O Fantasma.
- Dan Mena Psicanálise
- 14 de set. de 2023
- 12 min de leitura
Atualizado: 22 de set. de 2024
“Fantasmas são protagonistas íntimos e secretos que regulam nossa vida emocional.” Dan Mena — por Dan Mena.

A revelação do fantasma.
Nos primórdios da psicanálise, nos seus atendimentos na clínica, Freud recebia narrativas de cenas de abuso sexual e sedução com muita frequência dos pacientes. No entanto, em determinado momento percebeu que muitas dessas exposições eram fantasiosas, criadas e desenvolvidas imaginariamente pelos próprios contadores. Isso significa que alguns deles, que afirmavam ter experimentado abusos, estavam influenciados por algum elemento psíquico, que mais tarde identificou como “fantasmas”. Em consequência, isso nos coloca numa aparente ambiguidade entre o fantasma e a realidade. No entanto, para a psicanálise, o concreto não é simplesmente um conjunto de fatos objetivos; em vez disso, é algo construído através do discurso. O conceito de “fantasma”, se configura como peça fundamental na compreensão da psicanálise. Se refere logo, a cenas ou explanações internas que moldam a experiência do sujeito, mesmo que essas passagens não correspondam à realidade direta e determinada. Ditas expressões surreais são elementares para a compreensão da subjetividade e do funcionamento psíquico, já que demonstram como a mente lida com a veridicidade percebida e a transforma em significados abstratos. Portanto, o conceito desafia a ideia tradicional de realismo incontestável, destacando a importância da dimensão psíquica na construção da experiência de vida. Boa leitura.
Identificação pela visão da psicanálise.
Seu conceito se constitui inicialmente na interpretação de ser uma defesa ampla do indivíduo contra o real. Uma espécie de tela metafórica que dissimula o encontro com o factível, que torna a percepção desse aspecto suportável ao sujeito. Há algo que vem do tangível, aquilo que é intolerável para nós, que precisamos camuflar, disfarçar, encobrir e ocultar. Neste artigo quero apresentar uma visão geral da sua caracterização, destacando como sua construção estrutural influencia nosso comportamento e emoções. Uma peça significativa na representação do xadrez complexo e abstrato dos desejos e conflitos inconscientes, que moldam a psicodinâmica individual. Como um mecanismo de defesa psicológica, são estratégias que o ego utiliza como parte consciente para lidar com confrontos emocionais recorrentes, que auxiliam e mantém a estabilidade psicológica. Nesse encadeamento, se maneja representando construções mentais. Citarei três visões; Freud, introduziu a ideia desses autores como componentes fundamentais da psique, agindo na forma de conteúdos internos, desejos e conflitos não resolvidos, muitas vezes fixados na infância, que continuam ativos no amadurecimento, exercendo influência sobre o comportamento e as emoções adultas. Entrelaçado ao Complexo de Édipo, vertendo como uma fonte primordial, onde a sexualidade e dinâmicas familiares desempenham condutas e práticas essenciais. Por sua vez, Jung expandiu a noção, incluindo os elementos do inconsciente coletivo, não apenas como produtos do passado individual de alguém, mas também, como manifestações de arquétipos, ideias e símbolos compartilhados por toda a humanidade, que sugestionam, manipulam os sonhos, mitos e a imaginação. Posto isto, são inevitavelmente ligados a experiência individual, história cultural e à herança simbólica da existência. Uma perspectiva única sobre o tema é inserido mais adiante por Lacan, que o liga a estruturas narrativas que moldam a identidade e a compreensão do sujeito, no sentido das elucidações simbólicas de excitações inconscientes e confrontações com a falta e o vazio. O fantasma, é o eixo de captura do corpo pulsional (objeto perdido) no laço com o ''Outro'', portador de uma ausência. Esse ''Outro'', que se constitui psiquicamente por meio das operações de alienação e de separação. Intervenções estas, que são pilares para a compreensão da formação do sujeito e da própria psicanálise como matéria.
