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- Às 10 Marcas Traumáticas da Infância.
Como os Traumas Influenciam a Vida Adulta Traumas Infantis Não Resolvidos: Como Eles Moldam Nossas Relações Afetivas na Maturidade? Lições da Infância e Efeitos na Vida Adulta Imagine uma criança, talvez você mesmo(a), um quintal ensolarado, a bola que vai, a boneca que cai, os pés descalços na grama, o vento carregando risadas que parecem não ter fim. Há uma leveza nesse instante que certamente muitos de nós já vivemos, uma promessa de que o mundo é um lugar seguro, onde o amor é dado e recebido sem esforço. Mas, em algum canto dessa memória, há também uma sombra — um olhar não correspondido, uma palavra dura, um castigo, um ''cala a boca'' ou um silêncio que pesa mais do que deveria. Essas nuvens escuras tão pequenas na infância, crescem e se expandem conosco. Se dissimulam nos cantos da mente, desenhando como amamos, tememos e vivemos o hoje. E, às vezes, nos perguntamos: por que carrego isso? Por que, mesmo adulto(a), sinto o bater de algo que não sei dar nome? Como psicanalista, já me debrucei diante de incontáveis histórias — principalmente de adultos que, sem saber, ainda dialogam com as crianças que foram. A psicanálise nos instrui que a infância não é apenas um capítulo que fechamos; é a tinta com a qual escrevemos as páginas do livro da vida. Disse Freud, ''o adulto é apenas uma criança que cresceu'' — e, nesse crescimento, carregamos lições, algumas luminosas, outras dolorosas, que retumbam nos relacionamentos futuros, escolhas, e até nos mutismos que evitamos. Mas o que exatamente essas exortações nos ensinam? Como elas configuram o que nos tornamos? Lucia, uma mulher de 38 anos, chegou relatando quanto a um vazio que ela não sabia explicar. Profissionalmente tinha uma carreira sólida, amigos, uma vida que, aos olhos dos outros, parecia completa. Mas, no seu interior, havia uma inquietação, uma sensação de que algo estava sempre faltando, ausente. Durante nossas sessões, remete a sua infância. Não se lembra de grandes traumas, mas sim de pequenos momentos. Sua mãe elogiava suas notas, mas nunca seu esforço. Seu pai estava sempre ocupado. Isso a fazia sentir que precisava ser ' 'perfeita'' para ser notada. Esses fragmentos, quase imperceptíveis da época, se tornaram bases de uma autocrítica interna feroz que a impedia de se sentir suficiente e realizada. Claramente, ela não é um caso isolado, senão um espelho vivo de muitos. Essa fase infantil, é a arena onde o inconsciente começa a ensaiar seus primeiros passos. Como as Carências Afetivas da Infância Distorcem o Amor Romântico. Cada interação, cada afeto e ausência vividas como infantes, deixam lacunas não preenchidas, marcas indeléveis e registros importantes para o futuro desenvolvimento. A ''teoria do apego'' , mostrou como os primeiros vínculos estabelecem nossa capacidade de confiar — ou de duvidar — do mundo é dos ''outros' '. Mas aqui reside a questão que quero deixar no ar: e se as lições da infância não forem só balizas demarcatórias, mas também chaves? E se, ao serem rememoradas, pudéssemos não somente entender quanto as nossas dores, angústias e traumas, senão, serem utilizadas como mecanismos de transformação? Neste artigo, vamos embrenhar nessas experiências — das mais sutis às intrinsecamente elaboradas — e de que forma influenciam nossa vida adulta. Vamos penetrar aspectos clínicos, filosóficos e psicanalíticos. Faremos ponderações sobre Freud, Jung, Winnicott e Lacan, entre outros, que tanto contribuíram para aportar conhecimentos nessa área. Vamos entender como essas preleções nos talharam. Mais importante, veremos como podem ser usadas para superar e crescer. Porque, já dizia Jung, ''o que não enfrentamos em nós mesmos, encontraremos como destino'' . Quero que você pense, por um momento, em uma lembrança da sua infância. Não precisa ser algo grande. Pode ser algo simples, como segurar a mão de alguém ou esperar por uma exaltação merecida que não chegou. O que essa memória diz sobre você hoje? Não responda agora. Deixe essa pergunta flutuar, como sementes que plantamos juntos. Ao longo destas páginas, vamos desenterrar esse cultivo, regá-las com ponderações e ver o que pode florescer delas. “A infância não é algo que deixamos para trás; é um mapa que nos guia, às vezes sem perceber.” - Dan Mena. A criança dentro de nós nunca deixa de brincar, de sonhar e buscar sentido. E é nesse fruir, no diálogo que surge entre ' 'quem fomos e quem somos'' , que encontraremos respostas. Então, vem comigo, podemos reescrever essa história. Boa leitura. Memórias Inconscientes: Como o Cérebro Infantil Grava o que a Mente Adulta Repete. O Peso do Perfeccionismo Meu pai era mecânico, quando criança, eu o observava organizando a oficina com uma precisão quase obsessiva. Ferramentas alinhadas no painel, carros aprumados, tudo em seu devido lugar — para ele, ordem era controle — e controle significava segurança. Minha mãe, ao contrário, vivia no caos criativo, com projetos inacabados sempre espalhados pela casa. Cresci entre esses dois polos, absorvendo, sem perceber, um código invisível : crenças, medos e expectativas que, anos depois, jogaram seus dados. Esse ''código invisível da infância" é essencial para entender o tema, porque expõe claramente como padrões inconscientes, enraizados na educação parental e nas dinâmicas familiares vão ditar nossos comportamentos amadurecidos. Ele conecta o que vivemos quando infantes aos desafios que enfrentamos hoje, como o perfeccionismo que nos paralisa ou o medo da rejeição que nos faz buscar por aprovação e afirmação. Entender isso não é apenas um exercício de autoconhecimento — é um caminho para transformar essas heranças pregressas em escolhas conscientes. Jung já dizia: "Até que você torne o inconsciente consciente, ele dirigirá sua vida e você o chamará de destino." "Nossas crises adultas são gritos silenciosos de uma criança que ainda busca ser vista."- Dan Mena. Outro padrão comum é o medo de rejeição. Pense em Maria, 35 anos, admirada por todos, mas aterrorizada por ser abandonada. Nos relacionamentos, ela se anula para agradar. Sua infância revelou o porquê: uma mãe deprimida, incapaz de oferecer afeto estável, isso a ensinou que o amor era condicional. Assim, ela aprendeu a ser fantasiosamente "perfeita" para merecer reparo, carregando esse peso enorme até a vida adulta. "O amor que busco é realmente amor, ou apenas um elo do passado?" - Lacan. "Rejeição é o semblante de um amor que nunca se sentiu seguro." - Dan Mena. A Herança das Expectativas Esses padrões não são apenas sobre pais e filhos, eles atravessam gerações. Famílias onde o silêncio sobre emoções é a norma, crianças aprendem que sentir é perigoso, que vulnerabilidade é fraqueza. Adultos, no entanto, lutam para se conectar, para expressar o que sentem. É o caso de Pedro, que cresceu ouvindo: "Homens não choram." Hoje, ele se sente isolado, incapaz de compartilhar suas dores. Seu código familiar o ensinou a engolir as emoções, mas o preço foi alto. Winnicott falava da importância do "ambiente facilitador" — um espaço onde a criança pode ser ela mesma. Quando esse lugar é rígido, o adulto vai carregar esse engessamento. Por isso não é incomum escutar: ''eu sou assim mesmo(a)'' ''eu não vou mudar'' , etc. "Expectativas familiares são como formas prontas: podem nos dar estrutura, mas também nos aprisionam." - Dan Mena. Refazer esse percurso não é fácil, mas é possível. Começa com a consciência: olhar para trás, não para culpar, mas para entender. Na análise, ou na reflexão pessoal, podemos questionar: ''Isso é meu, ou algo que herdei?""A criança que não foi amada não pode amar a si mesma." Mas, pode aprender — e nós também.'' - Alice Miller. "A validação que não recebemos na infância se torna o guia inconsciente que buscamos no mundo afora." - Dan Mena. O Silêncio da Criança Não Ouvida: Como a Supressão Emocional Alimenta a Depressão. O Silêncio que Fala Famílias que evitam conflitos ou escondem segredos criam criptografias de silêncio. Crianças sentem a tensão, mas não a nomeiam. Adultos, vivem com uma ansiedade que não tem explicação — até perceberem que carregam uma codificação de palavras nunca pronunciadas. O silêncio, às vezes, é o mais alto dos professores. Quais códigos você carrega? Que crenças da sua infância ainda ditam sua biografia? A criança condicionada a buscar aprovação a todo custo se torna um adulto que, mesmo muito bem-sucedido, passará sua vida percebendo uma constante inadequação. Essas primeiras experiências com o mundo externo vão costurar muitas das suas fantasias e angústias, tais, vão persistir na maturidade transformados em padrões e hábitos comportamentais. Brincadeiras de Criança, Batalhas de Adultos Aos sete anos, eu adorava brincar de esconde-esconde com meus primos(as) e amigos — a adrenalina de encontrar o esconderijo ideal, o remanso tenso que se seguia enquanto esperava ser descoberto e logo a disparada até o ponto de batida. Às vezes me camuflava tão bem que ninguém me encontrava, e o que começava como uma vitória infantil mudava para um vazio inquietante: e se eu ficasse perdido ali para sempre, esquecido no canto escuro do jogo? Esse medo sutil, apavorante, quase apagado pelo tempo, reapareceu nas minhas relações adultas, onde eu oscilava entre me fechar emocionalmente, como quem se esconde, e a ânsia por ser lembrado. Talvez você já tenha sentido isso: os laços afetivos são assim, como um tabuleiro invisível, onde jogamos sem perceber, as partidas inacabadas da infância. Isso não é mera coincidência, os primeiros vínculos — com pais ou cuidadores — desenham os contornos de como amamos, confiamos e até tememos. O que vivemos nessa fase não se dissipa como névoa; pelo contrário, se torna uma bússola, que direciona nossos passos inconscientes. Se o afeto primordial nos chegou com lacunas, passamos boa parte da vida tentando preencher esse amor que buscamos. Se veio com rigidez ou frieza, podemos confundir limite com cuidado, ou distância com proteção. Assim, as brincadeiras leves de outrora se metamorfoseiam em batalhas adultas — disputas internas por segurança, reconhecimento ou simplesmente pelo direito de sermos quem somos, sem máscaras. Amor, rejeição ou reparação reverberam nas escolhas que fazemos décadas depois. Repetimos esses roteiros antigos, talvez na esperança de reescrever o passado, de consertar o que se quebrou, de sermos finalmente acolhidos como merecemos. Esse "brincar" como um espaço sagrado na infância, é um terreno onde a vulnerabilidade encontra acolhimento. Sem esse solo firme, o adulto pode buscar proteção em ilusões frágeis ou fugir dela por medo de se ferir outra vez, como quem evita a brincadeira por receio de perder. Esses paradigmas não são falhas ou defeitos; são tentativas corajosas de sobrevivermos emocionalmente, esculpidas em nós quando o mundo parecia grande demais e éramos pequenos ainda para fazer frente. O segredo está em ir de frente com gentileza, como quem recebe um velho amigo. Esses são os ''games'' que aprendemos desde cedo, regras gravadas em silêncio, mas que podemos com paciência e consciência, aprender a desaprender. "O amor que não cicatrizou na infância, se torna a ferida que tentamos curar em cada abraço que recebemos." - Dan Mena. No entanto, ao compreendermos esses arquétipos, ganhamos o poder de transformar o roteiro do filme. Não devemos culpar os pais, as circunstâncias, condições financeiras ou simplesmente o tempo. Precisamos reconhecer que, mesmo sendo ajustados por todos esses condicionantes, não somos reféns eternos dessa adequação. "Não