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A Tatuagem da Alma: Trauma, Sexualidade e Desejo no Inconsciente de "Os Homens que Não Amavam as Mulheres". by Dan Mena

Atualizado: há 2 horas

O Inconsciente em Chamas e a Anatomia do Trauma em "Os Homens que Não Amavam as Mulheres"
O Inconsciente em Chamas e a Anatomia do Trauma em "Os Homens que Não Amavam as Mulheres"

No cruzamento fascinante entre a magia do cinema e as sinuosidades da psique, irrompe uma obra que, a exemplo de um quebra-cabeça, incita nossa compreensão: "Os Homens que Não Amavam as Mulheres". Sob a direção perspicaz de David Fincher, essa produção da Columbia Pictures, enriquecida pelas interpretações magnéticas de Daniel Craig, Rooney Mara e Stellan Skarsgård, transforma o suspense vivo com as fissuras de uma sociedade doente e os fragmentos de mentes perturbadas.


Longe de se restringir a uma narrativa investigativa, o filme entrelaça uma teia intrincada de afetos e impulsos, revelando essa interação entre cicatrizes, sensualidade e apetite. Tais elementos, longe de serem meros adornos da trama, constituem o esqueleto da obra, o propulsor que leva cada personagem a encarar o motor de seus fantasmas e os segredos que se ocultam nas trevas mentais. “O inconsciente não perdoa o que a consciência tenta esquecer, ele tatua a alma com a tinta indelével do trauma.” - Dan Mena

Os Homens que Não Amavam as Mulheres, uma análise atemporal por Dan Mena
Os Homens que Não Amavam as Mulheres, uma análise atemporal por Dan Mena

Este estudo propõe uma incursão na sua essência, uma expedição ao inconsciente fílmico, onde o trauma se manifesta não como uma memória fossilizada, mas como uma força atuante no presente. Fincher nos confronta com a compulsão à repetição freudiana em sua forma mais crua, corporificada na figura misteriosa de Lisbeth Salander. A hacker indomável, marcada pela emblemática tatuagem de dragão, personifica tanto a angústia lancinante quanto a cólera primordial. A sua trajetória, tecida em meio a abusos e negligências, nos convoca a encarar a fragilidade da infância e a perpetuação de ciclos de violência que assombram nossa sociedade.


Ao longo destas ponderações, vamos esmiuçar as vivências pretéritas de Lisbeth tingidas de preto, sua relação polivalente e conflituosa com esse entorno. Investigaremos como a volúpia, em suas vertentes mais sombrias e luminosas, impulsionam os atos dos protagonistas, e como a sensualidade é apresentada não como fonte de contentamento, mas como arena de combates de poder e palco de manipulações. A forma como Fincher objetifica a mulher e a banalização da agressão, expõe um retrato urgente e fiel sobre as estruturas de dominação que permeiam nossa cultura atual. “A sexualidade, quando despojada de afeto e emoções, é apenas a geometria fria do poder.” - Dan Mena


Como de costume, apoiado no arcabouço teórico da psicanálise, com ênfase nas contribuições de Freud e Lacan, construirei o perfil psicológico e analítico dos personagens primordiais, e veremos o que resguarda em suas entrelinhas, abrindo as camadas latentes sob a epiderme da história. Farei uma imersão analítica estimulante, com erudição e discernimento, destarte, com a linguagem acessível que pontuam meus textos. Uma obra-prima hodierna e enigmática com o titulo em portugues de "Os Homens que Não Amavam as Mulheres" e original de ''The Girl With The Dragon Tattoo''. Se permita ser transformado(a) pela força da análise cinematográfica, desconstruindo preconceitos arraigados, nos inspirando assim a construir um futuro onde a empatia e o respeito mútuo prevaleçam sobre a violência e a opressão.


“A busca por sentido no caos é a única forma de resistência contra a dissolução do eu no trauma.” - Dan Mena

A Tatuagem de Lisbeth Salander como escudo de resistência ao trauma

Seus temas centrais giram no Trauma, Sexualidade e Desejo, que não são meros acessórios narrativos da trama, eles são a própria estrutura óssea da história, a turbina que impulsiona cada personagem e cada reviravolta.

A análise revela o lado inconsciente do filme, onde o trauma não é apenas um evento passado, mas uma força vital que se repete no presente. O que Fincher nos apresenta é a compulsão à repetição freudiana em sua forma mais crua e fática, manifestada na figura enigmática de Lisbeth Salander, a hacker anti social cuja tatuagem de dragão simboliza a ferida e a fúria da sua projeção.

