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"Dar o Que Não Se Tem: Uma Perspectiva de Psicanálise, Psicologia e Neurociência"

Atualizado: 23 de jul.

"Entenda o que significa 'dar o que não se tem' sob a ótica da psicanálise, psicologia e neurociência — uma imersão no desejo, na falta e na construção do sujeito." por Dan Mena.

"O Silêncio que Fala"
"O Silêncio que Fala"

Um tema que atravessa o coração da nossa vivência: "dar o que não se tem". Uma frase, cunhada por Jacques Lacan, que carrega um enigma ético, afetivo e significativamente intenso. Hoje, escrevo a vocês não apenas como um profissional, mas como alguém que, assim como a maioria, se debruça sobre os enredos do amor, do cuidado e daquilo que oferecemos ao outro — ou acreditamos estar oferecendo. Vou tratar isso com sensibilidade e rigor: o que significa este gesto paradoxal quando desmembrado e conjugado pela psicanálise, psicologia, neurociência e os desafios da clínica contemporânea? "O amor é um salto no vazio, onde oferecemos o que nunca verdadeiramente seguramos." - Dan Mena. "Por trás do silêncio de muitos adultos está a ressonância de uma infância marcada por ausências. Aqueles que hoje evitam confrontos foram, um dia, crianças soterradas em ambientes instáveis, onde discutir era perigoso demais. Quem se afasta quando está ferido aprendeu, muito cedo, que sentir é algo solitário. São estes precisamente, que se tornam imprescindíveis para os outros, mas invisíveis para si mesmos(as), foram ensinados(as) que amor só vem quando se é necessário. E os que não se posicionam carregam no corpo a memória de que abrir a boca pode lhes custar o pouco afeto que recebem. O que falta ao adulto é, quase sempre, aquilo que nunca lhe foi dado enquanto infante. Assim, portamos a fantasia de oferecer ao outro aquilo que nunca nos pertenceu — amor, presença, afeto, voz, acolhimento. Este antagonismo é o centro pulsante da subjetividade do ser contemporâneo: o desejo de entregar o que não se tem, e a angústia de repetir as feridas que não foram elaboradas e integradas a psique no momento adequado. A clínica se torna, então, um espaço de escuta para essa passagem inacabada, destarte, necessária entre a criança ferida e o adulto que tenta se reinventar hoje" Dan Mena.

"Caminho do Vazio"
"Caminho do Vazio"

O que realmente oferecemos ao outro?

Imaginemos por um instante: você já se pegou outorgando, proporcionando, presenteando, exibindo, entregando algo a alguém — o que pode ser na forma de um conselho, um gesto de afeto, uma promessa — e, ao ponderar e refletir, percebeu que talvez não tivesse aquilo em sua plenitude para ofertar? Eu já. E é exatamente aí que reside a provocação do nosso versado professor, de "dar o que não se tem". Lacan, em sua perspicácia e genialidade cortante, nos apresenta essa ideia no Seminário 8: A -Transferência (1960-1961), quando fala do amor como um ato que não parte da completude, mas da falta. Ele diz: "Amar é dar o que não se tem a alguém que não o é".

Parece um tanto confuso né? Talvez. Adiante iremos compreender que não somente dito conceito nos atravessa verticalmente quanto é também muito libertador.

Essa frase não é apenas um jogo de palavras; é uma chave que ele nos entrega para entender como nos relacionamos. Será que precisamos estar inteiros, resolvidos, para amar ou cuidar? Ou será que o verdadeiro zelo nasce justamente das nossas fragilidades, vulnerabilidades e incompletudes? Essa é a pergunta que me faço enquanto escrevo para vocês, e que vamos desdobrar juntos. Porque, vejam só, "dar o que não se tem" não é sobre fingimento ou carência disfarçada, radica naquilo que há de mais honesto em cada um de nós: o reconhecimento de que somos, coletivamente, como raça, transpostos por um vazio que paradoxalmente também nos conecta intimamente. "Cuidar é construir pontes com os fios da nossa própria fragilidade." - Dan Mena.