sou o que me aconteceu; sou o que escolho me tornar." - Jung. "As relações afetivas são o roteiro onde podemos, finalmente, ser os diretores da nossa produção." - Dan Mena. Que papeis você repete, talvez sem notar, como um ator preso a um script antigo? ''O apego seguro na infância é o alicerce para relações adultas saudáveis; sem ele, buscamos compensações que nem sempre nos satisfazem." - Bowlby. Bullying e Ansiedade Social: O Passado que Persegue a Vida Adulta. Biologia das Memórias O cérebro de uma criança é como um escultor incansável, que se esculpe a cada experiência, a cada emoção. Durante esse processo, desenvolvemos uma capacidade extraordinária chamada de ‘’ plasticidade neural’’ , ela permite que a articulação e adaptação possa ser alterada em resposta ao mundo exterior. Essa flexibilidade é a chave para entender por que as memórias deste estágio — sejam elas de alegria ou de dor — se fixem tão cavadamente. No coração desse recurso está o ‘’ hipocampo’’ , uma pequena estrutura no cérebro que funciona como um registrador de traquejos. Ele é responsável por capturar os eventos que vivemos, e os transforma em memórias que podemos acessar posteriormente. Na infância, o hipocampo está especialmente ativo, gravando delicadamente os detalhes do que acontece com uma clareza impressionante. É por isso que o cheiro de um bolo assado na casa da avó ou o som de uma tempestade noturna podem permanecer vívidos por décadas. Mas, ele não grava apenas os fatos, ele armazena o ‘’contexto emocional’’ de cada momento, e é aí que entra outro protagonista insubstituível: a ''amígdala'' . Amígdala: A Tinta Emocional A amígdala é o centro emocional do cérebro, ela dá cor e intensidade às memórias, como um pintor que mistura tons. Quando vivemos algo marcante — um momento de pura alegria, como ganhar um presente esperado, ou um trauma, como uma separação dolorosa —, a amígdala entra em ação. Ela associa essas emoções fortes, criando conexões neurais mais robustas. Quanto mais intensa a sensação, mais marcada permanece no cérebro. Situações de grande estresse podem levar a uma ‘’ hiperativação da amígdala’’ , o que faz com que memórias traumáticas sejam estipuladas com uma força especial. Isso explica por que, anos depois, um som, uma agressão sexual ou uma imagem ''X’' possa desencadear uma reação visceral, como se o passado voltasse à tona. Já as associações positivas, como o afeto de um cuidador, fortalecem os circuitos neurais que promovem a defesa e resiliência. Por Que Algumas Memórias Nos Perseguem? Nem todas as memórias têm o mesmo peso. As que carregam uma carga afetiva ou emotiva intensa — criam trilhas neurais mais fortes , como sulcos fundos em um caminho de lama. Isso ocorre porque as emoções liberam substâncias químicas, como a adrenalina e o cortisol, que reforçam as conexões neuronais. Assim, um evento traumático pode se transformar em uma sombra persistente, enquanto uma memória feliz pode se tornar um refúgio interior. Curiosamente, esses arquivos não ficam congelados no tempo. Elas podem ser reativadas ao longo da vida, especialmente quando algo no presente tem similitude com o passado. Um cheiro, uma palavra ou uma situação pode reacender a amígdala, trazendo à tona não apenas a lembrança, mas a emoção que a acompanha. É como se o cérebro dissesse: "Isso já aconteceu antes, preste atenção." Embora a infância seja o auge da plasticidade cerebral, o cérebro adulto não perde completamente essa capacidade de se transformar. Isso significa que memórias antigas, mesmo as mais dolorosas, podem ser reprocessadas . Há uma criança dentro de cada adulto. Não como metáfora, mas como realidade psíquica – uma presença viva que carrega memórias, dores e desejos nunca plenamente expressos. Quando essa criança é repetidamente ignorada, calada ou invalidada, ela não desaparece. Aprende, sim, a falar em entrelinhas: através do corpo que treme, da mente que se angustia, do coração que acelera sem motivo aparente. A ansiedade contemporânea, em muitos casos, é esse símbolo – a linguagem distorcida de emoções infantis que nunca tiveram permissão para existir. Quantas vezes uma criança ouve, ao chorar: "Isso não foi nada", "Você está exagerando", "Para de frescura" Essas frases, aparentemente inocentes, carregam uma mensagem: "O que você sente é irrelevante" . O problema é que emoções não desaparecem quando negadas – elas se armazenam. Como um rio represado, a energia emocional bloqueada busca sua saída. Pode vir como tensão muscular crônica, insônia ou aquela sensação difusa de que "algo ruim está prestes a acontecer" . Adultos que foram crianças não ouvidas desenvolvem uma hipervigilância inconsciente – estão sempre alerta, como se precisassem se proteger de um perigo que não conseguem nomear. Identidade em Fragmentos: Como a Falta de Reconhecimento na Infância Afeta a Autoestima Adulta. A Ditadura do "Seja Forte" Algumas famílias operam sob um regime emocional implacável. Chorar é proibido. Medo é vergonhoso. Raiva, então, nem se fala. A criança aprende rapidamente que, para ser amada, precisa ser uma versão inatingível de si mesma(o) – tranquila(o), obediente, "fácil de lidar". O resultado? Um adulto que: Sente culpa ao dizer "não" Desconhece seus próprios limites Vive em estado constante de esgotamento (porque manter a máscara cansa) Desenvolve pânico diante de conflitos A ironia cruel é que, quanto mais a pessoa tenta controlar suas emoções para ser "forte" , mas frágil se sente por dentro. O Paradoxo da Criança Invisível Há um fenômeno intrigante: pessoas que sofreram negligência emocional na infância se tornam adultos extremamente atentos às necessidades alheias. São os que sempre perguntam "está tudo bem?" , os que antecipam desejos, os mediadores de conflitos. Por trás dessa aparente generosidade, porém, mora uma criança aterrorizada: "Se eu cuidar de todos, talvez alguém finalmente me enxergue" . É uma estratégia de sobrevivência emocional que, na vida adulta, se transforma em ansiedade de desempenho e medo patológico da rejeição. Resgatando a Voz Perdida Se curar não significa regredir, mas resgatar. É fazer as pazes com aquela parte de si que ainda espera permissão para existir. Alguns caminhos: Reaprender a linguagem das emoções – Identificar e nomear sensações corporais ("onde no meu corpo eu sinto o medo?"). Exercitar o "não" como ato de amor-próprio – Começar por situações pequenas e seguras. Cultivar a auto-observação sem julgamento – Se perguntar:: "O que ‘’EU’’ realmente sinto sobre isso?" antes de consultar as expectativas alheias. Revisitar memórias com novos olhos – Entender que a criança que fomos merecia acolhimento, não repreensão. A ansiedade, nesse prisma, deixa de ser apenas um transtorno a ser eliminado. Ela se apresenta como um sinal vital – o último recurso de uma voz interior que insiste em ser ouvida, mesmo depois de tantos anos de mordaça. Quando essa voz finalmente encontra seu espaço, algo mágico acontece: o adulto descobre que pode ser, ao mesmo tempo, forte e sensível, independente e carente, vulnerável e incrivelmente resiliente. Descobre, enfim, que a verdadeira maturidade não está em calar a criança que fomos, mas em dar a ela o que sempre precisou: atenção, respeito e um recinto seguro para existir. Fantasias Infantis que Viram Conflitos Adultos. O Impacto da Ausência Paterna/Materna na Arquitetura do Amor Os pais são nossos primeiros espelhos, eles nos mostram quem somos e como o mundo funciona. O pai, muitas vezes, representa a lei, a estrutura, o limite; a mãe, o acolhimento, o afeto primal. Quando um deles falta, o fino equilíbrio se rompe. Lacan, em seus seminários, falava do "Nome-do-Pai" como um ícone simbólico que organiza o psiquismo, dando ordem ao caos do desejo. Sem essa figura — ou sua função emblemática —, crescemos sem um norte, buscando nos outros uma âncora que nunca encontramos, assim, podemos ficar à deriva. A ausência materna, por outro lado, pode deixar um vácuo no núcleo do afeto. A mãe como a primeira fonte de amor e reparação, quando não está presente, seja por abandono, negligência ou sobrecarga emocional. Nesse desamparo, internalizamos um vazio que pode se traduzir, na vida adulta, em uma fome insaciável por validação ou, paradoxalmente, criamos uma muralha contra a intimidade, como se o amor fosse sinônimo de risco. "A ausência de um pai ou de uma mãe não é apenas um espaço vazio; é uma pergunta sem resposta." - Dan Mena. A ausência parental não determina nosso destino, mas desenha os contornos de como iremos atuar no amor. Quem cresce sem um pai pode buscar figuras de autoridade em parceiros, projetando neles uma necessidade de orientação que nunca foi suprida. Ou, ao contrário, pode rejeitar qualquer forma de limite, temendo ser controlado(a). A ausência da mãe, pode levar a uma busca contínua por acolhimento — ou a incapacidade de se conectar, como se confiar fosse abrir a porta para uma antiga ferida. A segurança emocional nasce do cuidado consistente na infância. Sem ele, desenvolvemos estilos de apego inseguros — ansiosos, evitativos ou desorganizados —, que se manifestam em relacionamentos adultos como o ciúme excessivo, personalidade controladora, distanciamento emocional ou uma confusão entre proximidade e fuga. Essas são as bases quebradas, rachaduras que produzem efeitos distorcidos: amores que, embora intensos, muitas vezes carecem de estabilidade. "O amor que não encontramos na infância se torna um enigma que tentamos decifrar em cada abraço." - Dan Mena. "As raízes quebradas não condenam a árvore; com cuidado, ela ainda pode florescer e se sustentar." - Dan Mena. "A qualidade dos primeiros vínculos determina a confiança que depositamos no mundo; sua ausência deixa cicatrizes que buscamos reparar ao longo da vida." - Bowlby. "A mãe é o primeiro objeto de amor e ódio; sua ausência cria uma lacuna que o psiquismo tenta preencher, muitas vezes com dor." - Melanie Klein. Porque Medos Infantis se Tornam Limites Adultos? Polarização, Culpa e Nostalgia: Cartografia do Desejo na Maturidade A melancolia não é um mero saudosismo, mas uma mensagem afetiva. Ela mapeia os nossos lugares mais simbólicos onde projetamos anseios por inteireza, segurança ou conexão que o presente parece negar. A "nostalgia reflexiva " não busca reconstruir o passado, mas habitar seus lugares obscuros como espaços de significado. Como crianças corríamos em campos vazios, o cheiro de pão saindo do forno da avó, ouvíamos atentamente o sussurro das conversas familiares à noite — tudo se tornava metáfora de um tempo em que a vida parecia coerente, e fazia todo o sentido. Essa construção, porém, é antagônica: ao mesmo tempo que a saudade nos une a uma sensação de pertencimento, também nos afasta da realidade de um multiverso do que realmente vivemos. O passado é editado, e as cores desbotadas desse cotidiano ganham tonalidades épicas. A Culpa: Sombra da Consciência Ética Se a taciturnidade pinta o nosso passado com cores suaves, a culpa o atravessa com perguntas incômodas. Na maturidade, ganhamos uma lente exacerbadamente crítica para revisitar não apenas as falhas alheias — pais distantes, silêncios familiares, promessas não cumpridas —, mas também, nossas próprias omissões enquanto filhos, irmãos ou simplesmente crianças em aprendizado. A culpabilidade surge como um diálogo entre o "eu que experienciou" e o "eu que julga" , uma divisão mediada pela inocência de quem não compreendia as regras do jogo e a responsabilidade de quem agora as domina. Trazer à tona essa autorreflexão, embora seja doloroso, é um sinal de primazia emocional. A culpa é um " debate íntimo com