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  • ''A Psicanálise dos Contos de Fadas: Histórias que Encantam e Curam Nossa Mente'' by Dan Mena.

    ‘’A Psicanálise dos Contos de Fadas’’ Hoje vamos viajar pelo universo dos contos de fadas. Não, não se preocupe, não vou aqui contar as historinhas de ninar que você ouviu na infância. É algo muito maior, são narrativas atemporais, recheadas de simbolismo e emoção. Elas podem tanto revelar as charadas da nossa psique, curar feridas emocionais e nos guiar rumo à maturidade. Antes de começarmos, quero dividir com vocês uma história real da clínica que ilustra o poder dessas resenhas. Há algum tempo, atendi uma paciente chamada Sônia, uma jovem de 28 anos que chegou num estado de alta apatia. Ela se sentia perdida, como se estivesse "dormindo" em sua própria vida, incapaz de avançar após uma série de perdas pessoais. Durante nossas sessões, introduzimos a narrativa de "A Bela Adormecida" . Isso não foi por acaso, já que a ideia era levantar o simbolismo do sono prolongado da princesa e seu despertar pelo amor. "Símbolos do inconsciente nos contos de fadas: imagens que despertam emoções profundas" "Em cada final feliz de um conto, existe uma travessia simbólica onde o sujeito aprende que a dor é parte do caminho, e não o fim dele." - Dan Mena. Como assim Dan? Histórias infantis em sessão de análise? Pois é, e a partir desta mediação, que ela começou a enxergar vias paralelas traçadas em relação a sua própria estagnação. Sônia percebeu que, assim como a personagem que introduzimos, ela estava esperando um "príncipe" , no seu caso: podemos interpretar isso como uma mudança externa capaz de realizar um resgate emocional. Foi muito poderoso, aos poucos, captou a mensagem icônica e assumiu as rédeas, "acordando" para novas possibilidades. Essa hipótese estrutural reforçou minha convicção de que os contos de fadas são mais do que fantasias, senão verdadeiros auxiliares terapêuticos de articulação. "Todo sofrimento não narrado se fecha como uma floresta escura, os contos de fadas abrem trilhas onde antes só havia medo." - Dan Mena. A Magia dos Contos de Fadas na Psicanálise Quando penso neles, a primeira imagem que me vem à mente é a de uma criança de olhos esbugalhados, ouvindo sobre príncipes valentes, princesas, caçadores, animais assustadores, bruxas malvadas, entre outros. Quem não se lembra da relevância que tais anedotas tinham em nossa infância? Hoje, como psicanalista, vejo muito mais do que isso, esses relatos antagônicos atravessaram gerações, são verdadeiros alicerces e tesouros psicológicos, repletos de significados que falam diretamente ao nosso inconsciente. Não são apenas entretenimento, operam como espelhos da alma, mapas identitários que ajudam a rotear construções psíquicas internas. Por que isso é importante? Porque, em um mundo onde a saúde mental é tão desafiada diariamente, precisamos de acessórios que nos conectem ao universo do que há de mais essencial em nós. Os contos fazem isso com muita maestria. Eles nos mostram que o caos, a expectativa, o medo e a esperança não são exclusivos da vida contemporânea, são parte da nossa experiência memorial, desde tempos atemporais, onde líderes tribais passavam suas histórias aos mais jovens em volta de fogueiras improvisadas ao relento. "Quando uma criança ouve contos de fadas, seu inconsciente recebe códigos que só décadas depois ela será capaz de decifrar." - Dan Mena. Quando leio "João e Maria" , não penso só em migalhas de pão, mas em como essas crianças enfrentam o abandono e encontram resiliência como um eco personalizável. É uma lição que aplico recorrentemente com meus pacientes, o que inclui trilhas cinematográficas. Como mencionei antes, quando Sônia começou a se identificar com "A Bela Adormecida" , algo de mágico aconteceu: ela parou de se ver como a vítima do seu estado afetivo e começou a visualizar sua história como um percurso possível de superação. Isso é o que os contos fazem conosco, eles nos dão um espaço seguro para adentrar em nossas dores angústias e sonhos. Então, por que esses recursos são tão vigorosos e importantes na psicanálise? Porque falam a linguagem do inconsciente, tal, carregado de metáforas. Um castelo nesta perspectiva, pode ser nossa mente protegida, um lobo, para nossos instintos mais selvagens. Essas narrativas contribuem significativamente para decifrar nossos enigmas emocionais. Agora que você já compreendeu minimamente o contexto, se prepare para ver essas histórias com outros olhos! "Quando vejo João e Maria vencendo a fome e o abandono, enxergo pacientes reconstruindo lares internos a partir do afeto e da autonomia." - Dan Mena. "Conto de fadas e cura psíquica: o papel da fantasia no processo terapêutico" Busca pelo Sentido que nos Ajudam a Encontrar Significado Quem nunca se fez esta pergunta: "Qual é o sentido da minha vida?" Eu já me fiz muitas vezes, e aposto que muitos de vocês também. Buscamos por significado como o motor vital de nossa existência, mesmo que de formas absolutamente inconscientes. E sabe onde encontro essas respostas surpreendentes? Neles, nos contos de fadas, histórias aparentemente simples, destarte, são articulações guias para dar sentido ao caos da vida. Vamos convocar primeiro a "Cinderela" , uma jovem oprimida, que foi relegada às cinzas, que, contra todas as expectativas possíveis, encontra seu lugar no contexto do seu mundo. Essa elaboração não é só sobre um final feliz com um príncipe encantado. Trata sobre a luta interior para encontrar valor próprio em meio ao embate e à adversidade. Quantas vezes você já se sentiu como Cinderela? esperando um momento de mudança e transformação? Pacientes que, ao se conectarem com essa história, descobrem que o "sapatinho de cristal" está dentro delas, logo encontram a energia e força indispensável para a metamorfose das suas vidas. "Quando a alma toca o fundo do poço, é a lembrança de um conto que nos devolve a escada, porque a psique reconhece o símbolo antes mesmo de entender a dor." - Dan Mena. Outro exemplo pode ser visto pela ótica de "O Patinho Feio" . Quantos já nos sentimos deslocados em algum momento? Essa história particular me toca sensivelmente, porque mostra que o significado da vida vem e surge apenas com o decorrer do tempo. Um paciente homem, de meia-idade em crise profissional, se viu refletido nesse patinho. Em algum momento, constatou que sua caminhada não era sobre ser aceito pelos outros, mas sobre reconhecer sua própria capacidade e beleza interior. Foi algo muito transformador. Essas fábulas nos dizem que a vida tem altos e baixos, mas que cada desafio é uma peça do quebra-cabeça do nosso propósito. Nos ensinam a perseverar, criar objetivos, teimar e acreditar que, mesmo nas horas mais sombrias, há um sentido a ser verificado, descoberto e alcançado. Você já parou para pensar em qual delas se espelha e pode conter sua origem e busca por interpretação? Talvez ela esteja aí, esperando para te levar adiante. "O Patinho Feio nos mostra que identidade não é um ponto fixo, mas um processo que exige tempo, silêncio e coragem para abandonar a expectativa do outro." - Dan Mena. O Papel Crucial no Desenvolvimento Infantil Crianças são seres em construção, e eu, tanto como pai, profissional e guri que fui, fico fascinado com o modo como absorvemos o mundo. Os contos de fadas têm um papel especialíssimo nesse processo, seriam um tipo de professores invisíveis que ensinam lições elementares sobre a vida. Não é exagero dizer que, certamente moldam a mente infantil de maneiras que nem sempre percebemos. Vamos considerar analisar outro conto como "Os Três Porquinhos" . À primeira vista, é uma aventura graciosa e divertida sobre casinhas e um lobo faminto. Mas, olhando mais de perto, vejo uma lição sobre esforço, construção da segurança e planejamento. Assim, mediados pela narrativa, crianças aprendem que atalhos podem levar ao colapso e insegurança, enquanto a paciência constrói algo sólido, seguro e verdadeiro. Já usei bastante essa história com pais, os ajudando a ensinar resiliência aos seus filhos. "O que você acha que o porquinho que era mais preguiçoso sentiu quando o lobo soprou em sua casa e ela desabou?" , pergunto. A resposta sempre abre portas para infinitas conversas e perspectivas. "A paciência ensinada pelos porquinhos é a arquitetura primária da resiliência, onde o esforço cuidadoso constrói um abrigo psicológico contra as tempestades existenciais." - Dan Mena. "A jornada do herói na psicanálise: ressignificando nossos próprios monstros internos" E o que podemos dizer desse clássico: "Chapeuzinho Vermelho"? Aqui, vemos que o tom fica mais sério. É um alerta sobre os perigos que vamos enfrentar no mundo, mas também um chamado à aplicação da inteligência e a astúcia. Uma linda e franzina menininha enfrentando um lobo, é uma metáfora dominante para as crianças aprenderem a confiar em si mesmas. Me lembro que certa vez, uma paciente de 10 anos, lidando com bullying, encontrou força incrível nessa história. Nem falar que essa metodologia é para mim uns dos canais mais incisivos para lidar com crianças em análise. Yana se viu como Chapeuzinho, foi assimilando e aprendendo a não se deixar enganar pelas "aparências gentis" dos colegas de classe. Sua imaginação foi estimulada a pensar no assunto sob este ângulo. Foi claramente um divisor de águas ter usado esta metáfora. Neste ponto de inserção ela virou uma chave que a preparou para lidar com o problema dentro da realidade. Eles mostram que o mundo pode ser assustador, sim, mas que, também possuem o poder do enfrentamento. Injetam pequenas doses de desafios que fortalecem a psique infantil. "Quando uma criança se identifica com um conto, ela ativa circuitos neurais de esperança e defesa emocional, que moldam sua capacidade de integrar o trauma e reconstruir a confiança no mundo."- Dan Mena. Simbolismo e Magia, que Decifram os Códigos dos Contos de Fadas Vamos falar de magia, não dos famosos truques de palco, mas os que se vivem nos contos mediáticos da mente. Particularmente me encanto com o simbolismo dessas histórias, cada elemento, uma varinha mágica, um sapo, uma maçã, um espelho. Esses elementos são verdadeiros códigos que desbloqueiam as inquisições misteriosas do inconsciente. E acredite, entender essas cifras pode mudar a forma como nos vemos. A varinha da fada madrinha em "Cinderela" , não é apenas um objeto mágico. Ela representa o poder de conversão que todos portamos. Quantas vezes você já desejou ter uma "varinha" para resolver seus problemas? Eu já vi pacientes descobrirem que essa magia está na coragem de agir e afrontar. Um deles, preso em um ciclo de procrastinação, percebeu que o "toque encantador" vinha de dentro de si, o que o motivou a dar o primeiro passo. "O lobo em 'Chapeuzinho Vermelho' não é o inimigo, mas a sombra ancestral que exige nossa inteligência e vigilância para que o instinto selvagem se transforme em sabedoria." - Dan Mena. E os animais? O lobo de "Chapeuzinho Vermelho" é mais do que um vilão assustador; é o instinto bruto que habita em cada um. Já o sapo de "O Rei Sapo" representa o potencial escondido, algo que só o amor e a aceitação podem expor. Lembro de um paciente que sonhava com dragões repetidamente, este, por sua vez, era o guardião de um tesouro. Juntos, analisando diversas vezes seus sonhos, deciframos finalmente que o dragão era seu medo, e o tesouro, seus talentos reprimidos. Podemos interpretar nesta técnica, que são na realidade sonhos coletivos, cheios de simbologia que nos conectam à nossa ancestralidade. Tudo isso está além da superfície, enfrentando o que tememos, aquilo que nos assusta, e nos invita a abraçar o que nos transmuta. Então, me diga: qual símbolo dos contos de fadas ressoa com você? "Sonhar com dragões é confrontar o território do medo e, ao mesmo tempo, alavancar o tesouro oculto da potência criativa que espera ser reconhecida e libertada." - Dan Mena. Espelhos da Alma e Nossas Lutas Internas Ditas fábulas atuam como espelhos. Não daqueles que mostram apenas o rosto, mas os que dizem quanto o que há de mais cavado em nós: lutas, medos e desejos. São como um palco onde encenamos o teatro real dos conflitos que nem sempre conseguimos nomear. "Branca de Neve" é um exemplo perfeito dessa dinâmica. A rainha má, com sua inveja insondável, e a jovem, com sua pureza imaculada, são dois lados de uma mesma concepção. Você já sentiu esse embate dentro de si? Já atendi uma paciente que não conseguia enxergar que sua "rainha má" era o fator autocrítico implacável da sua personalidade, isso a impedia de avançar. Ao reconhecer isso, começou a dar espaço à sua "Branca de Neve" interior, e tudo chegou facilmente a sua resolução. "A rainha má em ‘Branca de Neve’ é a voz implacável da autocrítica, um inimigo interno que só se dissolve quando permitimos que a pureza do nosso ‘eu’ floresça com compaixão." - Dan Mena. "Personagens dos contos de fadas como espelhos do inconsciente coletivo" E o que dizer de "João e Maria"? Abandonados na floresta que foram, eles enfrentam a bruxa malvada, uma figura que nos remete aos perigos internos tanto quanto os externos. Podemos observar aqui a introdução a processos ansiolíticos ou um reflexo da luta contra pensamentos autodestrutivos. A bruxa nesta leitura pode ser você mesma. O mais bacana quanto a essas questões é que não estamos sozinhos em nossas batalhas. Elas nos dão permissão para sentir medo, ira, raiva ou tristeza, mas também nos apontam saídas. "Enfrente a bruxa, mas não se esqueça de marcar o caminho de volta" , pois elas parecem sussurrar. Já encontrou um conto que espelhe suas lutas? "Encontrar no espelho da alma um conto que ressoe é aceitar que nossas lutas são universais e, nesse reconhecimento, nasce a esperança da transformação." - Dan Mena. Transformação e Crescimento na Jornada do Herói Vamos falar de um elemento muito utilizado nos filmes da atualidade, ‘’A jornada do Heroi " . Consideremos ele como uma das estruturas narrativas mais emblemáticas e poderosas da literatura universal. Nos contos de fadas, essa trilha se desdobra de maneira simbólica, emocional e muitas vezes espiritual. Aventuras incríveis e mágicas, obstáculos quase intransponíveis e intervenções sobrenaturais, os protagonistas desses contos enfrentam seus temores, descobrem verdades sobre si e retornam transformados. Esse paradoxo inconsciente do coletivo, constrói estruturalmente processos de amadurecimento, dor e autodescoberta. Joseph Campbell fala desse composto constituído por etapas arquetípicas, uma chamada à aventura, recusa do chamado, encontro com o mentor, provações, crise, tramas, revelações, transformação e retorno. Cada um desses momentos está presente em histórias como “João e o Pé de Feijão” , onde o herói da peça começa como um menino ingênuo, aceita um desafio impossível, encontra criaturas mágicas e retorna para casa renovado, como um novo sujeito, mais consciente, maduro e fortalecido. Essa simbiose pode ser compreendida como o processo de individuação descrito perfeitamente por Jung. O herói representa o ego que precisa integrar aspectos do inconsciente (sombras, arquétipos, traumas, desejos) para se tornar inteiro. Em "A Bela e a Fera" , Bela é a heroína que abandona a segurança de sua casa para salvar seu pai, entra no castelo que seria o símbolo do inconsciente, enfrenta a característica da alteridade representada pela Fera, e através do amor, como metáfora da integração dos opostos, transforma a si mesma e ao outro. A Fera, representa aqui o lado sombrio, desintegrado, que apenas pelo vínculo afetivo pode se tornar humano. "A jornada do herói é o espelho onde nosso ego enfrenta as sombras do inconsciente, e somente ao integrar esses opostos nos tornamos inteiros, como ensina Jung em seu caminho de individuação." - Dan Mena. Compreender que a transformação dos contos de fadas não é apenas estética, cultural ou social, mas existencial. Cinderela não é unicamente "recompensada" por sua bondade e amor, ela resiste à afronta, vexame e humilhação, mantém sua integridade e encontra uma nova forma de ser e se expressar. Essa via de transpassagem das sombras para a luz é o bojo central dessa jornada do herói, um movimento inverso, de dentro para fora. Tanto crianças quanto adultos que leem ou ouvem esses contos, inconscientemente, se projetam