“A ira de Lisbeth é a prova de que a resiliência não é a ausência de dor, mas a capacidade de poder transformá-la.” - Dan Mena

Essa perturbação sexual infantil de Lisbeth molda sua identidade e sua relação com o mundo, como o desejo, em suas formas mais perversas e mais redentoras. Tal desenrolar move os protagonistas, e mostra como a sexualidade é retratada no filme não como fonte de prazer, mas como campo de batalha e instrumento de poder. Esse arcabouço teórico, visto pelo ângulo da psicanálise, vai escancarar o que se dissimula além do visível. Tenho certeza que será uma leitura inquisidora, elegante e, acima de tudo, esclarecedora sobre o teor psicanalítico desta obra contemporânea. “A vingança é a tentativa desesperada do ego de reescrever a história que o trauma impôs.” - Dan Mena

Martin Vanger máscara para encobrir a perversão e a psicopatia
Martin Vanger máscara para encobrir a perversão e a psicopatia

A Tatuagem como Cicatriz e a Fúria do Inconsciente

Lisbeth Salander, muito bem interpretada por Rooney Mara, é o epicentro da análise e do filme. Ela representa um sintoma social além da interpretação, a encarnação da resistência ao trauma. Seu perfil psicológico foi marcado por uma infância de violência e institucionalização, que a levou a ser diagnosticada com ‘’Transtorno de Personalidade Antissocial’’, embora o filme e o livro, que li antes de assistir a peça sugiram uma leitura mais matizada, próxima do ‘’Transtorno do Espectro Autista’’ ou de uma reação extrema ao abuso. Lisbeth emerge na tela como uma figura de autonomia radical, forjada na dor e na desconfiança do mundo. O trauma, para ela, não é uma lembrança, mas uma presença constante. Esse evento não pôde ser simbolizado no momento em que ocorreu, permanecendo como um real que irrompeu fortemente na sua vida psíquica. Na protagonista, isso se manifesta na sua dificuldade extrema de estabelecer laços sociais, na sua hipervigilância e na sua pulsão de violência. Sua tatuagem de dragão, mais do que um adorno, é um símbolo gravado a fogo de sua ferida e de sua capacidade de retaliar. É a marca que ela escolheu para si, um contra-símbolo icônico à marca que a sociedade e os homens abusivos tentaram lhe impor. “A Lei falha quando nos recusamos a ser civilizados; a justiça, então, se torna visceral.” - Dan Mena A sublimação de sua energia destrutiva se dá na sua genialidade como hacker, um meio de exercer controle em um mundo que lhe tirou todo o manejo.

A relação de Lisbeth com a sexualidade é sensivelmente marcada pelo abuso. O desejo intrínseco em seu universo, é pervertido pelo poder. A cena brutal de estupro e a subsequente vingança são o ponto nevrálgico onde o trauma se repete e, paradoxalmente, será confrontado. Ela não busca justiça no sentido legal, mas uma reparação simbólica e visceral da sua existência. Sua retaliação é uma tentativa desesperada de reverter a passividade imposta pelo choque, dessa forma pretende transformar o objeto do ato em sujeito ativo da punição. A pulsão de morte, conceito freudiano que Lacan elabora como a insistência do real no psiquismo, parece ser o guia liminar em Lisbeth. Ela vive à margem, em um estado de autossuficiência extrema que beira a autodestruição, mas que também a protege do mundo. Ela é a garota que não se curva a dor, que usa a tecnologia para desmascarar a hipocrisia e a violência que a lei e a sociedade falharam em penalizar e conter.

A frieza emocional de Lisbeth é uma característica inata ou uma armadura psíquica construída para sobreviver ao seu trauma repetido?

Sua vingança pode ser interpretada como uma forma de "cura" ou é apenas mais um ciclo circular da compulsão à repetição do trauma?

De que maneira a sexualidade, enquanto campo de poder e não de afeto, define essa relação de Lisbeth com o masculino?

“O trauma não é o que aconteceu, mas o que a alma insiste em reviver até que a ferida encontre sua própria linguagem.” - Dan Mena

Lisbeth Salander fúria silenciosa e trauma no ângulo da psicanálise
Lisbeth Salander fúria silenciosa e trauma no ângulo da psicanálise

O Desejo de Verdade e a Fragilidade do Herói

Mikael Blomkvist, o jornalista investigativo interpretado por Daniel Craig, é o contraponto da polifonia de Lisbeth. Ele representa a ordem, a lei (ainda que falha) e a busca pela verdade racional que não chegou. Seu perfil psicológico é o do herói moderno, com suas falhas e total humanidade. No início do filme, ele está em crise, desacreditado após perder um processo por calúnia e difamação, o que o coloca em uma posição de vulnerabilidade e desamparo. Esse balanço de Mikael será essencial para o encontro com Lisbeth, que marcado pela fragilidade do super herói é o que o torna acessível à marginalidade de Lisbeth. “A solidão de Lisbeth é a escolha de quem prefere a margem à hipocrisia do centro.” - Dan Mena

O desejo de Mikael é chegar à verdade, movido pela pulsão epistemofílica, a busca incessante pelo saber, que o leva a solucionar o mistério da família Vanger. Contudo, seu desejo também se manifesta na esfera sexual de forma labiríntica. Sua relação com a editora Erica Berger, uma mulher casada, e seu envolvimento posterior com Lisbeth, vão denotar um padrão de busca por conexões que desafiam as normas sociais, mas que, diferentemente dos "homens que não amavam as mulheres", são pautadas pelo respeito e pela reciprocidade, especialmente com Lisbeth.

