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- Desordem Bipolar.
O distúrbio bipolar é um distúrbio psicológico caracterizado por fases alternadas de depressão e manias. Tal estado afetivo, oscila periodicamente de uma depressão exacerbada para uma sensação de extremo bem-estar. Como tratar a desordem bipolar? O distúrbio bipolar é um distúrbio psicológico caracterizado por fases alternadas de depressão e manias. Tal estado afetivo, oscila periodicamente de uma depressão exacerbada para uma sensação de extremo bem-estar, aditado de um certo estado intermediário. Não há eventos externos que justifiquem estas mudanças ambivalentes, o que se estabelece nessa patologia na pessoa que sofre desse transtorno são processos psíquicos internos complexos. O distúrbio bipolar é um problema psicológico que pode ser tratado. Como detectar se você sofre de distúrbio bipolar? Os sintomas para identificar quem sofre de distúrbio bipolar são: Mudança radical de humor. Na fase depressiva, aparecem sintomas característicos de inibição: tristeza, ansiedade, irritabilidade, perda de energia, choro incontrolável, mudanças no apetite, levando à perda ou ganho de peso, necessidade excessiva de dormir, dificuldade para tomar decisões, ilusões de autoanulação, autocrítica excessiva e pensamentos suicidas. Na fase maníaca, por outro lado, aparecem sintomas de descarga emotiva e prontidão para super atividades físicas: podem ser detectadas, excitação excessiva como a euforia, autoavaliação de grandeza, irritabilidade, nervosismo e ansiedade, falta de sono, aumento acentuado da energia, alto desejo sexual e verbalização desenfreada. O sujeito pode se ver incentivado a abusar de drogas e álcool, se envolver em comportamentos de risco, ter muitos projetos inacabados e tomar decisões prejudiciais e negativas, tais como deixar o emprego, desperdiçar recursos financeiros, criar fantasias mirabolantes. Se você se identifica com estes sintomas e pensa que é bipolar, o tratamento psicanalítico pode ajudar. A desordem bipolar é uma posição psíquica que pode ser transformada via um tratamento psicanalítico. Neste tratamento, não são utilizados medicamentos para o tratar o problema, se conseguem mudanças permanentes e sólidas por meio de interações em níveis profundos do aparelho mental. Partimos da premissa de que o paciente em análise não é um indivíduo perturbado, que nada está quebrado em seu estado psíquico, mas que a explicação para sua doença se encontra em processos mentais normais, produzidos num excesso. Através da aplicação do método e técnica, a ação terapêutica produz nos paciente ajustes equilibrantes, assim como introdução ao autoconhecimento e indução ao processo de transformação, que ajudam o analisado a construir um estado de saúde psíquico e social que lhe permitirá reverter a fragmentação, e viver melhor nos próximos anos. O tratamento pode levar tempos relativos a cada caso, mas é sempre eficaz. Se você sofre ou pensa que existem traços de transtorno bipolar em seu cotidiano, agende uma entrevista inicial, vamos conversar sobre seus acometimentos e tratar com sucesso o Transtorno Bipolar com o método psicanalítico, sem o uso de medicamentos. Benefícios do tratamento para a desordem bipolar: Estabilizar o humor Reduzir os sintomas depressivos e maníacos Aumento do interesse nas atividades dioturnas Restaurar a capacidade de diversão e relaxamento Se sentir melhor quando as coisas boas acontecem Maior apego à realidade Avaliação mais realista da vida Melhora nas relações familiares Satisfação nas relações afetivas Reintrodução positiva as relações sociais Domínio da autoconsciência e capacidade de transformação Uma vida com melhores perspectivas de futuro. Por Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130
- A Esquizofrenia.
A esquizofrenia é uma doença mental na qual alguns dos significantes primordiais da linguagem parecem estar comprometidos, causando uma dispersão desses significados que representam o sujeito, produzindo uma fragmentação. Como tratar a Esquizofrenia? A esquizofrenia é uma doença mental na qual alguns dos significantes primordiais da linguagem parecem estar comprometidos, causando uma dispersão desses significados que representam o sujeito, produzindo uma fragmentação esquizofrênica da realidade. Toda a energia psíquica do sujeito está em seu Ego, reconstituindo um primeiro estágio da construção psíquica do autoerotismo infantil sem objeto, antes do narcisismo. Os fenômenos esquizofrênicos, geralmente caracterizados por alucinações e paranoias, são acompanhados de delírios, combinados ou não. Se você acha que sofre de esquizofrenia ou foi diagnosticado como tal, há um tratamento na psicanálise que pode ajudá-lo, se desejar falar a respeito, me ligue, vou atendê-lo pessoalmente. Como detectar se você sofre de esquizofrenia? Caso não tenha um diagnóstico. Alguns dos sintomas característicos são: Alucinações, especialmente auditivas, que consistem em ouvir vozes, familiares ou desconhecidas, percebidas como diferentes ou alheias aos próprios pensamentos. Visionar vultos, imagens noturnas. Discurso desorganizado, com mudanças de um tópico para outro sem nenhuma conexão. Respostas equidistantes a perguntas relacionadas ou não ao assunto abordado. Comportamento motor desorganizado ou anormal. Problemas na realização de um comportamento orientado por metas, dificultando a realização de atividades cotidianas. Falha ou insensibilidade em reagir a estímulos ambientais. Resistência a seguir instruções. Adotar uma postura rígida, inadequada ou extravagante. Falha em dar respostas verbais ou motoras. Movimentação sem rumo, andar desacertado ou sem causa aparente. Movimentos estereotipados repetidos. Olhar fixamente por um tempo incomum. Repetição involuntária de palavras ou frases que acabaram de ser ouvidas ou pronunciadas. A expressão emocional através do contato com os olhos, entonação da fala, movimentos das mãos, cabeça e rosto fora do padrão de velocidade natural, com certa tendência à desaceleração. Redução das atividades normais do indivíduo. Longos períodos de ociosidade e letargia. Desinteresse em participar do trabalho ou de atividades sociais. Diminuição da capacidade de experimentar o prazer, a partir de estímulos positivos ou memórias de prazeres anteriormente experimentados. Desinteresse nas interações sociais. As ilusões podem aparecer, por exemplo: Acreditar estar sendo perseguido. Que tudo o que acontece ao seu redor é sobre você. Falsas acreditações de imagem sobre o corpo. Ilusões metafísicas, religiosas, exacerbação de crenças, visão de espíritos, fantasmas, monstros, falar com Deus ou com santos, receber missões de salvação para si, para outros ou para o mundo. Se você sofre de qualquer um destes sintomas, a psicanálise pode ajudá-lo. Me ligue, conversamos pessoalmente. O tratamento psicanalítico, permite a uma pessoa que sofre de psicose, delírio, alucinações, esquizofrenia, levar uma vida normal, enquanto, que de outro ponto de vista, a psiquiátrica, por exemplo, seria via medicação ou hospitalizada para um tratamento psiquiátrico. Esta diferença ocorre, porque a psicanálise permite ao paciente se constituir e reconstruir como sujeito psíquico, refundando um estado de saúde mental duradouro, estável, através da sua convocação a um trabalho em si próprio. O tratamento pode exigir a participação da família do paciente, levar tempo relativo a cada caso, mas é eficaz neles todos. Benefícios do tratamento da esquizofrenia: Diminuição dos sintomas esquizofrênicos. Melhorar o sono. Reduzir o sofrimento e angústia provocada. Desenvolver habilidades para administrar seus conflitos psíquicos. Usar os próprios recursos e habilidades. Melhorar o bem-estar emocional. Melhorando as relações familiares. Melhorando as relações sociais. Corrigir positivamente a qualidade de vida deteriorada. Por Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130
- A Hipocondria.
A hipocondriose é uma doença na qual o sujeito tem medo de estar doente e interpreta de forma catastrófica qualquer sinal corporal. Regularmente apresenta sensações somáticas dolorosas ou angustiantes, que confundem muitas vezes os médicos. A hipocondriose é uma doença na qual o sujeito tem medo de estar doente e interpreta de forma catastrófica qualquer sinal corporal. Regularmente apresenta sensações somáticas dolorosas ou angustiantes, que confundem muitas vezes os médicos. Tratados como pacientes orgânicos, são encaminhados para uma série de testes diagnósticos, sem encontrar nenhuma lesão fisiológica que justifique suas queixas. Entretanto, quando recebe os resultados dos testes e estes são normais, em vez de se tranquilizar, se sente incompreendido e frustrado, levado a pensar que o médico cometeu um equívoco ou que os testes estão incorretos. Psiquicamente, o paciente se sente doente, e está convencido de que está sofrendo de uma doença. E ele não está errado, porque na realidade ele sofre de fato, mas não é fisiológica. Se você está convencido de que sofre de uma doença, com certeza, mas os médicos lhe dizem que você não tem nada, me ligue, conversaremos ao respeito. O que está errado com você é chamado de hipocondria, uma doença que pode ser curada pela Psicanálise. Como detectar se você sofre de hipocondria? Alguns dos sintomas da hipocondria são: Você está obcecado com seus sintomas, mesmo que eles sejam leves. Fica temeroso de portar uma doença. Passa muito tempo, todos os dias, pensando sobre sintomas, saúde, doenças e suas consequências. Você imagina ter um fim catastrófico. Sua ansiedade e preocupações são claramente excessivas e desproporcionais à gravidade dos sintomas. Fica facilmente alarmado com notícias ou anedotas relacionadas a doenças. Sua vida gira em torno dos sinais de doença, negligenciando os aspectos mais saudáveis de si mesmo e de sua vida. Observa e verifica seu corpo inúmeras vezes. Faz pesquisas repetidamente sobre a possível doença, procurando uma resposta que confirme suas suspeitas. Quando um médico lhe diz que nada está errado, você vai a outro para certificar seu problema de saúde. Se sente frustrado e incompreendido em seu relacionamento com a medicina tradicional. Frequentemente discute sua doença com outras pessoas. Toma remédios sem ser receitado. Recebe atenção contínua, e até mesmo superprotetora de sua família e/ou amigos. Como tratamos a hipocondria? Uma aflição orgânica, irritação dolorosa ou inflamação de um órgão cria um estado, como resultado do qual a libido (energia psíquica) se desprende de seus objetos, retornando ao ego, e se manifesta como uma carga reforçada no órgão acometido. Esta circunstância, nos aproxima da compreensão da hipocondria, uma condição em que um órgão, também preocupa o paciente, sem que percebamos qualquer alteração verificável nele. Por um tratamento psicanalítico, no qual o paciente deve falar livremente sobre as interpretações produzidas que mobilizam a libido, atraída de volta ao órgão, recuperando certos elos libidinosos com os objetos, e produzindo modificações estáveis na capacidade do paciente elaborar psiquicamente os estímulos, isso evitará o desenvolvimento de outras doenças graves. O tratamento pode durar tempos indeterminados, mas é eficaz em todos os casos. Benefícios do tratamento da hipocondriase: Diminuir as obsessões e a ansiedade. Melhorar o sono. Reduzir o sofrimento. Prevenir doenças graves. Melhorar o bem-estar emocional. Melhorar as relações familiares. Potencializar as relações sexuais. Desenvolver habilidades para administrar a incerteza. Trabalhar adequadamente os medos. Melhorar a qualidade de vida. Por Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130
- A Histeria.