Operações de alienação: Se referem ao processo pelo qual nos integramos a linguagem, na cultura e sociedade em que estamos inseridos. Isso ocorre durante o desenvolvimento, quando crianças, começamos a internalizar as normas, valores e significados que permeiam costumes, comportamentos, condutas, etc.
Como sujeitos, nascemos em uma condição de “não ser”, (um estado de falta) e só nos tornamos sujeitos ao entrar na linguagem. Durante ditas operações constitutivas, começamos a adotar identificações com figuras significativas, como nossos pais, que serão modelos para construção da nossa identidade. Essas referências moldam a autoimagem e o senso de pertencimento à cultura. No entanto, a alienação também implica uma perda. À medida que nos integramos às praxes contemporâneas, perdemos a sensação de unidade e totalidade que experimentamos antes da entrada na linguística. A abstração, gera uma sensação de falta e incompletude que continuará nos instigando ao longo da vida.
Operações de separação: Representam o processo pelo qual começamos a nos distanciar das identificações e demandas dos outros, especialmente das figuras parentais. É uma etapa básica no desenvolvimento psíquico.
Enquanto elas enfatizam a identificação com os outros e a conformidade com as normas sociais, destacam concomitantemente a necessidade do sujeito se diferenciar e se tornar independente. Isso envolve reconhecer que as sinalizações anteriores não são idênticas ao self, que o sujeito tem desejos e necessidades individuais e particulares. Através das realizações de separação, buscamos uma relação mais equilibrada com outros, onde podemos manter a própria singularidade e autonomia, ao mesmo tempo, em que participamos de diversos rols de integração. É um processo que envolve reconhecer e lidar com a falta inerente à nossa condição existencial.
Alienação e separação, descrevem o esquema da formação do sujeito na psicanálise. A alheação, envolve também às recognições sociais, enquanto a separação se refere à busca pela autonomia e pela diferenciação do self em relação a terceiros.
O fantasma tem como função substituir uma/várias ações/es desejante/s que por ''N'' motivos, condições, ambiente, etc, não podem ser factualmente atendidas e concretizadas. Nessa conjuntura se recria a aspiração do ser, via um sistema de atos imaginários, sustentados pela satisfação almejada como viabilidade da sua contingência. Assim, o desejo será parcialmente realizado na ficção fantasiosa do inconsciente, caso seja reproduzido na realidade. Por esta razão, passou a ser conhecido pelo termo de realidade psíquica, (a realidade psíquica é uma construção capaz de abrigar o desejo na mesma medida em que o toma como causa das associações e representações possíveis à sua realização, onde toda atividade é mediada pela fantasia). Utiliza uma dinâmica mental que liberta o que estava recalcado e reprimido, uma satisfação de ambiência instantânea do desejo e, assim, desoprime a tensão psíquica. Ele se dispersa habilmente, se dilui, então se repete ciclicamente, comandando pensamentos de forma sutil e simulada, onde fantasmagoricamente não é percebido mentalmente. Seus efeitos espectrais são sentidos emocionalmente, sem sabermos que eles estão provocando dita emoção. Sentimentos intensos de amor, ira, ódio, rejeição, nojo, ciúme, paixão, entre outros, quando avocados, intervêm na forma do fantasma, que pela sua transmutação acalmam a flama do desejo sexual, que na sua agressividade exige uma compensação urgente e imediata.
Darei um exemplo prático (trecho) da clínica, e como o conceito de fantasma é explorado na psicanálise. Ilustrarei, por meio de um diálogo abreviado paciente-analista, a presença de uma fobia específica, como a acrofobia (medo de altura).
Paciente: Júlia — Sessão de Psicanálise:
Daniel: Olá, Júlia, boa tarde. Como você tem se sentido desde a nossa última sessão?
Júlia: Tenho passado bem, más, tive outra experiência horrível daquelas que se repetem nos sonhos, foi no final de semana.
Daniel: Pode me detalhar… me contar mais sobre isso? Lembra bem do sonho?