“O herói moderno não é o que salva, mas o que se permite ser vulnerável à verdade.” - Dan Mena A crise de reputação de Mikael o torna mais apto e qualificado a compreender e aceitar a marginalidade de Lisbeth, pois ele próprio se sente um outsider do sistema. A fragilidade de Mikael reside em sua crença na estrutura social e na justiça. O trauma que ele vivencia é de ordem simbólica, que vem via a perda de sua reputação e a falência de seu ideal jornalístico. Essa falha que também o humaniza, o torna capaz de se conectar com Lisbeth, a figura que opera fora do combo de qualquer sistema. Ele é o ‘’Outro’’ que não a julga, que a vê para além de seu diagnóstico e de sua aparência. A dinâmica entre Mikael e Lisbeth é um dos pontos mais ricos para minha análise, pois ele é o homem que, apesar de seus erros, não a trai, não abusa dela, e que, de certa forma, a resgata desse isolamento. O desejo de Mikael por Lisbeth é, inicialmente, o querer pelo enigma, pela peça que falta em seu quebra-cabeça, mas evolui para um respeito considerável da sua autonomia e força. A sexualidade entre eles é um breve interlúdio de fusão genuína, um momento em que Lisbeth permite timidamente a entrada do afeto, ainda que de forma fugaz e sob seus próprios termos. “O trauma é a memória que o corpo se recusa a esquecer, e a repetição, o grito mudo do inconsciente por uma história que possa enfim, ser contada.” - Dan Mena

O desejo de Mikael pela verdade é uma sublimação de um acoplamento inconsciente de reparação de sua própria imagem?

Como a crise de reputação de Mikael o torna mais apto a compreender e aceitar a dita marginalidade de Lisbeth?

A relação sexual entre Mikael e Lisbeth é um ato de afeto ou uma troca de poder onde Lisbeth, pela primeira vez, está no controle total?

“A verdade é o desejo mais perigoso do jornalista, pois ao desvelar o mundo, ele se depara com a sombra de seu próprio ideal investigativo.” - Dan Mena

Sexualidade e poder, um campo de batalha para o filme de Fincher
Sexualidade e poder, um campo de batalha para o filme de Fincher

A Perversão do Desejo e a Estrutura Familiar

O empresário bem-sucedido Martin Vanger e herdeiro da fortuna da família, é o arquétipo do mal dissimulado, o "homem que não amava as mulheres" em sua forma mais institucionalizada, talhada e impiedosa. Interpretado com frieza calculista por Stellan Skarsgård, Martin é a personificação da psicopatia social, um indivíduo que opera sob a máscara da normalidade e do sucesso. A estrutura familiar Vanger é o palco onde a perversão se perpetua no tempo. Seu perfil psicológico é o do perverso, no sentido psicanalítico do termo, logo, não sofre de neurose; ele age. Sua sexualidade é indissociável da violência e do poder, e o seu desejo radica na dominação e destruição. Ele repete o padrão de violência sexual de seu pai e de seu tio, estabelecendo uma linhagem de trauma que se perpetua na estrutura da família. Olhar para a família Vanger é absolutamente importante. Ela é o dorso da estrutura patriarcal, rica e aparentemente respeitável, que esconde um núcleo de devassidão e incesto. O trauma original, com o desaparecimento de Harriet Vanger, é o sintoma que a família tenta recalcar. Martin é o guardião desse segredo, o herdeiro legítimo da violência. “A perversão é a recusa em aceitar o limite, o desejo de ser o Senhor de um universo sem castração.” - Dan Mena

Dita corrupção de Martin é a forma como ele lida com a lei e a moral, ele as subverte, as ignora e desconhece, operando em um espaço onde o gozo como prazer extremo, estaria além do princípio do prazer. Um mecanismo obtido através da transgressão e da dor do ‘’Outro’’. A sexualidade, para ele, é um ritual de poder e arbítrio. As mulheres são objetos, extensões interpretativas de seu desejo sádico. Lacan nos ajuda a entender que o perverso tenta tapar a "falta" (a castração simbólica) através do ato, negando a lei e a capa dura. Martin se coloca como o Senhor que detém a autoridade absoluta sobre a vida e o corpo das vítimas. Sua confissão a Mikael, feita com um sorriso cínico e debochado, é a prova de que ele se deleita em sua transgressão, se sentindo invulnerável. A psicopatia de Martin é, portanto, uma estrutura psíquica que nega o limite e a alteridade.