o irreparável" . Ela vem para nos lembrar que, mesmo sem intenção, fomos agentes e vítimas de narrativas que deixaram suas marcas — e que o conserto, quando possível, e é, está no reconhecimento honesto dessas cicatrizes. A Cultura do Retorno e a Tirania da Felicidade Perdida Vivemos na era onde a nostalgia se comercializa, (playlists de décadas passadas, modas retrô, séries que resgatam mitologias infantis) enquanto nos cobra um comprazimento ininterrupto. Redes sociais ampliam essa dicotomia: de um lado, os ‘’ throwbacks’’ que glorificam o passado; de outro, a pressão por resenhas de superação, onde até a infância deve ser "resignificada" em nome do crescimento pessoal. Essa dinâmica cultural intensifica a assimetria entre culpa e nostalgia. Se antes o passado era um território privado, hoje ele é performático e comparativo. A pergunta é: " minha infância foi boa o suficiente?" isso se torna o tal do tribunal interior, onde julgamos não apenas nossos enredos, mas os dos outros também. A ânsia por uma cura definitiva da "criança ferida" pode, ironicamente, reforçar a sensação de que há algo irremediavelmente esfacelado em nossa origem. Maturidade: A Arte de Habitar o Cinza A verdadeira sensatez não está em escolher entre esses pólos acima, mas em reconhecer que ambos são faces da mesma moeda: o desejo de dar sentido àquilo que nos constitui. Abandonar a busca incoerente pela inalcançável perfeição — seja na infância que tivemos, seja na que gostaríamos de ter tido. Integrar esses opostos exige um olhar generoso para a ambiguidade que nos compõe. O pai autoritário pode ter sido, também, o contador de histórias que nos ensinou a amar a literatura. A mãe ausente, talvez tenha aberto espaço para autonomias precoces que nos ergueram como resilientes e combativos(as). Não termos sido os "filhos ideais" pode ser revisitado com toda nossa compaixão pela criança que carregamos — cheia de medos e perguntas sem respostas. Por Que Nossa Autoimagem Adulta Começa na Infância. Do Preto e Branco ao Caleidoscópio Existencial A infância nunca será um capítulo encerrado, mas um texto vivo, reescrito a cada fase da vida na medida que avançamos. Na vida adulta, ganhamos a chance de reler esse texto não como juízes(as), mas como tradutores experientes que decifram nuances antes ignoradas. A melancolia nostálgica, despojada de suas idealizações, se transforma em gratidão pelo que foi possível viver. A culpa, desarmada de autopunição, será a reparação simbólica — seja através do perdão, da arte ou do cuidado com as novas gerações. O espelho da maturidade, portanto, não reflete imagens estáticas. Ele nutre esse caleidoscópio quântico onde passado e presente se fundem, criando padrões sempre novos e bem-vindos. Aceitar esse hermetismo da nossa humanidade, é entender que a criança que fomos não precisa ser redimida ou glorificada, apenas acolhida como parte de uma caminhada em curso ao infinito. E nesse movimento — de abraçar a ambiguidade do ser —, onde descobrimos que crescer não é deixar a infância para trás, mas aprender a caminhar com ela, em todas as suas cores incríveis. As 10 Marcas Traumáticas da Infância 1. Abuso físico ou sexual Uma invasão do psiquismo infantil, muitas vezes reprimida. Na vida adulta, pode surgir como desconfiança, medo de proximidade ou impulsos destrutivos, fruto de defesas como a dissociação. 2. Negligência emocional A falta de afeto cria um vazio inconsciente. Adultos buscam validação constante ou se fecham emocionalmente, presos entre negação e idealização. 3. Divórcio ou separação dos pais A ruptura familiar abala o equilíbrio edípico, gerando culpa ou medo de abandono. Relacionamentos futuros carregam essa fragilidade inconsciente. 4. Bullying Fere a autoimagem da criança, deixando cicatrizes narcísicas. Na vida adulta, pode se manifestar em ansiedade social ou tentativas de compensação, como busca por controle. 5. Perda de um ente querido Um luto não elaborado vira melancolia, fixando o adulto na dor reprimida. Conexões afetivas são temidas, como se cada vínculo repetisse a perda. 6. Doenças graves ou hospitalização Vividas como ataques à integridade psíquica, geram ansiedades somáticas ou fobias. O corpo adulto vira palco de conflitos inconscientes. 7. Violência doméstica A identificação com agressor ou vítima molda padrões de agressividade ou submissão. Reprimido, o trauma reaparece em laços disfuncionais. 8. Abandono Uma ferida narcísica que gera desvalia. Adultos oscilam entre dependência afetiva e isolamento, protegendo um ego frágil. 9. Mudanças frequentes de casa ou escola A instabilidade rouba o senso de pertencimento. Na vida adulta, surge como dificuldade de adaptação ou fuga de bases sociais estáveis. 10. Expectativas irrealistas A pressão fortalece um superego rígido, levando à autocrítica severa. Adultos enfrentam ansiedade e baixa autoestima, perseguidos por um ideal fantasiosamente inatingível. Todos esses fatores apontados acima, quando validados, permanecem escondidos no inconsciente, influenciando o adulto de maneira silenciosa, mas poderosa. A psicanálise oferece um caminho para escutá-los e guiá-los para a transformação positiva. Os Primeiros Vínculos Definem Nossa Capacidade de Amar. F.A.Q - Perguntas Frequentes para o Tema O que é a "criança interior" na psicanálise? → É um conceito que representa as memórias, traumas e vivências da infância armazenadas no inconsciente, influenciando comportamentos, medos e relacionamentos na vida adulta. Como os traumas infantis se manifestam na fase adulta? → Podem surgir como ansiedade, padrões autodestrutivos, dificuldade de confiança ou repetição de dinâmicas disfuncionais em relacionamentos. O que diz a teoria do apego de John Bowlby? → Explica como os vínculos afetivos estabelecidos com cuidadores na infância moldam a capacidade de formar relações íntimas e seguras na vida adulta. Qual o papel dos "objetos transicionais" (Winnicott) no desenvolvimento? → São itens (ex.: um cobertor) que ajudam a criança a lidar com a separação da mãe, servindo de ponte entre o mundo interno e externo. Como a educação autoritária afeta a vida adulta? → Pode gerar adultos com tendência à autocobrança excessiva, medo de falhar ou dificuldade em expressar autonomia. O que é o "estádio do espelho" de Lacan? → Fase em que a criança reconhece sua imagem no espelho, marcando o início da construção da identidade e da percepção de si como "outro". Por que alguns adultos idealizam a infância? → Mecanismo de defesa para evitar lidar com traumas reprimidos, criando uma narrativa nostálgica que oculta sofrimentos reais. Como a falta de afeto parental impacta a autoestima adulta? → Pode levar à busca compulsiva por validação externa, insegurança em relações amorosas ou sentimento crônico de inadequação. O que são "mecanismos de defesa" na infância segundo Anna Freud? → Estratégias inconscientes (ex.: repressão, negação) usadas pela criança para lidar com conflitos emocionais, perpetuadas na idade adulta. Como a psicanálise explica o medo de abandono em adultos? → Geralmente está ligado a rupturas traumáticas na infância, como separação dos pais ou negligência emocional. Qual a relação entre bullying na infância e ansiedade social adulta? → Experiências de humilhação podem gerar crenças de inferioridade e hipervigilância em situações sociais. O que é "feminicídio psicossocial" (Barbosa, 2019)? → Refere-se a violências estruturais de gênero internalizadas desde a infância, naturalizando opressões que culminam em agressões extremas. Como a arte pode ressignificar traumas infantis? → Através de terapias expressivas (ex.: pintura, escrita), que acessam memórias inconscientes e permitem reconstruir narrativas dolorosas. O que é a "criança bem-dotada" de Alice Miller? → Crianças que reprimem suas necessidades para atender às expectativas dos pais, tornando-se adultos com dificuldade de reconhecer próprios desejos. Por que alguns adultos repetem padrões tóxicos dos pais? → Por identificação inconsciente com figuras parentais ou pela crença de que merecem dinâmicas abusivas, aprendidas na infância. Como a neurociência explica a fixação de memórias traumáticas? → O hipocampo registra eventos emocionalmente intensos da infância, que são reativados em situações similares na vida adulta. O que é "reparentalização"? → Processo de acolher a própria criança interior, oferecendo a si mesmo o cuidado e validação que faltaram na infância. Como a literatura universal retrata a infância e a maturidade? → Obras como "O Morro dos Ventos Uivantes" mostram como traumas infantis alimentam obsessões e conflitos adultos. Q ual a crítica de Jung à visão freudiana da infância? → Jung amplia a análise para além do individual, incluindo arquétipos coletivos que influenciam a formação da personalidade. É possível "reescrever" as lições da infância na fase adulta? → Sim, através de terapias, autoconhecimento e reconstrução de vínculos, é possível ressignificar traumas e criar novos padrões emocionais. Referências Bibliográficas Freud, Sigmund – A Interpretação dos Sonhos (1900, Editora Imago) Freud, Sigmund – O Eu e o Isso (1923, Editora Imago) Jung, Carl Gustav – O Inconsciente Pessoal e Coletivo (1959, Editora Vozes) Klein, Melanie – A Psicanálise das Crianças (1932, Editora Imago) Winnicott, Donald W. – O Brincar e a Realidade (1971, Editora Martins Fontes) Lacan, Jacques – O Seminário, Livro 11: Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise (1973, Editora Zahar) Erikson, Erik H. – Infância e Sociedade (1950, Editora Zahar) Bowlby, John – Apego e Perda (1969, Editora Martins Fontes) Miller, Alice – O Drama da Criança Bem-Dotada (1979, Editora Paz e Terra) Fromm, Erich – A Arte de Amar (1956, Editora Zahar) Horney, Karen – Neurose e Crescimento Humano (1950, Editora Martins Fontes) Nasio, Juan-David – O Livro da Dor e do Amor (1996, Editora Zahar) Kehl, Maria Rita – O Tempo e o Cão: A Atualidade das Depressões (2010, Editora Boitempo) Birman, Joel – Arquivos do Mal-Estar e da Resistência (2016, Editora Civilização Brasileira) Costa, Jurandir Freire – Sem Fraude nem Favor: Estudos sobre o Amor Romântico (1998, Editora Rocco) Safra, Gilberto – A Po-ética na Clínica Contemporânea (2004, Editora Ideias & Letras) Dolto, Françoise – A Imagem Inconsciente do Corpo (1984, Editora Perspectiva) Roudinesco, Elisabeth – Por que a Psicanálise? (1999, Editora Zahar) Figueiredo, Luís Cláudio – Revisitando as Psicologias: Da Epistemologia à Ética das Práticas (2007, Editora Vozes) Dunker, Christian Ingo Lenz – Mal-Estar, Sofrimento e Sintoma: Uma Psicopatologia do Brasil entre Muros (2015, Editora Boitempo) Calligaris, Contardo – A Adolescência (2019, Editora Publifolha) Alves, Rubem – Conversas com Quem Gosta de Ensinar (1980, Editora Loyola). Palavras Chaves #InfânciaEEfeitos, #PsicanáliseHoje, #TraumaInfantil, #VidaAdultaeMemória, #ApegoEmocional, #FreudNaPrática, #LacanExplica, #WinnicottECriança, #SaúdeMentalBrasil, #LiteraturaPsicológica, #JungEArquétipos, #AutoConhecimento, #CuraEmocional, #ViolênciaInvisível, #AmorRomântico, #DepressãoInfantil, #ResiliênciaPsíquica, #PsicologiaDasRelações, #FeminicídioEPsique, #DesenvolvimentoHumano. Visite minha loja ou site: https://uiclap.bio/danielmena https://www.danmena.com.br Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199.Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130.Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Department of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192. De 1 a 5 - Quantas estrelas merece o artigo? Deixe seu relato abaixo em COMENTÁRIOS.
- Feminicídio - Violência, Perseguição e Morte.
