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- Feminicídio - Violência, Perseguição e Morte.
A ferida narcísica coletiva e sua relação com o feminicídio no Brasil. Desnudando a Alma da Violência Antes de adentrar no tema profissionalmente, devo me lembrar que carrego em mim a memória viva das mulheres que me fizeram homem: uma mãe que teceu dias e noites para me proteger, irmãs que desbravaram horizontes estreitos com unhas e dentes, filhas que me ensinaram a ver o mundo não apenas com meus olhos, mas com os delas. São essas vozes — suaves, rugosas, resilientes — que me sussurram: Maria não é um nome solitário. É um espelho refletindo milhões de rostos: mães que carregam mundos nas costas, filhas que brincam sob a sombra de um medo que ainda não nomearam, avós que enterram segredos nas dobras do tempo. Ao amanhecer, a rotina de Maria parece trivial: o aroma do café se mistura ao caos matinal de filhos famintos e tarefas infindáveis. Cada gesto — abrir a janela, arrumar mochilas, esconder um bocejo na manga da camiseta — são na verdade, atos invisíveis de resistência. A esperança, aqui, não é um sentimento abstrato, pois o relógio avança enquanto ela corre contra ele. Mas quando o sol se põe, essa mesma mulher — que personifica a força em cada fissura — é silenciada. Não por um acaso do destino, mas pela mão que um dia acariciou seu rosto e depois se fechou em punho. Alguém que jurou amor, embora confunda afeto com posse, proteção com controle, ciúme com direito. O feminicídio não é um fim abrupto: é a última linha de um roteiro escrito a sangue frio. Me pergunto: que abismos psíquicos engolem um homem até que ele enxergue no extermínio da mulher um ato de "honra", "paixão" ou "justiça"? Não há respostas, podemos considerar algumas pistas. Entre elas, destaco a ‘’ferida narcísica coletiva’’ . "No feminicídio, o agressor destrói o espelho que reflete sua ruína." - Dan Mena. A psicologia por trás do feminicídio: entendendo a mente do agressor. O Retrato Social A noção de ferida narcísica remonta a Freud, ele descreveu o narcisismo como uma etapa fundamental do desenvolvimento psíquico, onde o ego investe a libido em si mesmo. Quando ferido — seja por uma rejeição, uma humilhação ou a ameaça de perder controle —, a reação pode ser violenta, uma tentativa desesperada de restaurar a ilusão de ''suposta grandiosidade ameaçada' '. Aplicada ao contexto social, se refere a uma ‘’fratura na identidade grupal’’ , especialmente em estruturas de poder historicamente dominantes (como o patriarcado). Quando um sistema baseado em hierarquias rígidas — onde homens são socializados para se verem como provedores, controladores e centrais — desafiado pela autonomia feminina, surge uma crise. A emancipação das mulheres, a contestação de papeis de gênero e a perda de "privilégios simbólicos " (como a posse sobre o corpo e o tempo da mulher) são vividas, por alguns homens, como uma ameaça existencial à sua própria identidade. Desdobramentos psíquicos e sociais: A ilusão da completude: Na psicanálise lacaniana, o sujeito é marcado por uma falta constitutiva. No patriarcado, porém, se ensina aos homens que essa falta pode ser preenchida pela dominação do "outro" (neste caso, a mulher). Quando essa fantasia é quebrada — e ela se recusa ser objeto de completude —, o golpe narcísico aflora. A violência se torna então, uma tentativa patológica de restaurar a ilusão de onipotência perdida. Masculinidade como performance frágil: A masculinidade hegemônica é construída sobre mitos de invulnerabilidade e dominação. Quando um homem é confrontado com sua própria vulnerabilidade (um divórcio, uma independência financeira da parceira, uma recusa sexual), a ferida narcísica coletiva se manifesta como ódio projetado: ele não ataca a própria debilidade, mas a mulher que a espelha. A cultura como espelho deformado: A sociedade patriarcal atua como um ‘ ’grande Outro’’ que valida e normaliza essa fenda. Piadas misóginas, a romantização do ciúme ("quem ama, cuida") , e a ideia de que a mulher é uma "propriedade" a ser defendida reforçam a narrativa de que a agressão é legítima para "reparar" a honra vista como ferimento. O assassinato como ato "restaurador": No feminicídio, o agressor não mata apenas uma mulher: mata o símbolo do que o confronta com sua própria inadequação . É um ato de negociação delirante com o próprio ego, onde extinguir o "outro" parece a única forma de recuperar uma identidade em colapso . Como escreveu Contardo Calligaris: “Os crimes passionais são crimes de orgulho: mato para não ter que admitir que não sou quem eu pensava que era”. A importância da rede de apoio na prevenção do feminicídio e violência doméstica. Ele faz uma crítica contundente à ideia de que crimes passionais são motivados por "amor" ou "paixão" . Ele desloca o foco para o ‘ ’narcisismo ferido’’ ’ do agressor: "Não sou quem eu pensava que era" : O feminicida mata para evitar o colapso de sua auto-imagem grandiosa e estereotipada (o homem provedor, dominador, "dono" da mulher'' ). A citação expõe a ‘’mentira social’’ por trás do termo 'passional' , que romantiza a violência, e revela a raiz do problema: uma identidade masculina construída sobre ilusões de superioridade, que se esfacela quando confrontada com a autonomia feminina. Por que a ferida é coletiva? Não se trata de patologia individual, mas de uma dinâmica social internalizada. A ferida narcísica coletiva é alimentada por: Mitologias culturais : Narrativas que glorificam homens como "senhores do destino" (herois, conquistadores). Falhas na simbolização : A incapacidade de elaborar simbolicamente a igualdade de gênero, substituindo hierarquias por relações de alteridade. Transmissão geracional : Meninos aprendem que "homem não chora" , mas dominam; meninas aprendem que "amar é sofrer" . Um ‘’ego’’ que só se reconhece inteiro ao reduzir o outro a fragmentos e pulverização. O assassino não é um monstro à parte da sociedade — ele é o fruto podre de uma árvore plantada em solo arcaico, regado por piadas misóginas, leniência institucional e a romantização do sofrimento feminino ("ele bate, mas ama") . "Educar é dissolver os mitos que transformam homens em algozes e mulheres em presas." - Dan Mena. Parece que estamos assistindo a um ''teatro de horror'' . Somos uma plateia silenciosa. Chamamos o feminicídio de "crime passional" , como se houvesse paixão no ato de esvaziar um corpo de sua humanidade. Minimizamos agressões como "brigas de casal" , como se o lar fosse um território neutro, não um campo de guerra invisível. Consumimos histórias onde a posse é confundida com romance, e depois nos perguntamos por que o ciclo persiste. Esse espiral exige mais que discursos — exige mudanças. Lentes que naturalizam a violência: nas escolas, onde meninas aprendem a se encolher e meninos a se expandir; nas leis, que muitas vezes chegam tarde demais; na cultura, que transforma corpos femininos em territórios a serem conquistados. Precisamos olhar para Maria e ver nela não uma vítima, mas uma guerreira interrompida. Reconhecer que cada vida truncada é um fracasso épico da humanidade compartilhada. Uma Análise Histórica da Aniquilação Feminina O termo "feminicídio" bate como um lamento que carrega o peso de séculos de opressão. Não se trata de um mero homicídio, mas de um crime impregnado de gênero, uma execução deliberada que encontra suas raízes no ódio, no controle e na subjugação da’’ mulher enquanto mulher’’. O conceito, que foi lançado na década de 1970 por ativistas feministas, ganhou contornos acadêmicos com as estudiosas Jill Radford e Diana E. H. Russell, que o definiram como "o assassinato de mulheres por homens motivado por misoginia" . Essa definição transcende a mera técnica, onde o podemos enxergar como um ato político, um espelho de uma sociedade que ainda luta para reconhecer a mulher como sujeito pleno de direitos, como diria Simone de Beauvoir em "O Segundo Sexo" . A violência contra elas é tão antiga quanto as primeiras sociedades. Gerda Lerner, em "The Creation of Patriarchy ", argumenta que o controle sobre o corpo e a vida das mulheres foi um dos pilares da construção das hierarquias sociais. Nos tempos do Código de Hamurabi, a mulher era legalmente vista como propriedade do pai ou do marido, um objeto que podia ser castigado, trocado ou destruído. Na Idade Média, as leis feudais reforçaram essa lógica, punindo com a morte a mulher que "desonrou" o marido. Tais padrões não desapareceram, apenas se metamorfoseiam na atualidade, se adaptando às eras, mas mantendo sua essência. Leis de proteção contra o feminicídio: avanços e desafios no Brasil. "A empatia é o antídoto para um mundo que normaliza a violência." - Dan Mena. No Brasil, o tema é uma chaga aberta. Jeová Rodrigues Barbosa, em "Feminicídio no Brasil" , demonstra que milhares de mulheres são assassinadas anualmente, muitas vezes por seus próprios namorados, parceiros ou ex, também isso se confirma facilmente nos noticiários. O que distingue o feminicídio de outros homicídios é a motivação: a vítima é morta por ser mulher, por desafiar o domínio masculino, mesmo que de forma sutil ou inconsciente. O crime frequentemente representa o ápice de uma escalada de abusos: insultos que evoluem para tapas, tapas que se transformam em surras, e surras que culminam na morte. Um roteiro trágico que se repete com assustadora regularidade. Por que falhamos em proteger essas mulheres? A resposta reside na história, nas leis brandas e na cultura que ainda romantiza o controle masculino, perpetuando a misoginia denunciada por Jack Holland em "Misogyny: The World's Oldest Prejudice" . "O feminicídio é a expressão mais extrema de uma guerra travada contra as mulheres, uma batalha cujas armas são o poder e o silêncio. " – Rita Segato, La Guerra Contra las Mujeres (2016). A Mente do Agressor O que leva um homem a assassinar a mulher que ele afirmava amar? A resposta não reside na superfície da raiva ou do ciúme. Estudos como os de Jackson Katz, em "The Macho Paradox" , expõem que muitos agressores compartilham traços como narcisismo, baixa tolerância à frustração e uma visão distorcida de poder . Eles não matam em um momento de fúria, mas sim, porque acreditam ter o direito de decidir sobre a vida da vítima, como se fossem donos de sua existência. Agressores sempre exibem comportamentos obsessivos, como monitorar redes sociais, ligar incessantemente ou isolar a vítima de sua rede de apoio. Um estudo recente da Universidade de São Paulo (USP) sobre violência doméstica mostra que a maioria das mulheres assassinadas por seus parceiros já havia sofrido abusos psicológicos prévios, como humilhações e ameaças. Tais atos não são aleatórios, mas sim táticas de poder, formas de "treinar " a vítima a se submeter. "A rede de apoio é o fio que costura a esperança onde o medo rasgou." - Dan Mena. Ademais, muitos deles carregam traumas não resolvidos. Um histórico de abuso na infância ou exposição a modelos violentos pode normalizar a agressividade como resposta a conflitos. Isso não justifica a violência, mas demonstra que ela é um ciclo aprendido, não um instinto inato. Romper essa configuração psíquica exige intervenção psicológica séria, algo que nossa sociedade raramente oferece. A violência também é alimentada por crenças culturais. A ideia de que o homem "deve" ser o ''provedor e a mulher " cria uma caixa fechada para o feminicídio. Quando essa ordem é desafiada, o agressor reage como se sua identidade estivesse em xeque. É um paradoxo: ele mata para afirmar poder, mas revela, na verdade, sua impotência diante da liberdade alheia , como ressalta Michael Kimmel em "The Gendered Society" . "A violência masculina não é um desvio; é um produto apreendido de uma cultura que equipara masculinidade à posse." – Michael Kimmel. Gaslighting e feminicídio: como a manipulação psicológica leva à violência extrema. O Inconsciente Patriarcal O inconsciente é como um território selvagem irrigado por um patriarcado enraizado na cultura. Lacan, com seu conceito de "Nome-do-Pai" , nos ajuda a entender como a lei simbólica masculina estrutura o desejo e o poder. O feminicídio, nesse sentido, é