De que forma a estrutura patriarcal e a riqueza da família Vanger atuam como um escudo protetor que permite a Martin perpetuar sua perversão?

O que a compulsão à repetição da violência sexual na linhagem Vanger expõe sobre a transmissão do trauma entre multi gerações?

A psicopatia de Martin é uma falha moral ou uma estrutura psíquica que nega tudo quanto a lei e o limite social?

“O perverso é o arquiteto da própria lei, onde o desejo se torna tirania e a sexualidade, um campo deixado em ruínas.” - Dan Mena

Lisbeth e Mikael aliança a margem e lei
Lisbeth e Mikael aliança a margem e lei

A Compulsão à Repetição e a Estrutura do Trauma

O filme "Os Homens que Não Amavam as Mulheres" é uma aula prática sobre o conceito de ‘’compulsão à repetição’’ ( Freud - Wiederholungszwang). O trauma, como já mencionei, não é um evento isolado, mas uma força que insiste em retornar, buscando uma descarga tácita ou uma elaboração que nunca se completa de fato. A narrativa é estruturada em torno de múltiplos retornos do reprimido, onde o trauma se manifesta como um fantasma que assombra o presente.


Primeiramente, podemos interpretar claramente que temos a repetição da violência sexual na linhagem Vanger. O padrão de abuso, iniciado por Gottfried Vanger e continuado por Martin, é a manifestação mais clara da compulsão. A família, ao tentar silenciar o passado (o desaparecimento de Harriet), apenas garante que o mal possa continuar a operar no presente. O segredo é o combustível da repetição, que não é apenas a volta do mesmo, mas a insistência do real – aquilo que escapa à simbolização.


“A autonomia radical é a única resposta possível para quem foi traído pela Lei e pelo afeto.” - Dan Mena


Em segundo instância, a própria Lisbeth é uma figura que renova o trauma, mas de forma invertida. Sua vida é uma série de confrontos com figuras masculinas abusivas, seja na figura do seu pai, seu tutor legal, Bjurman, e, indiretamente, Martin Vanger. Ela se coloca em situações de risco, como se inconscientemente buscasse o embate para, desta vez, sair vitoriosa. Sua vingança contra ele não é apenas um ato de justiça e razão, mas uma tentativa de reescrever o roteiro da sua comoção, e transformar a vítima passiva em agente ativo. A pulsão de morte em Lisbeth se manifesta como uma força que a impulsiona a afrontar o que a destrói.

O trauma de Lisbeth é tão radical que não pode ser simplesmente "falado" ou "curado" pela via tradicional da clínica. Ele se manifesta no corpo, com suas tatuagens, piercings e aparência punk. A reiteração é a forma que o inconsciente encontra para tentar, incessantemente, dar sentido ao que é insuportável. O filme, ao nos forçar a testemunhar a violência e a vingança, nos coloca na posição de confrontar o nosso lado reprimido social, a negação da violência de gênero e do abuso sexual. “A tatuagem é a inscrição da dor que se torna identidade, a arte de portar a própria ferida.” - Dan Mena A repetição na tela é um convite à elaboração, uma falha da sociedade em proteger os mais vulneráveis. A estrutura do trauma é, portanto, a estrutura da própria narrativa.

O filme sugere que a única forma de quebrar o ciclo da repetição do trauma é através da violência e da transgressão da lei?

Como a figura de Harriet Vanger, a vítima original, atua como um fantasma que o impulsiona a abrir investigação e a iteração do trauma na família?

A compulsão à repetição de Lisbeth é uma forma de resistência ou uma armadilha psíquica que a impede de caminhar em direção à paz?

“O trauma é a memória que o corpo se recusa a esquecer, e a repetição, o grito mudo do inconsciente por uma história que possa ter fim, enfim, ser contada.” - Dan Mena

Sexualidade como Campo de Batalha na Misoginia do Poder

A sexualidade marcada em "Os Homens que Não Amavam as Mulheres" é retratada de forma cruel e desromantizada. Longe de ser um espaço de afeto e intimidade, ela é, na maior parte do tempo, um campo degradante onde o poder é exercido e o androcentrismo se manifesta em sua forma mais hedionda. O título do filme, por si só, já é uma tese sobre a falência do amor e do respeito na relação entre os gêneros, a misoginia seria o pano de fundo da violência.