dialeticamente nesses personagens. Vivem também suas provações, batalhas e vitórias como se fossem realmente suas. O mecanismo simbólico impresso permite à psique fazer os ensaios necessários ao crescimento, amadurecimento e superação. É por essa razão explícita, que os contos de fadas atravessam gerações, porque falam das dores verdadeiras e factíveis que nos habitam. "O herói dos contos não é um ser extraordinário, mas a representação de todos nós, comuns e frágeis, que carregamos a coragem oculta de recriar nossa própria história." - Dan Mena. "Como os contos de fadas ajudam a elaborar traumas da infância" Outros contos importantes como “Chapeuzinho Vermelho” mostram que o herói nem sempre vence no primeiro combate. Às vezes, o anti heroi, como o lobo vence, por este motivo é preciso recomeçar e reaprender, refazendo esse caminho. Isso também faz parte da cruzada, a repetição de padrões emblemáticos, os tropeços, os retornos ao ponto inicial, são etapas legítimas da trajetória de um caleidoscópio do ser. Um aspecto importante é que dita travessia heroica nos contos, não exige qualidades extraordinárias do sujeito personagem. Os protagonistas geralmente são pessoas comuns, são pessoas abandonadas, órfãos, camponeses ou jovens solitários. Esse encanto reside justamente na ideia de que qualquer um pode se tornar herói, reforçando a dimensão democrática da narrativa mítica. Destaco o papel da alteridade e da ajuda, dificilmente veremos o super herói vencer sozinho. Há sempre uma fada madrinha, os amigos poderosos, a bondade representada por um sujeito, um animal falante, um ancião sábio, um objeto encantado, todos, compõem os símbolos do inconsciente coletivo que fornecem ao ego os recursos necessários para tocar em frente. São esses ingredientes que, na clínica psicanalítica, podem ser comparados à função do analista, alguém que oferece escuta, interpretação, acolhimento e presença para que o indivíduo enfrente suas mazelas e encontre seu próprio caminho ao andar. Mais do que histórias de aventura, são metáforas potentes para o desenvolvimento. Ao narrar essas miscelâneas de coragem e transformação, os contos nos lembram que todo sofrimento pode ter sentido amplo, toda perda pode ser ponto de partida, e todo indivíduo carrega dentro de si o atributo da destreza para se tornar líder e escritor de sua própria história. "Os contos atuam como alquimias da psique, transformando a dor em sentido e a perda em ponto de partida para que possamos reescrever nossos destinos." - Dan Mena. O Confronto com as Visões Internas Todo conto de fadas é, essencialmente, uma narrativa sobre conflitos internos travestidos em metáforas internas. Seja o mal representado por bruxas, madrastas cruéis, monstros, lobos, anti-heroes, raramente são uma entidade externa. Simbolizam partes escuras do próprio herói ou heroína, aspectos negados, recalcados e reprimidos do psiquismo. Enfrentar o mal, nos contos, é quase sempre enfrentar a si mesmo(a). No caso da madrasta de "Branca de Neve" , não é apenas o agente do ciúmes e a vaidade que está em evidência: ela é a projeção da sombra narcísica da própria Branca. Enquanto a jovem representa a inocência e a beleza, a madrasta é o reflexo espelhado do narcisismo feminino ferido, da inveja e do medo de ser substituída. O espelho mágico, atua aqui como um símbolo psicanalítico do superego, um juiz julgador interno que diz quem é a mais bela, quem, de fato, tem valor. "A magia dos contos está em nos permitir brincar com nossos temores internos em um espaço seguro, onde o mal é reconhecido não para ser aniquilado, mas para ser compreendido e integrado à psique." - Dan Mena. Visto pela escola Junguiana, a sombra é tudo aquilo que não queremos ser, mas que somos. Os contos de fadas, permitem que crianças e adultos entremos em contato com essas nuvens escuras de maneira segura. Assim, como em uma tirinha de caricaturas, projetamos os personagens "do mal" que deveríamos enfrentar e, serem integrados à mente. É o que acontece no conto da Fera em “A Bela e a Fera” , se verifica que o monstro não é destruído, mas transformado pelo amor. Isso provoca um ensinamento fundamental: não se vence a penumbra com negação ou violência, mas com reconhecimento e aceitação. No conto de "João e Maria" , a bruxa da casa de doces representa o desejo voraz, o apetite desregrado e descontrolado, tanto literal quanto metafórico. É o perigo da gratificação imediata e da infantilidade. Por este motivo, as crianças precisam dessa superação para se tornarem adultos capazes de prover seu próprio sustento afetivo e emocional. Matar a bruxa, seria nessa linha, romper com a dependência regressiva e com a ilusão de um prazer sem consequências. "Matar a bruxa é transcender a infantilidade afetiva, é escolher o alimento da autonomia emocional em vez do veneno da gratificação imediata e fugaz." - Dan Mena. "A função terapêutica da fantasia: psicanálise e literatura infantil em diálogo" Outra análise seria o personagem do lobo de "Chapeuzinho Vermelho", que representa tanto o desejo sexual reprimido quanto os perigos dos desvios de trajetória. Quando a menina se afasta do caminho, ela se perde, na fantasia do ego que se distancia de seu ‘’Self’’ , ignorando sua intuição ou própria ética interior. O lobo mau, espreme o instinto predatório, que pode ser tanto externo, seja um molestador, abusador ou predador, que enquanto interno gera impulsos autodestrutivos, desejo de rompimento da ordem social e transgressão. A beleza está aí, claramente os contos de fadas possuem sua ambiguidade, eles não ditam regras, mas abrem símbolos estratosféricos. Cada um de nós, em sua singularidade, pode interpretar o mal como ressonância de seus próprios conflitos. Na clínica, é super comum que pacientes projetem seus medos e bloqueios nessas figuras mitológicas. Não à toa que gosto muito de fazer ditas analogias, pois ao trabalhar com contos na análise, posso guiar o paciente a identificar seus lobos interiorizados, suas madrastas críticas e julgadoras, quanto também às bruxas sedutoras. Enfrentar o mal, seria portanto não tentar destruir um inimigo externo, mas aceitar que ele é parte agregada de nós. Ao tempo que isso implica um reconhecimento, podemos transcender seu domínio. O conto nunca termina quando o vilão morre, ele finaliza quando o herói compreende quem é, o que teme, o que deseja e o que será necessário sacrificar para obter esse crescimento e vitória pessoal. Isso faz sentido para você? "Quando o herói aprende a amar sua fera interna, se transparece que o poder da mudança está menos na destruição do mal do que no abraço compassivo da própria escuridão." - Dan Mena. Quem Sou Eu nas Histórias que Conto Isso nos remete a busca pela identidade como uma das mais relevantes experiências contínuas da existência. Desde a infância, nos perguntamos quem somos, o que nos diferencia dos outros, qual é o nosso valor e onde está fincado o nosso lugar universal. Os contos de fadas tratam dessas questões através de símbolos, arquétipos e narrativas simples, oferecem uma via de acesso poderosa para esse processo de autodescoberta. "O Patinho Feio", um conto extraordinário de Hans Christian Andersen, é talvez o mais claro exemplo de forja de identidade. Quem não conhece? Um filhote rejeitado por sua diferença, marginalizado pelo grupo e ridicularizado por sua aparência, imerso num percurso de sofrimento e solidão até descobrir que, na verdade, é um cisne, belo, forte, altivo e pertencente a um outro tipo de comunidade. Essa história evoca o que há de mais alegórico sobre aparência ou pertencimento. Ou seja, fala sobre a diferença essencial entre a identidade imposta socialmente e a verdadeira identidade descoberta. "A busca pela identidade é um confronto contínuo entre o olhar alheio e o espelho interno, apenas quando rompemos com as projeções podemos reconhecer o cisne que habita em nós." - Dan Mena. "A importância do final feliz como símbolo de integração e redenção na psique" Esse conto, pode ser lido como uma translação da construção do ego diante da alteridade. O patinho é aquilo que Lacan chamaria de "sujeito em formação" , constantemente confrontado com o olhar do Outro, aquele que define, julga, bloqueia, inclui ou exclui. No início da história, o patinho internaliza dita rejeição, desenvolvendo uma autoimagem negativa de si. A mudança só acontece quando ele encontra um espelho simbólico mais verdadeiro, seus pares, os cisnes. É nesse momento que ele defronta sua verdade, não o que os outros projetaram sobre ele. Essa narrativa é especialmente transparente neste momento da nossa história contemporânea, onde tantas identidades são máscaras, forjadas em distorções espelhadas. Podemos transitar pelas redes sociais, padrões de beleza, expectativas familiares, ideologias, polarizações. Crianças e adultos vivemos sob o peso limitador das imagens idealizadas que dificultam o contato com o "eu real". Esse lugar particular é ofertado pelos contos, que formam uma muralha de resistência poética. Eles nos dizem: você pode não pertencer ao grupo onde está agora, está deslocado, isso não significa que não haja um lugar adequado ao qual você pertence realmente. "A máscara social esconde a alma fragmentada, mas os contos de fadas oferecem a resistência poética necessária para que o 'eu real' se reintegre à psique." - Dan Mena. Podemos consultar outros contos sob a mesma temática, destarte de formas diferentes. Em "A Pequena Sereia" , também do mesmo escritor, vemos o drama de uma jovem que deseja se tornar humana para viver um amor. Ela renuncia à própria voz, símbolo máximo de sua identidade para caber no mundo do outro que supostamente vai amá-la. Mas, ao fazer isso, ela perde sua identidade e acaba, tragicamente, sem um lugar, em nenhum dos dois mundos. Logo, aqui a crítica se torna pungente, pois o apagamento de si mesma(o) em nome do desejo do outro é uma armadilha que conduz à dor e à dissolução subjetiva do sujeito. A identidade nos contos, nunca é dada. Ela é conquistada. É uma vitória dolorosa, cheia de suspense, provações, solidão, enigmas e rupturas. No entanto, ao final, há uma promessa de reencontro com o próprio nome, sua história e verdade. Em “A Gata Borralheira” , a identidade da protagonista está escondida sob as mágoas da humilhação, embora ela persista, silenciosa, íntegra, até que o sapatinho, símbolo do reconhecimento da singularidade, lhe revela quem ela realmente é. "Renunciar à própria voz em nome do outro é a derrota da identidade. A verdadeira bravura está em reivindicar o próprio nome, mesmo que isso implique conviver com a solidão." - Dan Mena. Na clínica vejo muitos "patinhos feios" , sujeitos que internalizaram rejeições, que se julgam inadequados(as), feios(as), insuficientes e incapazes. Através da escuta e da simbolização, certamente norteamos reconstruindo o fio de histórias, autenticando o cisne que são ou que sempre foram. Isso exige tempo, coragem e uma ponderação afastada da exigência social. Amor e Desejo nos Contos de Fadas O amor e o desejo nos contos de fadas são abordados por meio de imagens e tropos que ainda hoje nos tocam agudamente. Longe de serem simples histórias infantis com finais felizes, eles acenam para a tensão psíquica entre os legítimos quereres, o medo, a idealização e a frustração. Em “A Bela Adormecida” e “Cinderela” , essa pressão é representada por atos de espera, transformação e reconhecimento, dimensões essenciais do amor. Em "A Bela Adormecida" , o sono fundo é a comparação da suspensão do desejo, da estagnação do tempo e da espera pelo outro que desperta. A princesa adormecida é aquela parte do sujeito que permanece em latência até que algo, ou alguém, lhe traga vida, sentido e erotismo. O beijo do príncipe, não é vagamente romântico, senão o encontro com o desejo do outro que legitima o próprio desejo. Uma emergência da alteridade que nos desperta da alienação narcísica. "O amor nos contos de fadas não é mera lenda, é a luta psíquica entre a espera pelo outro e o despertar da própria pulsão vital, um convite para emergir do sono narcísico." - Dan Mena. Existem entrelinhas nessa versão, uma crítica velada à passividade feminina. O despertar amoroso está condicionado ao desejo alheio, ao movimento do outro. Na clínica, esse tema surge com muita frequência: sujeitos que só se sentem vivos ou desejáveis quando amados(as) ou reconhecidos(as) por alguém. A psicanálise, oferece outro caminho: o de despertar a pulsão de vida a partir do próprio sujeito, sem depender de um redentor. O amor não é fusão, mas reconhecimento, é o ver e ser visto sem a exigência de completude. No setting terapêutico, histórias como essas são evocadas quando analisamos a posição do sujeito no laço. Há aqueles(as) que se sentem presos em torres internas, que aguardam silenciosamente o despertar de uma paixão salvadora que nunca vira. Outros vivem à margem, como Cinderela, desejando ser vistos mas temendo não serem reconhecidos. Trabalhar essas imagens permite que o sujeito nomeie seus roteiros inconscientes e possa reescrever novos enredos. Interessante notar como, nas versões mais antigas desses contos, o erotismo era muito mais explícito que nas releituras atuais. Em edições italianas da Bela Adormecida, ela não é acordada com um beijo, mas violada durante o sono, o que levanta questões éticas e simbólicas sobre o poder, o consentimento e o avistamento traumático do desejo. O conto de fadas, então, se revela aqui como translação da cultura e de seus valores, ora reforçando papéis tradicionais, ora permitindo que se questionem. Por fim, vale lembrar que o amor é também metáfora da integração psíquica. O encontro com o outro é, quase sempre, a expressão alusiva do encontro com o próprio self. O príncipe e a princesa representam os opostos dentro de aspectos que precisam se reconciliar: razão e emoção, força e fragilidade, sombra e luz. Quando esse casamento interno se realiza, o sujeito encontra sua potência, abrindo caminho para amar de verdade. "Na dor e na espera dos contos, também se aventam as feridas culturais que moldam nosso erotismo. A psicanálise oferece a ousadia de reescrever esses roteiros com autonomia e consciência." - Dan Mena. "Personagens dos contos de fadas como espelhos do inconsciente coletivo" A Redenção e o Final Feliz como Promessa de Integração O final feliz nos contos de fadas, geralmente considerado apenas um recurso moralizante ou otimista, pode ser compreendido de forma muito mais dilatada. Como ícone da incorporação mental, da cura da ferida arquetípica e da possibilidade de um reencontro com o self. O desfecho da história do "Patinho Feio" é mais que um alívio narrativo, é a própria redenção de uma alma que foi exilada de si mesma e, ao fim, encontra sua forma, seu lugar e sua voz. Não posso deixar de chamar o meu mestre: Freud, ao falar da repetição e da compulsão à repetição, já apontava para o desejo inconsciente de reencontrar o prazer perdido e um retorno à completude. O final feliz seria, então, a representação fantasiosa desse retorno impossível, mas ainda assim, imprescindivelmente necessário como estrutura do desejo. O cisne que voa com outros iguais não está apenas alegre, ele está integrado. "O desejo inconsciente de completude, que Freud tão sabiamente delineou, se expressa na promessa do final feliz, um farol que nos guia mesmo na escuridão mais densa." - Dan Mena. Jung, que também tenho muita admiração, contribui para essa leitura ao afirmar que os mitos e contos são validações expressivas do inconsciente coletivo. Entenda, o final jubiloso não significa uma vida sem sofrimento nem angústias, mas o momento em que as partes pulverizadas e fragmentadas da nossa psique se reencontram e fazem sentido . Há um sentimento de completude, mesmo que representativo, que nos alimenta emocionalmente. Essa redenção não é um milagre repentino, mas o resultado de uma passagem libertadora. O patinho sofreu, foi humilhado, fugiu, se escondeu, correu, em outras palavras, cruzou pelos intrínsecos labirintos da dor, do não-pertencimento e da dúvida existencial. Só então pode se reconhecer como cisne em sua tribo. Hoje, o sofrimento é patologizado, se busca a suposta felicidade como um produto de consumo, o final feliz dos contos de fadas parece uma emblemática ingenuidade. No entanto, ele é uma promessa alusiva de que o suplício