um ‘’acting out’’ , ("passagem ao ato") se refere a um conceito base da psicanálise que descreve a manifestação de conflitos psíquicos inconscientes por meio de ações, geralmentes impulsivas, em vez de serem elaboradas verbalmente ou simbolicamente. Seria um mecanismo de defesa distorcido, conteúdos recalcados que o sujeito não consegue acessar conscientemente) logo aparece uma explosão do inconsciente que não tolera a mulher como livre de amarras. O patriarcado não é apenas um sistema social externo, mas uma ferida psíquica internalizada. Quando uma mulher rompe o ‘’script’’ , o agressor reage como se sua própria existência estivesse em risco. Não se trata apenas sobre ela, mas sobre o que ela representa: a ameaça à ordem que o valida como homem . Psicanaliticamente, isso é uma ‘’pulsão de morte’ ’, não só contra a vítima, mas contra a possibilidade de um mundo onde ele não seja o centro. No caso do tema, o instigador pode invejar a capacidade da mulher de ser autônoma, de criar vida, de existir fora dele. Essa inveja se transforma em ódio, e o ódio em um desejo de destruir o que não pode ser possuído. Outro aspecto é o mecanismo de projeção. O acometedor projeta suas fraquezas na vítima, a transformando no "problema" a ser eliminado . Esse sujeito geralmente está preso ao "Imaginário" , incapaz de entrar no "simbólico" onde a alteridade é aceita. Entendendo ou Simbólico e o Imaginário Nossa fala reflete a dinâmica entre os registros do Imaginário e do Simbólico. O Imaginário é o campo das imagens, identificações e ilusões de completude , onde o sujeito se fixa em relações dualistas (como o "eu" versus o "outro" no espelho de si) busca desta forma uma unidade narcísica. Quando falamos na psicanalise estar "preso ao Imaginário " sugerimos que o individuo não consegue transcender essa ' 'lógica egocêntrica e fusional' ', permanecendo incapaz de reconhecer a diferença ou a alteridade (o outro como distinto) . O Simbólico, por outro lado, é o domínio da linguagem, a lei e a cultura, onde o sujeito se insere em uma ordem social que estrutura as relações e aceita a alteridade. Entrar no ''contexto simbólico'' implica reconhecer o outro como um sujeito separado, mediado pelas regras e significações compartilhadas, o que exige a renúncia à ilusão de completude imaginaria e ficcional . Assim, a expressão indica que o sujeito descrito está fixado em uma lógica narcísica e imaginária, resistindo à entrada no simbólico, onde a aceitação da alteridade e a mediação pela linguagem permitiriam relações mais estruturadas e menos centradas no eu . Isso pode apontar para dificuldades em lidar com a diferença, a castração (no sentido lacaniano) ou a inserção na ordem social. "O patriarcado é uma neurose coletiva que transforma o outro em ameaça." – ''Shulamith Firestone, The Dialectic of Sex' ' (1970). Feminicídio no Brasil: a violência de gênero e o silêncio da sociedade. A Sociedade que Sustenta a Violência A sociedade não apenas tolera essa violência, mas o alimenta com normas, silêncios e justificativas. Judith Butler, em "Gender Trouble" , nos lembra que o gênero é uma performance imposta, e quando a mulher sai desse palco predeterminado, o castigo é brutal. No Brasil, as estruturas sociais criam um panorama acolhedor para o tema. A desigualdade econômica deixa muitas mulheres presas a parceiros abusivos por falta de recursos. A romantização do amor possessivo normaliza o controle. Carla Cristina Garcia, em "Feminicídio: Uma Análise Sociojurídica" , destaca que a impunidade é o oxigênio desse crime historicamente. Quando agressores saem impunes ou recebem penas leves, a mensagem é clara: a vida delas importa menos . A mídia também tem seu papel sombrio, tratando o tema como espetáculo, focando na brutalidade, mas raramente nas causas. Precisamos de uma mídia que eduque, que mostre os sinais de alerta e cobre responsabilidade. As instituições, por sua vez, falham miseravelmente, com delegacias sobrecarregadas e sub-financiadas. Muitas vítimas não denunciam por medo, vergonha ou desconfiança no sistema, que também não protege eficazmente. Mulheres que fizeram dezenas de boletins de ocorrência, tem medidas judiciais protetivas consolidadas, chamaram a policia dezenas de vezes, acabam mortas. Alguma coisa está muito errada, não é verdade? Isso denota uma crise na ordem simbólica da ordem social , onde as instituições falham em sua função de mediar as pulsões, proteger os sujeitos e simbolizar o trauma. Esse erro, deixa as vítimas presas entre o Imaginário (vergonha, medo) e o Real (violência, morte) , sem acesso a uma elaboração estrutural que poderia interromper o ciclo de violência. Esse laço civilizatório, sustentado pelo Simbólico, está quebrado, permitindo que a pulsão de morte prevaleça. A educação é outro ponto cego. Crianças crescem vendo modelos de gênero rígidos, e sem uma educação que desconstrua isso desde cedo, o patriarcado se renova a cada geração. Somos todos cúmplices quando fechamos os olhos. Cada piadinha sexista, cada silêncio diante de um grito, tipo "deixa pra lá" é um passo rumo a próxima vítima. R.W. Connell, em "Gender and Power ", nos lembra: "A violência contra as mulheres é um mecanismo de controle social que mantém o patriarcado intacto." – R.W. Connell, Gender and Power (1987). A interseccionalidade no feminicídio: raça, classe e vulnerabilidade das mulheres. Redes Sociais: Amplificadoras da Misoginia ou Ferramentas de Denúncia? As redes são como uma alma coletiva, e o que refletem nem sempre é bonito. Por um lado, dão voz às vítimas com movimentos como o #NiUnaMenos. Por outro, são um megafone para a misoginia, com posts que culpam mulheres por "provocarem" seus agressores ou que romantizam os ciúmes doentios. Sara Ahmed, em "The Cultural Politics of Emotion" , nos alerta que as emoções circulam online e constroem realidades, algumas delas tóxicas. O ódio digital muitas vezes é o primeiro passo para a violência física. Grupos de ódio usam plataformas para atacar mulheres que desafiam normas de gênero. A linha entre o virtual e o real é tênue, e o feminicídio muitas vezes começa com palavras digitadas. A polarização também complica o cenário. Enquanto feministas lutam por visibilidade, a ‘’backlash’’ online cresce. Redes ampliam tanto o grito das vítimas quanto o veneno dos agressores. Para mudar isso, precisamos de educação digital e moderação mais rigorosa nas plataformas. Ensinar empatia online desde cedo e punir discursos de ódio com agilidade pode reduzir o impacto negativo. "O digital não cria o ódio; ele o organiza e o amplifica." – Sara Ahmed, ' 'The Cultural Politics of Emotion' ' (2004). A Luta Pela Liberação Feminina e o Contra-Ataque do Patriarcado Simone de Beauvoir escreveu: "Não se nasce mulher, torna-se." Mas o que acontece quando esse "se tornar" desafia o mundo ao seu redor? Susan Faludi, em "Backlash" , descreve como cada avanço feminino provoca uma reação violenta. A autonomia das mulheres é vista como uma ameaça existencial por homens presos a tradições. A mídia reforça essa tensão, muitas vezes retratando mulheres independentes como "frias" ou "arrogantes" , enquanto homens ciumentos são "apaixonados" . Esse ‘’backlash’ ’ não é só individual, mas estrutural, com políticos conservadores defendendo "valores tradicionais" que colocam a mulher como subordinada. O feminicídio é a expressão mais extrema dessa resistência: se mata a mulher para "restaurar" a ordem. Vítimas Vulneráveis Nem todas elas enfrentam o problema da mesma forma. Raça, classe e gênero se cruzam, criando camadas de vulnerabilidade que não podemos ignorar. Mulheres afrodescendentes e menos favorecidas economicamente são desproporcionalmente alvo desse crime. No Brasil, elas têm o dobro de chance de serem assassinadas em comparação com as caucasianas. Esses números são o resultado de um sistema que abandona quem está nas margens. A ‘’interseccionalidade’’, termo criado por Kimberlé Crenshaw, nos obriga a olhar além do óbvio. Não basta falar de "mulheres" como um grupo homogêneo, pois as opressões se entrelaçam. "A violência de gênero é inseparável das hierarquias de raça e classe." – Rita Segato, Feminicidio en América Latina (2010). Como prevenir o feminicídio: estratégias de proteção e conscientização social. Estratégias de Prevenção e Intervenção Desconstruir mitos de gênero é o primeiro passo para combater o problema. Na clínica, vejo que terapias focadas em ‘’masculinidade tóxica’’ podem desarmar agressores em potencial, enquanto o acolhimento às vítimas é essencial para romper o silêncio. Socialmente, precisamos de leis mais rigorosas e políticas públicas que funcionem. A prevenção começa na educação, com crianças aprendendo desde cedo que respeito e igualdade não são negociáveis. A intervenção psicológica é outro pilar. Homens com histórico de violência, podem se beneficiar de terapias que explorem suas inseguranças e que derrubem a ideia de posse . Para as vítimas, o apoio é vital. Terapias que validem a dor e ofereçam ferramentas práticas podem salvar vidas. Socialmente, precisamos de mais abrigos, linhas de apoio 24 horas e treinamento para policiais e médicos reconhecerem sinais de risco. A justiça também precisa agir, com juízes sensibilizados e processos ágeis. Por fim, a sociedade deve se envolver. Vizinhos que ouvem gritos, amigos que notam hematomas, familiares que percebem o isolamento, todos têm um papel. Identificando o Perigo: Perfis Homicidas e Estratégias de Proteção Os passos desse agressor seguem um padrão : aproximação com charme e idealização, controle e isolamento, escalada com ameaças e violência, e, por fim, o feminicídio com a destruição final. Sinais de alerta incluem ciúmes extremos, controle sobre finanças, mudanças de humor bruscas e ameaças. Estratégias de proteção incluem confiar em seus instintos, manter uma rede de apoio, planejar uma saída e continuar denunciando (a pesar da falha). É fundamental enfatizar que a independência feminina é um direito, não uma provocação. Mulheres são livres para expressar sua sexualidade sem medo, e homens devem aprender a respeitar isso . Eu vejo um futuro onde o silêncio não seja mais arma, mas ponte para o entendimento, onde as mulheres não sejam sombras de roteiros alheios, mas autoras de suas próprias histórias, livres para amar, trabalhar e existir sem medo. Esse amanhã não é utopia, é uma escolha. A mudança começa com homens questionando o privilégio que os cega, mulheres se erguendo sem culpa e a sociedade dizendo "basta" com ações, não só palavras. O Gaslighting É uma forma de manipulação psicológica em que uma pessoa ou grupo semeia dúvidas na mente da outra, a fazendo questionar sua própria memória, percepção ou sanidade. O termo vem do filme ‘’Gaslight (1944)’’ no qual um marido manipula a esposa ao alterar o ambiente (como diminuir luzes de gás) e negar as mudanças, a levando a acreditar que está enlouquecendo. Táticas Principais - Negação e Mentiras O ‘’gaslighter’’ nega fatos ou conversas, mesmo diante de evidências. Banalização dos Sentimentos : Despreza emoções do outro como "drama" ou "frescura" . Distorção da Realidade : Apresenta versões falsas de eventos para confundir. Isolament o: Afasta a vítima de amigos/família para aumentar a dependência. Projeção : Acusa a vítima de comportamentos que ele mesmo pratica. Motivações Controle : Dominar a vítima emocionalmente. Fuga de Responsabilidade : Evitar culpa por ações próprias. Manipulação : Mantém a vítima insegura e submissa. Sinais Dúvida constante sobre suas memórias ou percepções. Se perceber excessivamente sensível. Pedir desculpas frequentes, mesmo sem culpa. Isolamento progressivo de pessoas próximas. Impactos na Vítima Emocionais : Ansiedade, depressão, autoestima fragilizada. Cognitivos : Dificuldade de confiar no próprio julgamento. Sociais : Isolamento e dependência emocional. Contextos Comuns Relacionamentos abusivos, famílias disfuncionais, ambientes de trabalho tóxicos. Pode ocorrer de forma intencional (para controle) ou inconsciente. Diferença de Conflitos Normais A diferença de embates se dá observando que não se trata de desentendimentos pontuais, mas de um ‘’padrão