Nossa sexualidade é sempre notadamente perpassada pelo desejo e pela lei. No filme, o lado sexual perverso de Martin Vanger e de seu pai é a negação radical da alteridade. O ato sexual se torna um ato de violência, uma forma de aniquilar o sujeito mulher no composto feminino. Não se trata simplesmente do ódio contra mulheres, mas uma estrutura psíquica que as reduz a objetos de mero gozo, lhes negando a subjetividade. O poder é o afrodisíaco do malvado.

A figura de Lisbeth com sua sexualidade e atitude desafiadora, é uma afronta a essa estrutura. Sua bissexualidade e sua independência sexual são formas de resistência, de se recusar a ser definida pelo olhar masculino. “O perverso é o arquiteto da própria lei, onde o desejo se torna tirania e a sexualidade, um campo em ruínas.” - Dan Mena

Violência de gênero, um sintoma social no filme  'Os Homens que Não Amavam as Mulheres'
Violência de gênero, um sintoma social no filme 'Os Homens que Não Amavam as Mulheres'

De fato ela usa seu corpo e sexualidade como armas, mas o faz em um contexto de extrema cautela e desconfiança. O sexo entre Mikael e Lisbeth, embora breve, é o único momento em que esse elemento no filme parece se aproximar de uma conexão real. É um erotismo sem as amarras do desejo neurótico de posse ou de iniquidade dominadora. Um encontro de dois outsiders que se reconhecem na margem do rio. Contudo, Lisbeth rapidamente se retira, incapaz de sustentar essa intimidade que o afeto exige, demonstrando que o trauma ainda é o regente na batuta do seu desejo.

Obviamente o filme trata da hipocrisia social que permite que a violência sexual prospere sob o véu da respeitabilidade, neste caso a família Vanger. A sexualidade, nessa linha retórica, é o indício sintomático de uma sociedade empobrecida e mórbida, onde o desejo masculino, quando desprovido de ética e lei, se transforma em pulsão de morte dirigida às mulheres. A violência de gênero é o tema do eixo central, e a análise psicanalítica que faço, a descreve como uma manifestação do desejo de ‘’aniquilação do ''Outro''’’.

De que maneira a sexualidade de Lisbeth, marcada pela bissexualidade e pela autonomia, desafia a norma heteronormativa e patriarcal que a violentou?

O filme sugere que a violência sexual é um problema individual, uma psicopatia de Martin ou um sintoma de uma estrutura social mais ampla?

Como a ausência de amor e afeto, sugerida no título do filme, se manifesta na esfera sexual dos personagens?

“O corpo violentado é o mapa geográfico onde a sociedade inscreve sua falência, e a sexualidade, o palco perfeito onde o desejo perverso celebra a tirania do poder.” - Dan Mena

A Busca por Sentido no Caos

O desejo, na psicanálise, é o que nos move, a força que nos impulsiona para além da necessidade. Em "Os Homens que Não Amavam as Mulheres", essa aspiração se manifesta em múltiplas formas, todas elas em tensão com a Lei, o sistema de regras, a moral, e a estrutura simbólica. A busca por sentido é o que define a trilha cenográfica dos protagonistas. O desejo de Lisbeth é o de justiça e autonomia, mas ele se realiza fora da norma, distante da Lei. Ela é a anti-heroína que opera fora-da-lei, usando sua inteligência para subverter o sistema que em algum momento a oprimia. Sua ação é uma crítica radical à falência contemporânea em proteger as vítimas, como por exemplo; os casos de feminicídio. Ela se torna a própria justiça vingadora, que executa a punição que o Estado não foi capaz de impor. A transgressão é o seu modo de ser.

O desejo de Mikael, é o de restauração de sua reputação e da verdade. Ele opera dentro da norma social, usando as ferramentas do jornalismo e da investigação. A colaboração entre os dois é a união do ‘’dentro e do fora da Lei’’, uma aliança tática e estratégica para alcançar um objetivo comum. Alcançar e desvelar a verdade e punir o mal. O desejo de Martin Vanger é o de gozo, no sentido lacaniano, a busca por um prazer que extrapola o cânone da legislação e a fronteira do limite. Se coloca acima da Lei, se enxergando como intocável. Nega sua castração simbólica, se recusando aceitar que há um limiar para o seu desejo.

A Lei, no filme, é retratada como frágil e corruptível, o sistema de tutela de Lisbeth falha miseravelmente, a colocando nas mãos de um abusador. A justiça para Mikael é lenta e falha. Embaçado nesta utópica razão, o filme sugere que, em um mundo onde a Lei é ineficaz, o desejo de reparação e vingança pode se tornar a única bússola moral. A busca por sentido no caos do trauma e da violência é o que une os protagonistas no laço. Lisbeth encontra um sentido na sua luta solitária, Mikael, na sua perpetração pela verdade. Afinal, o filme não oferece um final feliz tradicional, mas uma resolução complicada, onde a justiça é alcançada por meios não convencionais, deixando o espectador com a pergunta: o que é a verdadeira Lei em um mundo onde o mal se veste de respeitabilidade?