A ferida narcísica coletiva e sua relação com o feminicídio no Brasil. Desnudando a Alma da Violência Antes de adentrar no tema profissionalmente, devo me lembrar que carrego em mim a memória viva das mulheres que me fizeram homem: uma mãe que teceu dias e noites para me proteger, irmãs que desbravaram horizontes estreitos com unhas e dentes, filhas que me ensinaram a ver o mundo não apenas com meus olhos, mas com os delas. São essas vozes — suaves, rugosas, resilientes — que me sussurram: Maria não é um nome solitário. É um espelho refletindo milhões de rostos: mães que carregam mundos nas costas, filhas que brincam sob a sombra de um medo que ainda não nomearam, avós que enterram segredos nas dobras do tempo. Ao amanhecer, a rotina de Maria parece trivial: o aroma do café se mistura ao caos matinal de filhos famintos e tarefas infindáveis. Cada gesto — abrir a janela, arrumar mochilas, esconder um bocejo na manga da camiseta — são na verdade, atos invisíveis de resistência. A esperança, aqui, não é um sentimento abstrato, pois o relógio avança enquanto ela corre contra ele. Mas quando o sol se põe, essa mesma mulher — que personifica a força em cada fissura — é silenciada. Não por um acaso do destino, mas pela mão que um dia acariciou seu rosto e depois se fechou em punho. Alguém que jurou amor, embora confunda afeto com posse, proteção com controle, ciúme com direito. O feminicídio não é um fim abrupto: é a última linha de um roteiro escrito a sangue frio. Me pergunto: que abismos psíquicos engolem um homem até que ele enxergue no extermínio da mulher um ato de "honra", "paixão" ou "justiça"? Não há respostas, podemos considerar algumas pistas. Entre elas, destaco a ‘’ferida narcísica coletiva’’ . "No feminicídio, o agressor destrói o espelho que reflete sua ruína." - Dan Mena. A psicologia por trás do feminicídio: entendendo a mente do agressor. O Retrato Social A noção de ferida narcísica remonta a Freud, ele descreveu o narcisismo como uma etapa fundamental do desenvolvimento psíquico, onde o ego investe a libido em si mesmo. Quando ferido — seja por uma rejeição, uma humilhação ou a ameaça de perder controle —, a reação pode ser violenta, uma tentativa desesperada de restaurar a ilusão de ''suposta grandiosidade ameaçada' '. Aplicada ao contexto social, se refere a uma ‘’fratura na identidade grupal’’ , especialmente em estruturas de poder historicamente dominantes (como o patriarcado). Quando um sistema baseado em hierarquias rígidas — onde homens são socializados para se verem como provedores, controladores e centrais — desafiado pela autonomia feminina, surge uma crise. A emancipação das mulheres, a contestação de papeis de gênero e a perda de "privilégios simbólicos " (como a posse sobre o corpo e o tempo da mulher) são vividas, por alguns homens, como uma ameaça existencial à sua própria identidade. Desdobramentos psíquicos e sociais: A ilusão da completude: Na psicanálise lacaniana, o sujeito é marcado por uma falta constitutiva. No patriarcado, porém, se ensina aos homens que essa falta pode ser preenchida pela dominação do "outro" (neste caso, a mulher). Quando essa fantasia é quebrada — e ela se recusa ser objeto de completude —, o golpe narcísico aflora. A violência se torna então, uma tentativa patológica de restaurar a ilusão de onipotência perdida. Masculinidade como performance frágil: A masculinidade hegemônica é construída sobre mitos de invulnerabilidade e dominação. Quando um homem é confrontado com sua própria vulnerabilidade (um divórcio, uma independência financeira da parceira, uma recusa sexual), a ferida narcísica coletiva se manifesta como ódio projetado: ele não ataca a própria debilidade, mas a mulher que a espelha. A cultura como espelho deformado: A sociedade patriarcal atua como um ‘ ’grande Outro’’ que valida e normaliza essa fenda. Piadas misóginas, a romantização do ciúme ("quem ama, cuida") , e a ideia de que a mulher é uma "propriedade" a ser defendida reforçam a narrativa de que a agressão é legítima para "reparar" a honra vista como ferimento. O assassinato como ato "restaurador": No feminicídio, o agressor não mata apenas uma mulher: mata o símbolo do que o confronta com sua própria inadequação . É um ato de negociação delirante com o próprio ego, onde extinguir o "outro" parece a única forma de recuperar uma identidade em colapso . Como escreveu Contardo Calligaris: “Os crimes passionais são crimes de orgulho: mato para não ter que admitir que não sou quem eu pensava que era”. A importância da rede de apoio na prevenção do feminicídio e violência doméstica. Ele faz uma crítica contundente à ideia de que crimes passionais são motivados por "amor" ou "paixão" . Ele desloca o foco para o ‘ ’narcisismo ferido’’ ’ do agressor: "Não sou quem eu pensava que era" : O feminicida mata para evitar o colapso de sua auto-imagem grandiosa e estereotipada (o homem provedor, dominador, "dono" da mulher'' ). A citação expõe a ‘’mentira social’’ por trás do termo 'passional' , que romantiza a violência, e revela a raiz do problema: uma identidade masculina construída sobre ilusões de superioridade, que se esfacela quando confrontada com a autonomia feminina. Por que a ferida é coletiva? Não se trata de patologia individual, mas de uma dinâmica social internalizada. A ferida narcísica coletiva é alimentada por: Mitologias culturais : Narrativas que glorificam homens como "senhores do destino" (herois, conquistadores). Falhas na simbolização : A incapacidade de elaborar simbolicamente a igualdade de gênero, substituindo hierarquias por relações de alteridade. Transmissão geracional : Meninos aprendem que "homem não chora" , mas dominam; meninas aprendem que "amar é sofrer" . Um ‘’ego’’ que só se reconhece inteiro ao reduzir o outro a fragmentos e pulverização. O assassino não é um monstro à parte da sociedade — ele é o fruto podre de uma árvore plantada em solo arcaico, regado por piadas misóginas, leniência institucional e a romantização do sofrimento feminino ("ele bate, mas ama") . "Educar é dissolver os mitos que transformam homens em algozes e mulheres em presas." - Dan Mena. Parece que estamos assistindo a um ''teatro de horror'' . Somos uma plateia silenciosa. Chamamos o feminicídio de "crime passional" , como se houvesse paixão no ato de esvaziar um corpo de sua humanidade. Minimizamos agressões como "brigas de casal" , como se o lar fosse um território neutro, não um campo de guerra invisível. Consumimos histórias onde a posse é confundida com romance, e depois nos perguntamos por que o ciclo persiste. Esse espiral exige mais que discursos — exige mudanças. Lentes que naturalizam a violência: nas escolas, onde meninas aprendem a se encolher e meninos a se expandir; nas leis, que muitas vezes chegam tarde demais; na cultura, que transforma corpos femininos em territórios a serem conquistados. Precisamos olhar para Maria e ver nela não uma vítima, mas uma guerreira interrompida. Reconhecer que cada vida truncada é um fracasso épico da humanidade compartilhada. Uma Análise Histórica da Aniquilação Feminina O termo "feminicídio" bate como um lamento que carrega o peso de séculos de opressão. Não se trata de um mero homicídio, mas de um crime impregnado de gênero, uma execução deliberada que encontra suas raízes no ódio, no controle e na subjugação da’’ mulher enquanto mulher’’. O conceito, que foi lançado na década de 1970 por ativistas feministas, ganhou contornos acadêmicos com as estudiosas Jill Radford e Diana E. H. Russell, que o definiram como "o assassinato de mulheres por homens motivado por misoginia" . Essa definição transcende a mera técnica, onde o podemos enxergar como um ato político, um espelho de uma sociedade que ainda luta para reconhecer a mulher como sujeito pleno de direitos, como diria Simone de Beauvoir em "O Segundo Sexo" . A violência contra elas é tão antiga quanto as primeiras sociedades. Gerda Lerner, em "The Creation of Patriarchy ", argumenta que o controle sobre o corpo e a vida das mulheres foi um dos pilares da construção das hierarquias sociais. Nos tempos do Código de Hamurabi, a mulher era legalmente vista como propriedade do pai ou do marido, um objeto que podia ser castigado, trocado ou destruído. Na Idade Média, as leis feudais reforçaram essa lógica, punindo com a morte a mulher que "desonrou" o marido. Tais padrões não desapareceram, apenas se metamorfoseiam na atualidade, se adaptando às eras, mas mantendo sua essência. Leis de proteção contra o feminicídio: avanços e desafios no Brasil. "A empatia é o antídoto para um mundo que normaliza a violência." - Dan Mena. No Brasil, o tema é uma chaga aberta. Jeová Rodrigues Barbosa, em "Feminicídio no Brasil" , demonstra que milhares de mulheres são assassinadas anualmente, muitas vezes por seus próprios namorados, parceiros ou ex, também isso se confirma facilmente nos noticiários. O que distingue o feminicídio de outros homicídios é a motivação: a vítima é morta por ser mulher, por desafiar o domínio masculino, mesmo que de forma sutil ou inconsciente. O crime frequentemente representa o ápice de uma escalada de abusos: insultos que evoluem para tapas, tapas que se transformam em surras, e surras que culminam na morte. Um roteiro trágico que se repete com assustadora regularidade. Por que falhamos em proteger essas mulheres? A resposta reside na história, nas leis brandas e na cultura que ainda romantiza o controle masculino, perpetuando a misoginia denunciada por Jack Holland em "Misogyny: The World's Oldest Prejudice" . "O feminicídio é a expressão mais extrema de uma guerra travada contra as mulheres, uma batalha cujas armas são o poder e o silêncio. " – Rita Segato, La Guerra Contra las Mujeres (2016). A Mente do Agressor O que leva um homem a assassinar a mulher que ele afirmava amar? A resposta não reside na superfície da raiva ou do ciúme. Estudos como os de Jackson Katz, em "The Macho Paradox" , expõem que muitos agressores compartilham traços como narcisismo, baixa tolerância à frustração e uma visão distorcida de poder . Eles não matam em um momento de fúria, mas sim, porque acreditam ter o direito de decidir sobre a vida da vítima, como se fossem donos de sua existência. Agressores sempre exibem comportamentos obsessivos, como monitorar redes sociais, ligar incessantemente ou isolar a vítima de sua rede de apoio. Um estudo recente da Universidade de São Paulo (USP) sobre violência doméstica mostra que a maioria das mulheres assassinadas por seus parceiros já havia sofrido abusos psicológicos prévios, como humilhações e ameaças. Tais atos não são aleatórios, mas sim táticas de poder, formas de "treinar " a vítima a se submeter. "A rede de apoio é o fio que costura a esperança onde o medo rasgou." - Dan Mena. Ademais, muitos deles carregam traumas não resolvidos. Um histórico de abuso na infância ou exposição a modelos violentos pode normalizar a agressividade como resposta a conflitos. Isso não justifica a violência, mas demonstra que ela é um ciclo aprendido, não um instinto inato. Romper essa configuração psíquica exige intervenção psicológica séria, algo que nossa sociedade raramente oferece. A violência também é alimentada por crenças culturais. A ideia de que o homem "deve" ser o ''provedor e a mulher " cria uma caixa fechada para o feminicídio. Quando essa ordem é desafiada, o agressor reage como se sua identidade estivesse em xeque. É um paradoxo: ele mata para afirmar poder, mas revela, na verdade, sua impotência diante da liberdade alheia , como ressalta Michael Kimmel em "The Gendered Society" . "A violência masculina não é um desvio; é um produto apreendido de uma cultura que equipara masculinidade à posse." – Michael Kimmel. Gaslighting e feminicídio: como a manipulação psicológica leva à violência extrema. O Inconsciente Patriarcal O inconsciente é como um território selvagem irrigado por um patriarcado enraizado na cultura. Lacan, com seu conceito de "Nome-do-Pai" , nos ajuda a entender como a lei simbólica masculina estrutura o desejo e o poder. O feminicídio, nesse sentido, é um ‘’acting out’’ , ("passagem ao ato") se refere a um conceito base da psicanálise que descreve a manifestação de conflitos psíquicos inconscientes por meio de ações, geralmentes impulsivas, em vez de serem elaboradas verbalmente ou simbolicamente. Seria um mecanismo de defesa distorcido, conteúdos recalcados que o sujeito não consegue acessar conscientemente) logo aparece uma explosão do inconsciente que não tolera a mulher como livre de amarras. O patriarcado não é apenas um sistema social externo, mas uma ferida psíquica internalizada. Quando uma mulher rompe o ‘’script’’ , o agressor reage como se sua própria existência estivesse em risco. Não se trata apenas sobre ela, mas sobre o que ela representa: a ameaça à ordem que o valida como homem . Psicanaliticamente, isso é uma ‘’pulsão de morte’ ’, não só contra a vítima, mas contra a possibilidade de um mundo onde ele não seja o centro. No caso do tema, o instigador pode invejar a capacidade da mulher de ser autônoma, de criar vida, de existir fora dele. Essa inveja se transforma em ódio, e o ódio em um desejo de destruir o que não pode ser