A histeria é uma doença causada por um conflito psicológico que se expressa no corpo como se fosse uma etapa. Pode ser sofrido tanto por homens quanto por mulheres. Como neurose, se caracteriza, predominantemente, pela transformação da ansiedade subjacente para um estado físico. A histeria é uma doença causada por um conflito psicológico que se expressa no corpo como se fosse uma etapa. Pode ser sofrido tanto por homens quanto por mulheres. Como neurose, se caracteriza, predominantemente, pela transformação da ansiedade subjacente para um estado físico. A palavra vem do termo grego “hystéra”, que significa útero. A própria palavra nos revela o caráter feminino da doença, já que era atribuída antigamente a uma disfunção uterina. Alguns sintomas histéricos são distúrbios motores, acompanhados de paralisia, dores no corpo, anestesia local ou hiperaestesia, distúrbios dos sentidos, como surdez ou cegueira, distúrbios genitais como frigidez ou impotência, alucinações, etc. Em todos os casos, trata-se de disfunção dos órgãos. Não há lesão orgânica. Por exemplo, a surdez não é devida a uma lesão no ouvido, mas é um desenrolar psíquico. Utiliza um repertório muito amplo para se expressar, não obedece nem às leis da anatomia, nem às regras da patologia, nada nela funciona como se esperaria nas ciências médicas, já que o que a sustenta é uma sentença. Da psiquiatria, ela é silenciada e muitas vezes aparece revestida de depressão ou de doenças supostamente inexplicáveis. Há uma certo desinteresse por parte dos médicos em tratar histeria, até mesmo uma certa rejeição a evitar seu tratamento. Se você sofre de distúrbios funcionais no corpo, nos órgãos perceptivos ou motores, epilepsia ou outros de origem desconhecida, pode ser um caso tipico de histeria. A psicanálise tem respostas, e pode resolver o problema. Como detectar se você está sofrendo de histeria? Alguns sintomas típicos são: Reminiscências: representações mentais, evocações e memórias de uma situação, evento ou coisa que ocorreu no passado. Neuralgia: dores agudas nos nervos, anestesia e dormências. Contrações e paralisias parciais de membros ou lateralidades. Ataques histéricos e convulsões epilépticas. Breves ausências psíquicas, perda de consciência, geralmente com menos de 15 segundos. Aparecimento de tiques nervosos. Vômitos persistentes e anorexia. Distúrbios visuais. Alucinações: visuais, olfativas, gustativas e auditivas. Doenças de pele. Problemas ginecológicos. Desordens genitais, como frigidez e impotência. Se você sofre de algum desses sintomas, a psicanálise pode ajudá-lo de forma eficaz, não só curando os sintomas, mas também agindo sobre o mecanismo psíquico que os produziu, a fim de obter resultados duradouros, estáveis e permanentes. Como tratar a histeria? Cada evento, cada impressão psíquica é dotada de um certo valor afetivo, do qual o ego se liberta por meio de uma reação motora ou por meio de um trabalho psíquico associativo. Se o sujeito for incapaz ou não quiser colocar em prática esses meios, por medo de conflitos psíquicos dolorosos, porque a modéstia ou circunstâncias sociais o impediram de fazê-lo. Seja porque sofreu essas impressões no decorrer de estados onde o aparelho psíquico ainda era incapaz de lidar com a solução. A memória, adquire muito mais importância nestes casos, e torna-se a causa de sintomas histéricos. A impossibilidade de eliminação, reside no fato de que a impressão retorna e permanece no inconsciente. Foi demonstrado que ditas memórias, correspondem a eventos ou fantasias da infância, vividas passivamente, que não foram suficientemente processadas, integradas psiquicamente. Em muitos casos, elas foram intercorridas no plano somático, por meio de um mecanismo psíquico chamado conversão. Neste ato, houve uma intenção por parte do paciente de esquecer eventos dolorosos, então, os simboliza e tenta excluir, na medida do possível, da associação com outras memórias e representações mentais. Desta forma, as figuras que se tornaram patogênicas, permanecem frescas, vivas e cheias de afeto, porque lhes foi negada a possibilidade de descarga ou elaboração associativa, ficando essa fragmentação da mente em relação ao evento. O tratamento psicanalítico, permite re-elaborar psicologicamente estas impressões, produzindo a linguagem que sustenta os sintomas e produzindo modificações permanentes no paciente. O tratamento pode levar algum tempo, mas é eficaz em todos os casos. Benefícios do tratamento da histeria: Diminuir os sintomas esquizofrênicos. Melhorar o sono. Reduzir o sofrimento. Desenvolver habilidades para administrar conflitos psíquicos. Desenvolver recursos e habilidades pessoais. Superação emocional. Melhora nas relações familiares e afetivas. Retomada das relações sociais. Reestruturação da qualidade de vida. Por Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130
- O Luto.
O luto é uma resposta psíquica que ocorre quando um familiar é perdido, seja por morte, distanciamento ou abandono. Também pode ser a perda de um emprego, um objeto, uma mudança de país, ou algo semelhante. O luto é uma resposta psíquica que ocorre quando um familiar é perdido, seja por morte, distanciamento ou abandono. Também pode ser a perda de um emprego, um objeto, uma mudança de país, ou algo semelhante. Pode até ser a perda de um ideal, como uma pátria, liberdade, etc. O luto não é um estado patológico, embora imponha desvios consideráveis do comportamento normal ao paciente. Confiamos que, após algum tempo, ela desaparecerá por si só, mediante a elaboração de ciclos. Em algumas pessoas, devido a essas mesmas influências, surge a depressão em vez do luto, sendo uma doença que pode se tornar muito grave e permanente. Se você sofreu recentemente a perda de um ente querido ou a separação de algo que lhe é precioso, recomendo que comece o tratamento para facilitar o trabalho de luto, e evitar a produção de outras doenças graves, como a ansiedade exacerbada e a depressão. Como detectar se você está passando por um processo de luto? Quais os sintomas? O luto intenso devido à perda ou algo que lhe é querido (emprego, país, relacionamentos, esposo, familiar, etc.) é assim caracterizado: Humor doloroso. Cessação de interesse no mundo exterior. Perda da capacidade de escolher um novo objeto de amor, na incapacidade psíquica de substituir o perdido. Retirada de toda atividade não relacionada com a pessoa amada ou objeto apreciado. Inibição e restrição do eu, como expressão de sua total dedicação ao luto que não deixa nada para outros interesses e propósitos. Isso não afeta todos de maneira única, a maioria, considera sua reação à perda de alguém ou algo amado, como normal e compreensível. Como lidamos com o luto? O tratamento psicanalítico, facilita o trabalho de luto para a pessoa que perdeu alguém ou algo amado e impede que outras doenças mais graves possam ganhar força, como a depressão. Por conversas com o psicanalista, o paciente é habilitado a fazer uma verificação da realidade e a deixar gradualmente de lado seus apegos amorosos e anulação das projeções de futuro em relação ao objeto perdido, agora, talvez impossíveis. Quando a oposição do paciente ao abandono destas posições psíquicas é muito intensa, pode surgir um distanciamento da realidade e a preservação do objeto por meio de uma psicose alucinatória, que o tratamento psicanalítico ajuda a administrar de forma saudável, respeitando a realidade. Este processo, ou ciclos, levam tempo de elaboração, e a energia restabelecedora acontece gradualmente, enquanto a existência psíquica do objeto perdido continua, e as memórias e esperanças que ligam a pessoa ou objeto amado são sucessivamente avivadas, consumindo uma abundância de energia psíquica desequilibrante. O tratamento facilita que este processo ocorra dentro da normalidade para que, ao final do trabalho de luto, o ego seja mais uma vez livre e desinibido de empreender, sem considerar essa ausência imprescindível a vida do sujeito. Se você está passando por um processo de luto devido à perda de tudo o que foi nomeado, algo que lhe é querido, o tratamento psicanalítico pode ajudá-lo a trabalhar o processo de luto normalmente, e a superar a perda de uma forma saudável. Benefícios do tratamento para facilitar o trabalho de luto: Encurtar o processo de luto e suas fases. Diminuir a dor da perda. Enfrentar e superar o evento de uma maneira saudável. Evitar outras doenças, como a depressão e ansiedade. Trabalhar através das emoções e do luto. Adaptando-se à vida sem o objeto querido. Recuperar a ilusão do futuro, da vida e de empreender seus projetos individualmente. Melhorar a qualidade das relações afetivas significativas. Viver melhor nos próximos anos, confortado com a realidade. Por Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130
- Doenças Psicossomáticas.