Neste artigo, quero entrelaçar disciplinas, tanto pela escola da psicanálise lacaniana, com sua visão radical sobre o desejo e a falta; a psicologia, que nos ensina sobre autenticidade e presença; e a neurociência, que expõe os fios invisíveis do cérebro relacional; sem deixar de incluir a clínica, esse espaço sagrado onde a teoria encontra a vida e suas curvas do rio. Como de costume: estou sempre fugindo da certeza, menos ainda de oferecer respostas prontas. Minha intenção é provocar, inquietar e inspirar vocês a olhar para suas próprias relações diversas com outros olhares e perspectivas. Afinal, em tempos de redes sociais cheias de frases motivacionais, gurus, influenciadores, ''coachings'' e promessas de felicidade instantânea: o que significa assumir que não temos tudo — que somos de fato desprovidos, e ainda assim, dar? "A falta não é um abismo, mas o solo fértil onde o desejo brota." - Dan Mena.

"Pontes do Cérebro"
"Pontes do Cérebro"

A Falta como Fundamento do Sujeito

Eu sempre digo aos meus pacientes: "Você não é um quebra-cabeça a ser completado(a)". Na psicanálise lacaniana, o sujeito é estruturado pela falta. Não somos seres plenos, como muitos se professam e sentem, mas sim, marcados pela castração — não no sentido literal, claro, mas como uma condição simbólica que nos faz desejar. E é esse desejo, essa busca por algo que nunca possuímos inteiramente, que vai nos mover em todas as direções possíveis.

O amor é uma metáfora desse desejo, amar é oferecer algo que não temos em mãos, algo que escapa ao controle. "Dar o que não se tem a alguém que não o é" significa que o amor não é uma troca de bens materiais, econômicos ou emocionais concretos. É um ato teatral e simbólico, um verdadeiro salto no escuro. Eu vivo isso na clínica cotidianamente: pacientes que buscam no outro uma completude que eles mesmos não encontram, apenas para perceber que o outro também é, tão incompleto quanto.

O analista, nesse contexto, tem um papel único. Ele não preenche o vazio do paciente com conselhos, receitinhas, remédios ou falsas promessas. Sustentamos deliberadamente esse vácuo, permitindo que o desejo do analisando possa emergir. "Dar o que não se tem" é, aqui, um gesto ético: oferecer espaço para que o outro seja singularmente, sem tentar colocar ele(a) numa caixinha feita sob medida ao nosso ideal.

"O amor não é posse, mas um gesto de confiança da própria ausência." - Dan Mena.

Amar é, dar algo que não se tem, ou seja, aquilo que falta ao sujeito e que ele supõe imaginariamente poder obter no outro. — Não é algo palpável, mas um espelho da nossa própria busca, aquilo que nos desafia a encontrar a ilusão de um amor fusional, onde dois se tornam um, e a abraçar a alteridade como essência do vínculo. Da Perfeição à Autenticidade: Transformações na Análise de Joana

Joana tem 34 anos, bancária, casada há cinco anos com Marcos, sem filhos. Buscou ajuda na análise ao estar transitando por uma sensação de inadequação nas relações, sobretudo no casamento atual. No seu relato conta dedicar tempo ao seu cônjuge, atenção e cuidado que por vezes lhe parecem ser excessivos, mas sente um vazio persistente que a impulsiona a agir assim, como se "nunca fosse suficiente". Nas primeiras sessões, diz: "Quero que ele me veja, me enxergue, mas não sei o que estou oferecendo." Esse seu discurso carrega ciúmes, tentativas de agradar (jantares elaborados, surpresas, presentes, mimos constantes) e uma eterna frustração por não ser devidamente reconhecida.

