manifestações de ruindade, a esperança pode brotar. Cada ação compassiva, cada gesto de solidariedade, pode ser uma pequena insurreição contra atos como o cyberbullying. Como sociedade, podemos curar as feridas que infligimos reciprocamente. Que essa observação não seja apenas um fim, mas o início de um compromisso renovado com nossa própria existência como raça. A escolha está em nossas mãos — e o futuro, embora incerto, ainda pode ser moldado pelo poder de nossas escolhas.


Ao poema; Vozes Silenciadas.

Por Dan Mena.


Na tela que brilha, se esconde o agressor,

Ataca no escuro, espalha a dor.

Mensagens cruéis, veneno sem fim,

Feridas que marcam, que sangram sem fim.


O clique é silêncio, mas o grito ecoa,

Na mente da vítima, o trauma ressoa.

Quem vê de fora, ignora o tormento,

Pois o sofrimento se perde no vento.


Não é só virtual, o coração sente,

O ódio que surge insistentemente.

E a alma que luta para se defender,

Se perde na tela de tanto padecer.


Feridas antigas, que vêm lá de trás,

Revivem momentos, se tornam sinais

De que o passado, esquecido talvez,

Renova a angústia em cada vez.


No caso de Geórgia, o espelho quebrado,

Mostrou-lhe uma face de um eu rejeitado.

Por trás da imagem, a insegurança,

Buscando na vida alguma confiança.


A luta é interna, a cura também,

No acolhimento, o analista contém.

Cada frase de ódio que o agressor lança,

Será silenciada pela nova esperança.


O cyberbullying, cruel e impiedoso,

Pode ser desfeito no processo cuidadoso,

De olhar para o outro e ouvir sua dor,

Tecer, com afeto, o fio do amor.


Até breve, Dan Mena.


Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199.

Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130.

Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Departament of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192.

 
 
 

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