não é o fim. Em tempos de desesperança, histórias assim nos lembram de que é possível encontrar sentido após a dor, e que a bem-aventurança é fruto da aceitação e da incorporação de quem realmente somos. "Jung nos lembra que o mito não promete ausência de dor, mas a possibilidade de harmonizar as contradições internas, um processo contínuo de integração e renovação." - Dan Mena. Na nossa clínica essa noção é fundamental. Pacientes não chegam buscando apenas alívio sintomático, rastreiam, ainda que inconscientemente, narrativas que possam fazer sentido. Desejam, como o patinho feio, um lugar onde possam ser vistos naquilo que são. O analista sustenta esse espaço da típica transformação. Assim, o final feliz não é a linha de chegada, mas o início de uma vida vivida em autenticidade. Não há promessas de que tudo será perfeito, mas há a possibilidade de que a verdade de si mesmo(a) seja acolhida, e isso, é a maior forma de felicidade que podemos vivenciar. “A redenção simbólica do final feliz não está no riso fácil ou no amor romântico triunfante, mas na possibilidade de dizer: eu atravessei a dor, e mesmo assim continuo inteiro.” - Dan Mena. FAQ - Perguntas Frequentes sobre a Psicanálise dos Contos de Fadas O que são contos de fadas na perspectiva psicanalítica? São narrativas simbólicas que refletem o inconsciente, ajudando a revelar conflitos internos, desejos e processos de autodescoberta, funcionando como ferramentas terapêuticas. Como os contos de fadas ajudam na saúde mental? Eles oferecem um espaço seguro para explorar emoções, medos e desejos, permitindo que o inconsciente processe traumas e encontre significado através de metáforas. Por que os contos de fadas são importantes na psicanálise? Porque falam diretamente ao inconsciente com símbolos e arquétipos, ajudando a decifrar conflitos emocionais e promover a integração psíquica. O que a Bela Adormecida representa na psicanálise? Simboliza a estagnação do desejo e a espera por um despertar emocional, muitas vezes ligado ao reconhecimento do próprio potencial ou do amor. Como Cinderela reflete a busca por identidade? Cinderela representa a luta por encontrar valor próprio em meio à opressão, com o sapatinho de cristal simbolizando o reconhecimento da singularidade. O que o Patinho Feio ensina sobre autodescoberta? Mostra que a identidade é um processo de aceitação interna, superando rejeições externas para descobrir a verdadeira essência, como o patinho que se torna cisne. Qual é o papel dos contos de fadas no desenvolvimento infantil? Atuam como professores invisíveis, ensinando resiliência, planejamento e enfrentamento de desafios por meio de narrativas simbólicas que moldam a psique infantil. Como Chapeuzinho Vermelho ajuda crianças a enfrentar perigos? A história ensina a confiar na própria intuição e astúcia, representando os perigos do mundo e a necessidade de enfrentar desafios com coragem. O que simboliza o lobo nos contos de fadas? O lobo representa instintos selvagens ou impulsos reprimidos, como desejo ou autodestruição, que precisam ser reconhecidos e integrados. Como os Três Porquinhos ensinam resiliência? A narrativa destaca a importância do esforço e planejamento, mostrando que a paciência constrói segurança emocional contra adversidades. O que a jornada do herói significa nos contos de fadas? É uma metáfora do processo de individuação, onde o ego enfrenta desafios, integra a sombra e retorna transformado, mais consciente e maduro. Como a psicanálise usa contos de fadas na terapia? Os contos são usados como espelhos para refletir conflitos internos, permitindo que pacientes nomeiem suas dores e encontrem caminhos de superação. O que a rainha má de Branca de Neve representa? Simboliza a sombra narcísica, como a autocrítica ou inveja, que precisa ser reconhecida e integrada para permitir o florescimento do eu autêntico. Por que os contos de fadas atravessam gerações? Porque abordam temas universais como dor, medo, esperança e transformação, conectando-se ao inconsciente coletivo e às experiências humanas atemporais. Como a Bela e a Fera reflete a integração psíquica? A Fera simboliza a sombra ou aspectos reprimidos, que, pelo amor e aceitação, são transformados, representando a reconciliação interna. O que a varinha da fada madrinha em Cinderela significa? Representa o poder interno de transformação, a coragem de agir e superar desafios, mostrando que a "magia" está dentro de cada um. Como João e Maria lidam com o abandono? Enfrentam a bruxa, que simboliza desejos infantis e perigos internos, aprendendo a superar dependências e construir autonomia emocional. Qual é o simbolismo do espelho em Branca de Neve? O espelho mágico atua como o superego, um juiz interno que reflete autocrítica e a luta por validação, desafiando o ego a encontrar equilíbrio. Como os contos de fadas abordam o amor e o desejo? Representam a tensão entre espera, reconhecimento e integração, como o beijo em A Bela Adormecida, que simboliza o despertar do desejo próprio. O que o final feliz dos contos de fadas significa na psicanálise? É a promessa de integração psíquica, onde o sujeito encontra sentido após enfrentar conflitos, simbolizando a redenção e a aceitação do self. Bibliografia Freud, S. (2010). O estranho (Das Unheimliche). São Paulo: Autêntica. Bettelheim, B. (2004). A psicanálise dos contos de fadas. São Paulo: Paz e Terra. Jung, C. G . (2013). A psicologia do inconsciente. Petrópolis: Vozes. Klein, M . (1996). Amor, culpa e reparação. Rio de Janeiro: Imago. Moscovici, S . (2012). Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis: Vozes. Fromm, E. (2007). El arte de amar. Madrid: Paidós. Punset, E. (2008). El alma está en el cérebro: radiografía de la máquina de pensar. Barcelona: Destino. Rodríguez Alzueta, E. (2014). Temor y control: La gestión de la inseguridad en democracia. Buenos Aires: Siglo XXI Editores. Mannoni, M. (2000). El niño, su “enfermedad” y los otros. Barcelona: Gedisa. Durand, G. (1992). Las estructuras antropológicas del imaginario. Madrid: Taurus. Schore, A. N. (1994). Affect Regulation and the Origin of the Self: The Neurobiology of Emotional Development. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum. Kalsched, D. E. (1996). The Inner World of Trauma: Archetypal Defenses of the Personal Spirit. London: Routledge. Zipes, J. (1991). Fairy Tales and the Art of Subversion: The Classical Genre for Children and the Process of Civilization. New York: Routledge. Van der Kolk, B. A. (2014). The Body Keeps the Score: Brain, Mind, and Body in the Healing of Trauma. New York: Viking. Eagleton, T. (1983). Literary Theory: An Introduction. Minneapolis: University of Minnesota Press. Neumann, E. (1954). The Origins and History of Consciousness. Princeton, NJ: Princeton University Press. Tatar, M. (2009). Enchanted Hunters: The Power of Stories in Childhood. New York: W. W. Norton & Company. Lacan, J. (2006). Écrits: The First Complete Edition in English. New York: W. W. Norton & Company. Bruner, J. (1990). Acts of Meaning. Cambridge, MA: Harvard University Press. Barthes, R. (1972). Mythologies. New York: Hill and Wang. Hashtags #PsicanáliseContosDeFadas #CuraEmocional #ArquétiposJunguianos #InconscienteColetivo #JornadaDoHerói #TerapiaComContos #SimbolismoInfantil #BelaAdormecida #Cinderela #PatinhoFeio #DesenvolvimentoInfantil #ChapeuzinhoVermelho #ResiliênciaEmocional #SaúdeMental #MitosETraumas #NarrativasTerapêuticas #IntegraçãoPsíquica #ContosQueCuram #Autoconhecimento #DanMenaPsicanalise Visite minha loja ou site: https://uiclap.bio/danielmena https://www.danmena.com.br Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199. Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130. Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Department of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192.

  • ''Além do Estupro: A Dinâmica de Poder e Desejo no filme "Elle" de Paul Verhoeven''. Dan Mena.

    ''Elle'' (2016): Uma Análise Psicanalítica do Thriller de Paul Verhoeven. Em um cenário cinematográfico por vezes polarizado entre o explícito e o sutil, surge uma obra que desafia categorizações e mergulha na psique com uma audácia rara: "Elle" (2016), dirigido pelo mestre provocador Paul Verhoeven. Lançado em 2016, é um thriller psicológico franco-alemão, produzido pelas casas SBS Productions e France 2 Cinéma, que fala sobre trauma, desejo e poder de maneira inescrutável. Verhoeven, conhecido por sua habilidade em desmantelar convenções e adentrar nos recantos da moralidade, entrega aqui uma narrativa que se recusa a oferecer respostas fáceis, preferindo, em vez disso, instigar o questionamento e a nossa introspecção. ‘’Na transgressão, o desejo se aventa não como falha moral, mas como a busca da alma por um reconhecimento que transcende a superfície do consentimento.’’ - Dan Mena. No coração desta teia narrativa está Michèle Leblanc, interpretada com uma maestria arrebatadora por Isabelle Huppert. Michèle não é uma vítima passiva; ela é a CEO de uma bem-sucedida empresa de videogames, uma mulher de inteligência afiada e uma postura que beira a indiferença. A complexidade da psique feminina em "Elle": uma imagem que fala mais que mil palavras. Seu perfil psicológico é um mosaico entrelaçado de força, controle e uma perturbadora familiaridade com o caos. Após ser brutalmente atacada em sua própria casa por um agressor mascarado, sua reação nada convencional desafia todas as expectativas sociais e narrativas. Ela não busca a polícia, não se desfaz em lágrimas de desespero imediato; em vez disso, ela limpa a cena, retoma sua vida com uma aparente normalidade e, gradualmente, embarca em um jogo perigoso de gato e rato com seu algoz.Sua psique é um campo minado de repressões e sublimações, onde o trauma se mescla com uma sexualidade complicada e masoquista, revelando uma personalidade forjada por um passado igualmente turbulento, incluindo ser filha de um notório assassino. Ao lado de Michèle, encontramos Patrick, vivido por Laurent Lafitte, o vizinho casado e respeitável que se revela o agressor. O perfil psicológico de Patrick é o do tipo predador que se esconde sob a fachada da normalidade burguesa. Sua relação com Michèle é uma simbiose distorcida de poder e submissão, onde os papéis se invertem e se confundem, desafiando as noções tradicionais de vítima e verdugo. Ele é a personificação do desejo proibido e da violência latente que permeia grande número das relações atuais, funcionando como um espelho das próprias problemáticas de Michèle. A dinâmica entre eles é o eixo central desta análise psicanalítica que realizei do filme, onde vamos verificar com clareza como o trauma pode distorcer e redefinir os laços íntimos. ‘’A resiliência, quando tecida no inconsciente, transforma a ferida em um portal para uma descoberta brutal e autêntica, onde a vítima se torna artífice de seu labirinto.’’ - Dan Mena . Paul Verhoeven e a arte de provocar: cenas icônicas de "Elle" que você precisa ver. Completando o trio de protagonistas que orbitam o universo de Michèle, temos Anna, interpretada por Anne Consigny, amiga e parceira de negócios. Anna representa a normalidade e a moralidade convencional que Michèle parece querer desafiar. Sua relação de confiança e cumplicidade profissional é testada pelas transgressões pessoais de Michèle, incluindo um caso com o marido de Anna, Robert. O perfil psicológico de Anna serve como um contraponto na história, um ponto de referência para a suposta sanidade em um mundo onde Michèle opera de forma incompreensível para os outros. Ela é a amiga que tenta entender, mas que é constantemente confrontada com a natureza enigmática da protagonista. "Elle" não é um filme sobre estupro no sentido convencional de uma narrativa de vingança ou superação. É uma análise especial, única e singular, onde coloco um novo olhar crítico, usando a visão psicanalítica.O impacto social, de fundo psicológico e um prisma contemporâneo da psique. Verhoeven nos força a debater o desconforto, a ambiguidade e a moralidade fluida, questionando nossas preconcepções sobre o que significa ‘’ser’’ em face do trauma e do desejo. Quero trazer aquilo que vai além da crítica do óbvio, mirando nas ressonâncias psicanalíticas e sociais que tornam "Elle" uma obra tão impactante e inesquecível. ’’A moralidade, em sua rigidez, falha em compreender a fluidez do desejo que, como um rio subterrâneo, encontra caminhos tortuosos para emergir.’’ - Dan Mena. A Complexidade da Vítima: Michèle e a Subversão do Arquétipo Michèle é, sem dúvida, o epicentro do filme "Elle", uma figura que desafia e desmantela as narrativas naturais sobre o que significa ser uma vítima de violência de estupro. Longe de se encaixar no molde da fragilidade e do desamparo, ela aparece como uma mulher de uma resiliência subversiva, cuja reação à agressão inicial é de uma frieza calculada e chocante. Sua decisão de não reportar o crime às autoridades não é um ato de negação, mas uma manifestação de um controle férreo sobre sua própria dimensão e destino. Essa escolha, que pode parecer contra-intuitiva ou até mesmo patológica, tem sua base enraizada em seu passado traumático: ser filha de um assassino que a ensinou a desconfiar das instituições e a forjar uma armadura psíquica impenetrável. "Elle": A Complexidade Psicológica e Social do Filme de Paul Verhoeven. A psicanálise vê essa aparente indiferença não como ausência de dor, mas como um mecanismo de defesa sofisticado, uma forma de sublimação onde o trauma é internalizado e reprocessado através de uma lente de poder. ‘’O controle, em sua essência, é a ilusão que a psique constrói para navegar no caos, transformando a vulnerabilidade em uma arma de autoafirmação.’’ - Dan Mena. A conduta de Michèle após o ataque pode ser fascinante para masoquistas e fãs do sadismo, na psique, não no sentido simplista de prazer na dor, mas como uma combinação de controle e submissão. Ela não apenas se recusa a ser definida pelo ato da violência recebida, mas ativamente busca enfrentar e cooptar a experiência traumática. Ao se envolver com seu agressor, Patrick, Michèle inverte a dinâmica de poder, o transformando de objeto passivo para ativo, dentro da sua própria história. Essa busca articulada por controle, mesmo em situações de vulnerabilidade, expõe uma personalidade que se recusa a ser quebrada, e que encontra na confrontação uma forma distorcida de autoafirmação. A vacilação e a ambivalência moral de suas ações, oscilam entre a provocação e a busca por uma estranha forma de catarse, o que torna Michèle uma das personagens mais complicadas e discutidas do cinema atual. Ela nos força a repensar os limites da moralidade e da psicologia, onde  a resposta ao trauma pode ser tão diversificada quanto o próprio indivíduo. ‘’A busca por sentido, em um mundo fragmentado pelo trauma, é a bússola que nos guia através das tempestades, mesmo quando o porto seguro é uma miragem.’’ - Dan Mena. Sua vida profissional como CEO de uma empresa de videogames, um ambiente predominantemente masculino, reforça sua imagem de mulher dominante. Michèle transita por esse universo com uma autoridade e facilidade inquestionável, lidando com a misoginia velada e explícita com uma mistura de desdém e manipulação sutil. Essa faceta de sua personalidade é intrínseca à sua capacidade de lidar com o trauma; ela aplica a mesma lógica de controle estratégico que usa nos negócios à sua vida pessoal. A sexualidade de Michèle também é apresentada de forma crua e sem pudores, desvinculada de romantismo ou idealização, serve como uma ferramenta de auto-expressão. Ela mantém um caso com o marido de sua amiga, flerta abertamente com Patrick antes de descobrir sua identidade, e até mesmo encena um play sexual com ele que mimetiza o estupro, destarte, sob suas próprias condições. Essa sexualidade, inventada num campo de batalha caótico moralmente, e da afirmação de si apesar dele, é um dos pontos mais determinantes do filme, batendo de frente com as noções puritanas sobre o desejo feminino. ‘’A arquitetura do feminino, em sua recusa em ser categorizada, é a maior provocação à sociedade, que insiste em moldar o indomável em arquétipos previsíveis.’’ - Dan Mena. Essa minha frase pode responder aquela tradicional pergunta…O que quer uma mulher? Trauma e superação: como "Elle" redefine a narrativa da vítima. Michèle Leblanc é, portanto, um estudo de caso sobre a perseverança psíquica e a capacidade que pode ter uma mulher de reconfigurar o significado do seu trauma. Ela não é uma heroína no sentido tradicional. É uma força da natureza, uma mulher que se recusa a ser definida por um único acontecimento, por mais devastador que seja. Sua trilha cinematográfica é um lembrete de que a psique é um território vasto e contraditório, onde a dor e o desejo, o controle e a vulnerabilidade, podem coexistir. O filme, através dela, nos convida a olhar no horizonte das superfícies sobre o trauma e a recuperação, propondo uma visão mais nuançada e nada confortável. ‘’O jogo de gato e rato entre agressor e vítima, quando invertido, exibe que o poder não reside na força bruta, mas na capacidade de redefinir as regras do sofrimento.’’ - Dan Mena. Na sua opinião; Como a sociedade reage a uma vítima que se recusa a desempenhar o papel esperado, e o que isso tem a dizer sobre as próprias expectativas de sofrimento? Até que ponto a busca por controle em situações traumáticas pode se manifestar em comportamentos que desafiam a moralidade convencional? A familiaridade com o caos, forjada na infância, pode ser uma forma de resiliência ou uma condenação a reviver padrões destrutivos? ‘’A alma, em sua busca por sentido, tece sua própria redenção nas tramas sombrias do destino, redefinindo a dor não como um fim, mas como um catalisador para uma liberdade brutalmente autêntica.’’ - Dan Mena. Patrick: O Predador Doméstico e o Desejo Patrick, o vizinho aparentemente inofensivo, encarna a figura do predador doméstico, um lobo em pele de cordeiro que se esconde sob a fachada da respeitabilidade. Sua revelação como o agressor de Michèle é um choque para o público, mas, para a protagonista, parece ser mais uma peça em um quebra-cabeça das relações disfuncionais. O perfil psicológico de Patrick é o de um indivíduo que busca controle e gratificação através da violência e da dominação, mas que, paradoxalmente, se vê enredado em uma dinâmica onde Michèle inverte suas expectativas. Ele não é propriamente um monstro unidimensional, sua vulnerabilidade e sua aparente confusão nos momentos finais do filme sugerem uma psique igualmente perturbada, talvez, buscando em Michèle uma figura que pudesse corresponder à sua própria escuridão interior. Na psicanálise sabemos, que o desejo em suas formas mais perversas se manifesta como uma busca por reconhecimento e conexão, ainda que distorcido. Essa dinâmica entre Patrick e Michèle é um dos pontos fascinantes do filme. Após a descoberta de sua identidade, a relação entre eles não cessa, mas se transforma em um ‘’game’’ real de sedução e repulsa, onde os limites entre o consentimento e a coerção se tornam totalmente fluidos. Michèle, em vez de se afastar, parece ser atraída pela perversidade de Patrick, utilizando essa atração como uma química para exercer seu próprio controle. A arquitetura sexual que eles encenam, onde Patrick é instruído a estuprá-la sob as condições de Michèle, é uma representação chocante de como o trauma pode ser reencenado e encaixado em um contexto de desejo e dominação. ‘’A sombra do passado não é uma condenação, mas uma introspecção, onde a herança familiar se torna o solo de uma identidade singular e desafiadora.’’ - Dan Mena. A dança proibida do desejo: explorando a sexualidade em "Elle". Essa conversão macabra de papéis, onde a vítima dita as regras do jogo, afronta as noções tradicionais de moralidade e levanta manifestações sombrias. Patrick, nesse cenário, se torna menos um agressor e mais um cúmplice em um drama psicológico onde Michèle rege a orquestra. O filme elabora essa ideia de que a violência não é apenas um ato físico, mas também uma manifestação de confusas interações psicológicas e sociais. Patrick, com sua vida familiar aparentemente perfeita e sua posição social, representa a hipocrisia de uma sociedade que esconde suas perversões sob uma máscara de normalidade. Sua incapacidade de satisfazer os desejos de sua esposa, Rebecca, que implicitamente reconhece a necessidade de Patrick de uma dinâmica sexual mais transgressora, sugere uma falha na comunicação e na intimidade que o leva a buscar gratificação em atos violentos. A figura de Patrick, portanto, não é apenas a do vilão, mas a de um indivíduo preso em suas compulsões e desejos reprimidos, que encontra em Michèle uma parceria inesperada em sua caminhada rumo ao abismo. ‘’O existencialismo é um grito silencioso de autonomia, uma declaração de que, mesmo diante do absurdo, a escolha de ser você mesmo(a) e a mais poderosa das revoluções.’’ - Dan Mena. A normativa desse personagem reside na forma como ele é simultaneamente um perpetrador e, em certo sentido, uma vítima de suas próprias pulsões, incapaz de escapar do ciclo de violência e desejo que ele mesmo iniciou. Ao final, a morte de Patrick que vem pelas mãos do filho de Michèle, Vincent, é um desfecho ambíguo que não oferece o desenvolvimento esperado. Michèle permanece composta, enquanto Patrick morre em aparente confusão, sublinhando a natureza inescrutável de suas motivações e a falta de uma resolução moral clara. Sua figura serve para lembrarmos de que o mal nem sempre se manifesta de forma óbvia, mas pode residir nas entranhas da vida cotidiana, escondido na normalidade. Isso nos revela a fraqueza das interações humanas, quanto a fragilidade das convenções sociais e a moral. O que podemos perguntar quanto a isso? Como a aparente normalidade de um indivíduo pode mascarar seus verdadeiros desejos e perversões, e o que isso diz sobre a sociedade atual? Qual o papel da inversão de poder em uma dinâmica de violência, e como isso pode redefinir as noções de vítima e agressor? A busca por gratificação através da dominação é uma manifestação de fraqueza ou uma forma distorcida de força? ‘’O desejo, em sua face escura, não busca a aniquilação do outro, mas a projeção de si mesmo em um desvio comportamental, onde a dominação pode ser confundida com a busca desesperada por reconhecimento.’’ - Dan Mena. "Elle" (2016): Impacto Social, Psicologia e a Audácia de uma Narrativa Inesperada. A Normalidade e a Frágil Fachada Social Anna, a amiga e parceira de Michèle, representa o lado oposto da anormalidade e da moralidade pervertida em um universo onde Michèle opera fora de todas as regras estabelecidas. Seu perfil psicológico é o de uma mulher que busca a estabilidade, a lealdade e a conformidade com as regras impostas socialmente. Ela é a figura que tenta manter a coesão em seu círculo social e profissional, servindo como uma referência para o público sobre como uma pessoa comum reagiria aos eventos extraordinários que cercam Michèle. A amizade entre as duas, embora forte, é constantemente testada pelas transgressões de Michèle, especialmente seu caso com Robert, marido de Anna. Essa mecânica nos apresenta estruturas das lealdades, onde a confiança pode ser facilmente abalada por segredos e traições. O papel de Anna no filme é a base para sublinhar a singularidade da protagonista. Enquanto Michèle se recusa a ser uma vítima e manipula as circunstâncias a seu favor, Anna personifica a reação mais esperada e aceitável ao trauma e à infidelidade. Sua dor e confusão diante da revelação do caso de Michèle com Robert são palpáveis, contrastando com a aparente frieza e desapego de Michèle.Tal diferença de temperamento e de dispositivos de defesa aludem a forma de como se processam o sofrimento e a desilusão. Anna, que busca compreensão e justiça dentro dos limites sociais, serve como um exemplo claro quanto às escolhas não convencionais de Michèle, destacando o quão radicalmente a protagonista se desvia das normas. ‘’A psicanálise ensina que a verdade da alma não reside nas respostas prontas, mas nas perguntas que ousamos fazer sobre nós mesmos.’’ - Dan Mena. Poder e controle: a dinâmica entre Michèle e Patrick em "Elle". A relação de Anna com Michèle também aventa a arquétipos de conduta que rolam de fato em certas amizades femininas diante de adversidades e segredos. Apesar das traições e dos choques, há uma corrente subjacente de afeto e compreensão mútua que persiste. No final do filme, quando Anna decide se mudar para a casa de Michèle após ambas terem rompido com Robert, isso sugere uma forma de reconciliação e solidariedade entre elas que transcende as falhas individuais anotadas. É um reconhecimento de que, apesar das diferenças e dos erros, há um laço que as une, talvez pela experiência compartilhada de lidar com homens falhos e com as curvas da vida adulta. Anna, nesse sentido, evolui de uma figura meramente contrastante para uma aliada, encontrando em Michèle uma forma de força e autonomia que ela talvez não possuísse sozinha. Assim, Anna nos lembra que, mesmo em meio a desordem e à violação de comportamentos, a busca por conexão e apoio permanece uma constante inalterada. Sua personagem, embora menos central e importante que Michèle, é uma âncora de sustentação narrativa dentro de uma realidade social reconhecível, permitindo que o público teça suas compreensões da psique de Michèle sem perder completamente o contato com as convenções. Ela é a voz da razão, a amiga leal, e a mulher que, apesar de suas próprias dores, oferece um porto seguro em um mundo turbulento. Sua presença ressalta a ideia de que a mente é um campo de batalha onde a individualidade se choca com as expectativas sociais, e onde a busca por autenticidade pode levar a caminhos inesperados e, por vezes, angustiantes e dolorosos. O que então podemos espremer… Como a lealdade e a amizade são testadas quando confrontadas com segredos e transgressões pessoais, e qual o limite delas? O que a reação de Anna à infidelidade e ao trauma de Michèle mostram sobre as expectativas sociais do comportamento feminino? A busca por normalidade em um mundo caótico é uma forma de resiliência ou uma negação da dificuldade da compreensão da vida? ‘’A normalidade é a mais frágil das fachadas, sob a qual a alma, em sua busca por equilíbrio, esconde as fissuras das nossas desilusões e a força silenciosa da resiliência.’’ - Dan Mena. Trauma, Resiliência e a Busca por Controle: A Estratégia de Sobrevivência de Michèle O filme "Elle" é um estudo psicanalítico notável para mim, ele fala muito sobre as múltiplas caras do trauma e as estratégias intrincadas que a psique desenvolve para lidar com ele. Michèle Leblanc, não é apenas uma vítima de estupro, ela é um produto de um passado marcado por uma tragédia familiar que a colocou sob os holofotes da mídia e a estigmatizou desde sua infância. Ser filha de um assassino moldou sua percepção universal, incutindo nela uma arraigada desconfiança nas instituições e uma necessidade imperiosa de controle sobre sua própria vida. Essa ânsia por controle se manifesta de maneiras ‘’n’’ , transformando o trauma de um evento paralisante em um catalisador para uma redefinição radical de sua existência. Sua postura não é passiva, mas ativa e, por vezes, agressiva, uma forma de autodefesa que a impede de ser subjugada pela dor. A negação de Michèle em se conformar com o papel de vítima tradicional é uma das características mais marcantes dessa afirmação. Em vez de buscar consolo ou justiça através dos canais esperados, ela opta por uma abordagem que a coloca no topo do comando da situação, mesmo que isso signifique se expor a riscos ainda maiores. Essa estratégia de sobrevivência pode ser interpretada como uma forma de ‘’acting out’’ , onde o trauma é reencenado e confrontado diretamente, em vez de ser reprimido. Ao se engajar com Patrick, seu agressor, Michèle não apenas busca entender suas motivações, mas também amotinar a dinâmica de poder, transformando o ato de violência em um terreno para sua própria afirmação. Ela se recusa a ser um objeto inanimado da situação, insistindo em ser o sujeito ativo de seu próprio infortúnio, (embora entendemos que não é essa sua visão) mesmo que essa ação seja exercida em um descortinar moralmente ambíguo. Os bastidores de "Elle": a genialidade por trás da obra de Verhoeven. ‘’A resiliência não é a ausência de cicatrizes, mas a coragem de poder exibi-las como mapas de uma jornada interiorizada, onde cada ferida é um testemunho de força e transformação.’’ - Dan Mena. Seu comportamento pode ser visto como uma manifestação de uma estrutura psíquica que, tendo sido exposta a traumas precoces infantis, desenvolveu mecanismos de defesa altamente sofisticados. A frieza, o distanciamento emocional e a capacidade de compartimentalizar suas vivências são ferramentas que ela utiliza para manter sua integridade psíquica. O filme sugere que a adaptabilidade não é sinônimo de ausência de dor, mas sim da capacidade de processar e integrar o sofrimento de maneiras que permitam ao indivíduo continuar funcionando e, em alguns casos, até prosperar. Michèle não se cura do trauma no sentido convencional, para mim, ela o incorpora, o transforma e o integra, o utilizando como uma fonte de força motora e autoconhecimento, ainda que de forma aborrecida. Essa busca por controle se estende a todas as áreas de sua vida, desde sua bem-sucedida carreira, até suas relações pessoais e sexuais. Michèle manipula as pessoas e as situações ao seu redor com uma destreza notável, sempre mantendo a rédea curta de sua própria existência. No entanto, é inegável que essa tática permite a Michèle navegar por um mundo hostil, emergindo como uma figura poderosa e inesquecível. Sua história assume formas inesperadas e caminhos tortuosos para a sobrevivência e a afirmação. Perguntas? De que forma o trauma precoce pode moldar a necessidade de controle de um indivíduo, e como essa necessidade se manifesta em suas relações e escolhas futuras? A resiliência, quando expressa através de comportamentos moralmente ambíguos, pode ser considerada uma força positiva? Qual o limite dessa auto-sabotagem na busca por redefinir a própria narrativa após um evento traumático? ‘’O trauma em si nunca é o fim da história, mas o prólogo de uma articulação psíquica que se veste de audácia e controle, reescrevendo o destino em uma caligrafia que só a própria alma é capaz de fazer leitura.’’ - Dan Mena. Sexualidade, Desejo e Perversão: A Dança em ''Elle'' "Elle" embrenha sem pudor a sexualidade, trata o desejo e a perversão de maneira provocante. O espectador(a) se vê confrontado com seus preconceitos. O filme se recusa a moralizar, preferindo apresentar a sexualidade em suas facetas múltiplas e possíveis, desde o desejo romântico e a infidelidade até o masoquismo, o sadismo e a releitura do trauma. Michèle Leblanc, é a personificação desse hermetismo. Sua vida sexual é um emaranhado de relações que desafiam a monogamia e a heteronormatividade, e sua reação ao estupro inicial não é de repulsa, mas de evidente curiosidade, que a leva a se engajar com seu agressor. Essa abordagem da sexualidade, que se desvia drasticamente das narrativas tradicionais de vitimização, é um dos pilares da análise psicanalítica do filme. O ato de estupro, que deveria ser um ponto final para qualquer interação, se torna o início de uma dinâmica sexual mutuamente construída, onde os limites entre o consentimento e a coerção são constantemente borrados. O papel que eles encenam, é uma representação chocante de como o desejo pode se manifestar em formas distorcidas e como o poder pode ser exercido através da sexualidade. A perversão não é meramente um desvio moral, mas uma organização psíquica que busca lidar com ansiedades e traumas, através de fantasias e desejos recalcados. Ela usa sua sexualidade para manipular, seduzir e manter o controle sobre os homens em sua vida, seja seu amante, seu ex-marido ou seu agressor. Essa representação da sexualidade feminina como algo ativo, transgressor, é uma virada para às visões mais passivas e idealizadas da mulher. "Elle" sugere que o desejo não é linear nem simples, senão, onde as pulsões mais primitivas se encontram com as construções sociais. A ambiguidade moral do filme reside precisamente nessa recusa em julgar os desejos e as ações de Michèle. ‘’Elle" nos força a questionar o que consideramos"normal " ou"anormal " na sexualidade, e como nossos quereres e traumas moldam nossos desejos mais íntimos.’’ - Dan Mena. Reflexões sobre a moralidade: "Elle" e o desafio às convenções sociais. Como a reencenação do trauma através da sexualidade pode ser uma forma de busca por controle e ressignificação para a vítima? Quais são os limites éticos do masoquismo e do sadismo em uma narrativa cinematográfica? O que a recusa do filme em moralizar a sexualidade de Michèle traz sobre as expectativas sociais do desejo feminino? ‘’O desejo, em sua coreografia de muitas cenas, não se contenta com o palco, mas busca na perversão o controle e a submissão, que se entrelaçam para encontrar um significado que transcende a moralidade.’’ - Dan Mena. Impacto Social e o Olhar Contemporâneo: Desafiando Narrativas de Gênero "Elle" não é simplesmente um thriller psicológico, é um filme que adentra nas discussões contemporâneas sobre gênero, violência e a representação feminina no cinema. A obra de Paul Verhoeven, através da figura de Michèle Leblanc, decola abertamente quanto as narrativas tradicionais de vitimização e empoderamento feminino, provocando um debate intenso sobre o que significa ser uma mulher em um mundo pós-feminista. O filme se recusa a oferecer uma heroína moralmente impecável, optando por uma protagonista contraditória que subverte as expectativas do público. Audacioso, força o espectador(a) quanto a preconcepções sobre como uma mulher deveria reagir ao trauma, e o que constitui uma resposta apropriada à violência sexual. O impacto social do filme reside precisamente em sua capacidade de desestabilizar as certezas, abrindo espaço para uma ponderação. Em um contexto social onde a violência contra a mulher é um tema urgente, "Elle" se posiciona de forma controversa. Como de certa forma, se engaja em uma dinâmica perversa com seu agressor, o filme foi acusado por alguns de ser misógino ou de glamourizar a violência. Destarte, numa leitura mais cavada, vejo que a intenção de Verhoeven é, na verdade, trabalhar na psique feminina e a multiplicidade de respostas ao trauma, em vez de prescrever uma única forma de ser ou reagir. Michèle, com sua autonomia radical pode ser vista como uma figura que, à sua maneira, reivindica o controle sobre seu próprio corpo, mesmo que essa reivindicação seja moralmente julgada negativamente. A maneira como Michèle lida com seu trauma, sem buscar a validação externa ou a punição do agressor, pode ser vista como uma crítica à ineficácia das instituições sociais em lidar com a violência sexual e suas consequências psicológicas. Uma obra de arte relevante que continua a gerar debates e a desafiar as narrativas dominantes sobre gênero, violência e sexualidade na era moderna. Como o filme "Elle" desafia as representações tradicionais de vítimas de violência sexual no cinema, e quais as implicações dessa subversão? De que forma a obra de Verhoeven contribui para o debate sobre a cultura do consentimento e as relações de poder na sexualidade? Qual o papel da ambiguidade moral na arte para provocar questionamento social e debater as normas estabelecidas? ‘’A sociedade, em sua ânsia por narrativas lineares, se choca com camadas complicadas da alma feminina, que tecem sua própria costura em fios de autonomia e desafio, redefinindo o empoderamento para além das expectativas.’’ - Dan Mena. O impacto social de "Elle": debates sobre gênero e violência. A Dimensão Filosófica e Acadêmica: Entre o Existencialismo e a Crítica à Moralidade "Elle" transcende através de Michèle a capacidade de escolher uma resposta própria e personalizada ao trauma, de forjar seu próprio caminho, o que vai ao encontro de ideias de pensadores como Jean-Paul Sartre e Albert Camus, que defendiam a primazia da liberdade e da responsabilidade individual na construção do sentido da vida. O filme, nesse sentido, não oferece um julgamento moral, mas uma abertura não clássica das escolhas e suas consequências, por mais desconfortáveis que sejam ao público. Academicamente, "Elle" tem sido objeto de diversas análises que abordam desde a teoria feminista até a psicanálise lacaniana. A forma como Verhoeven subverte os tropos do thriller de vingança e do drama de estupro provoca discussões sobre a autoria, a intenção do diretor e a recepção dos espectadores(as). O filme se torna assim um caso de estudo sobre a forma como a arte pode desestabilizar as normas sociais. A ausência de uma mensagem moral clara ou de uma resolução catártica é, em si, uma declaração filosófica sobre a natureza da experiência que carregamos, que raramente se encaixa em narrativas simplistas de bem e mal. A crítica à moralidade burguesa é outro pilar filosófico do filme. O universo de Michèle é povoado por personagens que, sob uma superfície de respeitabilidade e sucesso, escondem uma miríade de segredos e maldades. A família de Michèle, com seu pai assassino e sua mãe narcisista, é um microcosmo da hipocrisia e da disfunção que permeiam nossa sociedade. Essa crítica se alinha com pensadores como Michel Foucault, que analisou as relações entre poder, conhecimento e moralidade, mostrando como as normas sociais são construções que podem ser usadas para controlar e oprimir. Além disso, o filme pode ser analisado sob o caleidoscópio da teoria do trauma. A história de Michèle, marcada pelo trauma de seu pai e pelo estupro, é uma demonstração de como o passado nunca é realmente passado, mas continua a reverberar no presente, influenciando escolhas e reações. A forma como ela encena seu problema, é um tema rico para a pesquisa acadêmica em psicologia e psicanálise. "Elle" é, portanto, uma obra que oferece um vasto campo de estudos. Como a liberdade de Michèle se manifesta em suas escolhas não convencionais após o trauma, e quais as implicações éticas dessa liberdade? De que forma o filme "Elle" atua como um catalisador para a crítica à moralidade burguesa e à hipocrisia social? ‘’A filosofia, em sua busca pela verdade, encontra na ambiguidade da existência do ser a mais fértil das pradarias, onde a liberdade se entrelaça com a responsabilidade, pastagem imensa de questionamento e auto-descoberta.’’ - Dan Mena. Verhoeven e a psique: desvendando os mistérios de "Elle". Psicanálise e Cinema: 'Elle' como Estudo de Caso da Mente A relação entre psicanálise e cinema é antiga e frutífera, com a sétima arte servindo como um teatro, dos desejos, medos e traumas. "Elle" se destaca como caso exemplar dessa intersecção. Os personagens são veículos perfeitos para olhar detenidamente pulsões inconscientes, mecanismos de defesa e a dinâmica entre o ego, o id e o superego. A psicanálise encontra em Michèle uma posição no registro do simbólico, quando desafia as normas sociais e as expectativas de gênero, e como ela lida com a falta e o desejo que a impulsionam. Aqui verificamos o trânsito das relações objetais e das dinâmicas de poder. A relação de Michèle com Patrick, que se transforma de um ato de violência em um jogo sexual consensual, é o campo das fantasias inconscientes de dominação e submissão. A forma como Michèle manipula é uma manifestação transparente de sua necessidade de afirmar sua autonomia e de compensar a afetividade. Motivações ocultas por trás desses comportamentos, o que parece ser prazer ou vingança é, na verdade, uma articulada negociação com o inconsciente. De que forma os conceitos psicanalíticos, como a compulsão à repetição e as pulsões de vida e morte, podem iluminar o personagem de Michèle? Como o cinema, através de obras como "Elle", pode servir como um laboratório para o conhecimento das dinâmicas inconscientes e das relações objetais? Qual a importância de uma abordagem psicanalítica para desvendar as camadas ocultas de uma narrativa cinematográfica e suas implicações sociais? ‘’O cinema, em sua tela, projeta os sonhos e os pesadelos da alma, sob o spot da psicanálise, as verdades mais íntimas são refletidas e as pulsões mais luminosas aparecem elucidadas.’’ - Dan Mena. O thriller psicológico que chocou o mundo: "Elle" em análise. Encerramento: O Eco Silencioso de uma Liberdade Inesperada Chegamos ao fim, "Elle", nos legou muito além dos créditos finais. O que verdadeiramente o filme nos propõe é uma desconstrução radical da figura da vítima, a transformando em líder de sua própria história. A obra de Verhoeven dá redenção às trevas dos desejos inconfessáveis que operam em lógicas próprias. Michèle não busca vingança; ela quer dominar uma forma distorcida de conexão. Suas respostas ao sofrimento são tão diversas quanto os indivíduos que a vivenciam. Escancara o embate entre "certo" ou "errado" , "normal" ou "perverso" , mostrando a realidade inerente à nossa condição. "Elle" é um espelho da sociedade, com suas hipocrisias e suas violências latentes, mas também a nós mesmos, com nossos quereres reprimidos. A ausência de um julgamento moral explícito por parte do filme não é uma falha, mas uma força, que nos impele a formar nossas próprias conclusões. Uma obra que se instala em nossa mente e continua a provocar. A sensibilidade com que o filme aborda temas tão delicados, sem cair no sensacionalismo, sem se esquivar da crueza, é o que o torna uma peça tão vital no panorama cinematográfico contemporâneo. Além do óbvio: as camadas ocultas de "Elle" reveladas. ‘’A verdadeira liberdade não reside na ausência de correntes, mas na audácia da alma em criar elos dos próprios grilhões, reescrevendo o roteiro do destino em uma força que só o coração compreende.’’ - Dan Mena. Palavras-chave Elle filme 2016, Paul Verhoeven Elle, Isabelle Huppert Elle, análise psicanalítica Elle, filme Elle significado, Elle Paul Verhoeven crítica, psicologia do filme Elle, Elle 2016 sinopse, temas Elle filme, Michèle Leblanc análise, trauma e resiliência Elle, sexualidade no cinema Elle, filme francês Elle, Verhoeven psicologia, Elle filme controvérsia, impacto social Elle, filosofia do filme Elle, psicanálise e cinema Elle, Elle 2016 personagens, comportamento humano Elle. Hashtags #ElleFilme #PaulVerhoeven #IsabelleHuppert #PsicanaliseNoCinema #FilmeElle #PsicologiaDoCinema #TraumaEResiliencia #SexualidadeNoCinema #CinemaFrances #Verhoeven #ControversiaElle #ImpactoSocial #FilosofiaNoCinema #Psicanalise #MicheleLeblanc #ComportamentoHumano #AnaliseFilmeElle #ThrillerPsicologico #ArteEPsicanalise #DesejoNoCinema FAQ (Frequently Asked Questions) filme "Elle" (2016) O que é o filme "Elle" (2016)? É um thriller psicológico franco-alemão dirigido por Paul Verhoeven, que explora temas de trauma, desejo e poder através da história de Michèle Leblanc. Quem é Michèle Leblanc no filme? Michèle Leblanc é a protagonista, interpretada por Isabelle Huppert. Uma empresária bem-sucedida que, após ser estuprada, reage de forma não convencional, buscando controle sobre a situação. Qual o perfil psicológico de Michèle Leblanc? Michèle é uma mulher de resiliência perturbadora, com uma postura de controle e autonomia, moldada por um passado traumático e uma desconfiança nas instituições. Quem é Patrick no filme "Elle"? Patrick é o vizinho casado de Michèle, que se revela ser seu agressor. Ele representa o predador doméstico que se esconde sob a fachada da respeitabilidade. Como a relação entre Michèle e Patrick se desenvolve? Após a revelação da identidade de Patrick, a relação se transforma em um jogo de sedução e repulsa, onde Michèle busca exercer controle sobre seu agressor através de uma dinâmica sexual complexa. Qual o papel de Anna no filme? Anna é a amiga e parceira de negócios de Michèle, representando a normalidade e a moralidade convencional, servindo como contraponto às escolhas e comportamentos de Michèle. Quais são os principais temas abordados em "Elle"? Trauma, resiliência, sexualidade, desejo, perversão, controle, poder, vingança, justiça, complexidade da psique feminina, relações familiares disfuncionais e crítica social. Como o filme aborda o trauma? "Elle" explora o trauma não como um evento paralisante, mas como um catalisador para uma redefinição radical da existência de Michèle, que busca controle e agência sobre sua experiência. O que o filme revela sobre a sexualidade humana? O filme mergulha nas águas turvas da sexualidade, explorando o desejo e a perversão em suas múltiplas facetas, desafiando as convenções e provocando reflexão sobre a natureza do desejo. "Elle" é um filme feminista? É um filme que provoca intensos debates sobre gênero e representação feminina. Embora não seja um filme feminista no sentido tradicional, ele desafia narrativas de vitimização e empoderamento de forma complexa. Qual o impacto social de "Elle"? O filme desestabiliza as certezas sobre como uma mulher "deveria" reagir ao trauma, abrindo espaço para uma reflexão nuançada sobre a agência feminina e a crítica social implícita na obra. Como "Elle" se relaciona com a psicanálise? O filme é um estudo de caso exemplar da intersecção entre psicanálise e cinema, explorando pulsões inconscientes, mecanismos de defesa e a dinâmica entre ego, id e superego através dos personagens. O que é a "compulsão à repetição" em "Elle"? Pode ser vista na forma como Michèle reencena seu trauma com Patrick, buscando dominá-lo e integrá-lo à psique, transformando a passividade em agência. O filme oferece uma mensagem moral clara? Não, "Elle" se recusa a moralizar, preferindo apresentar a complexidade da experiência humana e as escolhas dos personagens sem julgamento explícito, convidando o espectador à reflexão. Por que "Elle" é considerado um filme importante? Por sua audácia em desafiar convenções, sua profundidade psicológica, a atuação magistral de Isabelle Huppert e sua capacidade de provocar debates sobre temas complexos como trauma, sexualidade e poder. Links sobre o tema "Elle'' 1. Elle (2016) - IMDb 2. Elle (film) - Wikipedia 3. Elle (2016) - Rotten Tomatoes 4. Paul Verhoeven's 'Elle' Is A Brutal, Elegant, Pitch-Black Comedy - NPR 5. Elle review – startlingly strange rape-revenge black comedy - The Guardian 6. Film Review: 'Elle' - Variety 7. Elle | Issue 122 - Philosophy Now 8. Violência e feminino: aproximações a partir de “ELLE” - Brazilian Journals 9. APROXIMAÇÕES ENTRE CINEMA E PSICANÁLISE - Periódicos UFC 10. 'Elle', de Paul Verhoeven, e a gestão pessoal da própria vida - El País Brasil Referências Bibliográficas Freud, Sigmund – Além do Princípio do Prazer (1920, Imago) Lacan, Jacques – O Seminário, Livro 11: Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise (1964, Jorge Zahar Editor) Laplanche, Jean – Sexual: A Sexualidade Ampliada no Sentido Freudiano (2015, Blucher) Green, André – A Mãe Morta: O Complexo de Édipo e a Questão do Masoquismo (1983, Imago) Kristeva, Julia – Poderes da Horror: Ensaio sobre a Abjeção (1980, Editora 34) Soler, Colette – De um Trauma ao Outro (2021, Escuta) Birman, Joel – Trauma e Psicanálise: Uma Perspectiva Contemporânea (2012, Civilização Brasileira) Ogden, Thomas H. – Reverie e Interpretação: Explorando a Psicanálise Contemporânea (1999, Escuta) McDougall, Joyce – Teatros do Eu: Mitos e Ritos Pessoais (1982, Martins Fontes) Roudinesco, Élisabeth – Lacan: Esboço de uma Vida, História de um Sistema de Pensamento (1993, Companhia das Letras) Herman, Judith Lewis – Trauma e Recuperação: A Formação de Vínculos Após a Violência – Da Abusividade Doméstica ao Terror Político (1992, Rocco) Van der Kolk, Bessel A. – O Corpo Guarda as Marcas: Cérebro, Mente e Corpo na Superação do Trauma (2014, Alta Books) Levine, Peter A. – Curando o Trauma: Um Guia Essencial para Superar os Efeitos da Experiência Traumática (2010, Summus Editorial) Frankl, Viktor E. – Em Busca de Sentido: Um Psicólogo no Campo de Concentração (1946, Vozes) Dweck, Carol S. – Mindset: A Nova Psicologia do Sucesso (2006, Objetiva) Butler, Judith – Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade (1990, Civilização Brasileira) Foucault, Michel – Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão (1975, Vozes) Saffioti, Heleieth I. B. – Gênero, Patriarcado, Violência (2004, Editora Fundação Perseu Abramo) Bourdieu, Pierre – A Dominação Masculina (1998, Bertrand Brasil) Hooks, – O Feminismo é Para Todo Mundo: Políticas Apasionadas (2000, Rosa dos Tempos) Visite minha loja ou site: https://uiclap.bio/danielmena https://www.danmena.com.br/ Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199. Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130. Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Departament of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192.

  • Ninfomaníaca: Uma Odisseia Psicanalítica no Labirinto do Desejo. by Dan Mena.