possuído. Outro aspecto é o mecanismo de projeção. O acometedor projeta suas fraquezas na vítima, a transformando no "problema" a ser eliminado . Esse sujeito geralmente está preso ao "Imaginário" , incapaz de entrar no "simbólico" onde a alteridade é aceita. Entendendo ou Simbólico e o Imaginário Nossa fala reflete a dinâmica entre os registros do Imaginário e do Simbólico. O Imaginário é o campo das imagens, identificações e ilusões de completude , onde o sujeito se fixa em relações dualistas (como o "eu" versus o "outro" no espelho de si) busca desta forma uma unidade narcísica. Quando falamos na psicanalise estar "preso ao Imaginário " sugerimos que o individuo não consegue transcender essa ' 'lógica egocêntrica e fusional' ', permanecendo incapaz de reconhecer a diferença ou a alteridade (o outro como distinto) . O Simbólico, por outro lado, é o domínio da linguagem, a lei e a cultura, onde o sujeito se insere em uma ordem social que estrutura as relações e aceita a alteridade. Entrar no ''contexto simbólico'' implica reconhecer o outro como um sujeito separado, mediado pelas regras e significações compartilhadas, o que exige a renúncia à ilusão de completude imaginaria e ficcional . Assim, a expressão indica que o sujeito descrito está fixado em uma lógica narcísica e imaginária, resistindo à entrada no simbólico, onde a aceitação da alteridade e a mediação pela linguagem permitiriam relações mais estruturadas e menos centradas no eu . Isso pode apontar para dificuldades em lidar com a diferença, a castração (no sentido lacaniano) ou a inserção na ordem social. "O patriarcado é uma neurose coletiva que transforma o outro em ameaça." – ''Shulamith Firestone, The Dialectic of Sex' ' (1970). Feminicídio no Brasil: a violência de gênero e o silêncio da sociedade. A Sociedade que Sustenta a Violência A sociedade não apenas tolera essa violência, mas o alimenta com normas, silêncios e justificativas. Judith Butler, em "Gender Trouble" , nos lembra que o gênero é uma performance imposta, e quando a mulher sai desse palco predeterminado, o castigo é brutal. No Brasil, as estruturas sociais criam um panorama acolhedor para o tema. A desigualdade econômica deixa muitas mulheres presas a parceiros abusivos por falta de recursos. A romantização do amor possessivo normaliza o controle. Carla Cristina Garcia, em "Feminicídio: Uma Análise Sociojurídica" , destaca que a impunidade é o oxigênio desse crime historicamente. Quando agressores saem impunes ou recebem penas leves, a mensagem é clara: a vida delas importa menos . A mídia também tem seu papel sombrio, tratando o tema como espetáculo, focando na brutalidade, mas raramente nas causas. Precisamos de uma mídia que eduque, que mostre os sinais de alerta e cobre responsabilidade. As instituições, por sua vez, falham miseravelmente, com delegacias sobrecarregadas e sub-financiadas. Muitas vítimas não denunciam por medo, vergonha ou desconfiança no sistema, que também não protege eficazmente. Mulheres que fizeram dezenas de boletins de ocorrência, tem medidas judiciais protetivas consolidadas, chamaram a policia dezenas de vezes, acabam mortas. Alguma coisa está muito errada, não é verdade? Isso denota uma crise na ordem simbólica da ordem social , onde as instituições falham em sua função de mediar as pulsões, proteger os sujeitos e simbolizar o trauma. Esse erro, deixa as vítimas presas entre o Imaginário (vergonha, medo) e o Real (violência, morte) , sem acesso a uma elaboração estrutural que poderia interromper o ciclo de violência. Esse laço civilizatório, sustentado pelo Simbólico, está quebrado, permitindo que a pulsão de morte prevaleça. A educação é outro ponto cego. Crianças crescem vendo modelos de gênero rígidos, e sem uma educação que desconstrua isso desde cedo, o patriarcado se renova a cada geração. Somos todos cúmplices quando fechamos os olhos. Cada piadinha sexista, cada silêncio diante de um grito, tipo "deixa pra lá" é um passo rumo a próxima vítima. R.W. Connell, em "Gender and Power ", nos lembra: "A violência contra as mulheres é um mecanismo de controle social que mantém o patriarcado intacto." – R.W. Connell, Gender and Power (1987). A interseccionalidade no feminicídio: raça, classe e vulnerabilidade das mulheres. Redes Sociais: Amplificadoras da Misoginia ou Ferramentas de Denúncia? As redes são como uma alma coletiva, e o que refletem nem sempre é bonito. Por um lado, dão voz às vítimas com movimentos como o #NiUnaMenos. Por outro, são um megafone para a misoginia, com posts que culpam mulheres por "provocarem" seus agressores ou que romantizam os ciúmes doentios. Sara Ahmed, em "The Cultural Politics of Emotion" , nos alerta que as emoções circulam online e constroem realidades, algumas delas tóxicas. O ódio digital muitas vezes é o primeiro passo para a violência física. Grupos de ódio usam plataformas para atacar mulheres que desafiam normas de gênero. A linha entre o virtual e o real é tênue, e o feminicídio muitas vezes começa com palavras digitadas. A polarização também complica o cenário. Enquanto feministas lutam por visibilidade, a ‘’backlash’’ online cresce. Redes ampliam tanto o grito das vítimas quanto o veneno dos agressores. Para mudar isso, precisamos de educação digital e moderação mais rigorosa nas plataformas. Ensinar empatia online desde cedo e punir discursos de ódio com agilidade pode reduzir o impacto negativo. "O digital não cria o ódio; ele o organiza e o amplifica." – Sara Ahmed, ' 'The Cultural Politics of Emotion' ' (2004). A Luta Pela Liberação Feminina e o Contra-Ataque do Patriarcado Simone de Beauvoir escreveu: "Não se nasce mulher, torna-se." Mas o que acontece quando esse "se tornar" desafia o mundo ao seu redor? Susan Faludi, em "Backlash" , descreve como cada avanço feminino provoca uma reação violenta. A autonomia das mulheres é vista como uma ameaça existencial por homens presos a tradições. A mídia reforça essa tensão, muitas vezes retratando mulheres independentes como "frias" ou "arrogantes" , enquanto homens ciumentos são "apaixonados" . Esse ‘’backlash’ ’ não é só individual, mas estrutural, com políticos conservadores defendendo "valores tradicionais" que colocam a mulher como subordinada. O feminicídio é a expressão mais extrema dessa resistência: se mata a mulher para "restaurar" a ordem. Vítimas Vulneráveis Nem todas elas enfrentam o problema da mesma forma. Raça, classe e gênero se cruzam, criando camadas de vulnerabilidade que não podemos ignorar. Mulheres afrodescendentes e menos favorecidas economicamente são desproporcionalmente alvo desse crime. No Brasil, elas têm o dobro de chance de serem assassinadas em comparação com as caucasianas. Esses números são o resultado de um sistema que abandona quem está nas margens. A ‘’interseccionalidade’’, termo criado por Kimberlé Crenshaw, nos obriga a olhar além do óbvio. Não basta falar de "mulheres" como um grupo homogêneo, pois as opressões se entrelaçam. "A violência de gênero é inseparável das hierarquias de raça e classe." – Rita Segato, Feminicidio en América Latina (2010). Como prevenir o feminicídio: estratégias de proteção e conscientização social. Estratégias de Prevenção e Intervenção Desconstruir mitos de gênero é o primeiro passo para combater o problema. Na clínica, vejo que terapias focadas em ‘’masculinidade tóxica’’ podem desarmar agressores em potencial, enquanto o acolhimento às vítimas é essencial para romper o silêncio. Socialmente, precisamos de leis mais rigorosas e políticas públicas que funcionem. A prevenção começa na educação, com crianças aprendendo desde cedo que respeito e igualdade não são negociáveis. A intervenção psicológica é outro pilar. Homens com histórico de violência, podem se beneficiar de terapias que explorem suas inseguranças e que derrubem a ideia de posse . Para as vítimas, o apoio é vital. Terapias que validem a dor e ofereçam ferramentas práticas podem salvar vidas. Socialmente, precisamos de mais abrigos, linhas de apoio 24 horas e treinamento para policiais e médicos reconhecerem sinais de risco. A justiça também precisa agir, com juízes sensibilizados e processos ágeis. Por fim, a sociedade deve se envolver. Vizinhos que ouvem gritos, amigos que notam hematomas, familiares que percebem o isolamento, todos têm um papel. Identificando o Perigo: Perfis Homicidas e Estratégias de Proteção Os passos desse agressor seguem um padrão : aproximação com charme e idealização, controle e isolamento, escalada com ameaças e violência, e, por fim, o feminicídio com a destruição final. Sinais de alerta incluem ciúmes extremos, controle sobre finanças, mudanças de humor bruscas e ameaças. Estratégias de proteção incluem confiar em seus instintos, manter uma rede de apoio, planejar uma saída e continuar denunciando (a pesar da falha). É fundamental enfatizar que a independência feminina é um direito, não uma provocação. Mulheres são livres para expressar sua sexualidade sem medo, e homens devem aprender a respeitar isso . Eu vejo um futuro onde o silêncio não seja mais arma, mas ponte para o entendimento, onde as mulheres não sejam sombras de roteiros alheios, mas autoras de suas próprias histórias, livres para amar, trabalhar e existir sem medo. Esse amanhã não é utopia, é uma escolha. A mudança começa com homens questionando o privilégio que os cega, mulheres se erguendo sem culpa e a sociedade dizendo "basta" com ações, não só palavras. O Gaslighting É uma forma de manipulação psicológica em que uma pessoa ou grupo semeia dúvidas na mente da outra, a fazendo questionar sua própria memória, percepção ou sanidade. O termo vem do filme ‘’Gaslight (1944)’’ no qual um marido manipula a esposa ao alterar o ambiente (como diminuir luzes de gás) e negar as mudanças, a levando a acreditar que está enlouquecendo. Táticas Principais - Negação e Mentiras O ‘’gaslighter’’ nega fatos ou conversas, mesmo diante de evidências. Banalização dos Sentimentos : Despreza emoções do outro como "drama" ou "frescura" . Distorção da Realidade : Apresenta versões falsas de eventos para confundir. Isolament o: Afasta a vítima de amigos/família para aumentar a dependência. Projeção : Acusa a vítima de comportamentos que ele mesmo pratica. Motivações Controle : Dominar a vítima emocionalmente. Fuga de Responsabilidade : Evitar culpa por ações próprias. Manipulação : Mantém a vítima insegura e submissa. Sinais Dúvida constante sobre suas memórias ou percepções. Se perceber excessivamente sensível. Pedir desculpas frequentes, mesmo sem culpa. Isolamento progressivo de pessoas próximas. Impactos na Vítima Emocionais : Ansiedade, depressão, autoestima fragilizada. Cognitivos : Dificuldade de confiar no próprio julgamento. Sociais : Isolamento e dependência emocional. Contextos Comuns Relacionamentos abusivos, famílias disfuncionais, ambientes de trabalho tóxicos. Pode ocorrer de forma intencional (para controle) ou inconsciente. Diferença de Conflitos Normais A diferença de embates se dá observando que não se trata de desentendimentos pontuais, mas de um ‘’padrão sistemático’’ para minar a autopercepção da vítima. Gaslighting é uma forma grave de ''abuso emocional'' . Se identificar esses sinais, priorize sua saúde mental. Provocações Sensuais e Reflexão Um ponto sensível: às provocações públicas sensuais. Quero ser claro: nada justifica o ato. A violência é sempre culpa do agressor . Mas, em um mundo ainda patriarcal, algumas mulheres usam a sexualidade como poder ou até como forma de "testar" o parceiro , o que pode gerar tensões. Por exemplo, uma mulher que busca independência, mas mantém o homem como "projeto" emocional ou financeiro , vai desenvolver um conflito de expectativas. Isso não é culpa dela, mas, uma contradição que merece reflexão. Como a educação pode combater o feminicídio nas futuras gerações. “A violência não é uma resposta ao desejo; é a falência do diálogo.” - Dan Mena. Observação Importante ; As fotos utilizadas para ilustrar este artigo são meramente produtos fotográficos profissionais sob licença da Pixabay concedidas ao autor do artigo. Equivalem a representações teatrais de maquiagem, cenários e figurações de atores(as). Em hipótese alguma devem ser consideradas como reais, ter ligação ou associação com crimes, ódio contra a mulher, violência doméstica, assassinatos, armas são cenográficas, racismo ou perseguições contra quem seja. Referências Bibliográfica s Ahmed, Sara – The Cultural Politics of Emotion (2004, Routledge) Barbosa, Jeová Rodrigues – Feminicídio no Brasil (2019, Editora Appris) Beauvoir, Simone de – The Second Sex (1949, Vintage Books) Butler, Judith – Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity (1990, Routledge) Connell, R. W. – Gender and Power: Society, the Person, and Sexual Politics (1987, Stanford University Press) Dobash, R. 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Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130.Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Department of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192. De 1 a 5 - Quantas estrelas merece o artigo? Deixe seu relato abaixo em COMENTÁRIOS.
- Psicodélicos: "A Nova Fronteira da Terapia".