Uma doença psicossomática é uma doença que ocorre no corpo, onde há um dano de órgão que a justifica, isto é, quando os médicos fazem testes, exames e encontram algo efetivamente. Uma doença psicossomática é uma doença que ocorre no corpo, onde há um dano de órgão que a justifica, isto é, quando os médicos fazem testes, exames e encontram algo efetivamente. Quando cuja causa é psíquica, seja a ansiedade, estresse, hipocondria, neurastenia, que chegou a danificar um órgão através da persistência psíquica do paciente. Esta lesão orgânica é recorrente, não é permanente, mas aparece sob a forma de ataques cíclicos. O termo “psicossomático” é empregado para se referir às patologias que pertencem tanto ao físico quanto ao psíquico. Dessa forma, são doenças que afetam diretamente a saúde mental e fisiológica. Nesse contexto, os sintomas físicos acabam se tornando uma consequência dos sintomas emocionais e psicológicos provocados. Do ponto de vista teórico, a psicossomática psicanalítica, constitui uma abordagem dos fenômenos psíquicos primitivos, que podem ser observados nas psicopatologias contemporâneas. Para Freud, a denominação de medicina psicossomática, de acordo com seu campo epistemológico, “é um estudo das relações mente corpo com ênfase na explicação da patologia somática, uma proposta de assistência integral e uma transcrição para a linguagem psicológica dos sintomas corporais”. A abordagem, considera o sujeito na totalidade, com uma psique e um soma, interligados e indissociáveis, sendo necessário entendê-los e trabalhá-los enquanto uma totalidade. Com o adoecimento ocorrendo, quando existe o desequilíbrio deste todo. Nesse contexto, sobre somatizar, a psicanálise é um marco, ao auxiliar no entendimento da mente e da realidade psíquica de cada indivíduo, contribuindo para o fortalecimento do Ego para o desempenho de suas funções. “É mais importante conhecer a pessoa com a doença do que conhecer a doença que a pessoa tem”. As doenças psicossomáticas clássicas são: Asma. Artrite reumatoide. Colite ulcerativa. Hipertensão arterial. Neurodermatite. Úlcera péptica. Se você acha que pode estar acometido de uma doença psicossomática, peça uma consulta, atenderei pessoalmente ou por telefone. Como detectar se você sofre deste quadro? Estes são alguns dos sinais característicos: O sujeito fala como se quisesse relacionar os fatos sem ser incluído, como um observador imparcial, sem seu envolvimento. Em sua relação com a realidade, é o mundo é que lhe provoca. Ele nunca está envolvido na produção de sua própria vida. Também, é muito comum ouvi-lo dizer, e isso é tudo, como se o que ele relaciona, coincidisse exatamente com a realidade que ele constrói para si e para seu mundo imaginário. Em alguns casos, eles dão nome próprio ao órgão que está com problemas. Por exemplo, Pedrinho está me incomodando hoje, referindo-se a um problema gástrico. São pessoas muito intolerantes, às transformações da realidade, são rígidas, inflexíveis, têm muitos preconceitos, fazem julgamentos do passado, sobre como as coisas deveriam ser, e se não são como imaginadas, tornam-se mal-humorados e agressivos. Possuem um grande desejo de controlar tudo, até mesmo suas próprias funções orgânicas, e também seu parceiro, que deve estar a seu gosto, ao seu “bel” prazer, obedecendo aos atos de comando que desenvolveram. Ele quer um espelho de si, uma xerox do eu. Qualquer desvio do que por ele esperado, leva a rupturas, quebras de comunicação e provocação de doenças. Tal fórmula, é a maneira como manipula e apaga a diferença com o outro. Esta incongruência, inconsistente entre seu desejo e a realidade, é resolvida de forma somática, ferindo o órgão. O órgão da linguagem, transformado num corpo de carne biológico, onde coloca o órgão afetado no discurso médico, e aquele lugar que deveria ser ocupado pela produção de sentenças, discursos e acomodações verbais, há então o surgimento somatizado da lesão orgânica. É por isso, que a doença psicossomática, é antes de tudo uma repetição de encontros com o gozo, mas um gozo autoerótico, um gozo sem o outro. Há uma dificuldade em pensar no futuro, vivendo como se cada dia fosse o último de sua vida. O que é mais difícil para o psicossomático é pensar, pensar é doloroso para ele, tendo a ver com sua incapacidade de elaborar estímulos. Em vez de falar, ele age, ele faz adoecer o órgão, porque goza, tem prazer em se impor uma doença que lhe provoca prazer. Se você se sentir identificado com esta descrição, solicite uma consulta, o atenderei pessoalmente ou por telefone. Como tratamos as doenças psicossomáticas? A pessoa inserida neste percurso, finge ser um corpo, em vez de ser alguém. Não há trabalho psíquico no fenômeno psicossomático. Há uma economia de trabalho, muita ambição e pouca capacidade de ação, tem a úlcera que alimenta e sofre. Tudo acontece, como se algo estivesse escrito no corpo, como um enigma, um fantasma criado no inconsciente, que anseia pelo órgão ferido. No fenômeno psicossomático não há realização de desejos, o sintoma médico é "uma necessidade", que vem antes da palavra. É uma reação contra o desejo, na tentativa de aniquilar o próprio. Não há nenhuma sentença que sustente o sintoma, e o puro gozo, um gozar do corpo, onde não há lugar para a linguagem. Como trabalhar isso? No processo analítico, a clínica consistirá na produção de um tema. Esse assunto, será o eixo do desenvolvimento necessário para que a verbalização, a linguagem, onde o alfabeto substituído, tome o seu lugar de origem. Reaprender a falar, abrir a fenda da falha de comunicação, reintroduzindo o verdadeiro reconhecimento do eu como estrutura. O tratamento pode levar mais ou menos tempo, conforme o caso, é envolvimento do paciente, mas é eficaz em todos os eles. Benefícios do tratamento: Contribuir com o médico para um tratamento psíquico-medicamentoso combinado. Redução na intensidade dos sintomas. Evitar a recorrência da doença. Reduzir a ansiedade. Desenvolver habilidades para administrar as incertezas. Aumentar a capacidade de trabalho. Reaprender a produzir temas e assuntos para o diálogo. Incentivo ao autoconhecimento e transformação positiva. Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130
- Transtorno Obsessivo Compulsivo.
A neurose obsessiva, atualmente conhecida como Transtorno Obsessivo Compulsivo ou TOC, é um transtorno mental que produz ideias obsessivas, repetição de atos e pensamentos, compulsão para realizar rituais e cerimônias, excesso de escrúpulos e preocupação com a limpeza, medo homossexual, alto nível de culpa, tudo levado ao extremo da patologia. A neurose obsessiva, atualmente conhecida como Transtorno Obsessivo Compulsivo ou TOC, é um transtorno mental que produz ideias obsessivas, repetição de atos e pensamentos, compulsão para realizar rituais e cerimônias, excesso de escrúpulos e preocupação com a limpeza, medo homossexual, alto nível de culpa, tudo levado ao extremo da patologia. Conforme a Psicanálise, fala-se em uma estrutura mental em traços obsessivos de personalidade e a formação dos sintomas, ocorre quando conflitos irremediáveis, recheados de afetos intensos e simultâneos de amor e ódio, surgem e, por algum motivo, não se resolveram adequadamente. Alguns sinais e sintomas: Medo de germes, contaminação ou contágio. Ansiedade em esquecer, perder ou colocar algo no lugar errado. Medo de perder o controle sobre o próprio comportamento. Pensamentos agressivos para com os outros ou para consigo mesmo. Dúvida obsessiva e dificuldade em tolerar a incerteza. Sofrimento com reprovações contínuas, obrigações sem sentido, proibições absurdas, ideias desinteressantes. Repetição de cerimônias e rotinas, passo a passo, a fim de evitar que algo ruim aconteça. Impor restrições e preceitos morais a si mesmo. Sentir-se culpado por algo desconhecido, ou por algo não cometido. Sentir angústia, escrúpulos e reprovações Colocar em prática mecanismos de fuga, evitação e proibição. Acreditar que ao pensar, algo pode se tornar realidade. Crer no poder mágico das palavras. Estar em um estado perpétuo de indecisão. Intensa atividade mental que mergulha o indivíduo num labirinto de pensamentos que se anulam mutuamente. Excluir a presença de pessoas durante a execução do ato obsessivo. Algumas compulsões comuns são: Lavagem e limpeza. Verificação repetida, por exemplo: se desligou o gás, a luz, fechou a porta, etc. Contagem ou recontagem. Arrumação e perfeita organização. Seguir uma rotina rigorosa. Fiscalizar exato lugar do objeto. Quando agravado, é considerado uma doença mental que está entre as dez maiores causas de incapacitação, conforme a Organização Mundial de Saúde; acomete preferencialmente indivíduos jovens ao final da adolescência e, muitas vezes, começa ainda na infância, apresentando curso crônico para a maturidade. Como é tratado o TOC? Normalmente o portador tenta ignorar ou se livrar dos pensamentos ou impulsos que o incomodam, mas isto só aumenta seu sofrimento, à medida que eles continuam retornando, levando-os a realizar atos e cerimônias mais obsessivos e regulares, entrando no círculo vicioso do distúrbio. Os atos e cerimônias do TOC parecem sem sentido e absurdos, mas só parecem, porque possuem e têm significado, servem a interesses importantes da personalidade e dão expressão e vazão a pensamentos afetivos reclusos e recalcados. A psicanálise, é um método capaz de interpretar os sintomas, facilitando a compreensão dos atos. Os principais sintomas e inibições habituais são apenas a face visível do distúrbio, pois a causa fundamental é inconsciente. É sobre esses fatores inconscientes da personalidade do paciente que o tratamento atua, trabalhando diretamente nas causas psíquicas dos sintomas, produzindo autoconhecimento e autotransformação, provocando mudanças permanentes e duradouras. A psicanálise trata o transtorno buscando o que está por trás do ritual, tentando entender a estrutura psíquica fixada a partir das circunstâncias vividas na infância. A terapia vem no sentido de orientar o indivíduo a ter mais controle dos pensamentos e estabilizar os sintomas. Benefícios do tratamento: Autoconscientização e transformação. Desaparecimento progressivo dos sintomas. Redução dos níveis de angústia. Economia de tempo, através da eliminação de atos cerimoniais e obsessivos. Mais energia disponível para as atividades diárias. Aumento da confiança pessoal. Melhoria das relações sociais. Melhoria da qualidade de vida no geral. Por Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130
- O Pânico que nos Assola.