sistemático’’ para minar a autopercepção da vítima. Gaslighting é uma forma grave de ''abuso emocional'' . Se identificar esses sinais, priorize sua saúde mental. Provocações Sensuais e Reflexão Um ponto sensível: às provocações públicas sensuais. Quero ser claro: nada justifica o ato. A violência é sempre culpa do agressor . Mas, em um mundo ainda patriarcal, algumas mulheres usam a sexualidade como poder ou até como forma de "testar" o parceiro , o que pode gerar tensões. Por exemplo, uma mulher que busca independência, mas mantém o homem como "projeto" emocional ou financeiro , vai desenvolver um conflito de expectativas. Isso não é culpa dela, mas, uma contradição que merece reflexão. Como a educação pode combater o feminicídio nas futuras gerações. “A violência não é uma resposta ao desejo; é a falência do diálogo.” - Dan Mena. Observação Importante ; As fotos utilizadas para ilustrar este artigo são meramente produtos fotográficos profissionais sob licença da Pixabay concedidas ao autor do artigo. Equivalem a representações teatrais de maquiagem, cenários e figurações de atores(as). Em hipótese alguma devem ser consideradas como reais, ter ligação ou associação com crimes, ódio contra a mulher, violência doméstica, assassinatos, armas são cenográficas, racismo ou perseguições contra quem seja. Referências Bibliográfica s Ahmed, Sara – The Cultural Politics of Emotion (2004, Routledge) Barbosa, Jeová Rodrigues – Feminicídio no Brasil (2019, Editora Appris) Beauvoir, Simone de – The Second Sex (1949, Vintage Books) Butler, Judith – Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity (1990, Routledge) Connell, R. W. – Gender and Power: Society, the Person, and Sexual Politics (1987, Stanford University Press) Dobash, R. Emerson & Dobash, Russell P. – Violence Against Women: A Critique of the Due Diligence Standard (2015, Open University Press) Engels, Friedrich – The Origins of the Family, Private Property and the State (1884, Penguin Classics) Faludi, Susan – Backlash: The Undeclared War Against American Women (1991, Crown) Firestone, Shulamith – The Dialectic of Sex: The Case for Feminist Revolution (1970, Bantam Books) Foucault, Michel – The History of Sexuality (1976, Pantheon Books) French, Marilyn – The War Against Women (1992, Summit Books) Friedan, Betty – The Feminine Mystique (1963, W.W. Norton & Company) Garcia, Carla Cristina – Feminicídio: Uma Análise Sociojurídica da Violência Contra a Mulher no Brasil (2018, Editora Juruá) Holland, Jack – Misogyny: The World’s Oldest Prejudice (2006, Carroll & Graf) Johnson, Allan G. – The Gender Knot: Unraveling Our Patriarchal Legacy (1997, Temple University Press) Katz, Jackson – The Macho Paradox: Why Some Men Hurt Women (2006, Sourcebooks) Kimmel, Michael – The Gendered Society (2000, Oxford University Press) Lerner, Gerda – The Creation of Patriarchy (1986, Oxford University Press) Mies, Maria – Patriarchy and Accumulation on a World Scale (1986, Zed Books) Millett, Kate – Sexual Politics (1970, Doubleday) Radford, Jill & Russell, Diana E. H. – Femicide: The Politics of Woman Killing (1992, Twayne Publishers) Segato, Rita – La Guerra Contra las Mujeres (2016, Prometeo Libros) Segato, Rita (Editora) – Feminicidio en América Latina (2010, Universidad Nacional de Quilmes) Wolf, Naomi – The Beauty Myth: How Images of Beauty Are Used Against Women (1990, Chatto & Windus) Palavras Chaves #Feminicídio #ViolênciaContraMulheres #Patriarcado #Misoginia #CrimePassional #AgressãoDoméstica #EmpoderamentoFeminino #IgualdadeDeGênero #LeisDeProteção #RedeDeApoio #ConscientizaçãoSocial #EducaçãoDeGênero #SaúdeMental #Trauma #CulturaMachista #DireitosDasMulheres #PrevençãoDeViolência #MovimentoFeminista #JustiçaSocial#PolíticasPúblicas#DanMenaPsicanalise#Violência#Agressão# Visite minha loja ou site: https://uiclap.bio/danielmena https://www.danmena.com.br Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199. Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130.Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Department of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192. De 1 a 5 - Quantas estrelas merece o artigo? Deixe seu relato abaixo em COMENTÁRIOS.
- Psicodélicos: "A Nova Fronteira da Terapia".
Benefícios da Terapia Psicodélica para a Saúde Mental. Tendências de 2025: O Futuro da Psiquiatria - Psicologia e a Psicanálise Enquanto a crise global de saúde mental atinge níveis epidêmicos, com milhões de pacientes fracassando em tratamentos convencionais para depressão, ansiedade e TEPT, um fenômeno científico surge ineditamente com respostas: a terapia assistida por psicodélicos. Distante de misticismos ou tendências passageiras, essa revolução é sustentada por evidências muito robustas, garanto que estudei o assunto muito a fundo: (leia bibliografia ao final do artigo). Pesquisas recentes conduzidas pelo Imperial College London, Johns Hopkins e pelo Instituto de Psiquiatria de São Paulo demonstram que compostos como psilocibina e MDMA alcançam taxas de remissão de até 70% em casos resistentes, desempenho que antidepressivos tradicionais levariam décadas para igualar. Estamos diante do surgimento de uma ferramenta acessória terapêutica inédita, no qual o rigor científico e avanços farmacológicos se alinham para confrontar os limites da psiquiatria contemporânea. Você já ouviu falar em psicodélicos para depressão ou ansiedade? Se tantos remédios não funcionam, por que não olhar para caminhos que a ciência está redescobrindo? O Colapso do Modelo Tradicional e a Urgência de Alternativas A psiquiatria atual enfrenta uma encruzilhada sem precedentes. Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs), considerados padrão-top desde os anos 1980, falham em 30% a 50% dos casos, enquanto abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) demandam meses para obter resultados parciais. Nesse enquadramento, os pacientes não são meros "náufragos da alma" , mas vítimas de um sistema fragmentado, que reduz diagnósticos a desequilíbrios químicos simplistas. A neurociência moderna, contudo, pode afirmar que transtornos mentais envolvem redes neurais hipercomplexas, memórias traumáticas consolidadas e padrões cognitivos inflexíveis – justamente, os alvos onde os psicodélicos atuam com precisão inusitada segundo as pesquisas. Além da Serotonina, Rumo à Neuroplasticidade Diferentemente de fármacos que regulam sintomas superficialmente, psicodélicos clássicos (psilocibina, LSD) e entactógenos (MDMA) induzem a uma reestruturação cerebral. Estudos de neuroimagem evidenciam que essas substâncias suprimem a atividade da rede de modo padrão (DMN), estrutura hiperativa em quadros depressivos crônicos e associada à ruminação autodepreciativa. Paralelamente, estimulam a neurogênese no hipocampo e ampliam a conectividade entre hemisférios cerebrais, mecanismos que fundamentam relatos de "reinicialização mental" . Em ensaios clínicos de fase III, financiados por organizações como a MAPS e a Compass Pathways, ‘’sessões únicas de psilocibina combinadas à psicoterapia’’ produziram efeitos antidepressivos por até 12 meses – um avanço exponencial frente ao paradigma da medicação contínua. "Os psicodélicos não são remédios, mas ‘ferramentas de reinicialização’ que reescrevem a arquitetura cerebral, dissolvendo padrões rígidos como ácido sobre uma placa de metal" (GOLDSMITH, Psychedelic Healing, 2011). Será que estamos tratando doenças da alma apenas com química e esquecendo nossa complexidade? Experiências Psicodélicas Podem Expandir Sua Consciência Quantas pessoas você conhece que vivem medicadas, mas continuam sofrendo? O Papel da Ciência na Mudança de Narrativa A reinserção dos psicodélicos na medicina não é fortuita. Após meio século de proibição, impulsionada pela Guerra às Drogas, o ressurgimento dessas pesquisas se deve a três pilares: (1) Metodologia rigorosa: protocolos com dosagens controladas, ambientes sensoriais monitorados e integração psicológica pós-experiência; (2) Inovações tecnológicas: técnicas de ressonância magnética funcional permitem decifrar em tempo real a atividade cerebral durante as sessões; (3) Demanda social: iniciativas como o Decriminalize Nature e investimentos de US$ 2,5 bilhões em startups do setor, aceleram mudanças regulatórias. A própria Food and Drug Administration (FDA) - USA, concedeu status de "Terapia Inovadora " ao MDMA para TEPT. Por que tantos cientistas sérios estão investindo tempo e dinheiro nisso agora? Você confiaria em um tratamento que já foi considerado perigoso, mas hoje é apoiado por grandes universidades? Psicanálise e Psicodélicos: Diálogos no Labirinto Mental A interseção entre psicanálise e psicodélicos oferece perspectivas interessantes para compreender os mecanismos simbólicos e arquetípicos ativados durante as sessões analíticas. Enquanto como psicanalistas adentramos no inconsciente através da ‘’associação livre’’ e ‘’da transferência’’ , os psicodélicos funcionam como catalisadores que dissolvem as defesas do ego, expondo conteúdos reprimidos com intensidade cinematográfica. Carl Jung, ao discutir o ‘’inconsciente coletivo’’ e os arquétipos, antecipou metaforicamente a experiência de universalidade relatada por usuários de psilocibina, que descrevem encontros com imagens mitológicas ou narrativas existenciais compartilhadas. Na prática da clínica moderna, tem muitos psicanalistas envolvidos em pesquisas com psicodélicos – como os protocolos da MAPS – destacam que a substância não substitui a escuta analítica, senão que amplifica o processo de elaboração. Durante a experiência, resistências são temporariamente suspensas, permitindo que traumas infantis, conflitos edipianos ou fantasias primárias possam emergir com clareza em sessões convencionais. A integração pós-experiência, etapa fundamental, se assemelha à interpretação de sonhos em escala ampliada, onde auxiliamos o paciente a tecer significados a partir do material bruto do inconsciente. Esse sincretismo entre farmacologia e hermenêutica psicanalítica pode inaugurar uma nova era de terapias ampliadas, onde ciência e subjetividade coexistem sem hierarquias. "A experiência psicodélica é um convite, não uma resposta. Cabe ao analista evitar que o paciente confunda êxtase químico com iluminação" (FADIMAN, The Psychedelic Explorer's Guide, 2011). Afinal, como lembra Terence McKenna: "A cura está no caos, mas o sentido está na integração" (MCKENNA, Comida dos Deuses, 2010). Será que os psicodélicos nos ajudam a ver o que escondemos até de nós mesmos? O que você faria se pudesse acessar memórias e emoções que hoje estão adormecidas? Ética, Acesso e Sustentabilidade Apesar do cenário promissor, os dilemas críticos persistem. Como impedir a exploração comercial de substâncias sagradas para povos originários? Como assegurar acesso democrático em nações periféricas, onde 80% dos casos de depressão permanecem sem tratamento? Especialistas do Centro Global de Saúde Mental sugerem modelos híbridos: parcerias com comunidades indígenas para uso ético de conhecimentos ancestrais, aliadas a protocolos digitais de terapia de integração via plataformas online. O objetivo é transformar a "revolução silenciosa" em um movimento inclusivo, nos distanciando dos erros históricos da indústria farmacêutica, como a elitização de tratamentos. Estamos assim, diante de um marco histórico. A psicodelia não é uma panaceia, mas pode simbolizar a mais disruptiva inovação em saúde mental desde a descoberta dos antipsicóticos nos anos 1950. Seu diferencial reside na capacidade de abordar não apenas sintomas, mas as raízes existenciais do sofrimento – promovendo não só sua remissão, mas ressignificação. À medida que instituições como Harvard e a UNIFESP inauguram centros especializados nessa área, se torna cada dia mais evidente: o século XXI será definido pela ousadia de adentrar a mente em sua absoluta complexidade multidimensional, orientada não por dogmas, mas por empirismo. A odisseia transcende a metáfora – se consolida como empreendimento científico, ético e, sobretudo, necessário. Eu acredito firmemente que essa possível convergência entre psicanálise e psicodélicos não apenas enriquece a