Júlia: Claro. Ficou muito vivo na minha memória, porque fiquei aterrorizada. Eu estava em uma viagem com alguns amigos e decidimos subir uma trilha que era muito íngreme, tipo uma montanha, apesar que tinha muito mato e não dava para ver o topo, quase nada do trajeto. Num primeiro momento, nem passou pela minha cabeça a questão da altura, talvez foi por isso que não tive medo.
Júlia: Silencio, choro…
Júlia: Desculpa.
Daniel: Por quê? Toma teu tempo, estou te ouvindo, quando quiser recomeça.
Júlia: Já passou… então, num determinado momento da subida o mato ficou mais baixo, e comecei a ver que estamos a uma altura considerável, e às margens do caminho passaram a ficar estreitos e escorregadios.
Júlia: Pausa… pensei que poderia superar naquele momento esse meu medo de altura, mas assim que cheguei a um ponto que tive uma visão mais ampla do local, tudo começou a girar, minhas pernas ficaram fracas, comecei a tremer. Basicamente entrei em pânico. Estava desmaiando, alguém me segurou pela mochila, e, meio que perdi o sentido, desliguei. Quando voltei, não sabia nem onde estava.
Daniel: Parece que foi uma experiência assustadora. Você consegue lembrar de algum incidente semelhante em sua infância?
Júlia: Não, não me lembro de nada traumático relacionado a altura nessa fase. Sempre fui assim desde que me lembro, até no ônibus me sentia enjoada, vomitava, sentia náuseas. Nunca consegui subir num brinquedo de parque de diversões.
Daniel: Exploremos isso mais profundamente. Pode ser que esse pânico de altura esteja ligado a algum evento ou sentimento inconsciente. Se lembra de qualquer sonho recorrente ou pensamento que você possa associar a essa fobia?
Júlia: (após um momento de reflexão); Bem, eu costumava ter um sonho bastante estranho e pavoroso quando era menina. O sonho sempre começava assim...eu caminhava até o borde de um cume, me vendo parada, observando uma paisagem linda, estava em uma montanha muito alta. Nunca vinha acompanhada, de repente, sem ouvir ou ver alguém, era empurrada para o abismo. O problema, que além de estar caindo, batia em pedras e a queda era interminável.
Júlia: Eu caía por muito tempo, era algo interminável, acordava muito angustiada, gritando e assustada.
Daniel: Quando você acordava… lembrava de algum rosto? Uma imagem? Qual era sua primeira representação do sonho?
Júlia: Sim, sem definição, um homem. Também quando sou empurrada, sinto uma mão grande, é a força que sou arremessada, é muito violenta, fotrte, não podia ser uma mulher.
Daniel: É um detalhe muito interessante, Júlia… quero que me conte o sonho novamente...a sessão continua…
Esse sonho cíclico de Júlia, pode ser um exemplo clássico de como um fantasma inconsciente está influenciando sua fobia de altura. Neste exemplo, a paciente apresenta uma queixa que não pode ser relacionada exclusiva e diretamente a uma experiência traumática na infância. No entanto, ao explorar seus sonhos e memórias associadas, começo a identificar a presença de um “fantasma” inconsciente. A experiência fictícia de ser empurrada para o abismo pode representar um desejo reprimido ou um conflito infantil não resolvido, relacionado à altura, aos pais ou uma possível queda. Deste ponto, a análise vai cavando, investigando, interpretando, ouvindo repetidas vezes a mesma história, de formas diferentes, explorando o tema com suas lateralidades para guiar o indivíduo a desvendar suas sombras, até compreender as origens dos sintomas. Trabalhar na resolução dos conflitos subjacentes, até superar medos e prosseguir para novas resoluções e temas que irão surgindo na medida que melhorar seu bem-estar emocional.
Como podem se manifestar?
Substituição de desejos: Frequentemente surgem como uma forma de comutar libidos e lascívias inconscientes que são socialmente inaceitáveis ou moralmente condenadas. Por exemplo, um indivíduo pode ter fantasias de agressão sexual, mas, devido às normas sociais e legais, não podem agir sobre ditas vontades. Nesse caso, o fantasma pode ser uma maneira condutora de satisfazer esses quereres imaginários, sem a necessidade de uma ação delitiva efetiva.
