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O Amor pela Trilogia Analítica.

Atualizado: 28 de ago. de 2024




Existe, porém, uma grande diferença entre afeto e erotismo. Muitas vezes, um pode até se opor ao outro, no caso de utilizarmos o sexo, e as fantasias sexuais, para fugir da realidade, dos problemas, da realização do bem social. Amor é sinônimo de tolerância à consciência, de percepção da realidade

Conforme a compreensão da Trilogia Analítica, o amor é o único sentimento real, extremamente saudável, quer seja no sentido físico como no psíquico. O ódio, a raiva, a inveja, são atitudes contra o sentimento de amor, e não são sentimentos no verdadeiro sentido da palavra. Se o ser humano quer se desenvolver na vida e ter mais consciência dos problemas e de sua solução, é necessário que procure incentivar seus sentimentos de afeto. Isso porque ele proporciona paz interna e tolerância, ao vermos os nossos erros e os dos outros. A conscientização da inveja, na pessoa amorosa, também traz tranquilidade pela aceitação do que é bom, belo e verdadeiro na sua vida e na dos outros. Só o amor consegue tolerar a consciência do mal e de terceiros; ele também é paradoxal, pois só os indivíduos muito afetivos admitem que dão pouco amor, e os mais arrogantes e cheios de ódio julgam-se cheios de afeto. O amor sempre leva para o progresso, para a alegria e isso obrigatoriamente proporcionará uma sanidade orgânica e psicológica muito grande, ele não é um sentimento de ataque, mas de preservação da vida. A tal ponto isso é sabido, que sempre se associa o amor ao bom funcionamento do coração e o simbolizamos com o desenho de um coração vermelho, bonito e saudável; também é responsável pela boa circulação sanguínea, que ao trazer a descontração muscular, produz o relaxamento. O contrário é a atitude neurótica da pessoa que, devido às emoções de raiva, medo e inveja, está constantemente lançando na sua corrente sanguínea, noradrenalina e adrenalina, como função vasoconstritora, isso provoca a contração muscular, provocando e impedindo que o sangue circule bem.


A pessoa afetiva é descontraída, a que rejeita afeto, é tensa e rígida, chegando a causar problemas graves na postura, na musculatura, na coluna e em todo o funcionamento do organismo, sofrendo frequentemente de problemas cardíacos. Quando, na Trilogia Analítica, falamos sobre a vida afetiva, geralmente às pessoas têm dificuldades em compreender o que referimos. Ela não, é algo que venha de fora, que dependa de um relacionamento ou de um terceiro para existir. O amor é inato no nosso íntimo, porém, depende de nossa aceitação para se manifestar; é um movimento de dentro para fora, no sentido de querer levar o bem aos objetos amados (generosidade); é ele que fornece a energia básica necessária para ações intelectuais e físicas. Quando estamos diante de uma paisagem bonita, um animal gracioso, uma flor delicada ou uma pessoa bondosa e verdadeira, o sentimento que nos invade não é gerado naquele momento, causado por aquele objeto, mas é por ele despertado e, se o indivíduo não for muito invejoso, o sentimento de amor se manifestará com maior intensidade. Porém, mais amor ainda é necessário para aceitação da consciência da nossa psicossociopatologia (problemas psíquicos e sociais) e seus esforços para solucioná-los.


Existe, porém, uma grande diferença entre afeto e erotismo. Muitas vezes, um pode até se opor ao outro, no caso de utilizarmos o sexo, e as fantasias sexuais, para fugir da realidade, dos problemas, da realização do bem social. Amor é sinônimo de tolerância à consciência, de percepção da realidade; por isso, Santo Agostinho já explicava, que só os que têm muito amor conseguem reconhecer as próprias misérias e ás da humanidade, e só o homem interiorizado é bom. Amor, para a Trilogia Analítica, é o mesmo que espiritualidade; e espirito é ação boa, bela e verdadeira. Assim, o amor se mede através da quantidade de obras boas que um indivíduo realiza em sua vida, e da tolerância que ele tem em admitir suas próprias más intenções e a dos demais, para conseguir corrigi-las.


Portanto, se houver um treino para uma atitude de interiorização constante, o ser humano poderá desenvolver muito a sua vida afetiva e usufruir mais dela; ela, coexiste constantemente no nosso íntimo e a sua rejeição é fonte de grande angústia e mal-estar.


ABC da Trilogia Analítica. Presságio


O AMOR, quando se revela,

Não se sabe revelar.

Sabe bem olhar para ela,

Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente

Não sabe o que há de dizer.

Fala: parece que mente...

Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,

Se pudesse ouvir o olhar,

E se um olhar lhe bastasse

Para saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;

Quem quer dizer quanto sente

Fica sem alma nem fala,

Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe

O que não lhe ouso contar,

Já não terei que falar-lhe

Porque lhe estou a falar...


Fernando Pessoa


Por Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130

 
 
 

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