prática clínica, mas resgata um diálogo interrompido pela medicalização excessiva. Enquanto a ciência mapeia circuitos neurais, a nossa escuta decifra narrativas íntimas, nos lembrando que a (cura) de processos psicológicos exige tanto precisão farmacológica quanto coragem de iluminar as sombras do ‘’Self’’ . Entrando pela porta dos fundos, me pergunto: Por que a ciência, em seu incessante afã por desvendar os mistérios do universo, redescobre agora o que culturas ancestrais já cultivavam em seus rituais sagrados? Ayahuasca e DMT: Explorando as Moléculas que Alteram a Mente. "Se o século XX medicaliza a alma, o século XXI corre o risco de espiritualizar a farmácia. Cabe a nós garantir que a revolução psicodélica não troque um reducionismo por outro" (POLLAN, How to Change Your Mind, 2018). Esse tipo de tratamento vai estar disponível só para quem pode pagar caro? Como garantir que não repitamos os erros do passado, o que é sagrado apenas para alguns? Revisitando a História e Desvendando a Ciência dos Psicodélicos Essa relação entre a humanidade e os psicodélicos se tece desde os primórdios da civilização, vem entrelaçada com a busca sempre infindável do ser pelo sagrado, pelo transcendente. Michael Pollan, em sua obra "Como Mudar Sua Mente" , nos lembra que "a cronologia dos psicodélicos se confunde com a memória de uma queda e de um possível renascimento" . Desde os rituais ancestrais com a ayahuasca nas entranhas da Amazônia, onde o espírito da floresta se manifesta em visões caleidoscópicas, até os laboratórios de Basel, na Suíça, onde Albert Hofmann sintetizou o LSD em 1943, essas substâncias sempre serviram como pontes entre o mundano e o transcendental, entre a realidade ordinária e as dimensões ocultas da consciência. Na década de 1960, o LSD, que outrora foi tão celebrado como um portal para a expansão da mente, foi sendo tragado pelas sombras do pânico moral, estigmatizado e banido para a ilegalidade. No entanto, o tempo, esse grande mestre implacável, traz consigo a redenção. Hoje, neurocientistas visionários como Robin Carhart-Harris, munidos de ferramentas de última geração, mapeiam meticulosamente os efeitos da psilocibina no cérebro. Seus estudos revelam que essa substância é capaz de reduzir a atividade do ‘’Default Mode Network’’ (DMN) que traduzida seria algo como "Rede de Modo Padrão" ou "Rede Cerebral em Repouso" . Trata aqui de um circuito neural interconectado, envolvendo regiões como o córtex pré-frontal medial, o córtex cingulado posterior, o lobo parietal inferior e o hipocampo. Essa rede é ativada quando o indivíduo não está focado em tarefas externas, funcionando como um "piloto automático" da mente durante estados de introspecção, devaneio ou autorreflexão, a região cerebral associada ao ego, à ruminação obsessiva e à incessante tagarelice psíquica. ''Será que o ‘reset cósmico’ é realmente novo?'' Ou é apenas a ciência, em sua lentidão burocrática, finalmente alcançando o que os curandeiros já sabiam há milênios?" (POLLAN, How to Change Your Mind, 2018). É como se o cérebro, antes aprisionado em padrões rígidos de pensamento e comportamento, ganhasse um "reset cósmico" , uma oportunidade de se reinventar, de se libertar das amarras do passado. Tais sinapses, antes enrijecidas pela repetição, se tornam maleáveis e abertas a novas conexões e possibilidades. A mente se torna assim uma terra fértil, pronta para ser cultivada com novas sementes. "O ‘psicodélico’ não tem o poder de criar o novo; seu potencial reside em revelar o antigo que jaz soterrado sob as ruínas do eu, esperando o momento certo para ressurgir." - Dan Mena. Um Diálogo no Limiar do Inconsciente DMT: A Molécula do Espírito e Suas Implicações para a Consciência Humana. Diante desse ‘’tsunami psicodélico’’ , levanto uma pergunta que desafia a própria noção de cura: e se Freud, ao invés de seu charuto, segurasse um cogumelo? O que ele faria com uma molécula que não pede licença para arrombar os porões da mente, rasgando os véus que a fala que por vezes, apenas acaricia? Quando Freud falava da compulsão à repetição como um rio subterrâneo que arrastava o sujeito de volta à cena traumática ou um retorno, que é ao mesmo tempo seria uma prisão na tentativa fracassada de restauração. Mas, eis o paradoxo dos psicodélicos: eles não desviam o rio, mas o transbordam. Como observou Grof, pacientes em estados alterados não relembram traumas — eles os reencarnam, reverberados em memórias pré-verbais, quase mitológicas, onde o corpo é palco e a consciência, espectadora atordoada. É a recorrência elevada ao potencial do ritual, onde o sofrimento, antes enclausurado, ganha asas de fênix. A psicanálise, com sua paciência arqueológica, varre camada por camada. Os psicodélicos, são como alquimistas que transformam essa escavação em erupção: derretem as muralhas do ego, e expõem fósseis psíquicos sob a luz crua de uma lanterna química. Mas cuidado — como argumenta James Fadiman, a substância é a chave, mas o terapeuta é o ladrão, aquele que sabe roubar segredos do caos e deve ter a proficiência de poder devolvê-los como narrativas conciliadoras. Como escreve Stanislav Grof, “as experiências psicodélicas frequentemente trazem à tona memórias perinatais e transpessoais, ampliando a consciência para além da biografia individual” – LSD Psychotherapy, 1980). E aqui, Lacan sussurra nos ouvidos da ciência: o Real não é um tesouro enterrado, mas o terremoto que revela que o chão sob nossos pés sempre foi ilusão. Os psicodélicos não "mostram" o Real — eles são o Real, uma erupção que dissolve a fantasia de controle, deixando o sujeito nu diante do espelho quebrado de si mesmo. Será que a psicanálise, em nosso rigor interpretativo, não teme justamente essa nudez? Ou será, afinal das contas, a única capaz de costurar uma nova roupagem para o rei desnudo, transformando delírio em diálogo? "O inconsciente não é um baú de segredos, mas um teatro em chamas. Os psicodélicos são os incendiários. Nossa tarefa? Aprender a dançar nas suas cinzas." - Dan Mena. O Renascimento Psicodélico: Como Está Transformando a Psicoterapia Moderna. Enquanto a ciência mede os neurotransmissores, a psicanálise pergunta: quem é o dono desse laboratório interno? E quando a química derruba as portas, será que o sujeito encontra o trauma ou apenas uma distorção de sua própria sede de infinito? "O Real não é aquilo que se esconde atrás do véu; é o véu que se dissolve quando o sujeito ousa olhar sem medo de ser despedaçado, quando se permite encarar a verdade nua e crua de sua própria existência." Dan Mena. Você acredita que algumas dores emocionais são tão cavadas que só podem ser acessadas por vias diferentes do diálogo ou da escuta? Quando a Química Se Encontra com a Alma A depressão resistente, aquela que teima em persistir apesar dos tratamentos convencionais, é um labirinto implacável, onde o Minotauro não é uma criatura externa, mas a própria escuridão que habita o interior do indivíduo. No entanto, a esperança renasce com os estudos promissores da MAPS (Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies), que demonstram que uma única dose de psilocibina, combinada com terapia de apoio, é capaz de reduzir os sintomas da depressão em até 80% dos casos, com efeitos duradouros por até 6 meses. Por que essa substância possui um poder tão transformador? A resposta reside na neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se reorganizar, de formar novas conexões sinápticas. Enquanto os antidepressivos tradicionais atuam como "amortecedores químicos" , aliviando os sintomas sem abordar a causa raiz, os psicodélicos parecem promover uma reconfiguração sináptica, permitindo que o indivíduo construa novas estradas neurais, caminhos e estradas para a Disney e o bem-estar. É a diferença entre tapar um buraco na estrada e reconstruir a estrada por completo. Nietzsche, em sua obra "Assim Falou Zaratustra" , antecipou: "É preciso ter caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante" . Poderíamos dar a essa frase esse peso em relação ao psicodélicos, esse caos organizado, uma força disruptiva que pode impulsionar para romper com o ‘’status quo’’ , questionando crenças limitantes e a sua própria reinvenção. "A cura não reside na fuga da sombra, mas na coragem de dançar com ela sob a luz de um sol para cada um, abraçando nossos demônios internos e os transformando em aliados." - Dan Mena. O que aconteceria se, ao invés de esconder nossos traumas, os percebêssemos com intensidade ritual? Na sua opinião: isso ajudaria a curar? O Potencial Terapêutico dos Psicodélicos: Desafios e Oportunidades. Ayahuasca e o Renascimento do Sagrado Esse ' 'chá ancestral dos povos amazônicos'' foi sempre um portal para o sagrado, um facilitador de experiências de morte e renascimentos simbólicos. Francisco Londoño, em sua obra "Trippy: The Awakening of Ayahuasca" , descreve cerimônias onde pacientes confrontam "fantasmas intergeracionais", traumas transmitidos de geração em geração, que aprisionam o indivíduo em padrões de sofrimento. "O sagrado não habita a substância; ocupa o espaço entre o que foi vomitado e o exposto, entre a purgação do sofrimento e a iluminação da compreensão." - Dan Mena. Ética, Risco e os Limites Psíquicos As palavras de Foucault batem com força: "Todo poder clínico carrega o risco de uma nova disciplina" . A comercialização desenfreada de retiros de ayahuasca e o uso recreativo descontrolado de psicodélicos são armadilhas perigosas. Rick Strassman, em sua obra "DMT: A Molécula do Espírito" , advertiu: "Experiências místicas não são atalhos para a maturidade espiritual" . A terapia psicodélica exige (preparo mental), ‘’setting’’ (ambiente seguro) e ‘’guidance’’ (acompanhamento). Sem essa tríade, o que poderia ser um facilitador terapêutico se transforma em um pesadelo, um gatilho para psicoses latentes. “As experiências psicodélicas têm o poder de desarmar os mecanismos de defesa do ego, permitindo acesso direto ao inconsciente profundo, onde reside não apenas a dor, mas também a sabedoria arquetípica” – Psychology of the Future, 2000.) - Stanislav Grof. É básico que o terapeuta possua uma formação sólida, um conhecimento assertivo dos efeitos psicodélicos e uma sensibilidade aguçada para lidar com as emoções raras que surgem, sem dúvidas durante a experiência. "A banalidade do mal reside também na ilusão de que a transcendência pode ser engarrafada e vendida como mercadoria, de que a iluminação pode ser alcançada através de um atalho químico." - Dan Mena. Será que estamos preparados para ver tudo o que o inconsciente guarda, de forma tão direta como os psicodélicos permitem? Reconstrução do Trauma (TEPT) O MDMA, conhecido popularmente no Brasil como "ecstasy" , surge como alternativa medicamentosa para aqueles que sofrem com o Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Temos relatos de psicanalistas americanos que em sessões controladas, essa substância reduz o medo e aumenta a confiança, permitindo que os pacientes revisitem memórias traumáticas sem se dissociarem da realidade. Ben Sessa, em sua obra "The Psychedelic Renaissance" , defende que o MDMA "não apaga o trauma, mas desarma sua carga emocional" . É uma reprogramação do arquivo cerebral, onde o evento permanece, mas perde o poder de definir quem somos. O trauma deixa de ser uma sentença de condenação perpétua e se torna uma cicatriz, uma marca de superação. Superando Vícios com Psicodélicos: Uma Abordagem Inovadora. Democratizando o Acesso à Cura Enquanto clínicas de elite cobram somas exorbitantes por tratamentos psicodélicos, comunidades periféricas continuam à margem dessa revolução terapêutica. A psicologia ambiental nos ensina que contexto é destino. Negar seu acesso é perpetuar uma violência epistêmica, uma injustiça social. Projetos como o Santo Daime no Brasil demonstram que é possível integrar tradição e ciência, mas a regulamentação ainda caminha a passos lentos aqui no Brasil. Como diz Byung-Chul Han, "a sociedade do cansaço prefere anestesiar a questionar" , a perpetuar o sofrimento em vez de buscar soluções inovadoras. "A descolonização da mente exige mais que discursos; exige soluções que