    Ninfomaníaca: Labirinto do Desejo. Desejo, psicologia e impacto social. Imperdível! Prezados amigos (as) e leitores(as), Antes de abordar o tema da análise do filme em questão; "Ninfomaníaca" , quero fazer um parêntesis para explicar uma observação intrigante que fiz recentemente. Há alguns meses, publiquei um artigo sobre o filme "Secretary" e, foi para minha surpresa que ele se tornou o mais acessado do blog   www.danmena.com.br , superando facilmente mais de 200 outros posts. Este fenômeno interessante me levou a pensar: parece que os temas psicanalíticos, quando conectados ao cinema ou séries, despertam um interesse e uma compreensão muito maior. Talvez seja a capacidade da arte cinematográfica de dramatizar conceitos abstratos, os tornando mais palpáveis e relacionáveis com nossa experiência cotidiana. Ou, quem sabe, a tela grande oferece um espaço para quebrar tabus e questões que, de outra forma, seriam difíceis de abordar. Além disso, acredito que a narrativa visual e a identificação com alguns personagens parecem facilitar a assimilação de conceitos que, em textos puramente teóricos, (destarte me esmero) podem parecer densos ou distantes. Desvendando o desejo feminino e a psicanálise. Por esta razão, darei mais ênfase a este tipo de conteúdo, pois é salutar para a manutenção do trabalho e dos custos implicados, além de ser uma ponte valiosa entre a teoria e a prática da vida. Três motivos principais que me impulsionam a seguir essa nova direção, conectando minha paixão pessoal, a relevância teórica e a sustentabilidade do meu trabalho: ''A sociedade, ao patologizar o desejo feminino, revela mais sobre suas próprias neuroses do que sobre a complexidade da mulher.'' - Dan Mena. Paixão pelo Cinema: Em primeiro lugar, sou um fã incondicional de filmes. A sétima arte sempre foi para mim uma fonte inesgotável de inspiração,(tem um artigo sobre isso). Poder unir essa admiração à psicanálise é uma forma de integrar dois universos que, embora distintos, se complementam na investigação da alma, tornando o processo de escrita e análise ainda mais prazeroso e autêntico para mim. A Importância do Cinema e dos Sonhos para a Psicanálise: O cinema, assim como os sonhos, são uma manifestação riquíssima do inconsciente, tanto o coletivo como o individual. Ele nos permite acessar as narrativas arquetípicas, conflitos internos e desejos reprimidos de uma forma que poucas outras mídias conseguem. Analisar essas trilhas sob a ótica psicanalítica é como interpretar um sonho em vigília, acessar com facilidade camadas de significado que enriquece nossa compreensão da psique e oferecem um vasto material didático de valor inestimável. O Crescimento e a Sustentabilidade do Trabalho: O sucesso do artigo sobre o filme "Secretary" demonstrou que há um vácuo nesse nicho, é um público ávido por essa intersecção entre cinema,  psicanálise e psicologia. Investir nesse formato não só atende a uma demanda crescente, mas também contribui para a sustentabilidade e o crescimento do meu site, permitindo que eu continue a produzir conteúdo de qualidade e levante discussões, garantindo a expansão deste espaço de diálogo e interação. A mente por trás da polêmica Nymphomaniac. Essa convergência não é apenas uma estratégia, mas uma convicção. Acredito que, ao adentrar nessas obras, podemos não apenas compreender melhor o lado inconsciente dos filmes quanto os seus personagens, mas também, a nós mesmos e o mundo à nossa volta. Vamos seguir e desvendar juntos, os segredos que o cinema e a psique guardam em suas entranhas. No vasto e por vezes perturbador universo cinematográfico de Lars von Trier, poucas obras ecoam com a intensidade de "Ninfomaníaca" original (Nymphomaniac, 2013) , onde podemos lembrar de outros; como Dogville (2003), Melancolia (2011) e Dançando no Escuro (2000). Este filme, que foi dividido em dois volumes, não é meramente um tema da sexualidade; é uma implacável imersão na psique, um convite direto sobre os impulsos primitivos da raça humana, as construções sociais do desejo e os enredos da identidade. ''O gozo, em sua dimensão mais radical, é a experiência limite onde o sujeito se confronta com a própria dissolução e a promessa de um além.'' - Dan Mena. Von Trier, já é conhecido por sua abordagem provocadora e esteticamente desafiadora, nos apresenta a história de Joe, uma mulher que se autodiagnostica como ninfomaníaca, e que, em um encontro fortuito com o intelectual e famigerado Seligman, decide narrar a saga impetuosa de sua vida erótica, desde a infância até a idade adulta. Esta narrativa de confessionário, virá permeada por alegorias e referências culturais, que vão me servir como um divã cinematográfico onde as camadas do seu comportamento vou desvendar meticulosamente. Neste artigo, vou transcender a superfície da controvérsia e do choque que "Ninfomaníaca" inevitavelmente invita provocativamente, para infiltrar uma análise psicanalítica. Não se trata de fazer um mero resumo da trama, mas de uma crítica, onde busco apurar o impacto social, o fundo psicológico e o teor psicanalítico sob uma lupa contemporânea. Sem esquecer da necessária robustez teórica de um estudo acadêmico, mas com a fluidez e a acessibilidade de uma conversa flutuante. Complexo de Édipo em Ninfomaníaca: As raízes do desejo de Joe. Com este texto me proponho ser um guia elucidativo para todos os públicos, desde o entusiasta do cinema até o estudante de psicologia e psicanálise. Lars von Trier, com sua maestria em provocar e questionar, utiliza sutilmente "Ninfomaníaca" como um espelho para a sociedade, angariando nossas próprias ambivalências em relação ao prazer, à culpa, à moralidade e ao uso da liberdade individual. O filme, uma coprodução internacional da Dinamarca, Alemanha, França e Bélgica, foi lançado em 2013, contou com um elenco estelar que dá vida a personagens variados e multifaces. Charlotte Gainsbourg, no papel da Joe adulta, e Stacy Martin, como a Joe jovem, entregam suas performances que capturam a essência de uma mulher em constante busca por algo que parece sempre lhe escapar. Stellan Skarsgård, como o paciente e questionador Seligman, atua como o contraponto lógico, racional e um ouvinte empático, enquanto Shia LaBeouf, Christian Slater, Jamie Bell, Uma Thurman e Willem Dafoe complementam o quadro com interpretações marcantes e originais que enriquecem a rota psicológica da história. Vou usar "Ninfomaníaca" para aventar vertentes psicológicas e psicanalíticas que estão presentes na vida de Joe e dos personagens que cruzam seu caminho. Vamos topar com os conceitos freudianos de perversão, complexo de Édipo, a castração e o gozo que se manifestam na tela, e como essa busca incessante por satisfação de Joe pode ser lida não apenas como um vício, mas como uma tentativa desesperada de preencher um vazio existencial ou de resistir às imposições de uma sociedade que tenta enquadrar o desejo em moldes pré-estabelecidos. Obviamente que devem existir ‘’n’’ perspectivas sobre o filme, mas, hoje quero elevar essa dialética natural da obra para um patamar mais alto de análise. O termo "ninfomania" invoca imagens de um desejo sexual insaciável e descontrolado, frequentemente envolto em estigmas, tabus e incompreensões. No entanto, sob a nossa lente essa condição, ou melhor, essa manifestação hermética do desejo, extrapola a simples busca por prazer físico. Em "Ninfomaníaca", Lars von Trier desconstroi essa percepção superficial e rasa, quando nos apresenta Joe não como uma caricatura, mas como um ser plurifacetado, cujas experiências sexuais são intimamente ligadas a uma cavada busca por significado, conexão e, paradoxalmente, por uma forma de controle sobre sua própria existência. Sabemos que o desejo não é um fenômeno linear, mas um campo minado de pulsões, traumas e defesas que vão entrar em cena. Ninfomaníaca e os labirintos do comportamento humano. ''A sexualidade, em sua diversidade, é o palco onde os dramas não resolvidos da infância encontram sua mais vívida encenação.'' - Dan Mena. Historicamente, a ' 'ninfo'' foi frequentemente ''patologizada'' , especialmente em mulheres, visto comumente como um desvio moral ou uma doença mental. Contudo, na visão psicanalítica propomos uma compreensão mais nuançada dessa sexualidade acentuada. Não se trata de um excesso de libido, mas de uma abstrusa teia de fatores inconscientes que impulsionam o indivíduo. Em Joe, verifico uma busca iminente por sensações que, em vez de lhe trazerem plenitude, parecem acentuar e perpetuar um vazio funcional. Essa compulsão pode ser interpretada como uma tentativa de lidar com a angústia, de preencher lacunas emocionais ou de encenar os seus traumas do passado. A sexualidade, nesse patamar, se torna um palco de conflitos internos, que por sua vez são dramatizados, onde a busca pelo prazer se confunde com o alívio da dor ou da solidão. ''A liberdade sexual autêntica não reside na ausência de limites, mas na capacidade de reconhecer e integrar os próprios desejos e suas consequências.'' - Dan Mena. O filme habilmente interage na relação entre a sexualidade de Joe e suas experiências de infância, especialmente a figura do pai e a ausência emocional da mãe. Isso nos remete às primeiras relações objetais que moldam a estrutura psíquica do indivíduo. A forma como Joe se relaciona com homens, sua necessidade de dominar ou ser dominada, sua busca por experiências extremas, tudo isso, pode ser lido como frutos de dinâmicas familiares primárias e de tentativas de resolver conflitos edipianos não elaborados. A perversão, que na nossa acepção psicanalítica, não é um julgamento moral, mas uma estrutura psíquica onde o indivíduo se recusa a aceitar a castração simbólica e a lei que impõe limites ao desejo. Joe, em sua caminhada, parece querer desafiar essa regra social, buscando uma satisfação total que a realidade nunca poderá lhe oferecer. Seligman, o ouvinte de Joe, representa a figura do analista, que, através da escuta atenta e da interpretação, tenta dar sentido à narrativa fragmentada e muitas vezes contraditória de sua paciente. Suas analogias com a pesca e a música, embora pareçam didáticas, servem como metáforas para o seu intrincado inconsciente e a dificuldade de apreender a totalidade do seu desejo. A ninfomania de Joe, portanto, não é um fim em si mesma, mas um sintoma que aparece, uma linguagem através da qual ela tenta comunicar sua profunda dor, sua angústia e sua cíclica caçada por um lugar no mundo onde possa se sentir inteira e compreendida. Toda essa matrix da obra de von Trier nos forçam a questionar nossas próprias concepções sobre a sexualidade, a ética, moralidade e a saúde mental, nos convidando para olhar além do óbvio e a confrontar as verdades incômodas que residem no cerne dessa experiência. Então, vou levantar as primeiras questões; Na sua opinião… A ninfomania é um vício ou uma busca desesperada por significado em um mundo que nega o desejo feminino em sua plenitude? Como entende após assistir o filme que as experiências da infância de Joe moldaram sua sexualidade adulta e sua percepção de prazer e dor? Qual o papel da sociedade na patologização de comportamentos sexuais que desafiam as normas sociais estabelecidas como normais? "O desejo, em sua essência mais crua, é um rebote de ausências primordiais, uma melodia dissonante que busca harmonia na cacofonia da existência." - Dan Mena. A jornada de Joe em Ninfomaníaca. A Tríade do Desejo: Perfis Psicológicos de Joe, Seligman e Jerôme No centro de "Ninfomaníaca" reside uma labiríntica tríade de personagens, cujas interações e perfis psicológicos formam o alicerce da narrativa base e da análise psicanalítica do filme. Joe, a protagonista e narradora, é o epicentro de um furacão de desejos, libidos, culpas e buscas. Seligman, seu interlocutor, representa o pólo oposto, a assexualidade e a racionalidade, enquanto Jerôme, o grande amor de Joe, encarna a idealização e a frustração do desejo. A dinâmica entre esses três personagens é a raiz para compreendermos as camadas facetadas da sexualidade e as teias de identidade. Joe, interpretada com uma intensidade aguda por Charlotte Gainsbourg e Stacy Martin, é a personificação da demanda inquieta por algo que supere o prazer físico. Seu perfil psicológico é marcado por uma ambivalência: ao mesmo tempo em que se entrega a uma vida de excessos sexuais, ela carrega um fardo de culpa e autodepreciação. Sua ninfomania pode ser vista como uma tentativa de se preencher, uma forma de lidar com a solidão que a acompanha desde a infância. A relação com o pai, idealizado e amado, e com a mãe, fria e distante, moldou significativamente sua percepção do amor e do desejo, a levando a buscar nos homens uma mistura de afeto e dominação. Joe é uma figura um tanto trágica, uma mulher que, em sua busca por liberdade, se torna prisioneira de seus próprios impulsos, uma alma em constante conflito entre o desejo de se conectar e o medo de se perder no outro. ''O cinema de Lars von Trier, como um divã estendido, nos convida a confrontar as verdades incômodas sobre nossa sexualidade.'' - Dan Mena. Seligman, é o intelectual assexuado que acolhe Joe, tenta funcionar como o analista sem um setting. Sua curiosidade e sua vasta cultura lhe permitem fazer analogias e interpretações que de alguma maneira possam ajudar a dar sentido e norte à caótica narrativa de Joe. No entanto, sua assexualidade e sua aparente falta de expertise emocional o colocam em uma posição de observador distante. Ele é a razão em contrapeso à paixão de Joe, a ordem em meio ao caos. Também, representa a tentativa de elucidar o desejo através do raciocínio e do conhecimento, mas sua incapacidade de sentir o que Joe suporta o impede de apreender em sua totalidade de sua experiência. Um personagem fascinante, um homem culto, que, ao tentar decifrar os mistérios da sexualidade alheia, acaba por se enrolar em fronteiras e limitações da sua própria forma de se defender do desejo. Jerôme, o primeiro e grande amor de Joe, é a figura que assombra seu itinerário erótico. Ele exprime o ideal de amor romântico, a promessa de uma fusão total com o outro. No entanto, a relação com Jerôme é marcada pela frustração e pela impossibilidade. Ele é o objeto de desejo que nunca pode ser plenamente possuído, a lembrança de uma felicidade perdida que Joe tenta reencontrar em seus inúmeros parceiros. A busca de Joe por homens que se assemelham a Jerôme revela sua fixação em um passado idealizado e sua dificuldade em lidar com a realidade da paixão, que é sempre parcial e insatisfatória. Jerôme é o fantasma que ronda e habita o inconsciente de Joe, o símbolo icônico de um amor que, ao mesmo tempo em que a feriu, a constituiu como sujeito desejante. Podemos então perguntar… De que forma a dinâmica entre Joe, Seligman e Jerôme espelha as diferentes facetas do desejo: a busca sem paradas, a tentativa de compreensão racional e a idealização do amor? Seria Seligman um verdadeiro analista ou apenas um voyeur oportunista intelectual que se utiliza da história de Joe para satisfazer sua própria curiosidade? A figura de Jerôme representa a possibilidade de um amor verdadeiro ou a ilusão de uma completude que a sexualidade nunca pode oferecer? "Em cada encontro, buscamos inevitavelmente o reencontro daquele primeiro amor, a miragem de uma ingenuidade irreal que a alma insiste em perseguir, mesmo sabendo que o deserto é infinito e inalcançável." - Dan Mena. Impacto social de Ninfomaníaca: Reflexões sobre moralidade e liberdade. ''Em cada encontro fugaz, Joe buscava não o outro, mas o ressoar de um amor primordial que a constituiu e a feriu.'' - Dan Mena. A Perversão, o Édipo e o Gozo em Ninfomaníaca A pesar do titulo é sua historia, "Ninfomaníaca" não é um filme explicitamente sobre sexo; é um campo aberto para a aplicação de conceitos psicanalíticos fundamentais. Inteligentíssimo Lars von Trier, intencionalmente ou não, cria um roteiro narrativo que dialoga diretamente com as teorias de Freud, Lacan e outros pensadores da nossa escola psicanalítica, permitindo uma análise bem estruturada das elaborações psíquicas que governam nosso comportamento. Tais estratos perversos, vistos sob o complexo de Édipo e a busca pelo gozo no itinerário de Joe, se encaixam em um nível fundo, rebuscado, sobrepujando o julgamento moral para alcançar uma assimilação da lógica do inconsciente. Quando abrimos o conceito de perversão, na psicanálise, ele difere radicalmente de sua conotação popular. Não se trata de uma depravação moral, mas de uma estrutura psíquica específica, na qual o sujeito se recusa a aceitar a castração simbólica, a lei que impõe limites a nossos desejos. O perverso, ao contrário do neurótico, recalca seus desejos, os encena e dramatiza de forma a desafiar a ordem social. Joe, ávida por novas experiências sexuais, pode ser interpretada como uma figura que encarna essa configuração. Sua compulsão não visa apenas o prazer, mas também a transgressão, a quebra de tabus, o descontrole sexual e a afirmação de uma vontade que se recusa a ser domesticada. A forma como ela narra suas histórias, com uma mistura de ironia, orgulho e culpa, expõe a relação do malvado e perverso em detrimento a lei: a conhece, a reconhece, mas se recusa a se subjugar a ela. O complexo de Édipo, pedra angular da teoria freudiana, também se manifesta de forma contundente em "Ninfomaníaca". A relação de Joe com seu pai, uma figura idealizada e amorosa, e com sua mãe, descrita como fria, calculista e distante, é uma chave importante para entendermos a sua vida amorosa e sexual. A busca de Joe por homens que se assemelham ao seu pai, ou que representam uma figura de hierarquia e autoridade, pode ser concatenada como uma tentativa de reviver e resolver os conflitos edipianos infantis. A impossibilidade de realizar o desejo incestuoso original a lança nessa batida exaustiva por substitutos, em uma repetição compulsiva que nunca traz a satisfação que deseja. ''A busca por si mesma, no labirinto do nosso desejo, é a jornada mais solitária e, paradoxalmente, a mais universal da existência.'' - Dan Mena. A figura de Jerôme, o grande amor perdido, também pode ser lida à luz do Édipo, como a encarnação de um ideal de amor que se formou na relação com o pai e que se torna atemporal na vida adulta. O conceito lacaniano de gozo é talvez o mais elucidativo do trajeto de Joe. O gozo não é o prazer simples e direto, mas sim, um excesso, um “além do princípio do prazer” que está associado e ligado à dor e à transgressão. A busca de Joe não é apenas por orgasmos, mas por uma experiências sem limite, por um gozo que a leve para além de si mesma, que a faça se sentir viva em meio a um sentimento de anestesia emocional. As cenas de automutilação, de sadomasoquismo e de sexo em situações de risco são a expressão clara dessa busca pelo gozo. É um gozo que, ao mesmo tempo em que promete uma satisfação em grande escala, ameaça a aniquilação do sujeito. A tragédia de Joe é que, quanto mais ela corre atrás desse gozo, mais se afasta da possibilidade de um desejo real, que seja sustentável e que lhe traga uma verdadeira conexão com o outro. Gozo e perversão: Uma leitura lacaniana do filme Ninfomaníaca. Perguntas que cabem; Quer responder? assiste o filme… A estrutura psíquica de Joe pode ser classificada como perversa, neurótica ou uma combinação de ambas, e como acha que isso se manifesta em seu comportamento? De que forma a não resolução do complexo de Édipo em sua vida influencia as escolhas amorosas e sexuais para Joe? O gozo tão perseguido por ela é uma forma de libertação ou uma armadilha que a aprisiona em um ciclo de repetição e autodestruição? "O gozo perfeito é como aquela ficção do canto da sereia que nos atrai para o abismo, com a promessa de um paraíso que só pode ser encontrado na utopia dos contos." - Dan Mena. A Ninfomaníaca como Espelho da Sociedade "Ninfomaníaca" desde seu lançamento gerou um intenso debate e provocou reações bastante polarizadas da crítica, solidificando seu lugar como uma obra cinematográfica de significativo impacto social. A obra se posiciona como um espelho que reflete tensões, hipocrisias e tabus da sociedade contemporânea em relação à sexualidade, ao desejo feminino e à saúde mental. A forma como o filme foi recebido na época é discutido até hoje, pois acrescenta muito sobre as normas culturais e os preconceitos que ainda permeiam o discurso público sobre esses temas. O filme desafia abertamente as convenções sociais ao apresentar uma protagonista feminina que reivindica sua sexualidade de forma autônoma e transgressora. Em uma sociedade que historicamente reprime e patologiza o desejo feminino, algo que ainda foge aos padrões heteronormativos e monogâmicos, a figura de Joe se torna um filtro para discussões sobre empoderamento, liberdade sexual e a dupla moral. A controvérsia em torno do filme não se limitou à sua representação gráfica do sexo, mas também à forma como ele questiona a própria noção de normalidade