A transgressão da Lei por Lisbeth é moralmente justificável no prisma da falência do sistema de justiça?

O que a aliança entre o jornalista Mikael e a hacker Lisbeth simboliza sobre a relação entre a mídia e a justiça na sociedade moderna?

O desejo de Lisbeth por isolamento é uma forma de se proteger da Lei ou uma recusa em se integrar a um sistema que ela considera perverso?

“O desejo é o norte que aponta para a falta, e a Lei, a leitura que tentamos desenhar sobre o precipício do nosso próprio caos.” - Dan Mena

Freud e Lacan; lentes inconscientes que desvendam o trauma
Freud e Lacan; lentes inconscientes que desvendam o trauma
O Cérebro de Lisbeth e a Resposta ao Abuso

Para além da minha análise e hermenêutica acadêmica, Lisbeth Salander exige uma incursão na ‘’Neurociência do Trauma’’. O que a psicanálise descreve como o real que insiste em retornar, a neurociência mapeia como alterações estruturais e funcionais no cérebro, especialmente nas áreas responsáveis pela regulação emocional, memória e resposta ao estresse, onde o cérebro de Lisbeth atua como um campo de batalha biológico.

O trauma sexual e a negligência na infância, como os vivenciados pela protagonista, estão associados à hiperatividade da amígdala, o centro do medo e à hipoatividade do córtex pré-frontal, responsáveis pelo controle executivo e pela regulação emocional. Isso se traduz em uma constante hipervigilância, dificuldade em modular a raiva e a agressividade, e uma incapacidade de confiar e se conectar emocionalmente, características marcantes da personagem. A resposta ao abuso é, em parte, uma resposta biológica de sobrevivência.

A dissociação é um mecanismo de defesa comum em vítimas de trauma sexual, que também pode ser observado em Lisbeth. Sua capacidade de se isolar emocionalmente e de se concentrar intensamente em tarefas difíceis como o ‘’hacking’’, pode ser vista como uma forma de disrupção adaptativa, onde a mente se refugia na lógica e na tecnologia para escapar da dor emocional. A genialidade de Lisbeth é, em parte, uma consequência da sua necessidade de controle e de sua capacidade de processar informações de forma não-emocional e distante da afetiva.

A neurociência tem sua tese da compulsão à repetição. O trauma cria um "circuito de medo" que se torna o padrão dominante. A repetição de situações de risco, ou mesmo a busca por vingança, pode ser uma tentativa inconsciente que o cérebro utiliza para "resolver" o trauma, assim, reescrevendo a memória traumática com um cenário diferente, onde a vítima é finalmente vitoriosa. Lisbeth, ao confrontar seus agressores, está, em um nível neurobiológico, tentando equilibrar seu sistema de ameaça e recompensa. A inclusão desta perspectiva neurocientífica não anula a psicanálise, mas a complementa, oferecendo uma base material para a descrição do sofrimento psíquico. A representação da intersecção entre a ferida da alma e a alteração da matéria, como um ser forjado na angústia, que usa sua inteligência para sobreviver a um mundo que a machucou seriamente.

De que forma a hipervigilância e a dificuldade de Lisbeth em estabelecer laços afetivos podem ser explicadas pela desregulação do eixo HPA (Hipotálamo-Hipófise-Adrenal) causada pelo trauma crônico?

A genialidade de Lisbeth como hacker é uma forma de sublimação psicanalítica ou uma manifestação de um cérebro que se reorganizou para a sobrevivência visto pela neurociência?

Como a compreensão neurocientífica do trauma pode informar e aprimorar as abordagens psicanalíticas no tratamento de vítimas de violência de gênero?

“O cérebro traumatizado não esquece, ele se reorganiza; a fúria é apenas uma via sináptica que se recusa a ser silenciada pela dor.” - Dan Mena

Trauma sexual, ferida e identidade em Lisbeth Salander
Trauma sexual, ferida e identidade em Lisbeth Salander
A Resposta Social ao Trauma

O filme incrível de David Fincher, ao adaptar brilhantemente a obra de Stieg Larsson, traz um olhar atualizado e agudo sobre a resposta social ao trauma. A Suécia, frequentemente citada e idealizada como um modelo de sociedade igualitária, é desnudada neste palco onde a violência de gênero e o abuso sexual podem prosperar sob uma falsa superfície de ordem e civilidade. A resposta social é a falha do sistema. A análise social do filme se concentra na invisibilidade das vítimas. Lisbeth Salander é a ultrajada que se recusa a ser invisível, sua marginalidade é, paradoxalmente, o que lhe confere a liberdade para agir. Ela é a sombra que expõe o lado mentiroso da sociedade. Exprime a crítica à burocracia e a ineficácia das instituições governamentais, serviços sociais, sistema de tutela, que, em vez de protegerem, perpetuam o ciclo, ignorando o abuso latente. O trauma é, sob a perspectiva social, um fenômeno coletivo.