quebrem as algemas invisíveis da angústia internalizada, que permitam ao indivíduo se libertar das opressões arcaicas." - Dan Mena. O Futuro da Terapia – Integração ou Ilusão? Estamos no limiar de um novo paradigma. A ketamina, já aprovada para depressão resistente nos EUA, é apenas a ponta de um iceberg. Mas a pergunta seria: "O que queremos dessa nova realidade?" A resposta pode estar na integração. Uma sessão psicodélica sem acompanhamento pós-experiência é como ler um livro sem sua interpretação, como assistir a um filme sem refletir sobre sua mensagem. Neal M. Goldsmith fala: "A trilha psicodélica é 10% experiência e 90% assimilação" . A integração é o processo de dar sentido a esse traquejo, e, traduzir as visões acolhidas em ações concretas e mudanças positivas. Você já sentiu que seu corpo “lembra” de coisas que sua mente esqueceu? "Na modernidade, até a cura deve aprender a se inserir entre a efemeridade do êxtase e a solidez do sentido, entre a promessa de transformação instantânea e a necessidade de um trabalho contínuo de autoconhecimento." - Dan Mena. Essa capacidade de romper com padrões mentais cristalizados remete ao conceito de “campo mórfico” de Rupert Sheldrake, onde “mudanças sondas em um indivíduo reverberam no campo coletivo, permitindo que outros também encontrem novas formas de ser” (The Presence of the Past, 1988). Minha Visão Psicanalítica da Terapia com Psicodélico s Apesar de Freud não ter vivenciado diretamente os efeitos dessas substâncias, lançou bases para uma teoria da mente que se mostra surpreendentemente relevante no contexto da amostragem psicodélica. Seguindo seus passos por exemplo, na noção de recalque, central na teoria freudiana, Aqui descreve o mecanismo pelo qual impulsos e memórias dolorosas são banidos da consciência, relegados ao reino obscuro do inconsciente. Os psicodélicos, ao diminuírem a atividade do ‘’default mode network’’ , parecem afrouxar ditas amarras do recalque, permitindo que conteúdos inconscientes afloram à consciência com maior facilidade. Essa emergência pode ser tanto libertadora quanto desafiadora. Por um lado, o indivíduo tem a oportunidade de confrontar traumas e conflitos não resolvidos, de elaborar emoções reprimidas e integrar partes de si mesmo que haviam sido negadas. Por outro, a avalanche de conteúdos inconscientes pode ser desestruturante e até mesmo traumatizante, caso não haja um terapeuta qualificado para guiar o processo. Ouvindo Lacan, outro mestre gigante da psicanálise, ao introduzir o conceito de "Real" , como dimensão da vivência que transcende a linguagem e a representação. O Real é o indizível, o traumático, o que resiste à simbolização. Dita experimentação psicodélica, em sua intensidade e estranheza, pode levar o sujeito a confrontar o ‘’Real’’ de maneira abrupta, vislumbrando sua fragilidade da realidade construída, e a questionar a própria identidade. Como psicanalista nesta posição, não sou apenas um guia, mas também uma testemunha, um ouvinte atento e compassivo, capaz de acolher o sofrimento do paciente e de ajudá-lo(a) a dar sentido à sua singularidade. O terapeuta, à semelhança do ‘’analista lacaniano’’ , deve se situar como um "objeto a" , um objeto causa de desejo, que impulsiona o paciente a buscar sua própria verdade, e construir sua narrativa particular. Assim como o poeta Arthur Rimbaud proclamava: "É preciso ser absolutamente moderno" , a terapia com psicodélicos nos convida a desafiar o novo, a questionar o estabelecido e a nos aventurarmos nos territórios desconhecidos da consciência. No entanto, é um percurso que deve ser amplamente discutido e guiada pela ética, pela responsabilidade e pelo respeito à integridade do indivíduo. Até que ponto o nosso "eu" é uma construção frágil que teme ser desfeito? Você já teve alguma experiência onde sentiu que perdeu o controle, mas ao mesmo tempo se encontrou? Cura Espiritual com Psicodélicos: Uma Perspectiva Contemporânea. A Última Fronteira É o Próprio Humano Ao longo deste artigo, desafiei, me arrisquei a abordar um tema que muitos psicanalistas nem ousam tocar na primeira letra. É portanto uma trilha tênue, uma corda quase invisível, como linha de pesca, que separa o ceticismo da crença, o racional do místico. A nova fronteira da terapia mental não se encontra nas moléculas em si, mas na nossa ousadia em redescobrir que a mente é um território incógnito ainda, vasto e inexplorado, repleto de mistérios e potencialidades. Os psicodélicos não representam a panaceia universal, a solução mágica para os males da alma. Eles são, antes de tudo, um repensar nossa concepção do que significa ser, questionando nossas crenças limitantes e provocando expandir a percepção da realidade. Como escrevi no início, citando Jung: "O psicodélico revela o antigo". Talvez o "antigo" que ansiamos resgatar seja a capacidade de nos maravilharmos com o infinito que reside em nosso interior, de nos conectarmos com a essência primordial, e a capacidade inata de amar, criar e nos transformar. "A única maneira de lidar com um universo absurdo é se tornar um revolucionário da própria existência — e nisso, os psicodélicos são tanto espelho quanto martelo: espelho que reflete nossa sombra e luz, martelo que quebra as correntes do conformismo’’ - Dan Mena. O que te parece mais curativo: calar a dor com medicamentos ou entender o que ela quer dizer? Ketamina e Outros Psicodélicos no Tratamento da Depressão: O Que a Ciência Revela. Por fim, quero fechar com duas citações pertinentes: “Não exploramos o mundo externo porque o conquistamos, mas porque temos medo de entrar em nós mesmos” - Clarice Lispector. E talvez, como sabiamente diz Lacan: ‘’não é o inconsciente que nos assusta, é o fato de que ele sabe demais sobre nós’’ . Referências Bibliográficas POLLAN, Michael. How to Change Your Mind: What the New Science of Psychedelics Teaches Us About Consciousness, Dying, Addiction, Depression, and Transcendence. 2018. Penguin Press. POLLAN, Michael. Como Mudar Sua Mente: O Novo Poder da Psicodelia. 2018. Companhia das Letras. FADIMAN, James. The Psychedelic Explorer's Guide: Safe, Therapeutic, and Sacred Journeys. 2011. TarcherPerigee. GROF, Stanislav. LSD Psychotherapy. 1980. Grove Press. GOLDSMITH, Neal M. Psychedelic Healing: The Promise of Entheogens for Psychotherapy and Spiritual Development. 2011. MAPS. SESSA, Ben. The Psychedelic Renaissance: Reassessing the Role of Psychedelic Drugs in 21st Century Psychiatry and Society. 2012. Muswell Hill Press. LEVINE, Stephen M. The Ketamine Papers: Science, Therapy, and Hope. 2020. Synergetic Press. Não disponível. KRIPPNER, Stanley; PITCHFORD, Daniel B. Psychedelic Psychotherapy: The Healing Potential of Expanded States. 2019. Inner Traditions. STRASSMAN, Rick. DMT: The Spirit Molecule: A Doctor's Revolutionary Research into the Biology of Near-Death and Mystical Experiences. 2000. Park Street Press. STRASSMAN, Rick. DMT: A Molécula do Espírito: Uma Pesquisa Revolucionária sobre a Biologia das Experiências de Quase-Morte e Místicas. 2010. Cultrix. SHRODER, Tom. Acid Test: LSD, Ecstasy, and the Power to Heal. 2014. Blue Rider Press. LONDOÑO, Francisco. Trippy: The Awakening of Ayahuasca. 2023. Celadon Books. BROWN, David Jay. Maps of the Mind: Interviews with Researchers, Therapists, and Designers of Consciousness-Altering Drugs. 2006. MAPS. MCKENNA, Terence. Food of the Gods: The Search for the Original Tree of Knowledge. 1992. Bantam Books. MCKENNA, Terence. Comida dos Deuses: A Busca pela Árvore do Conhecimento Original. 2010. Cultrix. GROF, Stanislav. Realms of the Human Unconscious: Observations from LSD Research. 1975. Viking Press. NARANJO, Claudio. The Healing Journey: New Approaches to Consciousness. 1973. Ballantine Books. WINKELMAN, Michael J.; ROBERTS, Thomas B. (Eds.). Psychedelic Medicine: New Evidence for Hallucinogenic Substances as Treatments. 2007. Praeger. Palavras Chaves #TerapiaComPsicodélicos #SaúdeMental #Psilocibina #MDMA #LSD #Ayahuasca #Psicoterapia #Depressão #Ansiedade #TEPT #Neurociência #Inconsciente #BemEstar #PsicologiaPositiva #TerapiaOnline #InclusãoPsicológica #PsicologiaAmbiental #PsicologiaEsporte #ViésesCognitivos #Felicidade #danmenapsicanalise #blogpsicanalise FAQ - Perguntas Frequentes para a Escuta Psicanalítica Observações Importantes; No momento o uso terapêutico de psicodélicos no Brasil, incluindo a ayahuasca, só pode ser realizado dentro de pesquisas científicas previamente autorizadas pelas autoridades competentes: (ANVISA). Está autorizada em diversos países, embora com diferentes regulamentações e condições. Alguns deles onde existem programas ou autorizações para terapia incluem: Estados Unidos : Existe um interesse crescente em ensaios clínicos autorizados pela FDA que estão em andamento para tratar condições como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e depressão resistente ao tratamento. Canadá : O uso terapêutico de psicodélicos, como a psilocibina, está sendo explorado com ensaios clínicos e autorizações específicas. Reino Unido : O NHS (Sistema de Saúde do Reino Unido) conduz ensaios clínicos com psilocibina para tratamento de depressão resistente. Brasil : Recentemente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou o uso compassivo de psilocibina e MDMA para tratamento de doenças mentais graves. Holanda : Embora não oficialmente aprovada, há discussões e programas de pesquisa em andamento com psicodélicos. Suíça : Psicoterapeutas têm permissão para usar psicodélicos em terapia, em contextos específicos e com regulamentação rigorosa. Verifique as regulamentações locais específicas, pois a legalidade e as condições para terapia com psicodélicos podem variar significativamente de país para país. O que é terapia com psicodélicos? → É o uso de substâncias como psilocibina e MDMA em sessões clínicas controladas, com o objetivo de tratar transtornos mentais e promover experiências terapêuticas profundas. Quais substâncias são usadas na terapia psicodélica? → Psilocibina, MDMA, LSD, ayahuasca e ketamina são as mais utilizadas, cada uma com propriedades específicas que facilitam diferentes formas de acesso ao inconsciente. É seguro fazer terapia com psicodélicos? → Quando realizada em ambientes clínicos controlados e com acompanhamento profissional, é considerada segura. Fora desse contexto, há riscos físicos e psíquicos importantes. Quais transtornos a terapia psicodélica pode tratar? → Depressão, ansiedade, TEPT, dependência química e transtornos relacionados a traumas são as indicações mais comuns, com resultados promissores em estudos clínicos. Como a psilocibina funciona na terapia? → Ela altera a percepção e diminui as barreiras do ego, permitindo o contato com conteúdos emocionais profundos e reprimidos, favorecendo insights e reestruturações internas. O que é MDMA na terapia? → O MDMA facilita o processamento de traumas ao reduzir o medo e aumentar a empatia, sendo especialmente eficaz no tratamento do TEPT, segundo estudos internacionais. A terapia com psicodélicos é legal no Brasil? → Ainda não é regulamentada, mas existem pesquisas em andamento, como as desenvolvidas pelo Instituto Phaneros, que buscam embasamento científico e respaldo ético. Como a neurociência apoia a terapia psicodélica? → Estudos demonstram que psicodélicos alteram redes neurais e aumentam a plasticidade cerebral, o que favorece novas conexões e formas de pensar, sentir e agir. Qual é o papel do inconsciente na terapia psicodélica? → Os psicodélicos facilitam o acesso a conteúdos inconscientes, como memórias reprimidas e emoções não verbalizadas, permitindo que sejam ressignificados terapeuticamente. Psicodélicos podem melhorar o bem-estar? → Sim. Muitos relatos e pesquisas apontam para aumento na sensação de conexão, felicidade e propósito de vida após sessões terapêuticas bem conduzidas. O que é psicologia positiva e como se relaciona? → É uma abordagem que valoriza aspectos como resiliência, gratidão e felicidade — dimensões que também emergem nas experiências com psicodélicos, ampliando seus efeitos. Como a terapia online se conecta aos psicodélicos? → A psicoterapia online pode ser uma aliada na preparação para sessões com psicodélicos e, especialmente, na integração das experiências vividas, tornando-as mais transformadoras. Por que a inclusão é importante na terapia psicodélica? → A inclusão garante que pessoas de diferentes origens e culturas tenham acesso seguro e ético ao tratamento, respeitando suas histórias e singularidades. Como o meio ambiente afeta a saúde mental? → A crise climática e a degradação ambiental geram angústias existenciais e ecológicas, que podem ser acolhidas e transformadas em processos terapêuticos com psicodélicos. O que são vieses cognitivas na psicologia? → São distorções inconscientes do pensamento que afetam decisões e percepções. Na terapia psicodélica, esses vieses podem ser revelados e trabalhados com mais clareza. Visite minha loja ou site: https://uiclap.bio/danielmena https://www.danmena.com.br Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199. Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130.Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Department of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192. De 1 a 5 - Quantas estrelas merece o artigo? Deixe seu relato abaixo em COMENTÁRIOS.