"Raízes do Cuidado"
"Raízes do Cuidado"

Ao adentrar no seu contexto familiar, menciona uma mãe exigente e emocionalmente fria, distante na infância, o que a levou a sentir que precisava "fazer sempre mais", mas, era sempre pouco para ser notada durante seu desenvolvimento em direção à maturidade.

Nesse processo com Joana, adotei uma escuta atenta e silêncios estratégicos, inspirados na psicanálise lacaniana, sustentando a sua falta como espaço de descoberta, sem preenchê-la com respostas consumadas. "Dar o que não se tem" aqui, é oferecer um setting onde seu desejo emerja de fato. Uso a associação livre para explorar suas memórias e fantasias, como o medo de abandono se não for "perfeita". Trago e uso Winnicott ao sugerir que ela pode ser "suficientemente boa", sem optar por um sacrifício total, focando em que transpareça sua autenticidade.

No andar das sessões, ela lembra das inúmeras e persistentes tentativas infantis de agradar a mãe, como preparar café da manhã aos nove anos, lavar louça, passar roupa, esfregar chão, juntar moedas para comprar presentes, sempre buscando um sorriso raro, que nunca acontecia. Toda essa reação infantil ilumina na reflexão do seu padrão atual de condicionamento ao "dar tudo", uma clara repetição inconsciente. A questiono em algum momento: "E se o cuidado não exigisse perfeição?" Ela começa a pensar. Com o tempo, ela revisita seu comportamento. Após uma discussão com Marcos, diz: Dan, "Talvez eu não precise dar tudo, só existir, ocupar minha posição." Essa centelha, abre uma marca comportamental em Joana, onde se permite uma mudança sem o medo da rejeição ou abandono: menos foco em preencher o outro, mais em reconhecer também suas necessidades. Outras novas composições vão se somando, experimenta dizer "não" no trabalho e propor atividades que a satisfaça no casamento. Mais adiante, expõe; "Estou vivendo um sonho — como se estivesse em um campo aberto, sem nada a oferecer, mas leve — o que sugere que ela abraçou o seu vazio como possibilidade, não como carência."

Um desfecho muito aguardado, após seis meses. A suavidade que Joana imprime agora nas relações. O vazio, que antes era angústia e ansiedade agora é autonomia, autossuficiência e independência. "Não preciso ser tudo para ele, e isso nos aproximou", reflete. O processo segue, outras relevantes resoluções vão surgir, desbravando um caminho contínuo de singularidade e reencontro consigo mesma.

O Cuidado que Nasce da Autenticidade

Se na psicanálise falamos da falta, na psicologia encontramos o contraponto: o cuidado autêntico. Aqui eu trago Winnicott, um dos meus faróis teóricos, nos ensinando que não precisamos ser perfeitos para cuidar. Ele fala da "mãe suficientemente boa" — aquela que não é ideal, mas presente, que falha e repara. Pessoas que se sentem culpadas por não "dar tudo": e ao final, o que é dar ‘’o absoluto’’?, uma completa fantasia. Se entregar aos filhos, parceiros, trabalho ou amigos, será que isso e "dar tudo", seria então mesmo o objetivo?

Winnicott nos mostra que o espaço transicional — aquele lugar entre o eu e o outro — é onde o cuidado acontece. É um dar que não exige sacrifício, mas abertura. Rogers, complementa essa ideia: para ele, oferecer algo sólido ao outro exige que eu me aceite como sou, com minhas falhas e limites. Por outro lado, há a armadilha da "doação compensatória". Quantas vezes você já deu algo esperando ser amado em troca? Vemos isso repetidamente: um dar que, no fundo, é um pedido disfarçado. O desafio que encontro aqui, então, é dar de si — não para preencher um vazio próprio, mas como um gesto genuíno de compaixão, altruísmo, bondade e conexão.

"Espelho da Falta"
"Espelho da Falta"

"Quando damos de nossa autenticidade, não estamos sacrificando, mas convidando o outro a um encontro genuíno." - Dan Mena.