A família Vanger não é apenas uma parentada disfuncional, é um microcosmo da sociedade patriarcal que silencia as mulheres e protege os agressores. A riqueza e o poder atuam como imunidade, permitindo que o sadismo institucionalizado se mantenha intocado por décadas. O impacto social do filme reside em sua capacidade de desmascarar essa hipocrisia.

Volto meu olhar para a figura de Mikael Blomkvist, ele é o instrumento que tenta resgatar a verdade. A mídia é a única instituição que, ao lado da hacker marginal, consegue romper o silêncio. A aliança entre a comunicação e a tecnologia sugere que a verdade, nesta era, precisa de novas formas de ser apresentada. A tecnologia como ferramenta de justiça é um tema relevante.

O filme é um chamado à ponderação sobre a responsabilidade social no enfrentamento de traumas de toda índole. Não basta punir o agressor, é preciso desmantelar a espinha dorsal que o sustenta. A ira de Lisbeth é a fúria de todas as vítimas caladas, e sua história é um lembrete de que a cura social exige um confronto radical com o nosso próprio lado sombrio.

O filme sugere que a sociedade contemporânea falhou em criar mecanismos eficazes para proteger as vítimas de violência de gênero?

A marginalidade de Lisbeth é uma condição imposta ou uma escolha estratégica de quem se recusa a ser cooptado pelo sistema?

De que forma a tecnologia se torna uma ferramenta de justiça social na narrativa do filme?

“A civilidade é a fina camada de gelo sobre o abismo social, e o trauma, o peso da verdade que a faz rachar, expondo a frieza das instituições atuais.” - Dan Mena

A Tatuagem da Alma e o Desejo que Permanece 

Sexualidade, Trauma e Desejo tecem a alma de "Os Homens que Não Amavam as Mulheres". O filme de David Fincher é um thriller bem-sucedido desse eixo, é um documento psicanalítico de valor sobre a persistência do mal e a resiliência do nosso espírito. A tatuagem de dragão de Lisbeth é a metáfora central. Ela é a marca da dor, mas também o símbolo da força indomável que a habita. É a prova de que o trauma, embora indelével, pode ser transformado em uma fonte de poder e autonomia. Ela nos ensina que a sobrevivência exige em determinados momentos a transgressão e a recusa em se conformar ao papel de vítima. Sua história é um grito de que a sensibilidade e a inteligência podem coexistir com a fúria.

O desejo, em suas múltiplas facetas, como a verdade de Mikael, o querer perverso de Martin, e a autonomia de Lisbeth, são motores potentes da narrativa. O filme nos lembra que o desejo é sempre ‘’o desejo do Outro’’, e que a busca pela completude é uma ilusão inalcançável. A sexualidade, despojada do romantismo, é o palco onde essas forças se enfrentam, dissecando a fragilidade das relações contemporâneas, quando o trauma e o poder se interpõem. Isso me permitiu ir além da superfície da trama, atravessando o inconsciente dos personagens e da própria sociedade. Por fim, vimos que a compulsão à repetição é a forma que o trauma encontra para se manifestar, e que a Lei, quando falha, abre espaço para a justiça pessoal e visceral.

A peça termina com Lisbeth se afastando, incapaz de sustentar a intimidade que o afeto com Mikael poderia oferecer. Essa retirada estratégica é o fecho de ouro mais intenso. Ela não é curada, mas é livre, sua liberdade é a de quem aceita a própria ferida como parte integrada de sua identidade. A pergunta que fica:

Em um mundo onde os homens não amam as mulheres, e o trauma é a moeda de troca, o que nos resta do desejo senão a fúria de quem se recusa a ser silenciado?

Fragilidade do herói na humanidade de Mikael Blomkvist
Fragilidade do herói na humanidade de Mikael Blomkvist

A verdadeira tatuagem não está na pele de Lisbeth, mas na alma de uma sociedade que ainda se recusa a confrontar o seu próprio abismo. A obra de Fincher e Larsson é um olhar estarrecedor dessa alegoria. Destarte, questiona, o que está por trás da fachada de civilidade e reconhece a aplicação da cólera como necessária, eventualmente, para quebrar o ciclo da violência institucionalizada contra a mulher. “O corpo violentado é o mapa onde a sociedade inscreve sua falência, e a sexualidade, o palco onde o desejo perverso celebra a tirania do poder.” - Dan Mena

Os Homens que Não Amavam as Mulheres, uma análise atemporal por Dan Mena
Os Homens que Não Amavam as Mulheres, uma análise atemporal por Dan Mena

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Análise profunda de Os Homens que Não Amavam as Mulheres: trauma, sexualidade e desejo sob a lente psicanalítica.