Conforme o conceito psicanalítico, certos indivíduos são suscetíveis a episódios de ataques de pânico devido a uma predisposição à ansiedade, associada a um temperamento suscetível ao medo. Conforme o conceito psicanalítico, certos indivíduos são suscetíveis a episódios de ataques de pânico devido a uma predisposição à ansiedade, associada a um temperamento suscetível ao medo. Devido à ansiedade, crianças com esta predisposição tendem a desenvolver uma dependência de outras, caracterizadas pelo medo, e sentem que seus pais devem estar presentes em todos os momentos para lhes proporcionar uma sensação de segurança. Além disso, esta dependência dos outros, é uma humilhação narcisista para eles, pois o sentimento de segurança depende da presença de um cuidador. Esta adição temerosa, pode ser devida a uma experiência inadequada e/ou traumática nas primeiras relações com outras pessoas significativas, geralmente pais, familiares ou tutores. Em resposta a esta percepção de rejeição ou indisponibilidade, devido à ferida narcisista da dependência, a criança desenvolve uma certa raiva em relação a figuras de apego próximo. Esta ira, é perigosa, pois as fantasias associadas podem potencialmente prejudicar a relação com às pessoas das quais ela depende, aumentando assim a ameaça de perda e de dependência sob o medo. Desta forma, gera-se um círculo vicioso, desencadeado novamente na vida adulta, quando o mesmo indivíduo experimenta ou percebe uma ameaça à sua integridade, geralmente quando os mecanismos de ansiedade e defesa são ativados, numa tentativa de controlar essa suposta ameaça. Devido ao grau de temor e desorganização gerada por essas fantasias, a pessoa se torna sobrecarregada, onde surgem níveis de ansiedade que afunilam no pânico. Estes, por sua vez, impedem que o individuo perceba a raiva. No tratamento psicanalítico, é importante que o paciente preste atenção aos gatilhos e ativação dos mecanismos de defesa, que impedem que tome consciência das emoções que dão origem aos sintomas psicológicos. As causas: O distúrbio do pânico pode ser causado por situações de extremo estresse, tais como crises financeiras, brigas, separações e mortes na família, experiências traumáticas na infância ou após agressões, roubos e sequestros. Pessoas cujos genitores têm distúrbios de ansiedade, são mais propensos a desenvolver sintomas com as seguintes características: Sensação de asfixia. Aperto ou desconforto no peito. Náuseas ou dores abdominais. Instabilidade, vertigem ou desmaios. Sentimento de irrealidade ou despersonalização, estar separado de si mesmo. Medo de perder o controle ou ficar louco. Medo de morrer. Sensação de entorpecimento. Arrepios ou sufocamento. Pavor de locais fechados. Freud, em seu trabalho, anota: "Sobre a justificativa para separar uma certa síndrome da neurastenia, como uma neurose de ansiedade" (1894), descreve as seguintes manifestações clínicas: Distúrbios cardíacos, palpitações, arritmia breve e taquicardia. Perturbações respiratórias. Ondas de transpiração. Temores injustificados. Fome insaciável, vômitos, náuseas. Diarreia. Vertigem locomotora. Urgência para urinar. Insônia. Os sintomas são largamente baseados em fantasias inconscientes, conflitos e efeitos. No caso de distúrbios de pânico, as acometidas têm uma dificuldade especial com fantasias e sentimentos de raiva em relação a figuras próximas, como pai, mãe, tios, tais como desejos de vingança em relação a eles. Estes anseios, são experimentados como uma ameaça às figuras de apego, desencadeando grande ansiedade. Os pacientes, geralmente, não estão cientes da intensidade desses efeitos, nem das fantasias de vingança que os acompanham. Tornar estes aspectos da vida mental conscientes, e menos ameaçadores é um passo importante no tratamento psicodinâmico dos distúrbios de pânico. Por outro lado, assim como doenças orgânicas, a codificação dos riscos envolvidos e a consequente resposta emocional não é a mesma para todos os sujeitos, no caso de manifestações corporais de ansiedade, haverá aqueles que reagirão com a máxima sensação de perigo e outros, lhe darão um significado mais benigno. Portanto, ao examinar os distúrbios de pânico, devemos considerar: a) O nível dos significados e significantes que suscitam angústia. Em outras palavras, o tipo de representações que conseguem acionar o circuito de perigo em cada assunto. b) O nível neurobiológico, cerebral, hormonal e corporal que acompanham os eventos. c) A reação à angústia, ou seja, como o sujeito se percebe quando se sente angustiado, o quanto a angústia é perigosa para ele, a antipatia criada quando percebe manifestações de angústia. d) O feedback cíclico, entre os circuitos anteriores. Freud, em "Psicologia das Massas", propõe que a origem da ansiedade neurótica está na "magnitude do perigo" e/ou "ruptura dos laços afetivos", estendendo estes conceitos à ansiedade coletiva, que assim "apresenta múltiplas analogias com a ansiedade neurótica". Os efeitos deste "medo coletivo" são caracterizados pelo fato de que: "… as pessoas não ouvem mais nenhuma ordem, e cada um cuida de si mesmo, sem se preocupar com os outros. Os laços recíprocos cessaram, e uma enorme e insensata angústia é liberada". (Freud). Gostaria também de salientar a importância de considerar a singularidade de cada caso, no sentido de manter uma atitude terapêutica comprometida com a observação dos pacientes, o que, quando o caso exige, me permito considerar uma abordagem interdisciplinar. É geralmente um trabalho cuidadoso, de "construção" de "pedaços de história" onde eventos traumáticos são muitas vezes escondidos. Por este motivo, se faz necessário, estabelecer objetivos a médio e longo prazo numa estratégia de tratamento aberta ao paciente, ou seja, explicada e trabalhada com ele, indicando as etapas e metas a serem alcançadas conjuntamente. Paciente e terapeuta, devem trabalhar para superar o "pânico do pânico", muitas vezes, colocado a serviço da pulsão de morte, especialmente, quando é experimentado como um ataque ao próprio tratamento analítico. O tripé do trabalho em ataques de pânico, quando necessário: Cada corrente terapêutica funciona, diríamos que o cognitivo age basicamente na reação consciente à ansiedade; os farmacologistas, com ansiolíticos e antidepressivos, abordam o nível neurobiológico; os psicanalistas, geralmente trabalhamos sobre as fontes inconscientes da ansiedade. Mas somente um modelo que considere a complexidade dos fatores em jogo nos permitirá, não somente esclarecer em cada caso, quais são as dimensões relevantes, mas também estabelecer princípios técnicos de tratamento, o momento do tratamento ou não, combinando formas de intervenção. Assim, por exemplo, em um paciente negativo, narcisista e racionalista, que chamamos de informativo, pode ser totalmente contra-indicado, exigindo, ao invés disso, uma análise, desde o início, de transferência negativa e desconfiança. Da mesma forma, em alguns pacientes limítrofes, com fortes componentes hipocondríacos, o tratamento psicofarmacológico é neutralizado pela reação aos efeitos colaterais e fantasias de envenenamento. Em outros pacientes, com desregulamentação psicobiológica significativa e com uma estrutura de tratamento de poucas sessões, a medicação psicotrópica como coadjuvante da psicoterapia me parece, não só justificada, mas indispensável em certos casos. Neste sentido, a experiência alerta para os riscos da onipotência mágica do terapeuta, que o faz rejeitar intervenções úteis de outras clínicas, das quais sou totalmente favorável neste caso específico. Quanto ao tratamento da ansiedade, na psicanálise é possível oferecer e aplicar um redimensionamento do sujeito com seu desejo, numa tentativa de reduzir a captura deste, pelo ego, ou seja, pelas imagens narcisistas produzidas, para reduzir sua necessidade em atender às exigências da cultura, reduzindo a captura destes desejos. Bom domingo, vamos ao poema; É sempre no passado aquele orgasmo, é sempre no presente aquele duplo, é sempre no futuro aquele pânico. É sempre no meu peito aquela garra. É sempre no meu tédio aquele aceno. É sempre no meu sono aquela guerra. É sempre no meu trato o amplo distrato. Sempre na minha firma a antiga fúria. Sempre no mesmo engano outro retrato. É sempre nos meus pulos o limite. É sempre nos meus lábios a estampilha. É sempre no meu não aquele trauma. Sempre no meu amor a noite rompe. Sempre dentro de mim meu inimigo. E sempre no meu sempre a mesma ausência. Carlos Drummond de Andrade Por Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130
- Páscoa e Quaresma.