- A Arte de Escutar - Existir com o Outro
Como ouvir alguém com empatia no dia a dia. A Arte de Escutar - Ouvir é Existir com o Outro A Escuta Psicanalítica: Para Além do Espelho do Eu No âmago da prática psicanalítica habita uma competência aparentemente trivial, mas de enredo vertiginoso: a arte de acolher a palavra do outro . Freud e Lacan sublinharam que o ato de ouvir ultrapassa a mera decodificação verbal, o que exige um despojamento radical das nossas próprias referências internas para permitir a emergência do inédito no dizer do alheio. No entanto, o nosso impulso inicial é de filtrar histórias através das particulares vivências, o que transforma essa escuta — ou melhor, essa recepção — convertendo a ação em um exercício contraditório. Aquilo que se apresenta como um gesto de aproximação — a tentativa de encontrar paralelos entre experiências — apaga o traço de singularidade do interlocutor. O Narcisismo da Audição Cotidiana No tecido ordinário das conversas, é natural que sintonizemos com as narrativas apartadas, as comparando inconscientemente com nossas singulares memórias, afetos e percepções. Quando alguém compartilha algo doloroso, é quase instintivo que procuremos psiquicamente o próprio repertório emocional para situações semelhantes, como se a empatia dependesse de uma equivalência biográfica . Usamos comumente expressões como “Compreendo exatamente o que você está sentindo” ou “Já passei por algo parecido” - não é desse jeito? - palavras que num primeiro momento parecem angariar um esforço de empatia e acolhimento, mas, que também denunciam um mecanismo de redução da alteridade — ‘’o outro’’ é convertido em espelho e voz da nossa própria teia e narrativas. Esse movimento, que funciona como uma cola para os vínculos sociais, se tornou um empecilho no ‘’setting analítico’’ , onde o propósito é precisamente dar vida a aquilo que escapa aos padrões da fala. Essa operação psíquica, que pertence a uma articulação do registro imaginário — é uma zona onde os vínculos se constroem por meio de imagens especulares, comparações e rivalidades. Quando o(a) analista se deixa capturar por essa lógica, corre o risco de interpretar os conteúdos do paciente como extensões de si — se perguntando, por exemplo, se uma crítica à figura paterna não seria, em última instância, uma afronta disfarçada à sua suposta autoridade. Esse ouvir autocentrado empaca os elementos disruptivos da linguagem falada do paciente: lapsos, vacilações, repetições enigmáticas e detalhes resistem bravamente à lógica corrente. A capacidade de escutar é tão antiga quanto a linguagem, mas tão negligenciada quanto o som de uma folha caindo na rua. Num mundo saturado por ruídos — notificações de todos os tipos, falas incessantes, debates polarizados inflamados —, retiramos a verdadeira atenção ‘’ao outro’’ , tornando essa oitiva um gesto insurgente e contra-hegemônico. Por que ouvir o outro melhora relacionamentos? "Aquilo que se apresenta como um gesto de aproximação — a tentativa de encontrar paralelos entre experiências — apaga o traço de singularidade do interlocutor. Já a escuta analítica, como sugere Christopher Bollas, 'é um ato de entrega ao desconhecido do outro' (Bollas, 1987, p. 14), um movimento que privilegia a abertura em vez da assimilação." “Ouvir é resistir à tirania do óbvio” - Dan Mena. Não se trata de uma atividade passiva, mas de um gesto de abertura radical ao discursante, à sua narrativa, ao não-dito que ele(a) carrega em silêncio e, que na maioria dos casos, sequer reconhece em si. Esse tipo de atenção é ponte entre existências insuladas e subjetividades que, por breves momentos, podem comungar de um mesmo espaço simbólico. Neste artigo, vamos falar dessa sensível, lúdica e crítica diária— para redescobrir essa escuta como um gesto do ser inaugural. O Silêncio: Subterrâneo das Palavras Vamos fazer uma metáfora e pensar o silêncio como se fosse um oceano na sua profundidade, muito sereno na superfície, mas repleto de correntes marítimas que se movimentam no seu fundo. As palavras, por sua vez, seriam como frágeis embarcações que ousam navegar nessas águas encobertas. “As palavras são barcos; o silêncio, o oceano profundo que as sustenta”- Dan Mena. Sem essa vastidão imensa, os vocábulos perdem sua densidade, direção e mistério. É nas pausas entre uma remada e outra, uma frase, e nas hesitações, lapsos, chistes, etc, que os conteúdos mais íntimos são insinuados. O mutismo provocado não é portanto ausência — é origem. “O silêncio não é vazio — é o útero onde nascem as palavras essenciais” - Dan Mena . Ainda assim, quantas vezes fugimos dele, como se seu esvaziamento ameaçasse nos engolir. Preenchemos cada intervalo com ruídos, gritos, interrupções, pontos de vista e reclamações, atropelando o que poderia florescer em plena quietude. Sustentar o silêncio é um gesto corajoso, uma forma de insurgência íntima. “Cada silêncio que retemos é uma semente de revolução interior” - Dan Mena. Nesse solo mareado da escuta silente, o inconsciente encontra espaço para se expressar com suas metáforas enigmáticas. Como ouvir as emoções do outro com cuidado. “O inconsciente sussurra em metáforas; cabe a nós decifrar seus poemas” Dan Mena. Escutar, nesse contexto, transcende o esforço de atenção — é um gesto de acolhimento desarmado. Despojamento é a palavra-chave: abrir mão de armamentos, como o julgamento, a pressa, a resposta automática, aquele ‘’fazer de conta que estou ouvindo’’ . Isso vale para todos, não apenas para o analista. É, em síntese, oferecer ao outro um espaço temporário de refúgio, um lar onde se possa ser o que ainda tememos reconhecer em si. “Ouvir é permitir que o outro habite temporariamente seu silêncio, é dar asilo ao que o outro receia ser” - Dan Mena. Vamos imaginar uma situação bastante comum, uma criança tentando nos contar uma história, com sua voz quase sempre trêmula, entrecortada, cheia de pausas, tropeços e fragmentos recortados. Um adulto, normalmente impaciente a iria corrigir ou tentar abreviar seu relato, ‘’como se fosse possível’’ . Um ouvinte verdadeiro, porém, acolhe esse caos linguístico. Seja, portanto, um “jardineiro de almas”. “Escutar é plantar flores em desertos emocionais" - Dan Mena . Cada tropeço verbal dessa criança é uma semente, pedindo ajuda, tempo e cuidados para florescer. Ouvir atentamente é como embarcar numa viagem sem mapa — um improviso delicado entre duas subjetividades em busca de sintonia, elaboração e compreensão. “A escuta verdadeira não tem roteiro — é um súbito despertar de duas almas em busca de acordes desconhecidos” - Dan Mena . Como entender melhor o que o outro diz? Cada hesitação prolongada e suspiros, contém uma pista de sentidos ocultos, tente praticar isso, você pode se surpreender. Essa navegação, que requer uma paciência quase mística, está cada vez mais rara numa cultura da velocidade e do imediatismo. “A verdadeira escuta não tem pressa — ela sabe que os frutos mais doces amadurecem no tempo da terra” Dan Mena . Trata-se de um processo orgânico, não industrial; de uma experiência de cultivo, não de colheita antecipada. A Harmonia no Caos Verbal As conversações que travamos são territórios de confusão: palavras que se atropelam, ideias que se perdem, sentimentos que transbordam em desordem aparente. Mas, para o ouvido sensível existe como uma música para o caos. “A escuta é a arte de encontrar música no ‘’pandemonium’’ das palavras”- Dan Mena . Tal como uma orquestra afina seus instrumentos, esse barulho e ruído inicial é prelúdio de algo que ainda virá — uma melodia ainda por nascer para ser tocada. Dita harmonia escondida se expõe não nas frases explícitas , nas entrelinhas, nos gestos silenciosos que acompanham o discurso. “As maiores verdades não são ditas — são sussurradas nas entrelinhas da palavra, perscrutar é a única forma de apalpar uma alma sem violá-la - Dan Mena. Num tempo em que a maioria grita para ser ouvido(a), o valor parece ter passado a residir no volume e na visibilidade, auscultar a voz, se transformou em resistência ética. É uma recusa a participar do espetáculo do vazio, uma competição por atenção que pretende eliminar o outro para se afirmar. Como destaca Donald Winnicott em Playing and Reality (1971), ‘’O analista deve criar um ambiente onde o paciente possa sentir-se seguro para ser quem é, sem medo de ser julgado ou interrompido. Esse espaço de ‘’holding’’ é essencial para que possa explorar sua própria experiência e encontrar sua voz autêntica’’ (p. 56). “Ouvir é resistir à tirania do óbvio” - Dan Mena. Logo interpretamos que ouvir é ação, também uma postura ativa de presença, curiosidade e entrega. Ao reconhecermos que o outro carrega em si um enigma irredutível, um universo, que talvez jamais possamos compreender por completo, mas, possível de ser contemplado — ainda que por breves instantes. A escuta não transforma apenas o falante — ela modifica, de forma sutil e poderosa, o que se oferece ao papel de ouvinte. Cada narrativa é uma fresta por onde somos desafiados, provocados, deslocados a abrir à possibilidade de rever nossas certezas, permitindo a necessária metamorfose interna. Trata-se de um processo que nos humaniza e vitaliza. Essa transformação é calada, não acontece em grandes gestos, mas nas pequenas escolhas: escutar sem interromper, perguntar sem invadir, acolher sem controlar. É uma revolução sem armas nem trincheiras — feita de escuta, presença e entrega. Como podemos integrar essa forma de posicionamento da escuta à vida comum? Essa condição está na matéria prima mais importante da clínica. A "escuta flutuante" (ou "atenção flutuante" , como também é conhecida) é um conceito fundamental na psicanálise freudiana e pós-freudiana, representando uma postura técnica e ética do analista durante as sessões. Destarte, minha intenção hoje é poder oferecer a você meu leitor, um insight valioso que possa ser usado— no supermercado, na sala de aula, no convívio doméstico, nos relacionamentos, no trato com os filhos, etc — essa qualidade de atenção rara. Se fosse dar uma dica para quem deseja promover tal virtude, diria que: a proposta está no gesto simples de se deixar tocar pelo que o outro diz sem correr para responder. É um convite ao encantamento cotidiano, diante da singularidade de cada voz, uma chance de transformar encontros banais em grandes e importantes revelações. O que significa ouvir o outro de verdade. E não é este o maior dos desafios? O de sustentar o nascimento do outro sem o anestesiar com as certezas que nos confortam? Ouvir é, paradoxalmente, aceitar não entender — ou ao menos, não captar de imediato. É sustentar a angústia de não saber o que fazer com o que ouvimos, permitir que a palavra do outro reverbere em nós, não para que se encaixe em nosso mundo, mas para que desestabilize suas bordas. Pode ser uma casa sem móveis: um espaço onde tudo pode entrar, sem saber o que vai permanecer. E nesse vazio — radical, desconcertante, transformador —, um espaço, onde encontraremos algo