Benefícios da Terapia Psicodélica para a Saúde Mental. Tendências de 2025: O Futuro da Psiquiatria - Psicologia e a Psicanálise Enquanto a crise global de saúde mental atinge níveis epidêmicos, com milhões de pacientes fracassando em tratamentos convencionais para depressão, ansiedade e TEPT, um fenômeno científico surge ineditamente com respostas: a terapia assistida por psicodélicos. Distante de misticismos ou tendências passageiras, essa revolução é sustentada por evidências muito robustas, garanto que estudei o assunto muito a fundo: (leia bibliografia ao final do artigo). Pesquisas recentes conduzidas pelo Imperial College London, Johns Hopkins e pelo Instituto de Psiquiatria de São Paulo demonstram que compostos como psilocibina e MDMA alcançam taxas de remissão de até 70% em casos resistentes, desempenho que antidepressivos tradicionais levariam décadas para igualar. Estamos diante do surgimento de uma ferramenta acessória terapêutica inédita, no qual o rigor científico e avanços farmacológicos se alinham para confrontar os limites da psiquiatria contemporânea. Você já ouviu falar em psicodélicos para depressão ou ansiedade? Se tantos remédios não funcionam, por que não olhar para caminhos que a ciência está redescobrindo? O Colapso do Modelo Tradicional e a Urgência de Alternativas A psiquiatria atual enfrenta uma encruzilhada sem precedentes. Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs), considerados padrão-top desde os anos 1980, falham em 30% a 50% dos casos, enquanto abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) demandam meses para obter resultados parciais. Nesse enquadramento, os pacientes não são meros "náufragos da alma" , mas vítimas de um sistema fragmentado, que reduz diagnósticos a desequilíbrios químicos simplistas. A neurociência moderna, contudo, pode afirmar que transtornos mentais envolvem redes neurais hipercomplexas, memórias traumáticas consolidadas e padrões cognitivos inflexíveis – justamente, os alvos onde os psicodélicos atuam com precisão inusitada segundo as pesquisas. Além da Serotonina, Rumo à Neuroplasticidade Diferentemente de fármacos que regulam sintomas superficialmente, psicodélicos clássicos (psilocibina, LSD) e entactógenos (MDMA) induzem a uma reestruturação cerebral. Estudos de neuroimagem evidenciam que essas substâncias suprimem a atividade da rede de modo padrão (DMN), estrutura hiperativa em quadros depressivos crônicos e associada à ruminação autodepreciativa. Paralelamente, estimulam a neurogênese no hipocampo e ampliam a conectividade entre hemisférios cerebrais, mecanismos que fundamentam relatos de "reinicialização mental" . Em ensaios clínicos de fase III, financiados por organizações como a MAPS e a Compass Pathways, ‘’sessões únicas de psilocibina combinadas à psicoterapia’’ produziram efeitos antidepressivos por até 12 meses – um avanço exponencial frente ao paradigma da medicação contínua. "Os psicodélicos não são remédios, mas ‘ferramentas de reinicialização’ que reescrevem a arquitetura cerebral, dissolvendo padrões rígidos como ácido sobre uma placa de metal" (GOLDSMITH, Psychedelic Healing, 2011). Será que estamos tratando doenças da alma apenas com química e esquecendo nossa complexidade? Experiências Psicodélicas Podem Expandir Sua Consciência Quantas pessoas você conhece que vivem medicadas, mas continuam sofrendo? O Papel da Ciência na Mudança de Narrativa A reinserção dos psicodélicos na medicina não é fortuita. Após meio século de proibição, impulsionada pela Guerra às Drogas, o ressurgimento dessas pesquisas se deve a três pilares: (1) Metodologia rigorosa: protocolos com dosagens controladas, ambientes sensoriais monitorados e integração psicológica pós-experiência; (2) Inovações tecnológicas: técnicas de ressonância magnética funcional permitem decifrar em tempo real a atividade cerebral durante as sessões; (3) Demanda social: iniciativas como o Decriminalize Nature e investimentos de US$ 2,5 bilhões em startups do setor, aceleram mudanças regulatórias. A própria Food and Drug Administration (FDA) - USA, concedeu status de "Terapia Inovadora " ao MDMA para TEPT. Por que tantos cientistas sérios estão investindo tempo e dinheiro nisso agora? Você confiaria em um tratamento que já foi considerado perigoso, mas hoje é apoiado por grandes universidades? Psicanálise e Psicodélicos: Diálogos no Labirinto Mental A interseção entre psicanálise e psicodélicos oferece perspectivas interessantes para compreender os mecanismos simbólicos e arquetípicos ativados durante as sessões analíticas. Enquanto como psicanalistas adentramos no inconsciente através da ‘’associação livre’’ e ‘’da transferência’’ , os psicodélicos funcionam como catalisadores que dissolvem as defesas do ego, expondo conteúdos reprimidos com intensidade cinematográfica. Carl Jung, ao discutir o ‘’inconsciente coletivo’’ e os arquétipos, antecipou metaforicamente a experiência de universalidade relatada por usuários de psilocibina, que descrevem encontros com imagens mitológicas ou narrativas existenciais compartilhadas. Na prática da clínica moderna, tem muitos psicanalistas envolvidos em pesquisas com psicodélicos – como os protocolos da MAPS – destacam que a substância não substitui a escuta analítica, senão que amplifica o processo de elaboração. Durante a experiência, resistências são temporariamente suspensas, permitindo que traumas infantis, conflitos edipianos ou fantasias primárias possam emergir com clareza em sessões convencionais. A integração pós-experiência, etapa fundamental, se assemelha à interpretação de sonhos em escala ampliada, onde auxiliamos o paciente a tecer significados a partir do material bruto do inconsciente. Esse sincretismo entre farmacologia e hermenêutica psicanalítica pode inaugurar uma nova era de terapias ampliadas, onde ciência e subjetividade coexistem sem hierarquias. "A experiência psicodélica é um convite, não uma resposta. Cabe ao analista evitar que o paciente confunda êxtase químico com iluminação" (FADIMAN, The Psychedelic Explorer's Guide, 2011). Afinal, como lembra Terence McKenna: "A cura está no caos, mas o sentido está na integração" (MCKENNA, Comida dos Deuses, 2010). Será que os psicodélicos nos ajudam a ver o que escondemos até de nós mesmos? O que você faria se pudesse acessar memórias e emoções que hoje estão adormecidas? Ética, Acesso e Sustentabilidade Apesar do cenário promissor, os dilemas críticos persistem. Como impedir a exploração comercial de substâncias sagradas para povos originários? Como assegurar acesso democrático em nações periféricas, onde 80% dos casos de depressão permanecem sem tratamento? Especialistas do Centro Global de Saúde Mental sugerem modelos híbridos: parcerias com comunidades indígenas para uso ético de conhecimentos ancestrais, aliadas a protocolos digitais de terapia de integração via plataformas online. O objetivo é transformar a "revolução silenciosa" em um movimento inclusivo, nos distanciando dos erros históricos da indústria farmacêutica, como a elitização de tratamentos. Estamos assim, diante de um marco histórico. A psicodelia não é uma panaceia, mas pode simbolizar a mais disruptiva inovação em saúde mental desde a descoberta dos antipsicóticos nos anos 1950. Seu diferencial reside na capacidade de abordar não apenas sintomas, mas as raízes existenciais do sofrimento – promovendo não só sua remissão, mas ressignificação. À medida que instituições como Harvard e a UNIFESP inauguram centros especializados nessa área, se torna cada dia mais evidente: o século XXI será definido pela ousadia de adentrar a mente em sua absoluta complexidade multidimensional, orientada não por dogmas, mas por empirismo. A odisseia transcende a metáfora – se consolida como empreendimento científico, ético e, sobretudo, necessário. Eu acredito firmemente que essa possível convergência entre psicanálise e psicodélicos não apenas enriquece a prática clínica, mas resgata um diálogo interrompido pela medicalização excessiva. Enquanto a ciência mapeia circuitos neurais, a nossa escuta decifra narrativas íntimas, nos lembrando que a (cura) de processos psicológicos exige tanto precisão farmacológica quanto coragem de iluminar as sombras do ‘’Self’’ . Entrando pela porta dos fundos, me pergunto: Por que a ciência, em seu incessante afã por desvendar os mistérios do universo, redescobre agora o que culturas ancestrais já cultivavam em seus rituais sagrados? Ayahuasca e DMT: Explorando as Moléculas que Alteram a Mente. "Se o século XX medicaliza a alma, o século XXI corre o risco de espiritualizar a farmácia. Cabe a nós garantir que a revolução psicodélica não troque um reducionismo por outro" (POLLAN, How to Change Your Mind, 2018). Esse tipo de tratamento vai estar disponível só para quem pode pagar caro? Como garantir que não repitamos os erros do passado, o que é sagrado apenas para alguns? Revisitando a História e Desvendando a Ciência dos Psicodélicos Essa relação entre a humanidade e os psicodélicos se tece desde os primórdios da civilização, vem entrelaçada com a busca sempre infindável do ser pelo sagrado, pelo transcendente. Michael Pollan, em sua obra "Como Mudar Sua Mente" , nos lembra que "a cronologia dos psicodélicos se confunde com a memória de uma queda e de um possível renascimento" . Desde os rituais ancestrais com a ayahuasca nas entranhas da Amazônia, onde o espírito da floresta se manifesta em visões caleidoscópicas, até os laboratórios de Basel, na Suíça, onde Albert Hofmann sintetizou o LSD em 1943, essas substâncias sempre serviram como pontes entre o mundano e o transcendental, entre a realidade ordinária e as dimensões ocultas da consciência. Na década de 1960, o LSD, que outrora foi tão celebrado como um portal para a expansão da mente, foi sendo tragado pelas sombras do pânico moral, estigmatizado e banido para a ilegalidade. No entanto, o tempo, esse grande mestre implacável, traz consigo a redenção. Hoje, neurocientistas visionários como Robin Carhart-Harris, munidos de ferramentas de última geração, mapeiam meticulosamente os efeitos da psilocibina no cérebro. Seus estudos revelam que essa substância é capaz de reduzir a atividade do ‘’Default Mode Network’’ (DMN) que traduzida seria algo como "Rede de Modo Padrão" ou "Rede Cerebral em Repouso" . Trata aqui de um circuito neural interconectado, envolvendo regiões como o córtex pré-frontal medial, o córtex cingulado posterior, o lobo parietal inferior e o hipocampo. Essa rede é ativada quando o indivíduo não está focado em tarefas externas, funcionando como um "piloto automático" da mente durante estados de introspecção, devaneio ou autorreflexão, a região cerebral associada ao ego, à ruminação obsessiva e à incessante tagarelice psíquica. ''Será que o ‘reset cósmico’ é realmente novo?'' Ou é apenas a ciência, em sua lentidão burocrática, finalmente alcançando o que os curandeiros já sabiam há milênios?" (POLLAN, How to Change Your Mind, 2018). É como se o cérebro, antes aprisionado em padrões rígidos de pensamento e comportamento, ganhasse um "reset cósmico" , uma oportunidade de se reinventar, de se libertar das amarras do passado. Tais sinapses, antes enrijecidas pela repetição, se tornam maleáveis e abertas a novas conexões e possibilidades. A mente se torna assim uma terra fértil, pronta para ser cultivada com novas sementes. "O ‘psicodélico’ não tem o poder de criar o novo; seu potencial reside em revelar o antigo que jaz soterrado sob as ruínas do eu, esperando o momento certo para ressurgir." - Dan Mena. Um Diálogo no Limiar do Inconsciente DMT: A Molécula do Espírito e Suas Implicações para a Consciência Humana. Diante desse ‘’tsunami psicodélico’’ , levanto uma pergunta que desafia a própria noção de cura: e se Freud, ao invés de seu charuto, segurasse um cogumelo? O que ele faria com uma molécula que não pede licença para arrombar os porões da mente, rasgando os véus que a fala que por vezes, apenas acaricia? Quando Freud falava da compulsão à repetição como um rio subterrâneo que arrastava o sujeito de volta à cena traumática ou um retorno, que é ao mesmo tempo seria uma prisão na tentativa fracassada de restauração. Mas, eis o paradoxo dos psicodélicos: eles não desviam o rio, mas o transbordam. Como observou Grof, pacientes em estados alterados não relembram traumas — eles os reencarnam, reverberados em memórias pré-verbais, quase mitológicas, onde o corpo é palco e a consciência, espectadora atordoada. É a recorrência elevada ao potencial do ritual, onde o sofrimento, antes enclausurado, ganha asas de fênix. A psicanálise, com sua paciência arqueológica, varre camada por camada. Os psicodélicos, são como alquimistas que transformam essa escavação em erupção: derretem as muralhas do ego, e expõem fósseis psíquicos sob a luz crua de uma lanterna química. Mas cuidado — como argumenta James Fadiman, a substância é a chave, mas o terapeuta é o ladrão, aquele que sabe roubar segredos do caos e deve ter a proficiência de poder devolvê-los como narrativas conciliadoras. Como escreve Stanislav Grof, “as experiências psicodélicas frequentemente trazem à tona memórias perinatais e transpessoais, ampliando a consciência para além da biografia individual” – LSD Psychotherapy, 1980). E aqui, Lacan sussurra nos ouvidos da ciência: o Real não é um tesouro enterrado, mas o terremoto que revela que o chão sob nossos pés sempre foi ilusão. Os psicodélicos não "mostram" o Real — eles são o Real, uma erupção que dissolve a fantasia de controle, deixando o sujeito nu diante do espelho quebrado de si mesmo. Será que a psicanálise, em nosso rigor interpretativo, não teme justamente essa nudez? Ou será, afinal das contas, a única capaz de costurar uma nova roupagem para o rei desnudo, transformando delírio em diálogo? "O inconsciente não é um baú de segredos, mas um teatro em chamas. Os psicodélicos são os incendiários. Nossa tarefa? Aprender a dançar nas suas cinzas." - Dan Mena. O Renascimento Psicodélico: Como Está