Depois de 3 anos longe do Carnaval, chega a Quaresma, o jejum, a continuação. Acontece, então, o período da Quaresma que corresponde à preparação para a Páscoa. Seria muito interessante poder contar às origens históricas e arqueológicas comprovadas e documentadas da Páscoa, sua semelhança paralela com outros eventos litúrgicos do atual calendário ocidental, do qual vou me abster de incluir em razão da minha fé. Gostaria apenas de resumir, que dita celebração encontra seus primeiros registros arqueológicos na primeira civilização humana, os Sumérios, quando na Suméria, terras que mais tarde seriam a Babilônia, por volta do ano 10.000 a.C. Na época, era anunciada como um evento astronômico, celebrando a Morte do Sol e a chegada do inverno. A Páscoa para os Sumérios era quando o Sol morria no horizonte, descendo depois para o Hemisfério sul até ao Trópico de Capricórnio, que era engolido pela constelação de Escorpião ou do Diabo. O Sol da Vida é morto pelo Diabo, a Serpente Velha ou Escorpião, e viaja através dos Infernos, lugares mais baixos, durante seis meses de frio, escassez e escuridão. Para uma sociedade agrícola como era, a Páscoa representava a morte ou o fim do ciclo anual. Após a Páscoa ou Morte, vem a celebração da Ressurreição do Sol, que nessa altura, no mês de abril, é quando o Sol regressa ao Trópico de Câncer no Hemisfério norte, sob o signo de Áries ou do chamado Cordeiro Pascal. Assim, o Sol morreu, depois ressuscita, traz nova vida e com ele a alegria, abundância e felicidade, juntamente com a Renovação da Natureza e a Ressurreição da Vida. Milhares de anos mais tarde, no Antigo Egito, esta tradição entra na cultura egípcia, representada pela morte do Sol Osíris, pelo seu irmão Seth Typhoon, a Serpente Antiga. Osíris será torturado no Inferno, procurado por uma noite de seis meses pela Virgem Ísis, a Lua, que retorna já ressuscitado, sob a forma do seu filho Horus, o novo Invictus do Sol. Agora, vamos pular alguns miles de anos, nos transportando para o ponto cronologico das raízes hebraicas. Depois de 3 anos longe do Carnaval, chega a Quaresma, o jejum, a continuação. Acontece, então, o período da Quaresma que corresponde à preparação para a Páscoa. Faço aqui uma pausa para avaliar algo muito interessante: como a cultura nos manipula, nos jogando antagonicamente para situações tão opostas: (Carnaval) (Quaresma). Vamos ao assunto. Durante os quarenta dias que precedem a Semana Santa, cristãos recordamos os dias que Jesus Cristo passou no deserto. É um tempo voltado para reflexões e serviços religiosos, tais como orações, caridade e abstinência. A Páscoa é a festa mais importante do calendário cristão, ao comemorar o episódio central da sua crença religiosa, a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Tem ligações claras e importantes com a tradição judaica e o Antigo Testamento. Como muitos outros costumes, suas raízes estão no hebraico, especificamente na celebração de ''Pessach'', comemoração da partida do povo judeu do Egito, onde viveram 400 anos de escravidão, assim libertos, partem em direção à ''Terra Prometida''. Nesta festa, os judeus recordam às pragas com que Deus castigou o povo egípcio, e em particular do ''Salto'' que o anjo da morte deu sobre as casas hebraicas, quando foi em busca dos primogênitos. Este chamado ''Salto'', em hebraico ''Pessach'', é uma palavra que em latim é ''Pascha'', então, o termo ''Pascuum'', devido à sua semelhança com o termo latino, se refere a um lugar, uma abundante pradaria, onde o rebanho é libre da fome. Esta transformação da palavra, deve-se ao triunfo do cristianismo nos tempos do Império Romano, onde Jesus Cristo, na sua ressurreição, mudou o significado do ''Pessach'' judeu, fazendo Jesus ser o “Saltar”, passando ele próprio a significar o ato da morte em direção à vida eterna. Em ambos os casos, é uma metáfora para a salvação e proteção associada ao divino. Esta data cristã, começou a ser celebrada em concordância com a data hebraica, sendo festejada desta forma durante vários séculos, até ao Concílio de Niceia, em 325 d.C., quando foram separados. A mudança, deve-se ao fato de o calendário hebraico ser regido pela lua, enquanto o cristão ocidental pelo sol. A Semana Santa começa com uma grande celebração, e termina com outra, o que para mim não faz muito sentido, uma vez que está associada à cruz, ao sofrimento, e não a uma festa em sim, pelo que devemos compreender melhor seu verdadeiro significado. O poder da salvação não está na cruz do sofrimento, mas no amor com que Jesus a tomou e carregou sobre si. Na liturgia da tradição, a paixão, morte e ressurreição de Jesus é lembrada. Recordá-lo, é descobrir como a sua morte desafia a realidade contemporânea que construímos, onde tantos são privados de direitos fundamentais, como a alimentação, moradia digna, discriminação, guerra, etc., acima de tudo, o sofrimento e desigualdade imposta aos menos favorecidos. A Semana Santa não termina com a sexta-feira, pois isso seria esquecer a sua autentica mensagem. Deus ressuscitou no Jesus crucificado, ele vive para sempre em Deus, assim vivo, próximo de todas às coisas que se veem, em cada ser humano, em todo o universo. Nestes tempos, a vida torna-se por vezes uma linha sem sentido. Acordamos sem saber o que perseguimos e desejamos, nem para onde vamos, e se realmente temos um destino ou propósito. Não questionamos nossa existência, vivemos no automático, pelo que não atingimos uma escala de valores que nos ajudem a orientar nossa bússola existencial. A Quaresma é um tempo de reflexão, que nos chama de volta a Deus, a prática da fraternidade, convocados a repensar nossa humanidade, uma forma de nos aproximarmos do nosso propósito divino. Tal como não podemos negar, que somos seres sociais, muito menos que existe em nós, uma alma. Por conseguinte, nossas dimensões espirituais e psicológicas estão muito mais atreladas e próximas do que gostaríamos e aceitamos. Para a Psicanálise, a existência de Deus, seja como uma ideia ou como uma realidade espiritual, é estabelecida a partir da formação da personalidade, garantida pela socialização primária. Segundo Freud, a imagem do pai é transformada em vida psíquica como Deus Pai Eterno, invencível até à morte. A teoria freudiana da religião é transposta com a necessidade implícita infantil de acreditar em Deus, o Pai Eterno Imortal. A crença na divindade, faz parte da construção humana, como tal, colocada como uma etapa necessária de significado positivo do desenvolvimento. O processo científico que Freud iniciou, quando admitiu, que essas questões exigiam um exame mais aprofundado: na melhor das hipóteses, a proposta da existência de Deus (segundo seu ateismo), é uma aspiração à felicidade, ao desejo e à busca do prazer. Os limites da mente, sendo dano ou benefício a ideia de Deus na vida psíquica, tornam-se abertos para o debate. Além disso, este fator é significativo e mutável de indivíduo para indivíduo, de sociedade para sociedade. Tudo isto sugere, que Freud estava certo nisso quando afirmou que: os limites reais do inconsciente, portanto, da vida psíquica espiritual, não podem ser estabelecidos por serem particulares a cada ser. A formação do Deus paterno, obedece à garantia socialmente admissível da interação pela socialização primária do núcleo familiar; o Deus paterno traz uma carga sublimada que o inconsciente consegue expressar e identificar como prazer e gratificação. Consequentemente, a eliminação da ideia de Deus, de assassinar Deus, seria como contribuir para barrer elementos de vida psíquica satisfatória aos membros da sociedade. A negação radical de qualquer ideia ou crença em Deus, como de qualquer manifestação de fé popular, é a fonte de muitos erros e suas consequências. Isto significaria, desrespeitar o processo de formação da personalidade psíquica ao lado da família; denota, eliminar pais e mães, cuidadores, desconsiderando às relações da formação da personalidade humana. Isto leva à mesma conclusão que Freud estabelecera a partir do ''caso religioso'': o ser humano é indiscutivelmente um ser finito, precário e impotente. A interpretação freudiana do fato religioso, tem sido um dos confrontos propostos no século XX. Depois de Freud, já não é possível considerar a experiência religiosa, para além da suspeita de condicionamento inconsciente nos seus modos de expressão. Para além das diferenciações sobre o natural ou o sobrenatural, de uma suposta diferença entre uma fé saudável ou neurótica. Confessar Deus como Pai é proclamar a salvação que nos chega por Jesus, aderir a qualquer dogma ou participar em qualquer tipo de ritual religioso, ou sua prática, que constituem expressões de fé, como resposta a registos particulares. Não é possível, portanto, encerrar o problema que a psicanálise coloca sob à fé. Suas interrogações continuarão indefinidamente, cada vez que um sujeito enunciar sua creença espiritual. Confessar Deus como Pai, significa: reconhecê-lo com um modo de paternidade, cujos parâmetros só encontramos nas relações paternais de Jesus com Deus. Sendo a sua relação com o Pai única e exclusiva, toda a criação sujeita a ele, santa, inocente e imaculada, ele foi, no entanto, testado em tudo, como somos, ofereceu orações e súplicas, gritos e lágrimas, dirigidas àquele que o podia salvar da morte. E foi ouvido por Deus, mas depois dessa angústia, o Calvário, que figura como a suprema vitória sobre aquela tentação permanente que a todos nos assola. Essa relação com Deus está estabelecida, não ao nível da identificação imaginária, mas ao grau da própria identificação simbólica. A sua filiação a Deus não libertou Jesus da sua responsabilidade, (mesmo sendo ele utopicamente o próprio Deus) nem da dúvida, tentação, solidão, angústia, frustração e o sentimento de abandono na cruz. Só a partir daí, podemos compreender que apelar à paternidade de Deus, não nos isenta de assumir a nossa fragilidade e finitude, que de forma alguma esta ligação pode tornar-se um esquema ardiloso para escapar a ela por uma identificação disfarçada com o divino. Claramente, nos referirmos a um Deus Pai, que desfaz a representação do Pai imaginário, todo-poderoso que criamos na nossa infância. Mais, não encontramos no Jesus crucificado alguém onipotente que se impõe a humanidade, é sim um Deus que se expõe às fraquezas humanas, que vence pela sua graça e concessão misericordiosa, com sua principal ferramenta criativa, o amor. Vamos ao poema: Não tenho nada que me prove a existência de Deus, Mas mesmo assim ele continua sendo O absoluto dos meus dias. Nunca choveu maná no quintal de minha casa E a imagem que tenho da Virgem Maria Nunca derramou uma lágrima. O que tenho aqui é esta mão machucada, Este dedo sangrando, Este nó na garganta, Este humano desconsolo, Esta dor, Esta cor, E este olhar desconcertante de Deus, Deixando-me sem jeito, Ao dizer que me ama. Padre Fábio de Melo Por Dan Mena Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130
- A Arrogância.