Atenuação de conflitos: Servem como um meio de aliviar embates afetivos internos, proporcionando uma saída para a raiva, medo, desejo ou ansiedade, permitindo que se lide com elas de uma maneira menos avassaladora. Essa amenização pode ser uma forma de autoproteção psicológica.
Proteção do self: Os fantasmas, como mecanismos psíquicos, são usados para proteger a integridade do self. Quando uma pessoa confronta situações emocionalmente desafiadoras, cria seus próprios duendes, espectros e assombrações, que o/a colocam em um papel mais poderoso ou menos vulnerável, ajudando a preservar sua autoestima e imagem.
Deslocamento de tensões: Em alguns casos, funcionam como uma forma de mover inquietações de uma situação real para uma imaginária. Por exemplo, alguém pode ter embates não resolvidos com um membro da família, e esses antagonismos podem se manifestar em devaneios que envolvam figuras de autoridade ou poder.
Alívio temporário: Também oferecem um abrandamento provisório das pressões emocionais e dos desejos não realizados. Embora essa satisfação seja apenas imaginária, pode fornecer um certo grau de conforto e redução da angustia e ansiedade.
Mecanismos de defesa: Os recursos de proteção e amparo, como a negação, a projeção e a sublimação, estão interligados com a formação de fantasmas. Um indivíduo pode negar a presença de desejos incestuosos conscientemente, que podem emergir na forma de alijamento das metáforas inconscientes.
Explorar às queixas de um paciente pode ser fundamental para entender suas oposições implícitas, subentendidas e latentes, assim como identificar os mecanismos de defesa que estão em ação. Revisitar esses lêmures, examiná-los de forma mais consciente, leva a insights íntimos e marcados minuciosamente para à resolução de pugnas. No geral, fantasmas são inconscientes, o inconsciente, por sua vez, em sua fundura contém elementos que desejam atingir a consciência. Más, sabem que é muito difícil de alcançar, por isso, enquanto o ego está ocupado com outras coisas da nossa rotina, eles se aproveitarão desse descuido e começarão a causar estragos, se infiltrando nesse vácuo de consciência que oferecemos. Isso também acontece nos sonhos, quando o ego não está no controle cognitivo, eles agem. Outra observação clínica e percebida quando o sujeito está muito interessado e conectado ao objeto, lugar pela qual sua imaginação também é mobilizada, dando origem a um comportamento emocional inadequado, o que o/a levará a embates com ele. Ditas ações praticadas servem para transformar o fantasma inconsciente em ação real. Portanto, os sintomas que são uma manifestação dolorosa desses ambientes psíquicos, regem, imperam, predominam, se estabelecem no inconsciente desde a infância. Essas revelações são localizadas nas mais polifacetadas expressões, sejam em sintomas como sonhos ou atos subsequentes das relações interpessoais, da vida emocional. Se fosse possível encontrar um lugar para eles, podíamos certamente enquadrá-los na conspiração do conluio infantil, na representação como uma dominação sexual ou agressiva, de um protagonista forte sobre um personagem fraco. Esta comparação cinéfila, pode dar sentido a um filme produzido no próprio complexo de Édipo, onde a estrela, personagem principal, tenta dominar ou ser dominado pelo outro. Na ação que o fantasma executa, o indivíduo pode estar alocado nas mais diversas interpretações, horas como o todo-poderoso, outras, apenas no controle ou mesmo como um abusador. A cena do fantasma é uma emoção que se faz presente, não é uma contemplação para ser admirada. É uma perspectiva que se mostra, está evidente do ângulo que o fantasma é vivo em nosso interior, recomendando condutas, sugerindo atos, aquele bichinho que fala no ouvido, mas o indivíduo não o vê, explicitamente. Se posiciona na tensão, joga na intensidade, se revela nas condutas e posicionamentos ou aparece no equilíbrio mediado entre forças opostas, inimigas, infensas ou nas ambíguas, benfeitoras, carinhosas e amáveis.