Portanto, a capacidade de estar sozinho(a) é ironicamente a condição para a capacidade de amar e de se relacionar, onde cuidado não é sobre completar o outro, mas sobre oferecer uma presença que respeita a solitude e, ao mesmo tempo, acolhe incondicionalmente. O Cérebro que Cuida e Relaciona

Agora, vamos olhar para o cérebro — essa máquina incrível e fascinante. Somos biologicamente programados para o vínculo, A "neurocepção de segurança", conceito de Porges, explica como nosso sistema nervoso detecta se estamos em um ambiente seguro para nos abrirmos ao outro. Quando me sinto seguro(a), posso dar — mesmo que não tenha tudo.

Sistemas emocionais básicos, como o do cuidado e da empatia, nos impulsionam a agir altruisticamente. Mas aqui vai uma reflexão: se o cérebro nos prepara para dar, por que às vezes falhamos? A resposta está na experiência. Quando nossos recursos emocionais estão na falha, esgotados — seja por trauma, cansaço mental, estresse ou solidão —, "dar o que não se tem" pode se tornar um fardo muito pesado. "Na clínica, o silêncio é o presente mais valioso que não possuo." - Dan Mena.

Ainda assim, a neurociência nos oferece esperança: nossas ligações podem nos curar. O ato de cuidar, mesmo vindo de um lugar de fragilidade, ativa circuitos de recompensa no cérebro. Talvez "dar o que não se tem" seja, também, uma forma de reconectar com nossa essência primitiva, menos interesseira, focada na sobrevivência da tribo e na importância do sujeito para ela.

"Com a neurociência, aprendemos que o cérebro se molda pelas relações; na psicanálise, entendemos que essas associações são moldadas pelo desejo." - Dan Mena.

Temos uma ferramenta: "A empatia é uma função do cérebro social que nos permite sentir o outro sem nos perdermos em sua dor." — Stephen Porges, The Polyvagal Theory (2011). Porges nos convida a pensar como o cuidado é um equilíbrio delicado entre elos e autonomia, algo que aparece comumente, tanto na clínica quanto na vida cotidiana.

Onde o Desejo, a Empatia e a Autenticidade se Encontram

E se eu te dissesse que essas três perspectivas que analisamos acima — psicanálise, psicologia e neurociência — não são opostas, mas complementares? Lacan fala do desejo como motor do amor; a psicologia, da autenticidade como base do cuidado; a neurociência, da empatia como ponte biológica. Logo, é juntas que nos mostram que "dar o que não se tem" é um ato polifacético.

Mas há conflitos. A neurociência, tem uma tendência a medir e explicar, isso implica que possa correr o risco de medicalizar o amor, o transformando em uma performance de bem-estar. A psicologia, busca funcionalidade e adaptabilidade social do indivíduo, enquanto a psicanálise resiste a qualquer normatização. Quando penso que na realidade todos são conceitos, verifico que há além da tecnicidade e hermenêutica própria, "pacientes", pessoas que querem "soluções" e outros que precisam apenas ser ouvidos(as) em sua dor, simples assim.

A cultura da positividade tóxica presente na nossa era, nos pressiona a "dar o melhor de si". Mas, e se o melhor para todos fosse reconhecer que nem sempre temos o que dar? Talvez aí esteja a verdadeira ética do cuidado: respeitar a falta, tanto a nossa quanto a do outro.

"A Dança do Desejo"
"A Dança do Desejo"

"A positividade tóxica nos afasta da verdade de nossas emoções" - Dan Mena.

"O amor não é uma questão de harmonia, mas de lidar com a diferença que o desejo introduz." — Colette Soler, O Que Lacan Dizia das Mulheres (2003). Soler nos promove a pensar o amor como um espaço de tensão criativa, não de fusão ilusória.