de nós mesmos que ainda não conhecíamos. No fundo, quem ouve sensivelmente também se escuta, não como repetição, mas como reflexo. Quem se debruça no próximo com honestidade se vê diante de sua própria incerteza, a das suas projeções. Nesse confronto inaudível que o sujeito se transforma, portanto, não é técnica, se desprende como ética. Não é método, enquanto experiência, não é domínio. É entrega. Há, nesse gesto, uma incrível generosidade que ultrapassa a clínica e invade a vida comum. Dar atenção a fala de alguém sem esperar nada em troca, sem tentar salvar, corrigir ou ajustar, é permitir que ele(a) exista, ainda que por alguns minutos, fora das exigências sociais. Tal movimento, por mais simples que pareça, é uma forma de cura — ainda que não promova seu alívio imediato, fato que seria da presença que muitas vezes realmente precisamos e carecemos. Não seriam também respostas, mas de alguém que não fuja quando dizemos algo sem sentido, que permaneça mesmo diante do absurdo. Talvez esse exercício seja a única forma de amor que não tenta possuir, que não se planeja, nem se molda. Um afeto que acolhe sem devorar e respeita a alteridade como impenetrável do seu enigma. Porque há algo no outro que jamais será dito, haverá certamente esse infindável ponto cego no núcleo do calado, como um resto inassimilável. Estamos acostumados a pensar que o conhecimento vem da fala, mas existe a possibilidade que venha antes da escuta. Do que ouvimos sem compreender e aceitamos sem reduzir, daquilo que sustentamos sem tentar traduzir. Essa postura rompe com a lógica do consumo, do controle e da previsibilidade. Assim, pare o tempo e diga: “Estou aqui. Não para te consertar, mas para te escutar. Mesmo que isso me desmonte um pouco, sem que eu precise sair de mim para te receber” . Benefícios de ouvir com atenção nas amizades. Seria isso um retorno a uma forma antiga de encontro? . Não à moda das redes sociais, onde tudo é exposto, exibido. Mas à tendencia dos encontros reais que podem se converter sem alarde e deixam marcadores invisíveis. Estes não produzem respostas, senão fecundam perguntas. Acredito que seja este um fator fundamental perdido que nos falta hoje: perguntas sinceras para vencer, que abram caminho e acolham o desconhecido para sustentar a dúvida. Estendamos a Fé, na possibilidade de que mesmo atravessados(as) por feridas, angústias e barulhos ensurdecedores, desencontros e traumas, ainda possamos tocar sem ocupar, ouvir sem capturar. Estar com o outro sem estar, nos perder — sem querer encontrá-lo(a) dentro de nós. A escuta é ao final, esse lugar onde o outro pode finalmente ser ‘’o outro’’ . Quem sabe só reste isso: dois seres, lado a lado, tentando, com harmonia, se ouvir na desordem. ''A escuta não transforma apenas o falante — ela modifica, de forma sutil e poderosa, o que se oferece ao papel de ouvinte.'' Como Freud descreveu em Recomendações aos que Exercem a Psicanálise (1912), ''O analista deve voltar sua própria atividade mental inconsciente, como um órgão receptor, para o inconsciente transmissor do paciente'' (p. 112). Nesse movimento, o ouvinte se torna um espaço vivo, aberto ao que o outro traz, desafiando suas próprias certezas e permitindo que a palavra alheia provoque deslocamentos internos.” Como escutar com paciência em conflito. A Escuta no Cotidiano Como reintegrar a escuta sensível à vida comum? A proposta não exige uma ruptura radical com a rotina, mas sim o granjeio de pequenas atenções — brincar com o tempo: desacelerar, dar margem ao improviso, permitir que o outro surpreenda. A escuta cotidiana pode ser um jogo poético entre mundos distintos. Em vez de reagir automaticamente, por que não fazer uma pausa? Em lugar de responder com um conselho apressado, que tal oferecer uma pergunta sucinta? “Escutar é brincar de existir no tempo do outro” - Dan Mena. Ao adotarmos uma postura lúdica, absorvemos sons e escavamos sentidos. “Ouvir é dar sem esperar — é oferecer hospitalidade à assimetria do outro”- Dan Mena. A escuta, compreendida em sua plenitude, é uma forma de coabitar o mundo do outro sem querer colonizá-lo. Um modo de ser que exige abertura radical ao desconhecido, uma ética do acolhimento que desmonta defesas, dissolve fronteiras e instaura vínculos reais. Uma arte ancestral esquecida, que com olhos novos pode ser reinventada e amplificada. “Ouvir e tocar o invisível com os ouvidos do coração” - Dan Mena. Uma Poética da Presença Há dias em que o mundo fala alto demais. As vozes se atropelam, as imagens piscam sem cessar, e tudo parece urgente — como se a própria existência dependesse de sermos ouvidos, vistos, notados. No entanto, há algo que desaparece nessa pressa: o espaço para a escuta. Não a escuta funcional, que responde e resolve, mas aquela outra — feita de demora e ressonância. Talvez nunca tenhamos tido tanto acesso ao que os outros dizem, e, ironicamente, escutemos tão pouco. Em tempos digitais, a escuta rareia. Não porque perdemos a capacidade auditiva, mas porque o que se cala foi expulso de nossas relações. Tudo deve ser dito, imediatamente, as palavras foram convertidas em conteúdos e suas pausas se tornaram suspeitas. Mas o que é uma escuta sem pausa? ou: Um encontro sem demora? Um ato que precisa de sombra. De um tempo que não exige eficiência, mas comparência. De um espaço onde as palavras não servem para explicar, mas para existir. Por isso, ela é tão rara quanto necessária. Na clínica, vejo isso com clareza. Pacientes chegam carregando um cansaço que não sabem nomear. A narrativa passa por um excesso de exposição, de expectativa, e auto-exigência. Querem falar, mas também não sabem mais o que dizer. Estão esvaziados de si. Na escuta analítica não oferecemos respostas, devolvemos espaço. Ao sustentar o silêncio, permitimos que a fala emerja de outro lugar — mais cavado, confuso e verdadeiro. Essa função terapêutica, devolve ao sujeito a dignidade de não saber o que sente. E ainda assim ser acolhido(a). Há também a escuta dos afetos miúdos, aquela que se faz no cotidiano: escutar um suspiro, um desvio no olhar, uma frase dita pela metade. Nem sempre é necessário um divã para que essa escuta exista, basta um coração desarmado, disposto a não atravessar o outro com suas certezas. Esse, "estou aqui" que não pede aplausos — que revela seu valor. Como uma lareira acesa numa noite fria: não fala, mas aquece. Como praticar escuta empática no trabalho? “Há escutas que salvam sem dizer uma só palavra.” - Dan Mena. Mais escuta, menos diagnósticos, menos conselhos, mais mãos dadas. Seria este o último refúgio de um mundo cansado de estampidos? ...um antídoto contra a pressa. Escutar é aceitar que não há solução imediata para o que doí. É permitir que o sofrimento tenha lugar antes de querer curá-lo. Também é espiritual, desde que possamos reconhecer o outro como uma charada, não como problema. Podemos enxergar no vazio da linguagem não uma ausência, senão uma potência, afinal, é um jeito de dizer: você não está só .Como escreve Emmanuel Levinas em Totalidade e Infinito (1961), “A relação com o outro é a ausência de resposta, é a pergunta sem resposta, é a pergunta que não tem resposta, é a pergunta que é a resposta” (p. 89). Referências Bibliográficas FREUD, Sigmund. Interpretação dos Sonhos . 1900. Editora Companhia das Letras. LACAN, Jacques. Escritos . 1966. Editora Zahar. FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras Brancas . 1952. Editora UFMG. HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço . 2010. Editora Vozes. FOUCAULT, Michel. A História da Loucura . 1961. Editora Perspectiva. BUTLER, Judith. Problemas de Gênero . 1990. Editora Civilização Brasileira. VYGOTSKY, Lev. Pensamento e Linguagem . 1934. Editora Martins Fontes. BEAUVOIR, Simone. O Segundo Sexo . 1949. Editora Nova Fronteira. DURKHEIM, Émile. O Suicídio . 1897. Editora WMF Martins Fontes. JUNG, Carl Gustav. O Homem e Seus Símbolos . 1964. Editora HarperCollins. NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra . 1883. Editora Martin Claret. RECALCATI, Massimo. Complexo de Telêmaco . 2013. Editora Âyiné. SKINNER, B.F. Ciência e Comportamento Humano . 1953. Editora Universidade de Brasília. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida . 2000. Editora Zahar. CHOMSKY, Noam. Linguagem e Pensamento . 1968. Editora Unesp. KLEIN, Melanie. Inveja e Gratidão . 1957. Editora Imago. BANDURA, Albert. Aprendizagem Social . 1977. Editora Artmed. MASLOW, Abraham. Motivação e Personalidade . 1954. Editora Harper Row. BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina . 1998. Editora Bertrand Brasil. WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo . 1905. Companhia das Letras. Palavras Chaves #Psicanálise #SaúdeMental #EscutaAnalítica #Freud #Lacan #Terapia #Inconsciente #ClínicaPsicológica #Trauma #SociedadeDoCansaço #EscutaAtiva #Psicoterapia #Autoconhecimento #MentalHealth #Psicologia #Filosofia #ComportamentoHumano #Empatia #SigmundFreud #ByungChulHan FAQ - Perguntas Frequentes sobre a Escuta Psicanalítica Qual é a essência dessa técnica terapêutica? → É um método clínico que transcende a audição superficial, focando no que não é vocalizado : hesitações, repetições e nuances do discurso. Como a prática de ouvir sem interromper transforma diálogos? → Suspender respostas automáticas permite que o inconsciente se revele. Exemplo: um paciente que sempre mudava de assunto ao mencionar a mãe descobriu, meses depois, um luto não elaborado. Essa abordagem pode ser útil em conflitos familiares? → Sim! Evitar frases como "Eu também passei por isso" abre espaço para histórias únicas. Experimente substituir por: "Como isso soa em você?" . Quanto tempo leva para se tornar proficiente nesse método? → Domina-se na prática constante. Sugestão: inicie com 2 minutos diários de silêncio ativo em conversas, observando o que surge nas pausas. É possível aplicar isso com adolescentes? → Totalmente. Eles comunicam-se por metáforas (músicas, jogos). Um jovem que só falava de Dark Souls estava, na verdade, descrevendo seu medo do fracasso. Essa estratégia substitui tratamentos psiquiátricos? → Não. Enquanto remédios atuam na química cerebral, o processo terapêutico trabalha significados simbólicos. São complementares. Por que iniciantes acham essa habilidade tão desafiadora? → Porque exige desconstruir o impulso de ajudar. Parafraseando Dan Mena: "Ouvir é um ato de resistência contra o próprio ego" . Como evitar cair em falsas conexões emocionais? → Troque "Entendo sua dor" por "O que essa dor está lhe dizendo?" . A verdadeira conexão nasce da curiosidade, não da projeção. Funciona em sessões online? → Sim, mas perde-se 38% da comunicação não verbal (dados de um estudo da Universidade de Stanford). Dica: peça para o paciente descrever gestos espontâneos. Qual o equívoco mais frequente entre terapeutas novatos? → Querer salvar o paciente com interpretações rápidas. Lacan dizia: "A cura está no ritmo do não saber" . E se o paciente inventar histórias? → Mentiras são sintomas narrativos . Em vez de desmascarar, explore: "Que verdade essa ficção está protegendo?" . Posso treinar sozinho essa competência? → Exercício prático: ouça um podcast em velocidade 0.75x, anotando como as palavras são ditas (tom, pausas) mais que o quê . Por que ‘’millennials e Gen Z’’ precisam disso urgentemente? → Cresceram em ambientes digitais onde a fala virou commodity. A técnica restaura a profundidade perdida nas interações. Como lidar com traumas intensos nesse contexto? → Respeite o tempo psíquico . Traumas são como vidro congelado: pressa quebra, paciência derrete. Qual a diferença entre isso e métodos de autoajuda? → Autoajuda oferece respostas. A clínica psicanalítica faz perguntas que o paciente nunca soube que tinha. Visite minha loja ou site: https://uiclap.bio/danielmena https://www.danmena.com.br Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199.Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130.Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Department of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192. De 1 a 5 - Quantas estrelas merece o artigo? Deixe seu relato abaixo em COMENTÁRIOS .