A arrogância é uma crença na superioridade e numa autoestima exagerada, que se manifesta presunçosamente pelo indivíduo. A maioria das pessoas não gosta de pessoas arrogantes, principalmente porque nos fazem sentir mal e provocam uma sensação de inferioridade. A arrogância, é um sentimento de superioridade e autoestima exagerada, que se manifesta de forma presunçosa pelo indivíduo. Um estudo realizado nos Estados Unidos, revelou que crianças entre 4 e 8 anos já mostram algum traço de pensamento arrogante. Inicialmente, acreditam que podem saber mais do que os adultos, e é possível, que esta estrutura possa ter começado como um mecanismo de defesa infantil, na realidade produto de uma infância de muita rejeição e desacolhimento dos seus cuidadores. A dado momento do nosso desenvolvimento, abandonamos esta postura egocêntrica, ajustando-a, para aquelas socialmente niveladas. Este tipo de comportamento pode parecer agradável no início, ao tender a transmitir uma imagem de confiança e seriedade do sujeito, que passado algum tempo, já não nos sentimos bem em tê-lo(a) por perto, nem desfrutamos tanto da sua companhia quanto antes. Não podemos confundir arrogância com autoestima, precisamente porque pode ser a expressão do oposto, como uma autopercepção de fragilidade. Pessoas com autoestima qualificada têm uma imagem equilibrada de si. Não sentem que ocupam uma posição superior, mas que estão apenas no mesmo nível intelectual do que qualquer outro(a), sem se sentirem sob pressão ou ameaçados(as). Este conceito de Ego sobrestimado, é uma percepção inflacionada desta atuação. Todos podemos cair nesta armadilha sem que ela seja patológica, mas, quando o orgulho se torna um hábito, podemos encontrar neste tipo de traço, distúrbios emocionais disfuncionais, tais como a personalidade narcisista. Uma característica comum dos presunçosos é que sofrem muita rejeição nos ambientes sociais, o que os leva a manter relações superficiais e banais, carregando uma experiência de solidão e isolamento. Interpretam esta rejeição social como emocionalmente dolorosa, a entendem como uma consequência direta da sua suposta posição diferenciada do resto. Estas atitudes, mantêm vivo um problema de gerenciamento social, como forma de defesa, não para resolver sua insuficiência, senão para sustentar sua falta de confiança e própria reprovação. Geralmente utilizam este formato, para criar auxílios defensivos, diante de uma identidade vulnerável, ativam estes subterfúgios para esconder uma profunda convicção de desamparo interior, reagindo com desprezo aos outros para não serem repudiados(as), negados(as) ou isolados(as), sendo menos doloroso para si, criar esse distanciamento. No fundo, lês falta capacidade de comunicação, uma marca predecessora da sua constituição, que em algum momento das suas vidas foi omitida por quem realmente devia estruturar esse afeto, na sua fase inicial e crítica do seu desenvolvimento. Portanto, o complexo de superioridade: é o processo psicológico pelo qual certas pessoas tentam concentrar-se em realçar suas prováveis qualidades positivas, ensejando uma compensação recalcada dos seus defeitos menos suportáveis. Por trás de cada indivíduo que sofre deste complexo, há alguém que se sente inferiorizado e tenta mostrar qualidades para emergir e aparecer. Adler, o considera um mecanismo inconsciente, que se manifesta como “uma afetação da personalidade, que leva à adoção de posturas prepotentes no trato com terceiros”. Quais são estes comportamentos: Existe uma crença constante de superioridade, com a transmissão de uma imagem exagerada e super dimensionada. Consideram que têm o direito de tratar mal outras pessoas, uma vez que as colocam numa posição de inferioridade. Mostram sua raiva com intimidação física, corporal e verbal, usando gestos e linguagem baixa e agressiva. Consideram-se melhores em tudo, presumem, portanto, que outras pessoas têm inveja deles(as). Tendem a atacar a pessoa, em suas crenças, pensamentos e ideias. São cruéis e irônicos, querem ridicularizar o outro como forma de humilhação. Altamente hedonistas, se concentram nos seus próprios desejos e benefícios. Faltam-lhes escrúpulos, seu único objetivo é concretizar seus desejos, cumprir suas metas. Querem obter sucesso e reconhecimento, custe o que custar, independentemente dos métodos que tenham que aplicar. Como lidar com pessoas que desempenham este papel? Não tente estabelecer uma relação onde se espera uma resposta de duas vias, elas(as) não responderão há altura. Seja tão concreto(a) quanto possível, isso pode neutralizar seu exibicionismo e pseudo-importância. Não lhes dê privilégios especiais, trate-os como qualquer outra pessoa, mostre segurança e escuta atenta. Na psicanálise, o Ego é a instância psíquica reconhecida como Self, uma função parcialmente consciente, ela controla e modula os instintos do id, ideais do Superego e a realidade do mundo exterior. O que é coloquialmente chamado de Ego, neste caso, é um excesso de autoestima, que leva muitos a praticar atos sem se preocuparem com suas consequências. Se acrescentarmos a arrogância como componente, o sujeito(a), tenderá a ser ostensivo(a), pedante, soberbo(a) e corajoso(a). Na verdade, nesta postura inflexível, coexiste uma pessoa pouco intima com a humanidade, uma vez que não reconhece o outro, frequentemente alimentado(a) por um profundo medo de todos. Sua inclemência e aspereza, são um escudo para que outros não lhe acedam emocionalmente, bloqueando a possibilidade de feri-los emocionalmente. O bom conhecedor de si próprio, tanto quanto dos outros, é bondoso e pacífico, tem um carácter forte, um espírito fraterno, nunca estará a serviço de rebaixar seu igual, opostamente, estará beneficiando, ajudando o próximo, sendo solidário nas suas possibilidades e condições. A única maneira de o(a) arrogante se curar é abrir-se aos outros, interessar-se genuinamente por eles(as), ressignificando suas fraquezas, que tanto sofrimento lhe causaram no decorrer da vida. A dada altura, compreenderá o indivíduo, que sua insegurança deve ser extinta para poder evoluir, abandonando uma firmeza forjada, que não lhe pertence, nem está no devido lugar. No final, podemos ponderar, que todos nós, de uma forma ou outra, sofremos de medos, fragmentações e inseguranças, que em muitas circunstâncias, conseguiremos agir muito eficazmente ou não, mais que o acesso ao reconhecimento, amor e afeto dos outros, passa por um nivelamento. Certamente que será com uma boa dose de transparência e humildade que podemos amar e ser amados abnegadamente, sem necessidade de usar máscaras, maquiagem ou subterfúgios desnecessários. E finalmente, a personalidade narcisista patológica nega a preocupação pelo outro, quando dirige toda sua energia para si próprio. Eis que surgem, o excesso de preocupações estéticas contemporâneas, que detectamos diariamente em pessoas que dedicam grande parte do seu tempo neste empenho. Às redes sociais como cenário, são como o espelho de Narciso, ao criarem um palco perfeito para expressar ditos padrões, e como desejam se elaborar e ser vistas(os). A função do olhar, de ser enxergado(a), é de particular importância aqui, jogando seu papel protagonista. O espelho, representando a ''Imagem Idealizada'' de si, trata sobre “Ver e ser visto”. Lacan, considera isto como parte do nosso Imaginário, na construção de imagens que servem em parte para distrair, convencer e atrair, almejando a postulação de efeitos que sejam reconhecidos falsamente pelo “Outro”. Esta multiplicidade de representações e exibições, distrai do que realmente importa. Do Simbólico, do discurso, da palavra, onde o nosso Inconsciente está estruturado como uma linguagem, podemos facilmente encontrar a Verdade. Por Dan Mena Ao poema… por Álvaro de Campos (trecho). Toda a gente que eu conheço e que fala comigo. Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho. Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida… Quem me dera ouvir de alguém a voz humana, Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! Não, são todos o Ideal, se os ouço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó príncipes, meus irmãos. Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo? Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra? Poderão as mulheres não os terem amado. Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca! E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído. Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? Eu, que venho sido vil, literalmente vil. Vil no sentido mesquinho e infame da vileza. Interpretação do poema: Retrata a hipocrisia de uma sociedade que deseja aparentar ser perfeita. Por Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130
- Sofrimento e Repetição.
A história se apresenta tal como a própria vida, como um espetáculo fugaz e móvel, constituído por uma teia de problemas intrinsecamente entrelaçados que podem assumir sucessivamente uma multiplicidade de aspectos diversos e contraditórios. A história se apresenta tal como a própria vida, como um espetáculo fugaz e móvel, constituído por uma teia de problemas intrinsecamente entrelaçados que podem assumir sucessivamente uma multiplicidade de aspectos diversos e contraditórios. Como abordar esta vida complexa e como fragmentá-la para compreender alguma coisa? Para o dicionário, sofrer é “sentir dano físico, dor, doença ou castigo, dano moral ou físico resignadamente”. Diante de tal definição, não fica claro que seja o sofrimento um capricho, se é possível ignorá-lo ou não. É óbvio, que é inevitável, mas não é tão manifesto que sejamos reféns de suas neuroses relacionadas. O indivíduo contemporâneo sofre porque não quer sofrer, quer ser sedado, por consequência vive nesse ciclo de angústia e dor. Os sofrimentos são preocupantes quando desproporcionais, seja na duração ou na sua intensidade. Nessa tela, repleta de situações complexas, recorremos às mais diversas estratégias. Utopicamente, a moral e a felicidade, como antagônicos inimigos mortais, agora andam de mãos dadas, se incorporaram, o que passou a ser imoral, é não ser feliz, ou pelo menos, não aparentar se-lo. Passamos de uma civilização de obrigações, responsabilidades e deveres, para uma cultura hedonista, voltada para a satisfação é o prazer. Onde a negação dos desejos era sacralizada, agora temos fugas capitalistas, consumistas, o lugar intocável da privacidade, agora é da publicidade, da exposição, sexualização, violência e banalização dos meios. Não só a felicidade, quanto o mercado da espiritualidade, se transformaram numa das maiores indústrias da nossa época, mas é também, a nova ordem moral. Criamos uma distância onipresente entre o então e o agora, entre a realidade e a fantasia, mais que doe, é doendo, gostamos e gozamos com isso. Existe uma aflição saudável, que por vezes quer escapar, ativadas por drogas psicotrópicas, alucinógenos, jogo, álcool, remédios, pornografia, consumo e outros comportamentos de fuga. O sofrimento humano, visto a partir da Psicanálise, é inseparável da dor psíquica. Ambos são equiparados, é uma expressão, uma extensão de grande excitação no sistema. Freud falou desse esquema, e da necessidade de manter um equilíbrio. Ou seja, manter uma quantidade de energia razoavelmente estável. Ele apresentou a demanda de sustentabilidade da homeostase, referindo-se a este equilíbrio estável de energia. O princípio do prazer, e do descontentamento, cuja tarefa é manter a homeostase, que e dificultado pelo ''Princípio da Realidade''. Esta gênese, força o sujeito a enfrentar a frustração das suas necessidades, e