Transformando a Psicoterapia Moderna. Enquanto a ciência mede os neurotransmissores, a psicanálise pergunta: quem é o dono desse laboratório interno? E quando a química derruba as portas, será que o sujeito encontra o trauma ou apenas uma distorção de sua própria sede de infinito? "O Real não é aquilo que se esconde atrás do véu; é o véu que se dissolve quando o sujeito ousa olhar sem medo de ser despedaçado, quando se permite encarar a verdade nua e crua de sua própria existência." Dan Mena. Você acredita que algumas dores emocionais são tão cavadas que só podem ser acessadas por vias diferentes do diálogo ou da escuta? Quando a Química Se Encontra com a Alma A depressão resistente, aquela que teima em persistir apesar dos tratamentos convencionais, é um labirinto implacável, onde o Minotauro não é uma criatura externa, mas a própria escuridão que habita o interior do indivíduo. No entanto, a esperança renasce com os estudos promissores da MAPS (Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies), que demonstram que uma única dose de psilocibina, combinada com terapia de apoio, é capaz de reduzir os sintomas da depressão em até 80% dos casos, com efeitos duradouros por até 6 meses. Por que essa substância possui um poder tão transformador? A resposta reside na neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se reorganizar, de formar novas conexões sinápticas. Enquanto os antidepressivos tradicionais atuam como "amortecedores químicos" , aliviando os sintomas sem abordar a causa raiz, os psicodélicos parecem promover uma reconfiguração sináptica, permitindo que o indivíduo construa novas estradas neurais, caminhos e estradas para a Disney e o bem-estar. É a diferença entre tapar um buraco na estrada e reconstruir a estrada por completo. Nietzsche, em sua obra "Assim Falou Zaratustra" , antecipou: "É preciso ter caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante" . Poderíamos dar a essa frase esse peso em relação ao psicodélicos, esse caos organizado, uma força disruptiva que pode impulsionar para romper com o ‘’status quo’’ , questionando crenças limitantes e a sua própria reinvenção. "A cura não reside na fuga da sombra, mas na coragem de dançar com ela sob a luz de um sol para cada um, abraçando nossos demônios internos e os transformando em aliados." - Dan Mena. O que aconteceria se, ao invés de esconder nossos traumas, os percebêssemos com intensidade ritual? Na sua opinião: isso ajudaria a curar? O Potencial Terapêutico dos Psicodélicos: Desafios e Oportunidades. Ayahuasca e o Renascimento do Sagrado Esse ' 'chá ancestral dos povos amazônicos'' foi sempre um portal para o sagrado, um facilitador de experiências de morte e renascimentos simbólicos. Francisco Londoño, em sua obra "Trippy: The Awakening of Ayahuasca" , descreve cerimônias onde pacientes confrontam "fantasmas intergeracionais", traumas transmitidos de geração em geração, que aprisionam o indivíduo em padrões de sofrimento. "O sagrado não habita a substância; ocupa o espaço entre o que foi vomitado e o exposto, entre a purgação do sofrimento e a iluminação da compreensão." - Dan Mena. Ética, Risco e os Limites Psíquicos As palavras de Foucault batem com força: "Todo poder clínico carrega o risco de uma nova disciplina" . A comercialização desenfreada de retiros de ayahuasca e o uso recreativo descontrolado de psicodélicos são armadilhas perigosas. Rick Strassman, em sua obra "DMT: A Molécula do Espírito" , advertiu: "Experiências místicas não são atalhos para a maturidade espiritual" . A terapia psicodélica exige (preparo mental), ‘’setting’’ (ambiente seguro) e ‘’guidance’’ (acompanhamento). Sem essa tríade, o que poderia ser um facilitador terapêutico se transforma em um pesadelo, um gatilho para psicoses latentes. “As experiências psicodélicas têm o poder de desarmar os mecanismos de defesa do ego, permitindo acesso direto ao inconsciente profundo, onde reside não apenas a dor, mas também a sabedoria arquetípica” – Psychology of the Future, 2000.) - Stanislav Grof. É básico que o terapeuta possua uma formação sólida, um conhecimento assertivo dos efeitos psicodélicos e uma sensibilidade aguçada para lidar com as emoções raras que surgem, sem dúvidas durante a experiência. "A banalidade do mal reside também na ilusão de que a transcendência pode ser engarrafada e vendida como mercadoria, de que a iluminação pode ser alcançada através de um atalho químico." - Dan Mena. Será que estamos preparados para ver tudo o que o inconsciente guarda, de forma tão direta como os psicodélicos permitem? Reconstrução do Trauma (TEPT) O MDMA, conhecido popularmente no Brasil como "ecstasy" , surge como alternativa medicamentosa para aqueles que sofrem com o Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Temos relatos de psicanalistas americanos que em sessões controladas, essa substância reduz o medo e aumenta a confiança, permitindo que os pacientes revisitem memórias traumáticas sem se dissociarem da realidade. Ben Sessa, em sua obra "The Psychedelic Renaissance" , defende que o MDMA "não apaga o trauma, mas desarma sua carga emocional" . É uma reprogramação do arquivo cerebral, onde o evento permanece, mas perde o poder de definir quem somos. O trauma deixa de ser uma sentença de condenação perpétua e se torna uma cicatriz, uma marca de superação. Superando Vícios com Psicodélicos: Uma Abordagem Inovadora. Democratizando o Acesso à Cura Enquanto clínicas de elite cobram somas exorbitantes por tratamentos psicodélicos, comunidades periféricas continuam à margem dessa revolução terapêutica. A psicologia ambiental nos ensina que contexto é destino. Negar seu acesso é perpetuar uma violência epistêmica, uma injustiça social. Projetos como o Santo Daime no Brasil demonstram que é possível integrar tradição e ciência, mas a regulamentação ainda caminha a passos lentos aqui no Brasil. Como diz Byung-Chul Han, "a sociedade do cansaço prefere anestesiar a questionar" , a perpetuar o sofrimento em vez de buscar soluções inovadoras. "A descolonização da mente exige mais que discursos; exige soluções que quebrem as algemas invisíveis da angústia internalizada, que permitam ao indivíduo se libertar das opressões arcaicas." - Dan Mena. O Futuro da Terapia – Integração ou Ilusão? Estamos no limiar de um novo paradigma. A ketamina, já aprovada para depressão resistente nos EUA, é apenas a ponta de um iceberg. Mas a pergunta seria: "O que queremos dessa nova realidade?" A resposta pode estar na integração. Uma sessão psicodélica sem acompanhamento pós-experiência é como ler um livro sem sua interpretação, como assistir a um filme sem refletir sobre sua mensagem. Neal M. Goldsmith fala: "A trilha psicodélica é 10% experiência e 90% assimilação" . A integração é o processo de dar sentido a esse traquejo, e, traduzir as visões acolhidas em ações concretas e mudanças positivas. Você já sentiu que seu corpo “lembra” de coisas que sua mente esqueceu? "Na modernidade, até a cura deve aprender a se inserir entre a efemeridade do êxtase e a solidez do sentido, entre a promessa de transformação instantânea e a necessidade de um trabalho contínuo de autoconhecimento." - Dan Mena. Essa capacidade de romper com padrões mentais cristalizados remete ao conceito de “campo mórfico” de Rupert Sheldrake, onde “mudanças sondas em um indivíduo reverberam no campo coletivo, permitindo que outros também encontrem novas formas de ser” (The Presence of the Past, 1988). Minha Visão Psicanalítica da Terapia com Psicodélico s Apesar de Freud não ter vivenciado diretamente os efeitos dessas substâncias, lançou bases para uma teoria da mente que se mostra surpreendentemente relevante no contexto da amostragem psicodélica. Seguindo seus passos por exemplo, na noção de recalque, central na teoria freudiana, Aqui descreve o mecanismo pelo qual impulsos e memórias dolorosas são banidos da consciência, relegados ao reino obscuro do inconsciente. Os psicodélicos, ao diminuírem a atividade do ‘’default mode network’’ , parecem afrouxar ditas amarras do recalque, permitindo que conteúdos inconscientes afloram à consciência com maior facilidade. Essa emergência pode ser tanto libertadora quanto desafiadora. Por um lado, o indivíduo tem a oportunidade de confrontar traumas e conflitos não resolvidos, de elaborar emoções reprimidas e integrar partes de si mesmo que haviam sido negadas. Por outro, a avalanche de conteúdos inconscientes pode ser desestruturante e até mesmo traumatizante, caso não haja um terapeuta qualificado para guiar o processo. Ouvindo Lacan, outro mestre gigante da psicanálise, ao introduzir o conceito de "Real" , como dimensão da vivência que transcende a linguagem e a representação. O Real é o indizível, o traumático, o que resiste à simbolização. Dita experimentação psicodélica, em sua intensidade e estranheza, pode levar o sujeito a confrontar o ‘’Real’’ de maneira abrupta, vislumbrando sua fragilidade da realidade construída, e a questionar a própria identidade. Como psicanalista nesta posição, não sou apenas um guia, mas também uma testemunha, um ouvinte atento e compassivo, capaz de acolher o sofrimento do paciente e de ajudá-lo(a) a dar sentido à sua singularidade. O terapeuta, à semelhança do ‘’analista lacaniano’’ , deve se situar como um "objeto a" , um objeto causa de desejo, que impulsiona o paciente a buscar sua própria verdade, e construir sua narrativa particular. Assim como o poeta Arthur Rimbaud proclamava: "É preciso ser absolutamente moderno" , a terapia com psicodélicos nos convida a desafiar o novo, a questionar o estabelecido e a nos aventurarmos nos territórios desconhecidos da consciência. No entanto, é um percurso que deve ser amplamente discutido e guiada pela ética, pela responsabilidade e pelo respeito à integridade do indivíduo. Até que ponto o nosso "eu" é uma construção frágil que teme ser desfeito? Você já teve alguma experiência onde sentiu que perdeu o controle, mas ao mesmo tempo se encontrou? Cura Espiritual com Psicodélicos: Uma Perspectiva Contemporânea. A Última Fronteira É o Próprio Humano Ao longo deste artigo, desafiei, me arrisquei a abordar um tema que muitos psicanalistas nem ousam tocar na primeira letra. É portanto uma trilha tênue, uma corda quase invisível, como linha de pesca, que separa o ceticismo da crença, o racional do místico. A nova fronteira da terapia mental não se encontra nas moléculas em si, mas na nossa ousadia em redescobrir que a mente é um território incógnito ainda, vasto e inexplorado, repleto de mistérios e potencialidades. Os psicodélicos não representam a panaceia universal, a solução mágica para os males da alma. Eles são, antes de tudo, um repensar nossa concepção do que significa ser, questionando nossas crenças limitantes e provocando expandir a percepção da realidade. Como escrevi no início, citando Jung: "O psicodélico revela o antigo". Talvez o "antigo" que ansiamos resgatar seja a capacidade de nos maravilharmos com o infinito que reside em nosso interior, de nos conectarmos com a essência primordial, e a capacidade inata de amar, criar e nos transformar. "A única maneira de lidar com um universo absurdo é se tornar um revolucionário da própria existência — e nisso, os psicodélicos são tanto espelho quanto martelo: espelho que reflete nossa sombra e luz, martelo que quebra as correntes do conformismo’’ - Dan Mena. O que te parece mais curativo: calar a dor com medicamentos ou entender o que ela quer dizer? Ketamina e Outros Psicodélicos no Tratamento da Depressão: O Que a Ciência Revela. Por fim, quero fechar com duas citações pertinentes: “Não exploramos o mundo externo porque o conquistamos, mas porque temos medo de entrar em nós mesmos” - Clarice Lispector. E talvez, como sabiamente diz Lacan: ‘’não é o inconsciente que nos assusta, é o fato de que ele sabe demais sobre nós’’ . Referências Bibliográficas POLLAN, Michael. How to Change Your Mind: What the New Science of Psychedelics Teaches Us About Consciousness, Dying, Addiction, Depression, and Transcendence. 2018. Penguin Press. POLLAN, Michael. Como Mudar Sua Mente: O Novo Poder da Psicodelia. 2018. Companhia das Letras. FADIMAN, James. The Psychedelic Explorer's Guide: Safe, Therapeutic, and Sacred Journeys. 2011. TarcherPerigee. GROF, Stanislav. LSD Psychotherapy. 1980. Grove Press. GOLDSMITH, Neal M. Psychedelic Healing: The Promise of Entheogens for Psychotherapy and Spiritual Development. 2011. MAPS. SESSA, Ben. The Psychedelic Renaissance: Reassessing the Role of Psychedelic Drugs in 21st Century Psychiatry and Society. 2012. Muswell Hill Press. LEVINE, Stephen M. The Ketamine Papers: Science, Therapy, and Hope. 2020. Synergetic Press. Não disponível. KRIPPNER, Stanley; PITCHFORD, Daniel B. Psychedelic Psychotherapy: The Healing Potential of Expanded States. 2019. Inner Traditions. STRASSMAN, Rick. DMT: The Spirit Molecule: A Doctor's Revolutionary Research into the Biology of Near-Death and Mystical Experiences. 2000. Park Street Press. STRASSMAN, Rick. DMT: A Molécula do Espírito: Uma Pesquisa Revolucionária sobre a Biologia das Experiências de Quase-Morte e Místicas. 2010. Cultrix. SHRODER, Tom. Acid Test: LSD, Ecstasy, and the Power to Heal. 2014. Blue Rider Press. LONDOÑO, Francisco. Trippy: The Awakening of Ayahuasca. 2023. Celadon Books. BROWN, David Jay. Maps of the Mind: Interviews with Researchers, Therapists, and Designers of Consciousness-Altering Drugs. 2006. MAPS. MCKENNA, Terence. Food of the Gods: The Search for the Original Tree of Knowledge. 1992. Bantam Books. MCKENNA, Terence. Comida dos Deuses: A Busca pela Árvore do Conhecimento Original. 2010. Cultrix. GROF, Stanislav. Realms of the Human Unconscious: Observations from LSD Research. 1975. Viking Press. NARANJO, Claudio. The Healing Journey: New Approaches to Consciousness. 1973. Ballantine Books. WINKELMAN, Michael J.; ROBERTS, Thomas B. (Eds.). Psychedelic Medicine: New Evidence for Hallucinogenic Substances as Treatments. 