Frases de psicanalistas que ampliam a compreensão sobre o tema:
“Os fantasmas do passado são os arquitetos do presente.” Melanie Klein.
“Na psicanálise, explorar os fantasmas internos é como abrir as portas do inconsciente.” Jung.
“Os fantasmas são as memórias silenciosas que moldam nossa psicodinâmica.” Lacan.
“Em nossos sonhos, os fantasmas encontram sua voz e contam suas histórias.” Freud.
“Na mente humana, os fantasmas são personagens-chave nas narrativas emocionais.” Winnicott.
“Os fantasmas são as sombras que dançam nos cantos mais profundos de nossa psique.” Adam Phillips.
“A jornada da autoconsciência muitas vezes começa com a busca e a compreensão de nossos fantasmas pessoais.” Bion.
“Os fantasmas do passado são como velhos amigos que continuam nos acompanhando.” Erich Fromm.
“Nossos fantasmas pessoais nos lembram que somos todos complexos e multifacetados.” Winnicott.
No seminário intitulado “A Lógica do Fantasma” de (1966 – 67) Lacan atribui uma centralidade ao conceito, no que concerne ao processo de cura psicanalítica. Ele postula que o paciente deve necessariamente confrontar seu “fantasma inconsciente fundamental”, o qual serve como base de sustentação de seu desejo e a forma como experimenta o gozo. No início do tratamento, o “fantasma” muitas vezes se apresenta como algo de difícil visualização para o analista, que deve empreender um esforço para descobrir ao longo da terapia. Como uma forma de defesa do sujeito contra a castração, ou seja, é a maneira pela qual se protege dela, imposta pelo “Outro”. O “Outro” aqui mencionado, que se refere ao grande ''Outro'' da linguagem, e a ordem simbólica que molda a realidade libidinosa. Portanto, o “fantasma” funciona como uma espécie de escudo psíquico que protege o sujeito do questionamento…
O que o Outro deseja de mim?
Ao final da análise, se espera que o sujeito tenha passado por transformações significativas em sua forma de defesa, de experimentar o gozo e de sustentar equilibradamente o seu próprio desejo. Destarte, seja inegável, que o fantasma distorce a percepção da realidade, ele não está completamente separado desta, ao possuir uma estrutura simbólica e discursiva, aonde se identificam diversos tipos complexos, sendo os mais comuns, o “da prostituição”, o “Don Juan” o “a mãe fálica” e o “da Liberdade”, entre outros. Se trata, afinal, do indivíduo adquirir um saber de si sobre o seu fantasma, lugar onde o gozo continua a ser da sua total responsabilidade, más, já não mais afirmará que ele responde exclusivamente ao desejo do Outro. É precisamente este ser capaz, que lhe abrirá uma oportunidade de se distanciar, se desprender dele, abandonando o querer ser ansiosamente algo para o Outro, lugar este, onde o sujeito, diz Lacan... pode ocupar verdadeiramente a posição do analista.
Ao poema. De um fantasma, Leoni.
Na minha vida fluida de fantasma
Sou tão leve que quase nem me sinto.
Nem há nada mais leve nem tão leve.
Sou mais leve do que a euforia de um anjo,
Mais leve do que a sombra de uma sombra
Refletida no espelho da Ilusão.
Nenhuma brutal lei do Universo sensível
Atua e pesa e nem de longe influi
Sobre o meu ser vago, difuso, esquivo
E no éter sereníssimo flutuo
Com a doce sutileza imponderável
De uma essência ideal que se volatiza...
Passo através das cousas mais sensíveis
E as cousas que atravesso nem se sentem,
Porque na minha plástica sutil
Tenho a delicadeza transcendente
Da luz, que flui través os corpos transparentes.
Sou quase imaterial como uma idéia...
E da matéria cósmica que tem
Tantos e variadíssimos estados
Eu sou o estado-alma, quer dizer
O último estado rarefeito, o estado ideal:
Alma, o estado divino da matéria!...
Até breve, Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130
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