e desvio de conduta. Ao se autodiagnosticar como "ninfomaníaca", Joe subverte a lógica médica e psiquiátrica, transformando um rótulo em uma afirmação de identidade, ainda que seja dolorosa. Além disso, "Ninfomaníaca" evidencia a hipocrisia de uma sociedade mascarada, que, ao mesmo tempo em que consome toneladas de pornografia e explora a sexualidade, inclusive a infantil, em diversas formas de entretenimento, enquanto condena e marginaliza aqueles(as) que vivem suas vidas sexuais fora das normas. Psicanálise e arte: A complexidade de Ninfomaníaca em foco. A reação do público e da crítica ao filme, variou da aclamação à repulsa, demonstra a dificuldade em lidar com uma obra que não oferece respostas fáceis ou que seja moralmente confortável. O filme nos obriga a confrontar e embater os próprios preconceitos e a questionar a validade das categorias que usamos para julgar o comportamento dos outros. Do ponto de vista da saúde mental, "Ninfomaníaca" também levanta questões importantes sobre o diagnóstico e o tratamento de transtornos sexuais. Ao apresentar a história de Joe em toda a sua mecânica, o filme sugere que a compulsão sexual não pode ser reduzida a uma simples disfunção biológica ou a um problema de autocontrole. Pelo contrário, ela está ligada a traumas, conflitos emocionais e dinâmicas sociais. A obra de von Trier, portanto, pode ser vista como uma crítica à medicalização excessiva da vida e um apelo por uma compreensão mais humana e contextualizada do sofrimento psíquico. De que maneira "Ninfomaníaca" contribui para o debate sobre a liberdade sexual feminina e a quebra de tabus? Como o filme expõe a hipocrisia social em relação à sexualidade e ao prazer? Qual a importância de uma abordagem mais compreensiva e menos patologizante para o acolhimento de comportamentos sexuais considerados como desvios de conduta? "A sociedade que julga o desejo alheio com tanto fervor é a mesma que se recusa a olhar para as próprias atitudes e sombras, projetando no outro a escuridão oculta que não ousa reconhecer em si." - Dan Mena. Ninfomaníaca: Mais que sexo, uma busca por significado. Motivações Inconscientes e Mecanismos de Defesa Para além da narrativa explícita, "Ninfomaníaca" é uma obra rica em subtextos psicológicos, onde as motivações inconscientes e os mecanismos de defesa dos personagens são a verdadeira força motriz da trama cinéfila. A psicanálise entende que nosso comportamento é largamente governado por forças que escapam à nossa consciência, e o filme de Lars von Trier é um estudo de caso primoroso dessa premissa. Ao analisar de forma neutra o fundo psicológico do filme, podemos desvendar o sofrimento que atravessa Joe, diferentemente do julgamento primário da sociedade. Um dos principais mecanismos de defesa utilizados por ela é a dissociação, a capacidade de se distanciar emocionalmente de suas próprias experiências. Em vários momentos, ela narra seus encontros sexuais com uma frieza quase clínica, como se estivesse descrevendo eventos que aconteceram com outra pessoa. Essa desvinculação do ato funciona como um escudo contra a sua dor, a culpa e a angústia que tais ações lhe causam ao final. No entanto, essa segregação da realidade também a impede de vivenciar uma conexão de verdade com os outros e consigo mesma, afundando ainda mais seu sentimento de vazio e solidão. ''A angústia existencial, muitas vezes, se disfarça em voracidade sexual, uma tentativa desesperada de preenchermos o vazio com a intensidade do efêmero.'' - Dan Mena. Outro mecanismo de defesa muito utilizado na história proeminente é a racionalização, a tentativa de encontrar justificativas lógicas e intelectuais para comportamentos que são, na verdade, impulsionados por forças inconscientes que não compreendem. Seligman, com suas analogias baratas e teorias sem base clínica, é o mestre da racionalização, mas Joe também recorre a essa engrenagem para dar sentido à sua compulsão. Ao transformar sua vida em uma série de capítulos com títulos e temas, ela tenta impor uma ordem e um controle sobre algo que, em sua essência, é extremamente caótico e avassalador. A racionalização, embora possa trazer um alívio provisório e temporário, impede o sujeito de entrar em contato com a verdadeira natureza de seus conflitos. A atuação ‘’acting out’’ (o acting out é uma ação carregada de sentido inconsciente, que funciona como uma mensagem não verbal endereçada ao outro, expondo o que o sujeito ainda não pode simbolizar em palavras) é outro conceito psicanalítico que nos ajuda a compreender o comportamento de Joe. Em vez de elaborar seus traumas e angústias através da palavra e da reflexão, ela os "atua" os coloca em ação (de fato ou ficcionalmente) em sua vida sexual. Cada encontro, cada transgressão, pode ser visto como uma tentativa de encenar e, de alguma forma, dominar as experiências dolorosas de seu passado. A atuação é uma forma de comunicação de raiz primitiva, uma linguagem do corpo que expressa aquilo que não pode ser dito. A tragédia de Joe é que, ao dar um papel aos seus conflitos, ela se aprisiona em um ciclo de repetição, sem conseguir transformar simbolicamente sua dor. As motivações inconscientes são sempre complicadas, se por um lado, há uma busca amargurada por amor e reconhecimento, uma tentativa de preencher o vazio deixado por uma mãe ausente e um pai que, embora amado, não pôde satisfazer todas suas necessidades. Por outro prisma, há uma pulsão de morte estabelecida, uma tendência à autodestruição que se manifesta em seus comportamentos de risco e em sua dificuldade em manter relações estáveis e saudáveis. A ninfomania de Joe, portanto, não é apenas uma busca por prazer, mas uma melindrosa negociação psíquica entre Eros e Tânatos, entre a pulsão de vida e a de morte. Como a dissociação e a racionalização ajudam Joe a lidar com a angústia, mas ao mesmo tempo a impedem de alcançar uma verdadeira intimidade? De que forma a atuação ‘’acting out’’ se manifesta na vida de Joe e qual a sua função psíquica? Quais são as principais motivações inconscientes que impulsionam a compulsão de Joe, e como elas se relacionam com suas experiências de infância? "O sintoma é uma metáfora da dor que não pôde ser nomeada, um hieróglifo do inconsciente que clama por ser decifrado." - Dan Mena. Análise Psicológica dos Protagonistas: Joe, Seligman e Jerôme Uma análise dos perfis psicológicos de Joe, Seligman e Jerôme mostram como suas interações e estruturas psíquicas individuais tecem a tela de "Ninfomaníaca". Cada personagem tem sua faceta distinta do desejo e condição, e é na dinâmica entre eles que o filme encontra sua maior força analítica. Joe, a protagonista, é um estudo sobre a compulsão por um objeto de desejo que sempre escapa. Sua estrutura psíquica parece oscilar entre a neurose e a perversão. Por um lado, ela demonstra a culpa e o sofrimento característicos do neurótico, que se sente em conflito com seus próprios desejos. Por outro, ela desafia a lei e os limites de forma sistemática, se aproximando da estrutura perversa, que encontra gozo na transgressão. A sua elocução é marcada por uma tentativa de preencher um vazio, uma falta de ser o que a constitui. A sexualidade se torna logo o campo onde ela tenta, sem sucesso, encontrar uma resposta para a sua existência, uma forma de se sentir viva e real. A sua relação com o próprio corpo é ambígua e conflitante, alternando entre o uso do corpo como instrumento de prazer e a sua punição através de atos de automutilação, se arremessando para um conflito entre a pulsão de vida e a de morte. Seligman, o intelectual assexuado, atua na tentativa de dominar o desejo através do conhecimento e da razão. Sua estrutura psíquica é a de um neurótico obsessivo, que busca controlar o caos do mundo através de classificações, estandardizações, analogias e teorias. Sua opção sexual pode ser avaliada como uma defesa radical contra a angústia da castração, uma recusa em se envolver com a dimensão imprevisível do desejo. ''O corpo, em sua expressividade erótica, expôe as verdades que a consciência tenta recalcar, um mapa real dos nossos abismos interiores.'' - Dan Mena. Ao ouvir a história de Joe, Seligman se coloca na posição de um observador, um voyeur intelectual que se excita com a narrativa do outro sem se implicar nela. No entanto, ao final do filme aparecem suas fraquezas e fragilidades, mostrando que ninguém está imune à irrupção do real no campo do desejo. Sua tentativa de estuprar Joe no final é a prova de que a pulsão, quando excessivamente reprimida, retorna de forma violenta, agressiva e destrutiva. Jerôme, o grande amor de Joe, exerce o papel de objeto de desejo idealizado, o amor romântico que promete a fusão total. Ele é o ‘’objeto a’’ de Lacan, a causa do desejo de Joe, aquilo que a coloca em movimento. No entanto, a relação com Jerôme é marcada pela impossibilidade e pela frustração, o que é característico da própria natureza dos quereres. Por definição, é desejo de algo que falta, e o seu comprazimento pleno significaria o seu extermínio. Jerôme estampa essa promessa de felicidade que, por ser idealizada, nunca pode ser alcançada. Ele é o fantasma que assombra a vida sexual de Joe, o ponto de referência a partir do qual todos os outros homens são medidos e, invariavelmente, considerados insuficientes. A fixação de Joe em Jerôme demonstra a sua dificuldade em fazer o luto do objeto perdido e em aceitar a natureza parcial e insatisfatória do desejo. Como a oscilação de Joe entre a neurose e a perversão se manifesta em seu comportamento e em sua narrativa? A assexualidade de Seligman é uma escolha ou uma defesa contra seus próprios conflitos inconscientes? De que forma a figura de Jerôme ilustra a teoria lacaniana sobre o ‘’objeto a’’ e a natureza do desejo? Na arena dos quereres sexuais, somos todos gladiadores e prisioneiros, lutando contra os fantasmas do passado e as miragens do futuro, em busca de uma paz que só a aceitação da falta pode nos trazer." - Dan Mena. Joe e Seligman: O diálogo que revela a psique em Ninfomaníaca. O que Ecoa Infindável no Desejo Chegar ao fim deste percurso em "Ninfomaníaca" é como despertar de um sonho febril, um mergulho de cabeça em águas turvas que nos deixa com mais perguntas do que respostas. Enxergo aqui a maior genialidade de Lars von Trier: ao não oferecer um porto seguro, aquela moral da história, aquele filme que acaba e você olha para cima, para os lados e quer encontrar uma resposta. Esta posição do diretor de nos abandonar à deriva no oceano revolto da nossa condição que radica sua genialidade. Ele quer nossa confusão mental, porque o filme não é um tratado sobre a ninfomania, mas um poema épico sobre o desejo, em toda a sua glória e miséria, em sua força criadora e em seu poder aniquilador. Saímos da sala de cinema, ou da leitura deste artigo, não com a certeza de ter decifrado Joe, mas com a incômoda sensação de termos olhado para um espelho das nossas contradições e abismos. Joe, em sua vida trágica, nos deixa uma lição; que a busca por prazer imediato e satisfação rasa é uma corrida em direção a um horizonte fictício, uma miragem que se afasta à medida que nos aproximamos. Sua compulsão não é um sinal de depravação, mas um sintoma de uma dor que não pode ser expressa, um grito de socorro de uma alma que se sente fragmentada em um mundo que exige coerência e normalidade. Também nos mostra que a sexualidade, longe de ser um mero instinto biológico, é o campo de batalha onde travamos nossas guerras mais íntimas, onde inimigos como traumas de infância, medos arcaicos e anseios mais potentes se manifestam em sua forma mais crua. E nós, os espectadores, os leitores, os "Seligmans" desta história, como nos posicionamos diante do relato de Joe? Somos capazes de uma escuta verdadeiramente empática, livre de julgamentos e preconceitos? Ou nos apressamos em rotular, em diagnosticar, em enquadrar a sua experiência em nossas categorias moldadas e pré-concebidas, para nos protegermos da angústia que a sua liberdade (ou a sua prisão) nos provocam? Esse final chocante do filme, com a traição de Seligman, é um soco no estômago de tirar o ar, um lembrete brutal de que a intelectualidade de um sujeito não é garantia da sua moral, menos de ser confundida com bondade ou respeito verdadeiros. É um alerta para a violência que pode se esconder por trás da fachada da civilidade, dos gurus, dos sabe-tudo, ou mesmo do ‘’desejo do analista’’, para os(as) quais, o desejo de saber pode se transformar em desejo de possuir ou destruir. ''Ninfomaníaca" é uma obra que me assombra, ela se infiltra no pensamento e obriga a questionar as verdades que acreditávamos serem sólidas. Um convite irrecusável à introspecção, a olharmos para as compulsões que nos acometem, para as nossas formas de buscar o gozo e de fugir da dor. Um chamado incólume para que tenhamos a coragem de abraçar a nossa fragilidade e aceitar sem rodeios que somos seres de falta, de desejo e contradição. E, acima de tudo, é um apelo à compaixão, à capacidade de olharmos para o outro, em sua alteridade radical, não como um objeto de nosso saber ou de nosso prazer, mas como um semelhante em seu desamparo, em sua busca por um lugar no mundo onde possa, finalmente, se sentir em casa. Trauma e desejo: Provocação e profundidade em Ninfomaníaca. Que essa história de Joe em ninfomaníaca chegue até nós, não como um ruído perturbador, mas como uma melodia melancólica que nos lembra da beleza e da tragédia de sermos o que somos , irremediavelmente desejantes. E que, ao final, possamos nos perguntar: quem, de nós, homens e mulheres, nunca foi um pouco Joe, em sua busca aflita por algo que preencha o vazio original que nos constitui? A resposta, talvez, esteja no silêncio que se segue à pergunta, no espaço aberto para a ponderação, para a dúvida, para a interminável exploração de nós mesmos. O que você fará com esse eco? FAQ (Frequently Asked Questions) "Ninfomaníaca" Qual é o tema principal do filme "Ninfomaníaca"? O filme explora a jornada de uma mulher auto diagnosticada ninfomaníaca, mergulhando nas complexidades da sexualidade, desejo, culpa e busca por identidade. Quem são os três protagonistas de "Ninfomaníaca"? Joe (a ninfomaníaca), Seligman (o intelectual que a ouve) e Jerôme (o grande amor de Joe). O que é ninfomania segundo a psicanálise abordada no artigo? Não é apenas um desejo sexual excessivo, mas um sintoma de conflitos mais profundos, como traumas, angústia e a busca por preencher um vazio existencial. Como a infância de Joe influenciou sua sexualidade? A relação com um pai idealizado e uma mãe distante moldou sua percepção de amor e desejo, levando-a a buscar nos homens uma mistura de afeto e dominação. Qual o papel de Seligman na história? Ele funciona como um analista, usando sua lógica e cultura para interpretar a história de Joe, representando a tentativa de compreender o desejo pela razão. O que a figura de Jerôme representa para Joe? Ele representa o amor romântico idealizado e inalcançável, um fantasma do passado que alimenta a busca incessante e a frustração de Joe. O que é "perversão" no contexto psicanalítico do filme? É uma estrutura psíquica que desafia a lei e os limites do desejo, não um julgamento moral. Joe encarna isso ao buscar a transgressão. Como o Complexo de Édipo aparece no filme? Na busca de Joe por homens que lembram seu pai idealizado, numa tentativa de reviver e resolver conflitos não resolvidos da infância. O que é o "gozo" que Joe busca, segundo a teoria de Lacan? É um prazer excessivo, que vai além da simples satisfação e está ligado à dor e à transgressão, uma experiência limite para se sentir viva. Qual o impacto social de "Ninfomaníaca"? O filme desafia tabus sobre a sexualidade feminina, critica a hipocrisia social e gera debates sobre empoderamento, liberdade e saúde mental. Quais são os mecanismos de defesa de Joe? Ela usa a dissociação (distanciamento emocional), a racionalização (lógica para justificar atos) e a atuação (agir em vez de refletir) para lidar com seus traumas. Por que a assexualidade de Seligman é importante? Sua assexualidade o coloca como um observador distanciado, mas também pode ser vista como uma defesa contra seus próprios conflitos com o desejo. A ninfomania de Joe é um vício ou uma busca por significado? O artigo sugere que é ambos: uma compulsão que a aprisiona, mas também uma linguagem para expressar sua dor e sua busca por conexão. O filme oferece uma conclusão ou resposta para os conflitos de Joe? Não, Lars von Trier oferece um final aberto, um convite à reflexão contínua sobre a complexidade do desejo e da condição humana. Qual a principal mensagem do artigo sobre o filme? Que "Ninfomaníaca" é uma obra profunda que usa a sexualidade como lente para explorar a psique humana, convidando à empatia e à introspecção em vez do julgamento. Palavras-chave Ninfomaníaca Lars von Trier, Nymphomaniac filme análise, análise psicanalítica Ninfomaníaca, psicologia do cinema Nymphomaniac, Lars von Trier filmes, sexualidade no cinema, comportamento humano filme, transtornos sexuais cinema, Freud Ninfomaníaca, Lacan Nymphomaniac, filosofia do desejo, crítica de cinema Ninfomaníaca, impacto social Nymphomaniac, psicologia da sexualidade, neurociência e cinema, psicanálise e arte, Joe Ninfomaníaca personagem, Seligman Nymphomaniac, Jerôme Ninfomaníaca, filmes polêmicos Lars von Trier. #Ninfomaniaca #Nymphomaniac #LarsVonTrier #CinemaPsicanalitico #AnaliseDeFilme #PsicologiaDoCinema #SexualidadeNoCinema #ComportamentoHumano #Freud #Lacan #FilosofiaDoDesejo #CriticaDeCinema #ImpactoSocial #PsicologiaDaSexualidade #Neurociencia #PsicanaliseEArte #JoeNinfomaniaca #Seligman #Jerome #FilmesPolemicos Melhores Links sobre o Tema Ninfomaníaca: a compulsão para fugir da angústia - Psicologias do Brasil : Artigo que explora a compulsão de Joe como uma tentativa de lidar com a angústia. Ninfomaníaca 1 e 2 - Psicologia & cinema : Análise que conecta o filme a conceitos da psicologia e da psicanálise. Nymphomaniac: Sex Against Gender - Mute Magazine : Artigo em inglês que discute a sexualidade no filme como uma forma de resistência ao gênero. Nymphomaniac Film Analysis--Overstimulation And Emotional Desensitization (YouTube) : Análise em vídeo (em inglês) sobre a superestimulação e a dessensibilização emocional no filme. Nymphomaniac (Volumes 1 and 2) – review - The Guardian : Crítica detalhada do jornal The Guardian sobre os dois volumes do filme. Nymphomaniac: Vol. I movie review (2014) - Roger Ebert : Crítica do renomado crítico de cinema Roger Ebert sobre o primeiro volume. Ninfomaníaca I e II: Lars von Trier, filosofia e psicanálise : Artigo que relaciona o filme com a filosofia e a psicanálise. Nymphomaniac (film) - Wikipedia : A página da Wikipedia em inglês, com informações completas sobre o filme, elenco, produção e recepção. Nymphomaniac: Vol. I (2013) - IMDb : A página do IMDb, com informações sobre o elenco, equipe, curiosidades e avaliações de usuários. Referências Bibliográficas Freud, Sigmund – Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905, Imago) Freud, Sigmund – O Mal-Estar na Civilização (1930, Imago) Lacan, Jacques – O Seminário, Livro 7: A Ética da Psicanálise (1959-1960, Zahar) Lacan, Jacques – O Seminário, Livro 20: Mais, Ainda (1972-1973, Zahar) Žižek, Slavoj – O Sublime Objeto da Ideologia (1989, Jorge Zahar Editor) Žižek, Slavoj – Sexo e o Fracasso Absoluto (2024, Boitempo) Roudinesco, Elisabeth – História da Psicanálise na França, Vol. 1 (1982, Zahar) Roudinesco, Elisabeth – Dicionário de Psicanálise (1997, Jorge Zahar Editor) Ferraz, Flávio Carvalho – Perversão (2000, Casa do Psicólogo) Ferraz, Flávio Carvalho – Psicanálise e Cinema: A Imagem em Movimento (2006, Casa do Psicólogo) Butler, Judith – Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade (1990, Civilização Brasileira) Butler, Judith – Corpos que Importam: Sobre os Limites Discursivos do Sexo (1993, Civilização Brasileira) Foucault, Michel – História da Sexualidade I: A Vontade de Saber (1976, Graal) Foucault, Michel – História da Sexualidade II: O Uso dos Prazeres (1984, Graal) Ruppert, Franz – Trauma, Medo e Amor: Como Curar Feridas Emocionais (2012, Cultrix) Ruppert, Franz – Amor, Desejo e Trauma: Uma Jornada para a Identidade Sexual Saudável (2020, Ed. Cultrix) Benjamin, Jessica – Os Laços de Amor: Psicanálise, Feminismo e o Problema da Dominação (1988, Rocco) Benjamin, Jessica – Beyond Doer and Done To: Recognition Theory, Intersubjectivity and the Third (2018, Rou tledge) Chodorow, Nancy J. – A Maternidade e a Psicanálise: Gênero, Experiência e Fantasia (1978, Rosa dos Tempos) Chodorow, Nancy J. – Feminism and Psychoanalytic Theory (1989, Yale University Press) Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 — CNP 1199. Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 — CBP 2022130. Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University — Florida Department of Education — USA. Enrollment H715 — Register H0192.