A Clínica: O Espaço do Não Ter

No exercício da minha atuação como psicanalista, aprendi uma lição fundamental: eu não curo ninguém. Meu papel não é oferecer versões melhoradas, (se é que isso é possível), dar respostas ou preencher lacunas. É sustentar o não-saber, permitindo que o paciente encontre suas próprias verdades. "Dar o que não se tem", na clínica, é oferecer silêncio, escuta, presença — coisas que não possuo como objetos, mas que surgem nesse encontro.

Acredito firmemente que Lacan fala do "desejo do analista" como uma posição ética: não querer "dar tudo" ao cliente, mas abrir lugar para o autêntico querer da sua expressão. Já vi casos em que tentar "dar demais" — sugestões, acolhimento excessivo — sufocou o processo analítico. Um paciente me disse certa vez e guardei isso como uma pérola rara : "Você não me deu nada, e isso me deu tudo". Ele entendeu que o vazio que eu sustentava na sua resistência era o que ele precisava para se ouvir.

"Na ausência de respostas, o analista oferece a presença que permite ao analisando encontrar suas próprias perguntas." - Dan Mena.

"O analista não dá ao paciente o que ele pede, mas o que ele não sabe que deseja." — J.-A. Miller, A Orientação Lacaniana (1998). Miller reforça a ideia de que o ato clínico é um não-dar que, contraditoriamente a lógica, oferece o essencial. "Autenticidade é dar o que sou, não o que gostaria de ser." - Dan Mena.

O Dom que Nasce do Vazio

Neste ponto eu volto à provocação inicial: é possível amar ou cuidar sem completude? Sim, eu acredito que sim — e mais: creio que é propriamente na incompletude que o amor ganha força. "Dar o que não se tem" não é fraqueza; é coragem. É confiar que nossa ausência pode ser ao final um presente, um espaço real onde o outro floresce. "Em um mundo de excessos, o vazio é o nosso maior tesouro." - Dan Mena.

Vivemos tempos de hiper-positividade, onde somos cobrados a sermos plenos(as), produtivos(as), perfeitos(as). Mas eu insisto: parem. Respirem. Assumam suas faltas. É delas que nasce o princípio do cuidado, o respeito pela desproporção, a possibilidade de um amor que não sufoca, mas liberta.

O que vocês têm dado aos outros? E o que, sem saber, têm recebido? Desenho do Invisível

Sob um horizonte novo, “Dar o que não se tem”, molda o intangível, um ato que desenha contornos onde só havia sombras. Em vez de nos determos no que já foi dito, me permitam mostrar um lugar ainda não visitado: o território onde a ausência se torna um mapa para o impossível.

Num determinado instante em que alguém, sem respostas, oferece uma pergunta ao outro. Não é o saber que se dá, mas a curiosidade — um vazio que provoca o pensamento a se desdobrar. Nas conversas mais simples que podemos manter, nas pausas que dizem mais que as palavras, é essa oferta desprovida de narrativas floreadas e certezas que podem acender em nós alguma novidade. Não se trata de preencher entrelinhas, mas de fato poder habitá-las, de fazer da falta um espaço onde o outro pode se encontrar e existir nas suas possibilidades.

E se olharmos para o tempo? Dar o que não se tem é também entregar o tão precioso instante, o passado que não se apaga, lidar com o presente como um fragmento fugaz que ninguém possui. Quando paramos para ouvir, para estar com alguém da forma que for, damos algo que escapa às nossas mãos — não porque o temos, mas porque o deixamos genuinamente existir. É um dom que não se guarda, que não se mede, mas que toca na memória de quem o recebe como um reverbero de eternidade.

Por fim, pensemos no futuro que não vemos, e do qual não temos o mínimo poder. Ao sonhar juntos, ao planejar o que ainda não é, damos ao outro uma promessa que não podemos sustentar, nem segurar. É a utopia compartilhada, o projeto sem forma, que ganha vida precisamente por não ser nossa. Aqui, a falta não é limite, mas possibilidade — um aceno para criar, juntos, o que sozinhos não teríamos.