instala a insatisfação no que acredita ser o seu desejo. Isto se torna necessário para viver em comunidade. Dor e o sofrimento psíquico se apresentam conceitualizados de quatro maneiras. (1) Angústia: isto inclui fobias e medo (2) Luto, referindo-se à perda de objetos (3) Culpa, que inclui a presença do masoquismo(4) Gozo, que se refere ao conceito de ''Jouissance'' uma forma especial de sofrimento. Mas o que é a angústia? Do ponto de vista clínico, a angústia trata de um efeito desagradável, cujos impactos aparecem numa parte que chamamos o corpo. Assim, a ansiedade mostra suas repercussões, sobre seu funcionamento e manifestações. É semelhante à emoção do medo, do terror, pavor, pânico e amedrontamento. Estes sentimentos não são estritamente sinônimos de angústia, são fenômenos inter-relacionados, mas diferentes, uma vez que no medo, ao contrário da angústia, o perigo é facilmente identificável. Freud reviu o seu conceito de angústia três vezes durante a sua vida. No entanto, duas coisas permaneceram. Em 1917 em ''Inibição, Sintoma e Angústia'', e em 1932 nas'' Segundas Palestras Introdutórias'' e em 1938, onde disse: ''A angústia continua a ser uma resposta do ''Ego'' ao descontentamento, entendido como um aumento de excitação ou energia''. Primeiro, como o lugar natural da ansiedade. Segundo, descreve a ansiedade: como um efeito provocado pela perda ou separação do objeto. Terceiro, mantém a ideia de ansiedade como um sinal de perigo perante a perda, incluindo o fracasso. Se para ele mostra a perda do objeto, para Lacan, a angústia mostra, não, a perda, mas a presença dela. Esta companhia, é um obstáculo ao aparecimento do significante, da falta, pois sem ela, o sujeito deixa de desejar. O que é o gozo? Se refere a uma quantidade excessiva de energia psíquica no sistema. A angústia, perda e culpa inconsciente podem causar este problema, por consequência, sofrimento. No entanto, ele pode existir na ausência de todos eles. Ninguém escapa ao gozo, que pela experiência prática, posso afirmar que o sujeito não pode simplesmente se livrar da necessidade de sofrer. E, a fim de manter o seu equilíbrio psíquico, se impõe o mesmo. Neste fenômeno da necessidade de sua existência, descobrimos que ha um tipo onde não esta presente, no Masoquismo Moral, uma vez que não encontramos nele o sentimento inconsciente de culpa. Como entendemos o sofrimento pela perspectiva humana? As três grandes religiões monoteístas dão um lugar preponderante ao sofrimento humano. Teologicamente, dão ao pecado original um papel central ao ''Eu''. Este pecado é da origem ancestral, a culpa atribuída ao comportamento pecaminoso de Adão e Eva, naturalmente entendido como uma metáfora. O importante, é que este sofrimento, e sinalizado e apresentado como um sentimento de culpa que devemos carregar. Simultaneamente, oferecem um antídoto a vida transitória terrena, na oferta de uma vida eterna, em detrimento desse crime original, onde nosso arrependimento sincero, pode trazer a salvação do suposto martírio herdado. Ou seja, somos convocados a alcançar o perdão dos pecados, mesmo não sendo culpados, e devemos nos redimir por uma culpa da humanidade. Assim, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, fundados a partir de uma descendência comum, Abraão, seguem o caminho da teologia da salvação. Esses conceitos religiosos, oferecem a visão de um ser fadado a angústia, sem poder escapar desse arcabouço da vida sofrida. Agora falemos de algo concreto que nos afeta muito de perto. Por que repetidamente voltamos para esse lugar de dor? Como que esse retorno ao sofrimento se estrutura em nosso inconsciente? A própria dor escapa a qualquer quantificação, é uma experiência de cada um, e a alegria na dor permanece inconsciente perante a palavra. Cada pedaço do nosso corpo é nomeado por um significante, e o mesmo acontece com cada fração do corpo do outro. A disposição destes significantes é o que nos permite saber o que fazer quando estamos prontos para exercer o gozo. Freud, também precisou ser recorrente nesse tema para poder desvendar esse vínculo, somente após 32 anos de pesquisa esclareceu dito comportamento no seu livro, “Além do princípio do prazer”, onde define que esse evento, juntamente com o ''Princípio da realidade'', é a base do rumo dos acontecimentos psíquicos humanos. Essas duas formas de funcionamento mental, onde ''O princípio do prazer'' caracteriza-se pela procura de satisfação, e, em simultâneo, se estabelece como uma esquiva dela e da tensão que gera no sujeito. Sua sacada utópica ao respeito, estabelece que, por natureza, gostamos de sofrer, e embora pareça uma contradição, essa condição se edifica a partir do nosso nascimento. Exatamente, pelo fato de embora seja nossa mãe a progenitora, ''o Outro'' se estabelece, e chegamos ao mundo pela mão desse alguém, ou seja, um bebê na mão do outro. Os fenômenos clínicos que levaram Freud a formular o ''Além do princípio de prazer'', são os modos de raciocínio dos evolucionistas sobre a morte e a vida, onde toma por objeto às formas empíricas da repetição, concebendo-as como relações variáveis desse contexto prazeroso e da pulsão de morte. Uma premissa conectada a essa questão, é que erotizamos o sofrimento, é com ela a morte. Para poder avançar nessa compreensão precisamos falar do que em psicanálise chamamos de ''gozo'', que não se refere a um prazer, mas sim a um mal para o sujeito, exatamente por implicar em sua destruição. Na transgressão, o gozo consistiria no ultrapassar barreiras que fazem impedimento ao objeto, havendo a tentativa de encontrar a ''Coisa''. Vejamos um exemplo. Na família, num relacionamento é até em certas amizades, onde encontramos um conflito que preza por um lugar sádico, por exercer a dominação, de poder, de submissão do outro, tipo: quem manda ou da às cartas aqui? O que evidencia, o desejo de quem será nesta posição dominante o “objeto do outro”. Assim, retornamos ao lugar anotado anteriormente do bebê, que por sua premência de sobrevivência deverá ser acolhido, amparado, amamentado, manejado, em decorrência, manipulado. Diante dessa remissão e acomodação necessária que todos atravessaremos, onde o outro vai nos moldar, dizer o que temos que fazer, como fazer, visão de mundo, quem somos, se desenvolve uma lógica de doação da subjetividade e submissão natural em relação ao outro. Embora tudo isso seja verdade, o amor, na sua essência, também será aprendido na infância, portanto, aprende-se sendo amado e, além disso, como se ama, e como queremos ser amados. Então, por que repetimos esse lugar de sofrência? A teoria da repetição, tanto para Freud como para Lacan, enquadra-se na busca do prazer no sentido de reviver algo que, no intuito de rememorar algo que pode ter sido desagradável para o nosso consciente, mais agradável para o inconsciente, encontram uma ligação recíproca. Tal fato, estabelece uma lógica, de que algo nos puxa para um sentimento inconsciente de retornar e incorporar um sentimento, em oposição à memória, um certo equilíbrio entre o prazer e o desprazer. Podemos trazer um exemplo clássico: circunstancias vividas, onde a construção da fantasia do amor nos relacionamentos, nos fazem procurar sempre por uma forma específica de indivíduo, sim, aquele mesmo que aflige dor e angustia, similar aos anteriores, é que nos farão sofrer novamente, repetidamente. Sofremos, não simplesmente como uma forma de dor, sofrer de fato é muito mais. Como humanos, lutamos contra muitas formas de angústia e pensamentos complexos, lembranças desagradáveis e emoções indesejadas. Pensamos sobre isso, é temos muitos ressentimentos, por isso tememos. No entanto, somos dotados de um espírito corajoso e incríveis habilidades de seguir em frente. Superamos quase tudo, mesmo enfrentando nossas histórias mais intricadas. O que é mais incrível ao nosso respeito, é que mesmo sabendo que podemos nos machucar, amamos, inclusive, cientes que vamos morrer, oferecemos um lugar ao futuro. Ainda mais insensato, somos marcados pela ausência do saber da nossa existência é, a falta de sentido e propósito em muitas coisas da vida, mesmo assim, abraçamos ela. Vamos ao poema, de novo com Drummond. Amar Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados, amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar? amar o que o mar traz à praia, o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante, e amar o inóspito, o cru, um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina. Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita. Leitura do significado: Aqui Drummond apresenta o ser humano como um ser social, que existe em comunicação com o outro, a pesar do sofrimento que o atravessa, nesta composição defende que o nosso destino é amar, criar laços. Entende o amor como cíclico, “amar, desamar, e amar”. Sugere que mesmo diante da morte do sentimento e da dor, é preciso que acreditemos no renascimento do sentimento. Por Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130
- Dupla Personalidade ou Bipolar?
Vivemos no mundo do irreal, onde tudo o que vemos é somente uma sombra imperfeita de uma realidade mais perfeita. Platão. Então eu me pergunto? Existe a realidade? Quem poderia então impugnar a dupla personalidade ou a bipolaridade do ser. Um pouco de cada. Embora a desordem bipolar e a dupla personalidade apresentem sintomas semelhantes, tais como: mudanças de humor extremas, e possam muitas vezes ser confundidas, são dois tipos completamente diferentes de diagnósticos. A identificação de qualquer uma delas é muito difícil, e requer um extenso questionamento, conhecimento do histórico do paciente, escuta e coleta de vasta informação sobre seus antecedentes clínicos e sintomas, para chegar a uma conclusão adequada e assertiva. Muitos destes acometidos, diagnosticados como bipolares, são inicialmente mal encaminhados clinicamente, por consequência, permanecem nesta falha diagnóstica por muito tempo. Frequentemente identificados com depressão e usando antidepressivos prescritos, que podem ser perigosos, uma vez que induzem a hipomania, (um tipo de transtorno bem mais leve que a mania, com sintomas relacionados à energia em excesso, impaciência, agitação e impulsividade), que podem desencadear um ciclo entre a mania e a depressão cíclica. Pessoas que sofrem de transtorno de personalidade, têm sérias dificuldades em regular suas emoções, o que frequentemente leva a mudanças de humor, impulsividade e relações pessoais instáveis. Apresentam frequentemente uma baixa autoestima, que se manifesta em tendências suicidas e de autoflagelação. Tendem a ter medo do abandono por parte dos pares, família ou amigos, manifestam comportamentos impulsivos, compras excessivas, direção imprudente, uso de álcool e drogas, e frequentes estados de humor intensos, como raiva e irritabilidade, que podem se prolongar durante dias ou semanas. Por sua vez, a desordem bipolar partilha muitos destes sintomas, tais como comportamento imprudente, mudanças de humor e impulsividade. No entanto, o principal determinante da sua identificação envolve altos e baixos comportamentais. A primeira, na forma de euforia, circundada por sentimentos de entusiasmo, grande positivismo, energia altamente elevada e expressões de grandiosidade. Estes episódios de mania, são seguidos de depressão profunda, cansaço e fadiga, incapacidade de concentração e baixa produtividade. Este distúrbio psicológico, gira frequentemente em fases alternadas de depressão e manias. Tal estado afetivo, que oscila de uma depressão exacerbada, para uma sensação de extremo bem-estar, pode ser acompanhado