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    Me ajude a manter o canal Dan Mena. ''Quando eu quis desistir, você fez com que eu enxergasse minha força''. ADQUIRIR LIVRO DESVENDAR O DESEJO É ASSUMIR O SEU PODER. DOMINE O ANSEIO, TRANSFORME SEU CAMINHO E CONTROLE SUA JORNADA HOJE. LIVRO DISPONÍVEL AGORA - 35 CAPÍTULOS TOP RANKING DA DÉCADA SOBRE O LIVRO Eros - 522 Páginas de conteúdo impactante . Esta leitura vai mudar para sempre a forma como você vive e ama. 🎯 Porque talvez esta seja a última vez que você vai usar o “eu tô bem” como disfarce. 🎯 Porque cada página provoca, desarma, ''vira chave'' . 🎯 Seus quereres estão sendo negociados com ''culpa, rotina, medo e silêncio''? 🎯 Este livro vai te mostrar que ''desejar não é um erro''. É um direito. 🎯 Mudar a forma como você se vê, se toca e ''se relaciona com o outro'' . CAPÍTULOS 1 - A Natureza do Desejo - 2 - A Psicanálise e a Sexualidade - 3 - O Amor em Colapso - 4 - Liberdade, Ausência e Falta - 5 - Da Neurociência ao Divã 6 - A Relação Sexual Não Existe - 7 - Exibicionismo: Anseio, Gozo e Vergonha - 8 - Abuso Sexual - 9 - Procrastinação e Autossabotagem 1 - 0 - Pecado e Prazer - 11 - Desejo, Poder e Identidade - 12 - A Sociedade do Cansaço - 13 - O Que Lembramos e Reprimimos 14 - Do Corpo ao Avatar - 15 - Afetos Mutantes - 16 - Recalque e Repressão - 17 - A Dissolução da Mente e do Êxtase 18 - Pensamentos Obsessivos - 19 - Sonhos , Sexo e Cinema - 20 - A Ficção e o Imaginário - 21 - Inteligência Emocional 22 - Orgasmo Feminino - 23 - O Corpo em Luto - 24 - Expostos e Vulneráveis - 25 - Corpo e Arte - 26 - A Fraude no Quarto 27 - Os Efeitos da Toxicomania - 28 - Traição e Tesão - 29 - Impotência Masculina - 30 - 6 Mitos que Precisamos Desconstruir 31 - A Repetição nas Relações - 32 - A Mulher Não Existe - 33 - Libido - 34 - Resumo e Reflexões - 35 - A Sinfonia do Ser 📌 Pra quem é esse LIVRO? ✔ Para quem já cansou das promessas fáceis sobre prazer ✔ Para quem sente que está vivendo no automático — inclusive sexualmente ✔ Para quem deseja parar de repetir padrões que sabotam a vida íntima ✔ Para quem quer se reconectar com aquilo que move, instiga, excita e liberta ADQUIRIR IMPRESSO GARANTA O SEU LIVR O IMPRESSO C OM 30% OFF “O DESEJO É A CHAMA QUE REESCREVE DESTINOS.” 📌 DOMINE OS 35 TEMAS QUE DEFINEM QUEM VOCÊ É E COMO VIVE. 📌 PAIXÃO, INTIMIDADE, AUTOCONFIANÇA, MEDOS, TRAUMAS, RELACIONAMENTOS, ANSIEDADE, DEPRESSÃO, AUTOESTIMA, FOBIAS, LUTO, ADICÇÕES, INSEGURANÇAS, SONHOS REPRIMIDOS, CONFLITOS AMOROSOS, LIBERDADE EMOCIONAL, ENTRE OUTROS QUE TOCAM A ALMA. 📌 Eros, o Poder do Desejo não é apenas um livro — é a chave para desbloquear o que pulsa dentro de você. Descubra como transformar seus anseios em força, seus medos em coragem e sua vida em uma trilha de plenitude. ADQUIRIR E-BOOK COMPRAR LIVRO IMPRESSO Autora Ãngela Pereira - Psicóloga Nasceu em Pernambuco e reside em Portugal. Psicóloga com 10 anos de experiência, especialista em ABA, resultando em melhorias substanciais no comportamento de crianças autistas. Se destaca por coordenar equipes multidisciplinares, políticas psicossociais, depressão é suicídio, ansiedade e psicologia educacional. Atuante em práticas de desenvolvimento humano, avaliação e regulamentação empresarial, palestrante e escritora. Autor Dan Mena - Psicanalista Nasceu em Montevideo - Uruguay, reside no Brasil há 30 anos, onde se especializou como Psicanalista, Doutor Honoris Causa em Psicanálise pelo Conselho Universitário da Christian Education Universíty da Florida - Departament of Education - USA, Teólogo, Escritor, Consultor em Desenvolvimento Humano. Renata F. Moreira, 39 anos - PR “Eu sempre fui aquela pessoa que colocava os outros em primeiro lugar. Passei anos em relacionamentos onde me anulei, com medo de parecer demais. Quando li O Poder do Desejo, senti como se alguém finalmente dissesse em voz alta tudo aquilo que eu guardava em silêncio. Pela primeira vez, entendi que desejar não é um erro. Este livro me libertou e, acima de tudo, reconectou comigo mesma.'' Vitor S., 33 anos - SP “Durante anos, fui o homem que fazia tudo certo: bom profissional, bom parceiro, mas emocionalmente ausente, até de mim mesmo. Eu achava que desejo era só físico, que prazer era algo mecânico. Não sabia lidar com minhas emoções, muito menos com a intimidade. EROS mexeu comigo de um jeito que eu não esperava. O que gostei nesse livro é que fala a real sobre coisas que eu nem sabia que existiam.” J. Machado, 61 anos - RJ “Para todo mundo, “Eu sou o cara resolvido: bom emprego, piadas sempre prontas. Mas por dentro, eu me sentia desligado das mulheres e do prazer. Quando comecei a ler EROS descobri o quanto eu me traí tentando agradar e parecer forte. Esse livro me desarmou. Se você é homem, leia, porque ninguém nunca nos ensinou a sentir com entendimento.” Perguntas Frequentes (FAQ) Sobre o Livro O que é Eros: O Poder do Desejo? Um livro que explora a força transformadora do desejo, combinando reflexões filosóficas, psicanalíticas, psicológicas e práticas para inspirar o leitor a viver com mais propósito. Para quem é indicado o livro? Para leitores interessados em desenvolvimento pessoal, psicologia, psicanálise, filosofia e temas relacionados à motivação, autoconhecimento e realização pessoal. Em quais formatos o livro está disponível? Disponível em formato físico, digital (e-Book, compatível com Kindle, Kobo e outros leitores digitais). Onde posso comprar o livro? Você pode adquiri-lo nas seguintes plataformas: Hotmart (versão digital): Clique no nome da plataforma para acessar. UICLAP (versão física): Clique no nome da editora para acessar. O livro é entregue diretamente no seu endereço. Amazon KDP Kindle (versão digital): Clique no nome da loja para acessar. Disponível para compra e leitura gratuita via Kindle Unlimited. Cópia com dedicatória? Sim! Para receber um exemplar com dedicatória, tanto na versão impressa quanto digital, entre em contato diretamente pelo e-mail wdanielmena@gmail.com ou pelo WhatsApp +55 81 99639-2402. Compra e Pagamento É seguro comprar pelas plataformas? Sim. UICLAP, Hotmart e Amazon são plataformas certificadas e utilizam criptografia para proteger seus dados e pagamentos. Como recebo a confirmação? UICLAP : Um e-mail com os detalhes do pedido será enviado. Hotmart : Você receberá um e-mail com o link para download do eBook. 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O exemplar deve estar em perfeito estado, sem sinais de uso. Consulte diretamente a política da UICLAP . Como solicito uma troca do livro físico? Basta entrar em contato com o suporte da UICLAP e seguir as instruções fornecidas por eles. Recebi o livro com defeito. O que faço? Envie uma foto do defeito para o suporte da UICLAP. A troca será realizada sem custo adicional. Posso devolver o e-Book? Sim. Você tem garantia de devolução integral de até 7 dias senão gostar do livro. O e-Book é compatível com meu dispositivo? Sim. O eBook está disponível nos formatos, PDF, ePub e Mobi, compatíveis com: Smartphones e tablets Kindle e Kindle App Kobo Google Play Livros Apple Books Posso entrar em contato para outras dúvidas? 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Comece agora a jornada para um entendimento mais autêntico do seu próprio desejo. 2 📕 VIRAR ESPELHO... Ele será seu espelho mais honesto, refletindo não apenas sua imagem, mas suas escolhas e medos ocultos. Ao virar suas páginas, você encontrará ressonâncias surpreendentes e revelações que desafiarão sua visão atual sobre prazer e satisfação. Prepare-se para se confrontar e se reconectar com uma nova visão sobre sua sexualidade e relacionamentos. Não deixe que a oportunidade de uma transformação passe. Comece sob uma luz que vai mudar tudo. 3 💡MEXER EM GAVETAS FECHADAS Vamos virar as chaves que abrem portas para um novo entendimento interior. Com insights poderosos e histórias envolventes, Dan Mena e Ângela Pereira desvendam os mistérios por trás dos padrões que sabotam sua vida íntima. Se você está pronto(a) para liberar-se de amarras emocionais e explorar um terreno desconhecido de prazer genuíno, este é o guia que você precisa. Não espere mais, comece sua jornada hoje mesmo. 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  • Livro Ansiedade | Dan Mena Psicanálise

    A busca da superação dos conflitos existenciais reivindicam o reconhecimento das nossas fraquezas e predicados. Exortados a essa reflexão cognitiva (revisamos) a aliança fundamental com o saber de si e a prática desse exercício. A renovação do pensamento pode ser uma condição basilar para obter repercussões transformadoras, seus benefícios se estenderem a todas as áreas de atuação. oras e positivas, nos propiciando a observação ao natural caso de amor que temos pela vida. ANSIEDADE REVELADA Domine a Angú stia em 2 6 Ch aves LIVRO DISPONÍVEL AGORA GARANTIR OFERTA SOBRE O LIVRO Conhecimentos, Técnicas, Exercícios que podem ser aplicados em apenas 15 minutos por DIA com sucesso. Um cronograma completo desde o zero para você desvendar desde a primeira CHAVE. Encerre AGORA os ciclos de ansiedade, preocupações e medos. Recupere o controle absoluto da sua VIDA superando às angústias desconfortáveis que limitam sua QUALIDADE DE VIDA! PARA QUEM É INDICADO ESSE MATERIAL? Para quem busca a superação dos conflitos existenciais, e assim reivindicam o reconhecimento das nossas fraquezas e predicados. Se você sofre com PREOCUPAÇÕES constantes, perde o equilíbrio emocional facilmente, sente medos INEXPLICÁVEIS, se assusta com facilidade? Você entenderá como pequenos ajustes podem resgatar sua CAPACIDADE de ter noites de SONO reparadoras. Aprenda a IDENTIFICAR os fatores e causas que disparam estes processos, saiba como PROCEDER para não ser refém inconsciente deles. O que fazer nas semanas a cada DIA do desafio para obter melhores resultados GARANTA O SEU LIVRO C OM DESCONTO ESPECIAL De R$ 69,90 por apenas R$ 39 ,90 PREÇO PROMOCIONAL DE LANÇAMENTO Aproveite por tempo LIMITADO! GARANTIR OFERTA SAIBA, fique por DENTRO dos tipos de ansiedade que podem estar lhe assolando. Embora cada uma difira, todas apresentam sintomatologia angustiante, associações e disfunções diversas. MELHORE as POSTURAS de enfrentamento aos problemas do día a día. Reconheça seus processos. Quais são seus sentimentos agora? Perceba as comoções físicas que a acompanham e aprenda a lidar. SUPERE o esgotamento e perfeccionismo desfrutando das suas CONQUISTAS. Progressos merecem recompensas, permita-se aproveitar os frutos de seu trabalho, dedicando um tempo para se presentear. O que você vai receber adquirindo o Livro? Suas chaves A revolução da psicanálise A abordagem psicanalítica O que se entende como ansiedade? Qual o seu tipo de ansiedade? Depressão, ansiedade & distorção cognitiva Atenção plena — superação & mindfulness Técnicas de respiração O controle da mente Um plano para gerenciar a ansiedade Tome o controle — acalme-se Sentimentos & pensamentos Impulsos & ansiedade O sono é sua importância para o equilíbrio Esgotamento & perfeccionismo Requalifique sua qualidade de vida Dicas e hábitos para a saúde mental Afastando preocupações Saúde emocional Hábitos saudáveis Encontros & relações O pensamento psicológico em frases Autoconhecimento & estima Solidão & solitude Otimismo — Vertentes & Tratamento Luto — A vida supera a morte Mensagem final. ADQUIRIR E-BOOK DEPOIMENTOS “… este livro me esclareceu muitos dos aspectos que afetavam minha vida… ”. A ansiedade sempre esteve presente em meu dia a dia, enfrentei muitas lutas nos últimos cinco anos, mas agora, tudo é diferente, eu me sinto mais viva a cada nova mudança. Este livro me esclareceu muitos dos aspectos que afetavam minha vida afetiva, a partir dele cresceu em mim uma nova possibilidade de viver com mais qualidade, equacionando meus problemas de relacionamento interpessoal. Jaqueline Higajo, 28 anos — Mogi das Cruzes — SP DAN MENA Psicanalista, Teólogo e Escritor ''Quando me propus abordar este projeto fiquei muito atraído pela sua importância, atualidade e a deficiência de literatura de apoio técnico neste segmento. Submergi evoluindo abundantemente em estudos, pesquisas, técnicas e conceitos multifacetados, com a articulação da prática clínica própria, e bons feedbacks positivos de excelentes colegas, profissionais de diversas áreas terapêuticas''. Sobre o Autor Entre em contato Recife - PE - Brasil On-line De 2ª a 6ª de 7:00h às 22:00h Atendimentos Agendados: 2ª a 6ª de 7:00h às 22:00h e Sábados de 7:00h às 17:00h +55 (81) 996392402 wdanielmena@gmail.com ATENDIMENTO WHATSAPP Contate-nos Nome Sobrenome Email Telefone Mensagem Enviar

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