Assim, “dar o que não se tem” é traçar o invisível com linhas de confiança e imaginação. Não é sobre ter, mas sobre ousar; não é sobre possuir, mas sobre oferecer o possível, o que cabe dentro de cada um. Fazer da nossa ausência um presente — não é um vazio a temer. Porque é nesse gesto, tão simples, que aparece magicamente o ser que nos habita, que aparece em sua mais bela representação imperfeita. Que possamos, juntos, transformar o vazio em encontro, a fragilidade em força, a ausência em poesia. Porque, como já escrevi:

"Dar o que não se tem é o gesto mais honesto de amor: é confiar ao outro a própria ausência como espaço de encontro." - Dan Mena.

"Horizonte Aberto"
"Horizonte Aberto"

Palavras-Chave

psicanálise, Lacan, desejo, falta, amor, cuidado, psicologia, Winnicott, neurociência, empatia, altruísmo, clínica, analista, ética, incompletude, autenticidade, relacionamento, saúde mental, bem-estar, comportamento humano, danmena

FAQ - Peguntas Frequentes

  1. O que significa "dar o que não se tem" na psicanálise? Um ato simbólico de oferecer a própria falta como espaço de conexão.

  2. Por que a falta é tão importante segundo Lacan? Porque ela estrutura o desejo, base de todo vínculo humano.

  3. Como o amor se relaciona ao desejo? Amar é dar algo que não possuímos plenamente, movidos pelo desejo.

  4. O que Winnicott ensina sobre cuidado? Que ele nasce da presença, não da perfeição.

  5. Como a neurociência explica a empatia? Por circuitos cerebrais que nos conectam ao outro.

  6. O que é autenticidade no dar? Oferecer-se genuinamente, sem máscaras ou compensações.

  7. Quais os riscos de dar para ser amado? Cair na armadilha da doação compensatória.

  8. Como o analista lida com a falta? A sustentando, sem preenchê-la.

  9. Qual é o desejo do analista? Uma posição ética de não querer "dar tudo".

  10. Como a positividade tóxica afeta o amor? Nos pressiona a fingir plenitude, negando a falta.

  11. Podemos amar sem estarmos completos? Sim, a incompletude é a condição do amor verdadeiro.

  12. O que a neurocepção de segurança significa? A capacidade do cérebro de sentir segurança para se abrir.

  13. Por que assumir a incompletude importa? Porque nos torna mais verdadeiros e conectados.

  14. Como a clínica psicanalítica usa o vazio? Como um espaço para o desejo do paciente emergir.

  15. Qual a ética do cuidado? Respeitar a alteridade e a falta do outro.

Bibliografia

Lacan, J. (1960). O Seminário, Livro 8: A Transferência.

Miller, J.-A. (1998). A Orientação Lacaniana.

Soler, C. (2003). O Que Lacan Dizia das Mulheres.

Winnicott, D. W. (1971). O Brincar e a Realidade.

Rogers, C. R. (1961). Tornar-se Pessoa.

Maslow, A. H. (1968) Toward a Psychology of Being.

Damásio, A. (1994). O Erro de Descartes.

Goleman, D. (1995). Inteligência Emocional.

Panksepp, J. (1998). Affective Neuroscience.

Porges, S. W. (2011). The Polyvagal Theory.

Freud, S. (1915). Observações sobre o Amor de Transferência.

Klein, M. (1957). Inveja e Gratidão.

Bion, W. R. (1962). Aprendendo com a Experiência.

Žižek, S. (1997). O Mais Sublime dos Histéricos.

Laplanche, J., & Pontalis, J.-B. (1967). Vocabulário da Psicanálise.

Safra, G. (2004). A Face Estética do Self.

Zimerman, D. E. (1999). Fundamentos Psicanalíticos.

Nasio, J.-D. (1992). Cinco Lições sobre a Teoria de Jacques Lacan.


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"Open Researcher and Contributor ID"

Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199.

Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130. 

Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Department of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192.

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