de um balanço intermediário de equilíbrio. Sem existirem fatores externos, que justifiquem tais mudanças ambivalentes, ambos, se estabelecem nessa patologia, como processos psíquicos internos muito labirínticos e herméticos. Entre os principais fatores de diferenciação que podemos assinalar na desordem bipolar, onde a personalidade limítrofe apresenta sintomas da desordem, é que figuram de forma consistente e permanente, enquanto pessoas com bipolaridade, parecem criar espaços intercalados das suas oscilações de humor. Às relações pessoais, também podem ajudar a esclarecer tais diferenças. Todos os sintomas da desordem de personalidade se apresentam conectadas com às relações interpessoais. Para ser claro, geralmente desencadeadas por conflitos nas relações afetivas, enquanto os sintomas da desordem bipolar, aparecem sem razões fundamentadas, onde a única explicação possível, de bastante consenso, é que aconteceram no indivíduo mudanças endógenas na atividade cerebral e na sua neuroquímica. Ser bipolar sob o olhar psicanalítico. Do ponto de vista clínico da psicanálise, ser bipolar é uma posição psíquica, ou seja, um lugar da linguagem que pode ser alterada. Nesta base, o atingido pela bipolaridade não é um indivíduo perturbado, nada é ou está quebrado no seu aparelho psíquico. Essa perturbação, reflete uma alternância de estados de humor extremos, uma fase de humor depressivo ou melancólico, transladado para uma de mania, ou alegria excessiva. Na fase depressiva ou melancólica, o paciente perde todo o interesse no mundo real, desde que não esteja relacionado com algo que sente ter perdido, por exemplo: o fim de um relacionamento, o luto, etc. Seu estado pode ser profundamente doloroso e apático, seguido de insônia ou sono excessivo. Também, entram em cena, repreensões, culpas, fantasias de auto-humilhação. Eles entendem não merecer estima e afeto de outros, quando, em simultâneo, se irritam com extrema facilidade. Na sua fase mais severa, afunilam para um estado melancólico perigoso, que pode se aprofundar para o suicídio, por isso, sua severidade é importância de ser tratado. Na fase maníaca, experimentam uma certa libertação de si, se sentindo dispensados de uma condenação que nunca aconteceu. Sua atividade super-enérgica, o(a) leva a empreender projetos, iniciar atividades muito desafiadoras, quase com a certeza de alcançar objetivos mal estruturados, visto que se percebe grandioso(a), intocável e invulnerável. Dominado(a) por um falso sentimento de satisfação, sente-se livre de inibições, timidez, vergonha e bloqueios sociais, como sendo tutelado(a) e protegido(a) de qualquer reprovação ou insucesso. Essa armadilha psíquica, típica desta fase, coloca o indivíduo numa trilha de insegurança e risco. Dessa forma, ciclos de mania e depressão se revezam oscilando. Podemos ouvir certos diagnósticos diferentes como desordem maníaco-depressiva ou psicose maníaco-depressiva, porque existe um componente de foraclusão: (a foraclusão é uma hipótese criada por Lacan para explicar a ausência do significante Nome-do-Pai, (O nome-do-pai não indica apenas a morte da coisa, mas indica a morte de toda significação perdida em nome de uma morte anterior. Nesse sentido, a finalidade da teoria nome-do-pai é mostrar a relação da função do ponto de conforto, e o lugar do Outro, é pensar como o sujeito pode articular essas duas funções), na cadeia significante, e no lugar do Outro. Essa hipótese, que estaria na base da estrutura psicótica, indica seu mecanismo de defesa), do nome do pai, como na psicose, é uma identificação narcisista, que leva na depressão a introjetar o objeto amado, ao ponto de se identificar com ele e castigá-lo até à morte (''castigar-se até à morte''), e na mania, o desarranjo dos limites do Ego e do Superego. Tal desordem, só pode ser detectada em lugares inconscientes da personalidade. Nosso aparelho psíquico é intricado, profundo e melindroso, constituído por diferentes e irregulares processos, inconscientes, pré-conscientes e conscientes, ainda, munido das pertinácias e contumácias do Ego e Superego, que mantêm relações sistêmicas interconectadas. Cabe ressaltar, que uma pessoa saudável, ou uma acometida por alguma doença psíquica, possuem o mesmo aparelho psicológico, é que a diferença entre saúde e doença, não é uma desigualdade, mais sim um fator que deve ser avaliado, não pela qualidade, mas sim na sua quantidade. Visto isso, pela posição mental da desordem bipolar, no estágio depressivo, o Ego identifica-se com o objeto perdido, e o Superego o censura, o esculhamba e o corrige, sente-se o Ego então ter sido desamparado, enquanto o seu narcisismo o leva a aperceber-se angustiado e abandonado. Na fase de mania, o Ego é liberto da sua tutela e de dita condenação do Superego. Esse trânsito de potências e forças de mediação entre eles, é alternada, periódica, onde nesse zigue-zague de posições encontramos o retorno intermitente de ambas manifestações. (complicadinho né?). Dupla Personalidade sob o olhar psicanalítico. Embora seu nome seja ''transtorno dissociativo de identidade'', é popularmente conhecido como o transtorno de dupla personalidade. Anteriormente, décadas atrás, chamado de transtorno de personalidade múltipla, é um tipo de desarranjo dissociativo, onde encontramos dois estados da personalidade: ''alter egos'' ou ''estados do eu'', eles rotacionam entre si, (assim a dupla). Entre seus sintomas, podemos encontrar: a incapacidade de lembrar de eventos, apagões de memória, episódios traumáticos, situações de alto estresse, todos os quais, não seriam esquecidos ou perdidos normalmente pela psique. Geralmente, surge tanto em homens, quanto em mulheres, suas causas, tem origem em traumas aflitivos, angustiantes e tirânicos da infância. Seus impactos, podem porvir de situações como a omissão afetiva, abuso sexual, importunação sensual, negligência e desamparo, entre outros fatores. A consequência e implicação dos traumas suportados pela criança, resultaram no desenvolvimento de uma adaptação da (o) mesma(o) ao ambiente, no intuito de se proteger, tal comportamento floresce sob a formação de uma segunda atuação, moldada para lidar com os eventos traumáticos acima anotados. Assim, podemos compreender que o aspecto dissociativo desse indivíduo, na (infância), funciona, hoje, (na maturidade), como um artifício de reencontro primitivo às resoluções necessárias da vida, que ativa um mecanismo gatilho de sobrevivência, proteção e salvaguarda, em detrimento dos episódios traumáticos infantis sofridos, certamente, angustiantes e penosos aos que fora submetido(a). Não encontrando senão o acometido, outro ponto de fuga pela sua experiência, tenta se desassociar dos traumas preexistentes primevos, utilizando esse subterfúgio da ''Dupla Personalidade'', que o remete ao lugar seguro que desenvolveu. O transtorno dissociativo de identidade tem uma forma de possessão e não possessão, são eles; a) Na forma de possessão: às identidades geralmente se manifestam como se fossem um agente externo, normalmente um ser, espírito sobrenatural, personagem, super-herói, por vezes outra pessoa imaginária, que em determinado momento assume hipoteticamente o controle dela(e), fazendo com que aja de uma maneira muito diferente da usual. Essa dualidade de identidades, são muito claras e facilmente identificáveis. Estados de possessão, são parte normal da prática espiritual, religiosa ou cultural, como encontradas nas de matriz africana, destarte, não são classificadas como transtornos dissociativos de identidade. O modelo reconhecido na posição psíquica da possessão, que ocorre no transtorno dissociativo de identidade, diverge da cultural ou religiosa, no sentido que a ocupação de um lugar mental ou físico pela ''identidade alternativa'' no indivíduo, é indesejada por ele(a), ocorrendo de forma involuntária, provocando desconforto, tensão e amargura. b) No formato de não possessão: não são tão claras e constatáveis. O afetado pode sentir uma modificação súbita da forma como vê o ''self'', (o self na psicanálise, é descrito como a instância psíquica fundamental, que contém os elementos que compõem a personalidade, mas não engloba o núcleo da existência genuína do indivíduo. Assim, o protagonista da existência é o “ser interior”, e o ''self'', atua como coadjuvante principal na formação da personalidade). O sentimento que um individuo percebe e experimenta neste caso, seria descrito como sendo um observador de sua própria fala, atos, ações e afetos, olhados em si próprio, em vez de ser uma transmissão ou agente para o outro. Os sintomas mais comuns apresentados pelos pacientes estão associados à memória, habituam ter amnésia dissociativa, lacunas de memoração de eventos, sejam familiares, amorosos e pessoais do seu passado, lapsos de interrupção de memória confiável recente, das quais tem cortes e fragmentações das evidências das suas ações, mas não lembram, ou então recordam parcialmente. Uma terceira forma de identificação passa, por exemplo, em ouvir vozes, esquizofrenia, delírios visuais, experiências fantasiosas ligadas a percepções gustativas, táteis e olfativas. Quem sofre de “transtorno dissociativo de identidade” é transportado imaginariamente a sintomas com associações simbólicas de um segundo co-protagonista, tipo, “alguém existe em mim”, coexiste uma identidade alternativa a mim mesmo. Ela(e) se expressa psiquicamente no indivíduo, ativando gatilhos emocionais e funções, supostamente vividas por ele(a). Exemplo: encontros de terceiro grau, chorar, etc., que no seu corpo se manifestam, acometido(a) pelo ente fictício. De acordo com pesquisas, é pela própria atuação clinica, podemos observar nestes casos, sintomas como a ansiedade, angústia, depressão, comportamento suicida, disfunção sexual, uso de drogas, abuso na ingestão de bebidas alcoólicas, automutilação, crises não epilépticas, entre outras possibilidades. O ser humano necessita se acautelar dos seus pensamentos, principalmente daquilo que projetamos, seja fragmentado, separado ou deslocado de nossa representação do self como uma representação de objeto. É próprio da nossa natureza para sentir com alívio e prazer o que temos desfeito de uma parte não desejada de sim, ou quem sabe, muito querida. Esse processo, nos permite sentir, que o que lançamos e projetamos, seja por um instante tranquilizador da nossa alma, porque não é próprio, senão de outro. Logo, eu penso… porque não poderia existir em nós, toda a surrealidade possível de nos imaginarmos coabitados? Por Dan Mena. Ao poema de Fernando Pessoa; Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem achei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que eu sou e vejo. Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem, Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que segue prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo: "Fui eu"? Deus sabe, porque o escreveu. Minha interpretação: Esses versos incríveis, são um desfecho lógico para o poema como ele sendo alheio à forma como a sua vida se desdobra. Nesta leitura, Fernando Pessoa, se considera um mero espectador da sua vida, a qual assiste como (co-protagonista), entendendo-a como uma passagem, ''Assisto à minha passagem'', no sentido de sujeito poético. O último verso, encerra a resposta à interrogação retórica do verso anterior: alguém superior ao próprio sujeito, ele mesmo, como o segundo que comanda a sua vida. Por Dan Mena. Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise desde 2018 - CNP 1199 Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise desde 2020 - CBP 2022130