FAQ (Frequently Asked Questions)  'Os Homens que Não Amavam as Mulheres

O que é o trauma na perspectiva analitica do filme? É um evento não simbolizado que insiste em retornar, manifestando-se na compulsão à repetição de Lisbeth.


Qual o perfil psicológico de Lisbeth Salander?


É uma hacker genial, marcada por trauma sexual, com traços antissociais e de resistência extrema ao abuso.


Como o filme aborda a sexualidade?


A sexualidade é retratada como um campo de batalha, indissociável do poder e da violência de gênero.


O que é a compulsão à repetição em Lisbeth?


É a busca inconsciente por reescrever o roteiro do trauma, transformando a passividade em ação e vingança.


Qual o desejo central de Mikael Blomkvist?


O desejo central é a busca pela verdade e a reparação de sua reputação e ideal de justiça.


Quem é Martin Vanger na análise psicanalítica?


É o arquétipo do perverso, cuja sexualidade é um ritual de dominação e negação da Lei.


O que a tatuagem de dragão simboliza?


Simboliza a cicatriz do trauma, a fúria e a autonomia de Lisbeth em transformar a ferida em força.


Como a neurociência explica o comportamento de Lisbeth?


Pela hiperatividade da amígdala e hipoatividade do córtex pré-frontal, resultantes do trauma crônico.


O que o título "Os Homens que Não Amavam as Mulheres" sugere?


Sugere a falência do afeto e do respeito na relação entre os gêneros, e a misoginia estrutural.


Qual a relação entre desejo e Lei no filme?


O desejo de justiça de Lisbeth se realiza fora da Lei, que é retratada como frágil e corruptível.


O que é o gozo perverso de Martin Vanger?


É o prazer extremo obtido através da transgressão e da dor do Outro, negando a castração simbólica.


O filme oferece uma cura para o trauma de Lisbeth?


Não oferece uma cura tradicional, mas uma resolução complexa onde a liberdade é alcançada pela aceitação da ferida.


Como a tecnologia (hacking) é usada no filme?


É usada por Lisbeth como uma ferramenta de justiça social e um meio de exercer controle e autonomia.


Qual o papel da família Vanger na perpetuação do trauma?


A família é um microcosmo patriarcal que silencia as vítimas e protege os agressores, perpetuando o ciclo de violência.

Referências Bibliográficas
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  • Zizek, S. (2008). The Sublime Object of Ideology. London: Verso.


Links

Entrevista com David Fincher sobre o filme: David Fincher on 'The Girl With the Dragon Tattoo' (https://variety.com/2011/film/news/david-fincher-on-the-girl-with-the-dragon-tattoo-1118047300/)

O Conceito de Compulsão à Repetição em Freud: As vicissitudes da repetição (http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952007000100012)

Neurociência e Trauma Complexo: Trauma complexo e suas implicações diagnósticas (https://www.scielo.br/j/rprs/a/z7vqbpPRD8ZPwsX9MKp6KJw/?lang=pt)

A Trilogia Millennium de Stieg Larsson: The Millennium Trilogy: Stieg Larsson's Literary Phenomenon (https://stieglarsson.com/millennium-trilogy/)

Violência de Gênero e Misoginia na Suécia: O paradoxo da Suécia, um paraíso da igualdade com uma violência de gênero alarmante (https://brasil.elpais.com/brasil/2017/03/09/eps/1489066869_454079.html)

A Relação entre Sexualidade e Poder em Lacan: O trauma sexual e a angústia de castração: percurso freudiano à luz das contribuições de Lacan (https://www.scielo.br/j/pc/a/k4KbcfpLNGdgwBXmFfDnqxh/?lang=pt)

Crítica de Cinema: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011): Críticas de Imprensa - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (https://www.adorocinema.com/filmes/filme-178974/criticas-imprensa/)

O Perfil do Psicopata na Literatura e no Cinema: O trauma sexual e a angústia de castração: percurso freudiano à luz das contribuições de Lacan (https://www.scielo.br/j/pc/a/k4KbcfpLNGdgwBXmFfDnqxh/?lang=pt)


Links Internos

Dan Mena – Membro Supervisor do Conselho Nacional de Psicanálise (CNP 1199, desde 2018); Membro do Conselho Brasileiro de Psicanálise (CBP 2022130, desde 2020);

Dr. Honoris Causa em Psicanálise pela Christian Education University – Florida Department of Education, EUA (Enrollment H715 / Register H0192);

Pesquisador em Neurociência do Desenvolvimento – PUCRS (ORCID™;

Especialista em Sexualidade pela Therapist University, Miami, EUA (RQH W-19222 / Registro Internacional).




 
 
 
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