2007. Praeger. Palavras Chaves #TerapiaComPsicodélicos #SaúdeMental #Psilocibina #MDMA #LSD #Ayahuasca #Psicoterapia #Depressão #Ansiedade #TEPT #Neurociência #Inconsciente #BemEstar #PsicologiaPositiva #TerapiaOnline #InclusãoPsicológica #PsicologiaAmbiental #PsicologiaEsporte #ViésesCognitivos #Felicidade #danmenapsicanalise #blogpsicanalise FAQ - Perguntas Frequentes para a Escuta Psicanalítica Observações Importantes; No momento o uso terapêutico de psicodélicos no Brasil, incluindo a ayahuasca, só pode ser realizado dentro de pesquisas científicas previamente autorizadas pelas autoridades competentes: (ANVISA). Está autorizada em diversos países, embora com diferentes regulamentações e condições. Alguns deles onde existem programas ou autorizações para terapia incluem: Estados Unidos : Existe um interesse crescente em ensaios clínicos autorizados pela FDA que estão em andamento para tratar condições como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e depressão resistente ao tratamento. Canadá : O uso terapêutico de psicodélicos, como a psilocibina, está sendo explorado com ensaios clínicos e autorizações específicas. Reino Unido : O NHS (Sistema de Saúde do Reino Unido) conduz ensaios clínicos com psilocibina para tratamento de depressão resistente. Brasil : Recentemente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou o uso compassivo de psilocibina e MDMA para tratamento de doenças mentais graves. Holanda : Embora não oficialmente aprovada, há discussões e programas de pesquisa em andamento com psicodélicos. Suíça : Psicoterapeutas têm permissão para usar psicodélicos em terapia, em contextos específicos e com regulamentação rigorosa. Verifique as regulamentações locais específicas, pois a legalidade e as condições para terapia com psicodélicos podem variar significativamente de país para país. O que é terapia com psicodélicos? → É o uso de substâncias como psilocibina e MDMA em sessões clínicas controladas, com o objetivo de tratar transtornos mentais e promover experiências terapêuticas profundas. Quais substâncias são usadas na terapia psicodélica? → Psilocibina, MDMA, LSD, ayahuasca e ketamina são as mais utilizadas, cada uma com propriedades específicas que facilitam diferentes formas de acesso ao inconsciente. É seguro fazer terapia com psicodélicos? → Quando realizada em ambientes clínicos controlados e com acompanhamento profissional, é considerada segura. Fora desse contexto, há riscos físicos e psíquicos importantes. Quais transtornos a terapia psicodélica pode tratar? → Depressão, ansiedade, TEPT, dependência química e transtornos relacionados a traumas são as indicações mais comuns, com resultados promissores em estudos clínicos. Como a psilocibina funciona na terapia? → Ela altera a percepção e diminui as barreiras do ego, permitindo o contato com conteúdos emocionais profundos e reprimidos, favorecendo insights e reestruturações internas. O que é MDMA na terapia? → O MDMA facilita o processamento de traumas ao reduzir o medo e aumentar a empatia, sendo especialmente eficaz no tratamento do TEPT, segundo estudos internacionais. A terapia com psicodélicos é legal no Brasil? → Ainda não é regulamentada, mas existem pesquisas em andamento, como as desenvolvidas pelo Instituto Phaneros, que buscam embasamento científico e respaldo ético. Como a neurociência apoia a terapia psicodélica? → Estudos demonstram que psicodélicos alteram redes neurais e aumentam a plasticidade cerebral, o que favorece novas conexões e formas de pensar, sentir e agir. Qual é o papel do inconsciente na terapia psicodélica? → Os psicodélicos facilitam o acesso a conteúdos inconscientes, como memórias reprimidas e emoções não verbalizadas, permitindo que sejam ressignificados terapeuticamente. Psicodélicos podem melhorar o bem-estar? → Sim. Muitos relatos e pesquisas apontam para aumento na sensação de conexão, felicidade e propósito de vida após sessões terapêuticas bem conduzidas. O que é psicologia positiva e como se relaciona? → É uma abordagem que valoriza aspectos como resiliência, gratidão e felicidade — dimensões que também emergem nas experiências com psicodélicos, ampliando seus efeitos. Como a terapia online se conecta aos psicodélicos? → A psicoterapia online pode ser uma aliada na preparação para sessões com psicodélicos e, especialmente, na integração das experiências vividas, tornando-as mais transformadoras. Por que a inclusão é importante na terapia psicodélica? → A inclusão garante que pessoas de diferentes origens e culturas tenham acesso seguro e ético ao tratamento, respeitando suas histórias e singularidades. Como o meio ambiente afeta a saúde mental? → A crise climática e a degradação ambiental geram angústias existenciais e ecológicas, que podem ser acolhidas e transformadas em processos terapêuticos com psicodélicos. O que são vieses cognitivas na psicologia? → São distorções inconscientes do pensamento que afetam decisões e percepções. Na terapia psicodélica, esses vieses podem ser revelados e trabalhados com mais clareza. Visite minha loja ou site: https://uiclap.bio/danielmena https://www.danmena.com.br Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199. Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130.Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Department of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192. De 1 a 5 - Quantas estrelas merece o artigo? Deixe seu relato abaixo em COMENTÁRIOS.
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Dan Mena possui uma abordagem terapêutica baseada em evidências e personalizada para cada cliente. Utilizo técnicas terapêuticas comprovadas para ajudar a tratar questões como ansiedade, depressão, estresse, problemas de relacionamento, traumas, entre outros. Contato Esta é sua seção de contato. Aproveite o campo de mensagem para fazer seus comentários, perguntas, tirar dúvidas e realizar solicitações de atendimentos. Vamos conversar? Telefone (81) 99639-2402 Email wdanielmena@gmail.com Redes sociais Nome Sobrenome Email Sua Mensagem Enviar Obrigado pelo envio!
- Sobre | Dan Mena Psicanálise
Serviços de sessões de Psicanálise para aqueles que buscam se desenvolver e alcançar os seus objetivos pessoais, maneiras de melhor se relacionar com os outros e especialmente consigo mesmo. Olá... Às pessoas que mais se destacam no mercado profissional, detentores de uma vida familiar, emocional e social equilibrada, são justamente aquelas que não têm receio de olhar para seu interior, conscientizando seus problemas, equívocos e dificuldades, tanto quanto reconhecem suas qualidades e aptidões. Somente um verdadeiro autoconhecimento, possibilita que aprendamos a lidar com nossas emoções e afetos, assim, como aquelas do nosso entorno, obtendo excelentes resultados para a vida. Sobre Mim... Dan Mena Daniel Mena nasceu em Montevideo - Uruguay, reside no Brasil há 30 anos, onde se especializou como Psicanalista, Doutor Honoris Causa em Psicanálise pelo Conselho Universitário da Christian Education Universíty da Florida - Departament of Education - USA, Teólogo, Terapeuta, Hipnoterapeuta Clínico, Psicoterapeuta, Escritor, Consultor em Desenvolvimento Humano. Entre 2021 e 2022 publicou os livros: “Ansiedade Revelada”, e “Jornada Revelada dos Sonhos”. Em 2023: “4000 Perguntas para a Clínica Terapêutica” em 2024 lançou a Série “Respostas para a Vida Contemporânea - Freud Explica em 10 minutos” pela Editora UICLAP. Participa na elaboração de artigos em revistas especializadas e blogs. FORMAÇÃO Psicanálise Clínica - Tripé Analítico Psicanálise Integrativa Superior em Teologia Psicologia Positiva Consultor - FIDH - Federação Internacional de Desenvolvimento Humano Hipnoterapeuta Clinico Especialista Psicoterapeuta Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 CBP 2022130 ESPECIALIZAÇÕES - DIPLOMAS E CERTIFICADOS Universidade Estácio de Sá - Psicanálise Técnica & Teoria FAAEC - Faculdade de Administração e Cultura do Paraná - Superior em Teologia FIDH - Federação Internacional de Desenvolvimento Humano - Consultor Prof. Nilton Costa - Head Trainer CNP - Credenciamento a Supervisão pelo Conselho Nacional de Psicanálise ITM - Técnicas de Atendimento Supervisão e Análise Pessoal - Prof. Ailton Assis - Psicanalista Instituto Videira - Brasília - DF Aperfeiçoamento em Psicanálise Teoria, Técnica e Supervisão em Psicanálise FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado Aulas Magnas: Pondé - Cortella - Forbes IBRAPSI - Dr. Prof. Rafael Venâncio Instituto Brasileiro de Psicanálise Interpretação dos Sonhos SBPI - Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa CNP - Terapia da Constelação Familiar Sistêmica PUCRS - Universidade Católica do Rio Grande do Sul Liderança - Prof. Malala Yousafzai e Leandro Carnal SNF - Secretaria Nacional da Família MMFDH Acolhimento a Vida UDEMY A interpretação dos Sonhos Prof.: Dr. César Quidel CNP Especialização em Dependência Química SBC - Innermetrix Análise Comportamental M.E.C Linguagens e suas Tecnologias M.E.C Ciências Humanas e Sociais IPL - Instituto da Psicanálise Lacaniana Clínica do Real Faculdade Keppe & Pacheco ABC da Psicanálise Integral Università di Urbino - Itália - "Digital Human" Prof.: Dr. Alessandro Bogliolo Instituto Singularidades - Jornada da Mente SELF INNER Instituto Psicanálise 360 - SELF INNER Instituto PNL 360 - Programação Neurolinguística FASUL - Faculdade Sul Mineira - Sexologia FASUL - Faculdade Sul Mineira - Psicopedagogia Clínica PSI FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz Abordagem das Síndromes Geriátricas Inst. Federal Rio Grande do Sul Psicologia Aplicada à Reabilitação USP - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto MG - Coronavírus USP - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto MG - Medicina do Sono IIEP - Albert Einstein - Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Delirium Prof.: Dr. Alexandre Holthausen IIEP - Albert Einstein - Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa A dor em situação de Rua Prof.: Dr. Alexandre Holthausen MH - Dra. Maria Homem Manejo Clínico Hipnoterapeuta Especialista Instituto Gasparotto - Certificação Master Clínica - Hipnose Hipnoterapeuta Especialista Escola de Saúde Venes - Psicoterapia - Psicoterapeuta Psicanálise Ativa da Clínica Contemporânea Centro de Psicanálise Contemporâneo Entre outras certificações. PARTICIPAÇÃO EM CONGRESSOS -SEMINÁRIOS 4º Ciclo Internacional Interuniversitário de Psicanálise UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2022 Congresso Internacional PhilPsyCh - Subjetividade, Filosofia e a Psicanálise Universidade Federal de Mato Grosso do Sul 2022 1º Congresso Brasileiro de Psicanálise - Escola Mineira de Humanidades - 2023 Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva com Ênfase em Saúde da Família - 2024 EMS - Escola Mineira - Dras. Giovanna Jorgetto & Livia Perinotti EXPERIÊNCIA Qual a sua queixa? Agressividade, Amor, Angústia, Autoconhecimento, Ciúme, Conflito, Crise, Culpa, Depressão, Desafio, Desejo, Escuta, Esperança, Ética, Existência, Família, Fantasias, Sexualidade, Ficção, Finitude, Histeria, Problemas de Humor, Identidade, Incompletude, Inconsciente, Infância, Insegurança, Inveja, Liberdade, Linguagem, Mal-estar com a civilização. Medo, Memória, Milagre, Religião, Luto, Normatização, Paternidade, Poder, Transtornos, Realidade, Relacionamento, Adição, Retificação subjetiva. Sedução, Singularidade da vida, Sociedade, Amizade, Sofrimento, Sonhos, Tristeza, Comportamento, Traumas, Obsessões, Falsidade, Vergonha, Apego, Vícios, Profissão, etc. ESPECIALIDADES Adultos, Crianças, Adolescentes e Terceira Idade Individual e Casais Problemas de Relacionamento Stress e Traumas Ansiedade e Desordem Adição Fobias Obsessões Transtornos Compulsões Problemas Sexuais Socialização Telefone 81 996392402 Email wdanielmena@gmail.com Redes Sociais
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Serviços de sessões de Psicanálise para aqueles que buscam se desenvolver e alcançar os seus objetivos pessoais, maneiras de melhor se relacionar com os outros e especialmente consigo mesmo. Registros Inconscientes. É preciso escutar a letra dos nossos registros inconscientes... Gozo e Desejo. O gozo é um canal de si mesmo. O desejo, codifica o gozo numa gramática existencial. Trauma. Ele é universal, singular para todos. A mesma experiência pode ser vivida como sendo traumática por uma pessoa e não por outra. Narcisismo. O Narcisismo é o resultado de uma relação de brilho de identidade entre o sujeito e a sua própria imagem. Repressão e Vergonha. As medidas de REPRESSÃO, são funções da censura referente a conteúdos inconscientes, quer dizer; são moldes comportamentais que usamos para evitar desejos, ideias, fantasias, pensamentos e anseios. Dialogo ou Conversa. Ao contrário da crença popular, a análise, não é um diálogo, senão uma escuta flutuante sobre o dizer do analisado. Neurose. A Neurose comportamental é um conflito com o desejo. O acometido não quer tomar consciência dessa pulsão. Escolhas. Não fazemos a escolha do outro, embasados no intelecto e racionalidade, nem sequer pelos ideais, se eles se ajustam, encaixam, será um plus, nunca o fundamento. Afetos. Um dos estados emocionais, no conjunto de todos os sentimentos humanos, do mais encantador e agradável ao intolerável, revelado por uma descarga emocional, seja violenta, física, psíquica, futura, imediata ou adiada. Melancolia. Na Melancolia, existe uma profunda agnição identificação com o objeto perdido, que suscita e promove um declínio do eu. Essa perda, não simbolizada, quando o laço se interrompe, gera sentimentos. Masoquismo. O Masoquismo é uma forma de perversão... A afirmação pode suscitar uma pergunta... Como goza um indivíduo? Ira e Ódio. Qual a origem da ira? A raiva, ódio, exaltação, irritação, rancor, são estes padrões infantis concebidos ante as oposições, negações e frustrações que remontam aos pais ou cuidadores. Telefone 81 996392402 Email wdanielmena@gmail.com Redes Sociais