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Serviços de sessões de Psicanálise para aqueles que buscam se desenvolver e alcançar os seus objetivos pessoais, maneiras de melhor se relacionar com os outros e especialmente consigo mesmo. Registros Inconscientes. É preciso escutar a letra dos nossos registros inconscientes... Gozo e Desejo. O gozo é um canal de si mesmo. O desejo, codifica o gozo numa gramática existencial. Trauma. Ele é universal, singular para todos. A mesma experiência pode ser vivida como sendo traumática por uma pessoa e não por outra. Narcisismo. O Narcisismo é o resultado de uma relação de brilho de identidade entre o sujeito e a sua própria imagem. Repressão e Vergonha. As medidas de REPRESSÃO, são funções da censura referente a conteúdos inconscientes, quer dizer; são moldes comportamentais que usamos para evitar desejos, ideias, fantasias, pensamentos e anseios. Dialogo ou Conversa. Ao contrário da crença popular, a análise, não é um diálogo, senão uma escuta flutuante sobre o dizer do analisado. Neurose. A Neurose comportamental é um conflito com o desejo. O acometido não quer tomar consciência dessa pulsão. Escolhas. Não fazemos a escolha do outro, embasados no intelecto e racionalidade, nem sequer pelos ideais, se eles se ajustam, encaixam, será um plus, nunca o fundamento. Afetos. Um dos estados emocionais, no conjunto de todos os sentimentos humanos, do mais encantador e agradável ao intolerável, revelado por uma descarga emocional, seja violenta, física, psíquica, futura, imediata ou adiada. Melancolia. Na Melancolia, existe uma profunda agnição identificação com o objeto perdido, que suscita e promove um declínio do eu. Essa perda, não simbolizada, quando o laço se interrompe, gera sentimentos. Masoquismo. O Masoquismo é uma forma de perversão... A afirmação pode suscitar uma pergunta... Como goza um indivíduo? Ira e Ódio. Qual a origem da ira? A raiva, ódio, exaltação, irritação, rancor, são estes padrões infantis concebidos ante as oposições, negações e frustrações que remontam aos pais ou cuidadores. Telefone 81 996392402 Email wdanielmena@gmail.com Redes Sociais
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Clínica Psicanalítica, Psicanálise, Dan Mena Psicanalista. Clínica Presencial é ON-Line Estimado(a) cliente, se o seu coração está mergulhado na sombra da tristeza, e mesmo assim, teve a coragem de abrir uma janela para eu lhe apresentar uma luz na escuridão, essa é uma oportunidade, aquela que possa he nortear e acompanhar: seja muito bem-vindo(a) a terapia psicanalítica. Esse guiar que perfazemos por caminhos onde as palavras se entrelaçam como notas de uma melodia, lugar onde o desalento dá espaço a perspectiva, onde a dor encontra amparo e um refúgio confiável e seguro. Você pode e perguntar o que qualifica um bom Psicanalista? Seria logo sua formação, especializações e experiencia?. Bem, é fato serem importantes, mas existem componentes além da retórica clínica. Entendo ser aquele(a) capaz e interpretar a essência do espírito, essas emoções muitas vezes inqualificáveis que tocam na alma, que ecoam, ressoam em sintonia com a linguagem não dita do coração. Também, alguém que enxerga além das palavras, do discurso, da narrativa, capaz de mergulhar num oceano único de emoções e pensamentos absolutamente particulares. Deve ser habilidoso, para poder lhe conduzir por labirintos intrincados, desconstruindo amarras invisíveis, reelaborando e revelando cores em meio ao cinza. Eis a beleza da psicanálise, que reside e captura o desejo com seu toque poético. Naveguemos juntos pelos traumas que lhe assolam e assombram, inquietações enraizadas na alma que serão cuidadosamente acolhidas e desterradas, como versos que encontram sua harmonia. O bom psicanalista, é como um maestro das palavras, ele rege uma ópera onde sua história é a protagonista, uma orquestra com direito a recomeços e catarses emocionantes. Está convidado(a) a emergir desse abismo que aprisiona sua alegria. A terapia abrirá as portas da prisão que sua mente se tornou, te libertando para uma vida qualificada e saudável emocionalmente. É como um voo de borboleta, onde a metamorfose interior, dá espaço a asas que anseiam por desbravar céus mais límpidos e ventos que transportam. Sei que pode parecer assustador se lançar nos precipícios da dor, mas, lembre, nas horas mais escuras da noite que as estrelas brilham e cintilam. Estarei lá, sendo a bússola que orienta, em direção ao porto da esperança de um novo amanhecer. Nas suas sessões, estará em contato pleno com a técnica da livre associação, onde o poder da sua palavra será a própria ferramenta de ligação entre o passado e presente, enunciando as raízes que sustentam a desesperança, dissabores, inquietações, ansiedade e angústias. Que tal reaprender a se amar por inteiro?; sem julgamentos, aceitando cada fragmento da sua essência com compaixão e ternura. Nesse adentrar em sua própria natureza, encontrará uma nova força desconhecida, que não sabia existir. Assim, nos ritmos dessa melodia, descobrirá a resiliência que lhe torna um ser único, autor da sua própria história e biografia. Acredite, mesmo na penumbra, sempre haverá um novo amanhecer que vai iluminar o caminho de retorno ao bom-viver. Por isso, dedique-se, abrace essa oportunidade de trilhar um novo percurso. Sinta o destemor pulsar em seu ser, se permita, se refaça, para um mundo onde a alegria, harmonia e equilíbrio são horizontes possíveis e alcançáveis. Estou aqui para he estender a mão nessa jornada transformadora, com a mais profunda empatia e profissionalismo. Se desarme, dispa-se, se entregue a si. Em algum ponto dessa jornada inicial estará apto(a) para sua análise, o qual saberei interpretar. Seja muito bem-vindo(a); Dan Mena. Agende uma Consulta Terapia Psicanalítica Técnica terapêutica onde são investigados os processos mentais inconscientes e inacessíveis para o indivíduo. Neste tratamento o paciente é conduzido a compreender seus sofrimentos emocionais de forma que o mesmo possa desvendar sentimentos, fragmentações, traumas e questionamentos que afetam a sua saúde emocional. On Line Escolha o melhor dia e horário para a realização do seu atendimento. Assim, no dia agendado, entrarei em contato via Skype ou WhatsApp para realizar a sua consulta. Psicologia Positiva A Psicologia Positiva utiliza ferramentas como a autorresponsabilidade para mostrar que cada um pode mudar sua realidade. Levar uma vida mais satisfatória é construir um modelo mental otimista. Para tanto, é preciso treinar o cérebro e deixar os padrões negativos de lado, exercitando a mente para processos de gratidão e resiliência. Presencial Escolha o melhor dia e horário da semana para a realização de seu atendimento. Compareça 15 minutos antes no endereço informado para sua consulta no modo presencial. PNL Programação Neurolinguística A PLN é atualmente considerada um dos modelos mais eficientes em processos de mudanças e saúde mental, com resultados breves e objetivos. Pode ser utilizada tanto para questões emocionalmente complexas como depressão, pânico, vícios, fobias, timidez e insegurança, como para questões comportamentais mais simples. Triagem É muito importante que estabeleça um diálogo prévio antes de agendar sua consulta. A triagem é o primeiro encontro realizado entre paciente e profissional. “A Psicanálise é, em sua essência, uma cura pelo amor.” Sigmu nd Freud Na Psicanálise, ao contrário do que muitos pensam e alguns divulgam, existe sim acolhimento da dor, interação e empatia. Além de promover o autoconhecimento e melhorar o controle emocional, a terapia psicanalítica é utilizada para descobrir traumas da infância, depressão, fobias, transtornos de ansiedade, problemas sexuais, entre outros. Contato Gostou do que viu? Entre em Contato. 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Dan Mena possui uma abordagem terapêutica baseada em evidências e personalizada para cada cliente. Utilizo técnicas terapêuticas comprovadas para ajudar a tratar questões como ansiedade, depressão, estresse, problemas de relacionamento, traumas, entre outros. Contato Esta é sua seção de contato. Aproveite o campo de mensagem para fazer seus comentários, perguntas, tirar dúvidas e realizar solicitações de atendimentos. Vamos conversar? Telefone (81) 99639-2402 Email wdanielmena@gmail.com Redes sociais Nome Sobrenome Email Sua Mensagem Enviar Obrigado pelo envio!